Capítulo 531: Plano de Fuga (4/6)
『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Note 』
Uma espada curta com o emblema do Clã Leão de Prata. Por que algo assim estava aqui?
Uma possibilidade imediatamente veio à mente.
— Se você está falando do Clã Leão de Prata, eles deixaram a ilha pouco depois de você. E ainda não retornaram.
O que o chefe me disse anteriormente poderia ter sido uma mentira. Havia uma chance de que, em vez de simplesmente não terem retornado, o problema fosse que eles já haviam cruzado um rio do qual nunca poderiam voltar.
E pelas mãos de uma certa pessoa.
Pelo olhar de Amelia, ela estava pensando exatamente nas mesmas linhas.
— Você encontrou algo além desta espada curta? — perguntei.
— Isso é tudo o que conseguimos encontrar até agora.
— Entendo…
Era cedo demais para tirar uma conclusão definitiva. O clã poderia simplesmente ter deixado para trás uma espada curta que os monstros pegaram para si, ou eles poderiam ter vendido a espada aos monstros por vontade própria. Resumindo, poderíamos interpretar isso da maneira mais otimista possível.
— As coisas ficaram complicadas.
No entanto, precisávamos nos preparar para o pior cenário sempre que surgiam novos detalhes.
“Você já deve saber disso, pois esteve lá também, mas ele é perigoso.”
‘Monstruoso’ não era uma palavra forte o suficiente para descrever o poder do chefe. Com apenas um arremesso de sua espada, ele matou instantaneamente o Hipramajent.
Se um dia essa espada fosse direcionada a mim, eu seria capaz de sobreviver?
Como eu não sabia a resposta, precisava tomar algumas decisões, e rápido. — Alguém mais sabe que você pegou essa espada curta?
— Ninguém mais deve saber neste momento. Eu a descobri quando fui verificar se Fenelin estava causando problemas.
— Seria possível para você devolver isso ao lugar onde encontrou sem ser pega?
Não havia necessidade de explicações longas.
Amelia assentiu. — Se eu for agora.
— Então, por favor.
Após receber meu pedido, Amelia escondeu a espada curta novamente em suas roupas. — Entendido.
Ela provavelmente compreendia todas as implicações do que acabara de acontecer tão bem quanto eu. E que, nesta situação, confrontar o chefe era arriscado demais.
“Estamos presos nesta vila até que a estação chuvosa termine.”
O chefe estava escondendo algo. Disso, ao menos, eu tinha certeza.
No entanto, ainda não estávamos prontos para descobrir o que era.
No dia seguinte, depois que Amelia devolveu a espada curta à forja em segurança, eu dei a ela uma missão.
— A partir de hoje, investigue o que aconteceu com o Clã Leão de Prata, e faça isso da forma mais discreta possível. Não conte a ninguém, incluindo Ainar, Versyl ou Erwen.
— Yandel, o que você vai fazer?
— Vou me encontrar com o chefe, como combinamos.
Com a missão dada, fui até a casa do chefe.
— Você veio mais cedo do que eu esperava — ele me cumprimentou.
— Não há muito o que fazer além de descansar agora.
— Gostaria de poder ao menos te servir chá, mas não há nada parecido nesta vila. Sente-se.
Estávamos apenas conversando como sempre fazíamos, e ainda assim, talvez porque eu tivesse vindo aqui após ver a espada curta do Clã Leão de Prata, meus músculos ficaram inconscientemente mais e mais tensos.
Ba-dum!
Parecia que eu estava sentado na frente de um assassino em série. No entanto, tentei ao máximo não demonstrar isso e agir naturalmente.
Afinal, isso era praticamente minha especialidade a essa altura.
— Então, sobre o que você queria falar comigo? — perguntei. — Vendo que você fez questão de me convidar, eu diria que não estamos aqui para um bate-papo amigável.
— Hmm, não sei como dizer isso. Suponho que isso possa ser considerado mais um pedido que gostaria de fazer a você — disse o chefe em seu tom neutro característico enquanto me olhava. — Bjorn Yandel, estou curioso sobre você.
— …O quê?
— Isso te parece estranho? Que eu me sinta assim em relação ao aventureiro que pode um dia me libertar deste lugar?
— Não particularmente…
O assunto me pegou de surpresa, mas coloquei rapidamente as coisas em compartimentos. Isso e o problema do Clã Leão de Prata eram questões diferentes.
Então, juntando meus pensamentos, peguei a resposta que ele me deu ontem e a reformulei do meu jeito. — Por que eu deveria te contar sobre mim só porque você está curioso? Não foi você que disse para não se distrair com curiosidades inúteis e focar no trabalho em questão?
Fiz minha resposta deliberadamente rude, mas, surpreendentemente, o chefe não mostrou nenhum sinal de desagrado. Na verdade, ele demonstrou uma aceitação fácil que só me deixou mais desconfortável. — É verdade. Então, que tal se ambos respondêssemos qualquer pergunta que o outro tiver? Você também deve ter suas próprias perguntas sobre mim.
Hmm, um jogo de Verdade…
— Certo.
Não demorou muito para eu tomar uma decisão. Este mundo não era gentil o suficiente para te dar tudo o que você queria se não estivesse disposto a correr alguns riscos.
“E eu não sou estranho a esse tipo de situação.”
Rapidamente tomei a iniciativa. — Então, posso fazer a primeira pergunta?
— Claro.
— Você ainda possui as essências que tinha quando era humano?
Essa era a minha pergunta mais urgente. As essências que Bruingrid possuía enquanto estava vivo eram bem documentadas. Assim como os outros heróis lendários de seu grupo, a combinação de essências que ele usava foi passada de geração em geração.
Bem, nem todas as suas essências eram de conhecimento comum, mas se ele respondesse à minha pergunta, eu poderia ao menos ter uma ideia aproximada de quão forte ele era.
— Não.
Hmm, não? — Então o que foi aquela espada brilhante ontem?
— Agora é minha vez.
— …Manda ver.
Como eu também estava ganhando algo com esse arranjo, não discuti e passei o microfone proverbial para ele.
Então, qual seria a primeira pergunta do chefe?
Eu estava no meio de tentar pensar em respostas potenciais para algumas das coisas que ele poderia perguntar quando ele abriu a boca.
— Quantos anos você tem?
Essa era uma linha de questionamento que eu não tinha antecipado de forma alguma.
— Quantos anos…?
— Essa foi uma pergunta difícil?
Embora ainda estivesse um pouco chocado, dei uma resposta honesta. — …Tenho vinte e quatro.
“Por que ele só está perguntando minha idade? Ele está tentando me pegar de surpresa para poder fazer uma pergunta importante depois?”
Fiquei um pouco desconfortável com toda a situação, mas não iria discutir sobre ter a chance de perguntar de novo depois de uma pergunta fácil como essa.
— Você é muito mais jovem do que eu esperava. Ter essa quantidade de habilidade e até formar uma casa nobre nessa idade… devo te elogiar.
Ignorei seus elogios e tomei minha vez. — Se não era uma essência que você tinha como humano, você adquiriu essa habilidade enquanto estava nesta ilha?
Esses seres que se chamavam ‘humanos’ eram bastante especiais. Membros de sua espécie pareciam nascer com uma habilidade passiva e ativa inata, como a maioria dos outros monstros.
— Isso mesmo. Tive tempo de sobra e, como pode ver, esta ilha está cheia de monstros.
Mas, ao contrário de outros monstros, eles podiam absorver essências.
Claro, eles não podiam subir de nível, e parecia que seus slots de essência eram definidos ao nascer, variando de três a sete. Mas…
“…Não sei nem se eles podem ser considerados monstros.”
Na verdade, essas pessoas poderiam ser consideradas uma raça distinta, como elfos, anões, bárbaros e terians. Afinal, as raças de Rafdonia também tinham suas características únicas. Os elfos podiam controlar espíritos, os bárbaros se fortaleciam por meio de Impressões da Alma, os anões eram fortalecidos por seu equipamento, e os terians podiam se fortalecer usando Animais Espirituais.
“Eles têm um nível fixo desde o nascimento e todos também nascem com uma essência específica da sua raça.”
Dependendo de como você olhasse para isso, tudo isso poderia ser considerado uma habilidade específica da raça.
“Mas… eles deixam pedras de mana.”
Durante nossa recente batalha, notei que os guerreiros mortos desapareciam em um flash de luz. Nesse sentido, eles eram definitivamente monstros.
“Bem, não é como se isso realmente importasse no grande esquema das coisas.”
Com isso, concluí meu pequeno exercício antropológico. Agora era a vez do chefe.
— Você poderia me contar sobre a primeira vez que entrou no labirinto? — ele perguntou.
— …Por que você está curioso sobre isso?
— Quero entender quem você é como pessoa.
— Vai demorar muito para contar tudo.
— Se há uma coisa que tenho em abundância, é tempo. No entanto, isso pode não ser o caso para você. Você pode me dar um resumo.
— …Certo.
Contei a ele algumas partes da minha primeira expedição, e então chegou a minha vez novamente.
“Certo, o que eu vou perguntar a ele desta vez?”
Pensei bem antes de decidir.
O que eu realmente queria perguntar era sobre a espada curta do Clã Leão de Prata na forja… mas havia uma grande probabilidade de que eu não obteria uma resposta definitiva. Eu não estava usando Confiança Equivocada agora, não que funcionaria nele de qualquer maneira. Fazer essa pergunta só levantaria a guarda dele contra mim e dificultaria obter a verdade mais tarde.
Então, decidi fazer outra pergunta.
— Conte-me sobre o Imortal.
— O Imortal…?
Esse cara afirmava ser um herói antigo. Se isso fosse verdade, eu poderia aprender mais sobre essa era através dele, e mesmo que fosse uma mentira, eu poderia me aproximar de descobrir sua verdadeira identidade com base nas falsidades que ele contasse.
— Estou falando sobre o primeiro rei de Rafdonia.
— Ah, você fala do Castelão1? Devo avisá-lo… levará um bom tempo para contar toda a história. Está bem para você?
— Também tenho muito tempo agora.
— Hmm… É uma pergunta tão ampla que estou lutando para decidir por onde começar. O castelão era um homem muito sortudo.
— …Sortudo?
— Isso mesmo. Ele era uma pessoa comum. No entanto… ele teve o privilégio de chamar o maior mago do mundo de amigo.
— Você está falando do Grande Sábio.
O chefe assentiu. — O Grande Sábio previu a calamidade muito antes de ela chegar e fez as preparações adequadas. Ele convenceu seu amigo, o castelão, de que sua profecia era verdadeira e o fez usar toda a riqueza em posse de sua família para se preparar para aquele dia. Diz-se que todas as pessoas no continente riram do castelão por fazer algo tão ridículo.
No entanto, todos mudaram de opinião depois que o fim do mundo começou.
— Os reis dos países vizinhos, o espadachim mais forte do continente, o mago de Incarun… Cada pessoa pegou tudo o que podia carregar e se dirigiu ao castelo. E então se ajoelharam diante dele, implorando para serem permitidos a entrar em sua cidade.
O castelão e o Grande Sábio examinaram rigorosamente os refugiados e permitiram a entrada de apenas alguns selecionados.
— Foi assim que Rafdonia nasceu.
— Espere, e Noark?
O chefe me olhou quase como se estivesse questionando.
— A cidade sob a cidade — expliquei. — Há um portal que leva ao labirinto lá.
— Ah, você fala do abrigo subterrâneo. Nunca estive lá pessoalmente, mas ouvi falar dele.
“Hmm… um abrigo…”
— Desculpe por interromper. Por favor, continue.
— …De qualquer forma — ele continuou — com tantas pessoas presas na cidade, nossos recursos foram rapidamente consumidos. Mas logo depois, o Grande Sábio criou um portal que levava a outra dimensão.
Essa dimensão era o labirinto, uma terra estranha cheia de monstros.
Aparentemente, toda a cidade planejava migrar para essa nova terra no início.
— Para tornar esse plano uma realidade, o Grande Sábio formou uma equipe de expedição, e eu tive a sorte de me juntar a essa equipe.
A equipe então começou a viajar pelo labirinto. Durante o processo, os magos que estavam com eles descobriram o quão valiosas as pedras de mana podiam ser, e seus planos de realocação foram completamente abandonados.
Pedras de mana.
Um material versátil que podia se transformar em comida, água ou até mesmo aço quando necessário.
— Com isso, a cidade se estabilizou e encontrou uma maneira de se sustentar por toda a eternidade. A cidade cresceu lentamente em tamanho e o número de portais também aumentou. No entanto, se você me perguntar o que o castelão estava fazendo nesse tempo, não tenho muito o que dizer.
Todas as realizações que ele mencionou foram obra do Grande Sábio, e o castelão era apenas a pessoa mais sortuda do mundo. Pelo menos, isso era o que o chefe acreditava.
“Mas há muitas coisas que simplesmente não se encaixam aqui…”
Eu queria fazer uma pergunta de acompanhamento, mas, infelizmente, agora era a vez dele.
— Como foi sua segunda expedição?
O chefe mais uma vez pediu para eu compartilhar outro arco de história, e mesmo que eu ainda estivesse desconfiado de suas intenções, contei a ele sobre minha segunda aventura.
— A Cidadela Sangrenta… Que nome nostálgico. Obrigado por essa história divertida.
— Então é minha vez.
Suspirei internamente. Que pergunta devo fazer agora?
Parei para pensar e decidi fazer uma pergunta que poderia ser um pouco delicada.
— Como o Imortal conseguiu sua imortalidade?
O objetivo dessa pergunta era duplo: obter algumas informações sobre o poder da família real enquanto também investigava Cornelius Bruingrid em si.
Eu estava ansioso para ouvir como o chefe iria responder, então esperei pacientemente.
Toc, toc.
Nesse momento, ouvi batidas na porta da frente e alguém do outro lado falou na língua antiga.
— ⟅Chefe, tenho algo urgente para discutir.⟆
— Minhas desculpas. Vamos continuar isso em outro momento.
Com isso, o chefe encerrou nossa troca, e não havia muito que eu pudesse fazer, exceto sair. Quando abri a porta, dei de cara com o monstro do lado de fora.
“É o pai de Marupichichi.”
Ele era um guerreiro respeitado na vila e o homem que servia como a mão direita do chefe.
Trocamos um olhar estranho em cumprimento, e eu passei por ele para começar a ir para casa. No entanto, apesar de colocar distância física entre nós, meus pensamentos ainda estavam consumidos por essa recente reviravolta dos eventos.
“Algo urgente…”
Deve ter sido algo realmente importante para ele vir direto ao chefe.
O que poderia ser?
Minha conversa com o chefe foi suspeita de muitas maneiras.
“…Ele me perguntou minha idade.”
Era seguro dizer que eu não fazia ideia de qual era o seu objetivo com isso.
Primeiro de tudo, se ele estava tão curioso sobre mim, ele poderia ter interrogado o Clã Leão de Prata e arrancado a informação deles.
“Será que estou indo na direção errada?”
De repente, ocorreu-me que talvez a espada curta na forja realmente não significasse nada, e que o Clã Leão de Prata tivesse realmente deixado a vila e apenas não tivesse retornado.
Paft!
No entanto, pensamentos como esse eram perigosos. Por isso, mudei completamente de tática e revi a conversa que tivemos hoje.
“O chefe me perguntou quantos anos eu tenho.”
Por quê?
Ele estava realmente apenas curioso sobre a minha idade?
“De jeito nenhum.”
Mesmo que ele não tenha interrogado o Clã Leão de Prata com tortura ou algo do tipo, ele poderia facilmente ter ouvido tudo o que eu lhe contei hoje, se tivesse perguntado a eles.
“Isso significa que ele estava mentindo quando disse que estava curioso sobre mim.”
Então, por que o chefe jogou aquele jogo de Verdade comigo, se tudo o que ele ia perguntar eram coisas assim? Era o equivalente a comprar uma fatia de pão com uma barra de ouro…
“Espera.”
A realização me atingiu então, abalando a fundação da minha mente.
“Talvez… Talvez esse fosse o plano dele o tempo todo.”
Entregar-me aquela barra de ouro, em termos simples, era uma maneira de usar nosso jogo de Verdade como uma oportunidade de me fornecer informações de forma astuta.
Se esse fosse o plano dele, as coisas faziam sentido.
“E também, aquela espada brilhante… Olhando em retrospecto, não havia necessidade de ele se exibir daquela forma durante a luta.”
Eu sabia muito pouco sobre o nível de poder do chefe, então, se ele quisesse esconder sua força de mim, ele poderia ter feito isso sem muita dificuldade. Mesmo assim, o chefe fez questão de derrubar aquele gigante com um único golpe bem na minha frente.
“O que significa que tudo o que ele fez, ele fez intencionalmente…”
Ainda assim, eu não conseguia entender o que ele estava tentando alcançar. Faltava contexto, e seria difícil chegar mais perto da verdade sem falar com ele mais algumas vezes.
“Um dia, dois dias, três dias…”
No entanto, enquanto eu visitava a casa do chefe todos os dias na esperança de obter mais pistas, ela estava vazia todas as vezes. Quando perguntei aos monstros da vila sobre ele, todos me disseram que ele estava ocupado.
“Ele está me evitando? Ou ele está realmente ocupado?”
Conforme os dias passavam, minha lista de perguntas só crescia.
— Sr. Yandel…
— O que foi?
— Não consigo encontrar a Srta. Raines. Ela sempre volta a essa hora, mesmo que esteja atrasada. Achei que talvez estivesse aqui com você.
Então, em uma noite em particular, Versyl relatou que Amelia ainda não tinha voltado para casa, e eu me forcei a ficar parado até a manhã seguinte, apesar da minha inquietação.
No entanto…
— Ela não está aqui.
Eu não pretendia desperdiçar uma janela de tempo crítica por um otimismo mal colocado.
— Todos, preparem-se.
Amelia, que vinha bisbilhotando pela vila todos os dias a meu pedido, estava oficialmente desaparecida.
- Castelão: administrador ou governante responsável pela defesa, manutenção e administração de um castelo e suas terras adjacentes na época medieval.[↩]
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