Capítulo 543: Fantasma (1/5)

『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Note 』

Maderkin Lilgreams.

“Eu não esperava que fosse ele, de todas as pessoas…”

Ver o rosto dele não me despertou vontade de celebrar sua sobrevivência ou interrogá-lo sobre como conseguiu isso. A única coisa que senti foi confusão. — Você… foi morto pelo chefe da aldeia?

— Desculpe…? — Ele pareceu ouvir meu murmúrio, pois me olhou com a mesma confusão. — Morto pelo chefe da aldeia…? O que você quer dizer?

— Nós encontramos uma adaga com o emblema do seu clã na forja da aldeia — sondei, já que estávamos nesse assunto, pensei em investigar mais a fundo.

— Ah…

— Por que ela estava lá?

— Bem… eu não sei. No entanto, antes de deixarmos a ilha, alguns dos membros do nosso clã trocaram com os aldeões. Eles entregaram a maioria dos itens não essenciais e obtiveram uma grande quantidade de pedras de mana em troca.

O testemunho dele estava completamente alinhado com as alegações do chefe, o que só me deixou ainda mais perplexo.

“O chefe realmente era inocente? Então por que fugi da aldeia? Fiz toda aquela cena por nada?”

Apesar das perguntas que inundavam minha mente, balancei a cabeça rapidamente para afastar essas dúvidas incômodas. Poderia chegar a uma conclusão após ouvir tudo o que ele tinha a dizer. — Fale. Diga-me o que fez depois que saiu da ilha.

— Perdão? Ah… Sim! — O alívio por ser resgatado desapareceu rapidamente com meu interrogatório frio. Ele se apressou para responder às minhas perguntas. — Primeiro, partimos dois dias depois que você deixou a ilha, Sua Senhoria.

Não havia nada de especial na história dele. Ele havia deixado a ilha com seu clã porque sentia que precisava fazer algo produtivo, mas, após ser queimado pela experiência na Ilha do Chefe, o medo o levou a traçar um curso para a Ilha da Biblioteca, na esperança de aproveitar sua relativa segurança. Assim como estávamos aqui para fazer um pouco de ‘farming’, parecia que ele também havia decidido que ele e seu clã precisavam ficar mais fortes.

No entanto…

— Era uma besta que nunca tínhamos visto antes. Tinha asas horríveis presas a ela, e seu corpo era semelhante ao de um Slime. No entanto, tinha todo tipo de membros nojentos e retorcidos saindo de todo o seu corpo.

Eles encontraram um novo monstro que nem eu tinha no meu banco de dados.

Ele havia exterminado todo o Clã do Leão de Prata, e o barco que estavam usando também foi destruído. Mas, depois de se lançar na água, certo de que estava condenado, Maderkin acordou na Ilha da Biblioteca. Seu equipamento havia se prendido em algumas pedras perto da costa a tempo de salvá-lo de se afogar.

— Depois disso… Bem, eu estava preocupado de que fosse muito perigoso para mim ficar ao ar livre, então vim para cá. E então… esperei aqui sozinho até que alguém encontrasse este lugar novamente…

Ele racionou sua comida e água o máximo possível, e não lutou contra nenhum dos monstros, preferindo sentar-se aqui em total isolamento e lutar apenas contra sua solidão. Isso resumia sua história.

— Entendo.

Mas eu não achei que fosse uma história particularmente triste. Lendo nas entrelinhas, tive a sensação de que, assim que ele concluiu que seu clã seria exterminado, abandonou o barco e pulou no oceano para salvar a própria pele.

“Pelo menos, é o que parece.”

Pelo que eu sabia de Maderkin Lilgreams, ele era definitivamente o tipo de cara que faria algo assim.

“De qualquer forma, já chega de perguntas.”

Eu ouvi a história dele, agora era hora de verificar se era verdade.

— Versyl.

Ordenei que nosso mago lançasse um feitiço de verificação. Infelizmente, devido à alta Resistência à Mana de Lilgreams, a magia de verificação não funcionou muito bem. Ainda assim, não me prendi a isso e, em vez disso, tirei um item do meu subespaço pessoal.

“Parece um pouco desperdício usar a última carga aqui… mas, de qualquer forma, isso é suspeito demais.”

— Maderkin Lilgreams.

— Sim?

— Agora vou verificar se o que você disse é verdade.

Não me preocupei em pedir seu consentimento. Não era como se ele tivesse escolha para começar.

Clack.

Imediatamente ativei a Confiança Equivocada. Com isso, mesmo que ele estivesse escondendo algo, tudo seria revelado.

— Tudo bem, vamos começar com uma pergunta simples.

Mas o que é isso?

— Diga-me. Qual é o seu nome?

Assim como na Floresta dos Doppelgangers, comecei com uma pergunta de teste para garantir que estava funcionando corretamente.

E o desgraçado não disse absolutamente nada. Por que ele não conseguiu responder a uma pergunta tão simples?

Tic, tac.

O único som a ser ouvido era o tic-tac constante e repetitivo do ponteiro da bússola circulando o disco da Confiança Equivocada. À medida que o silêncio se prolongava, a tensão na sala começou a aumentar.

Este corpo de guerreiro meu executava calmamente as ações necessárias naquele momento, mesmo sem minha intervenção. Quando percebi o que estava acontecendo, meus dedos já estavam se fechando em torno do cabo do martelo nas minhas costas, guiados por algum instinto subconsciente.

Soltei um suspiro. Se nada mais, ter a mão na minha arma serviu para me acalmar um pouco.

— Fale, Lilgreams — exigi mais uma vez. — Qual é o seu nome?

Ele evitou meu olhar. Mas a maneira como seus olhos se desviaram para a direita era estranha demais. Uma sensação de inquietação e estranheza me tomou.

— Vou perguntar mais uma vez. — Puxei meu martelo e apontei para ele. — Qual é o seu nome?

Mais uma vez, ele não respondeu.

“Certo, ele vai ficar em silêncio até o fim? Nesse caso, vou quebrar seus braços e pernas e tentar novamente.”

Decisão tomada, apertei a empunhadura do meu martelo e preparei o golpe.

— …Ah!

Mas naquele momento, ele quebrou o silêncio e falou.

— Eu. Fui. Pego.

Foi uma frase curta, mas imediatamente senti que havia algo estranho na voz dele. E esse sentimento acabou sendo correto.

— Pego. Pego. Pego. Pego. Pego. Pego. Pego. Pego. Pego. Pego. Pego. Pego. Pego. Pego. Pego.

Como um CD arranhado, ele repetiu a mesma palavra repetidamente, suas pupilas se contraindo de forma anormal e sua voz aguda com ansiedade. Ele estava em pânico. Aterrorizado.

— Pego. Pego. Pego. Pego…

— O que você é?

Minha mão disparou para agarrar seu pescoço e erguê-lo no ar. Enquanto ele pendia ali, seu diálogo mudou. — O que faço?

Eu hesitei.

— O que faço? O que faço? O que faço? O que faço? O que faço? O que faço? O que faço? O que faço?

Essa sensação era algo que eu nunca havia experimentado antes. Eu era quem estava segurando ele pelo pescoço, então por que eu me sentia tão inquieto?

— O que faço? O que faço? O que fa…

E então, ele de repente se calou.

— …Ah!

Ele levantou a cabeça para me olhar. Suas pupilas, que haviam se torcido para a direita de maneira anormal, voltaram para frente para encontrar as minhas. E lentamente, hesitante, ele começou a falar.

— Eu sei.

Ele parecia ter chegado a algum tipo de realização. Uma nova onda de inquietação tomou conta de mim enquanto eu levantava meu martelo.

— O que preciso fazer.

Boom!

O corpo que eu estava segurando explodiu prontamente. A explosão em si não era nada para se vangloriar. A mão que eu havia envolvido em seu pescoço ardia um pouco depois, mas mesmo isso parecia mais uma irritação comum do que uma ferida.

No entanto, aquela explosão havia arrancado a carne e o sangue do estranho, espalhando centenas de pequenos fragmentos de ossos por toda a sala.

— Um sacerdote… não vai ajudar muito aqui.

O choque de ser coberto por restos humanos durou apenas um momento antes de eu soltar um longo suspiro.

“Maldição, estraguei tudo.”

Embora minha mente se apressasse para fornecer desculpas, no final, só podia atribuir esse fracasso à falta de previsão da minha parte. Sempre pensei em mim mesmo como alguém que agia com o pior cenário em mente o tempo todo, mas isso me pegou completamente de surpresa.

“…Não, mesmo assim, como eu poderia ter antecipado isso?”

Mesmo enquanto refletia sobre minhas falhas, não conseguia afastar aquele pensamento. Teria sido difícil prever aquele resultado específico, e não era algo que eu poderia ter lidado, mesmo que soubesse que estava por vir.

Afinal, como eu deveria impedir uma 【Fuga de Emergência】?

Era uma habilidade que desafiava todas as tentativas de contra-ataque. Afinal, a menos que você fosse um deus, não poderia trazer os mortos de volta. Teoricamente, poderia ser considerada a melhor habilidade de fuga do jogo, mas isso só porque o custo da habilidade era a própria vida do lançador…

“Vamos parar com essa onda de pensamentos inúteis e lidar com os problemas imediatos.”

— Yandel…!

— Estou bem, então não se preocupe. Ah, e preciso pensar sobre isso, então me deixem sozinho por um segundo.

Reassegurei meus companheiros que correram até mim em pânico, e então revi a situação na minha mente enquanto tomava um tempo para pensar.

Os últimos minutos podiam ser resumidos em uma única frase.

“Algo estava fingindo ser Maderkin Lilgreams.”

Então, quem era o culpado?

Só havia uma resposta que eu conseguia imaginar.

“O chefe da aldeia. Não, para ser mais preciso, alguém ou algo enviado pelo chefe da aldeia.”

Eu duvidava que o chefe da aldeia entrasse em pânico daquele jeito no momento em que fosse pego.

De qualquer forma, com um possível culpado identificado, meu próximo passo era abordar as questões fundamentais que formavam a base de qualquer boa hipótese.

“Por quê? E como?”

Por qual razão e com qual método ele fez isso? Muitas possibilidades cruzaram minha mente, mas nenhuma resposta concreta. Ainda era um grande mistério.

“Ele estava tentando me enganar para pensar que era inocente? Não, talvez ele só quisesse me vigiar em segredo…”

Ainda não estava claro qual era seu objetivo.

“E o que ele usou para fazer algo assim?”

Não conseguia pensar em nenhuma essência que o ajudaria a fazer isso. Havia algumas habilidades ativas que poderiam roubar o corpo de outra pessoa, mas elas não se encaixavam aqui. A maioria delas exigia que o lançador estivesse próximo, para começar, e quando o corpo era tomado, havia uma ligação visível entre o lançador e o alvo.

“Certo. Então, não é uma essência. O que significa que…”

A coisa que vi provavelmente funcionava de maneira semelhante a um espírito maligno.

O pensamento fez minhas palmas ficarem suadas de frio.

Ainda assim, ignorei o calafrio e me forcei a continuar refletindo sobre isso, até mesmo pedindo a opinião dos meus aliados, mas não cheguei a lugar nenhum. Tudo o que eu tinha era uma teoria sem muitas evidências para sustentá-la.

“O chefe tem uma maneira de roubar os corpos de outras pessoas, como um espírito maligno.”

Mesmo assim, não custa ser cauteloso.

Depois de lidar com as consequências da 【Fuga de Emergência】 de Lilgreams, por mais insatisfatória que fosse, guiei o grupo pela biblioteca. Imediatamente notamos duas diferenças fundamentais em relação a como havíamos deixado o lugar.

“Os livros… Eles voltaram.”

Os livros de invocação que usamos da última vez haviam sido reabastecidos. Quando deixamos a ilha, as prateleiras inferiores estavam praticamente vazias, mas agora até mesmo os livros que havíamos deixado espalhados estavam limpos e devolvidos aos seus lugares apropriados.

“As escadas também foram redefinidas.”

As escadas que levavam às prateleiras superiores, onde estavam os livros dos monstros de terceiro nível, também haviam desaparecido, retornando ao seu estado original.

“Hmm, então o que desencadeia a redefinição? É o tempo?”

Se esse fosse o caso, estava provavelmente relacionado à estação chuvosa de alguma forma, mas não havia como saber com certeza agora.

— Yandel, isso é bom se você pensar bem. Isso significa que poderemos obter essências muito mais facilmente.

— Ah… é verdade.

Como Amelia disse, isso era, em última análise, positivo. Embora as escadas terem sido redefinidas fosse um pouco irritante, isso praticamente confirmava que poderíamos fazer farming ilimitado e contínuo aqui.

Bem, isso não quer dizer que não houvesse desvantagens.

“Se isso redefinir enquanto ainda estamos percorrendo as pilhas de livros, então será difícil para nós chegarmos ao topo da estante apenas com trabalho duro.”

A Ilha da Biblioteca, que já era bem difícil, agora também tinha um limite de tempo. No entanto, era cedo demais para começar a reclamar. Poderíamos reclamar mais tarde, quando nosso objetivo passasse de apenas farmar essências para realmente limpar a ilha.

“Agora que sabemos que isso vai redefinir em algum momento, vamos parar de perder tempo.”

Deixei de lado qualquer frustração ou preocupação remanescente e decidi me concentrar unicamente na razão pela qual viemos aqui em primeiro lugar.

Para ser sincero, jogos que exigiam grinding¹ eram meu tipo de jogo. Uma vez que eu entrava no ritmo, era como se todos os meus pensamentos se aquietassem, deixando-me apenas com uma sensação constante de progresso.

Depois disso, dividimos nosso grupo em duas equipes: uma dedicada a encontrar livros com boas presas, e uma equipe de combate.

Nono nível, oitavo nível, sétimo nível…

À medida que o número de prateleiras que subíamos aumentava, a dificuldade também aumentava, e quando os monstros de quarto nível começaram a aparecer, mudamos nosso foco e começamos a procurar por monstros específicos nos livros.

Pedras de mana foram deixadas.

Experiência foi adquirida.

E…

— Uma essência!

Embora nenhuma das essências que surgiram pudesse ser dada aos membros do Anabada, à medida que acumulávamos várias essências por dia, nosso grupo como um todo ficava cada vez mais forte.

— Isso é tudo por hoje! Vamos parar aqui por hoje à noite. Todos, descansem!

No nosso octogésimo quinto dia no labirinto, o dia finalmente chegou.

1. ‘Grinding’ em RPGs é o ato de repetir tarefas, como combates ou missões, para ganhar experiência, itens ou recursos, visando fortalecer o personagem.[↩]