Capítulo 569: Portas Fechadas (3/4)

A conversa privada entre o chefe da vila e eu continuou por mais um tempo. Perguntei a ele sobre o que eu não sabia sobre o andar e o que precisava fazer para abrir a pedra portal, tentando arrancar o máximo de informação possível, mas o chefe evitou as perguntas com respostas vagas.

— Você aprenderá quando chegar a hora. E qual é o ponto de se preocupar com isso agora? Um dia, você sairá daqui e voltará para a cidade.

— Por que você simplesmente não me diz? Você está…?

— Não é porque eu tenho segundas intenções. Apenas me ocorreu que te contar talvez não seja útil para você.

— O que você quer dizer?

— Existe a chance de haver algo neste andar que nem eu descobri ainda. Se eu te guiar em certas direções, a possibilidade de encontrar esses segredos diminuirá porque você só agirá com meus conselhos em mente.

É isso o que dizem sobre os leões empurrando seus filhotes do penhasco para torná-los mais fortes? Se for o caso, fica mais difícil entender. O chefe e eu não tínhamos um vínculo forte como o de um pai com um filho. Achei difícil acreditar que ele estava tentando ‘ajudar’ a mim.

— Heh heh, não me olhe assim. — O chefe deu seu sorriso característico ao me olhar e disse — Já que as coisas se desenrolaram assim, estou do seu lado por enquanto. Certamente você também considerou como eu poderia ser útil para você no futuro, não?

— Bem… não posso dizer que não pensei nisso.

— O mesmo vale para mim. O crescimento do meu cúmplice abrirá mais portas para mim.

“Não tente ser esperto com as palavras.”

— Então, vou pensar mais sobre isso antes de te dizer. Não é como se eu fosse a algum lugar em breve. — Ele disse isso como se estivesse acalmando uma criança zangada, e no final, eu apenas assenti. Ainda era difícil aceitar suas palavras, mas não parecia que a situação mudaria só por eu pressionar mais.

Eu preferia gastar o tempo falando sobre algo mais produtivo.

— Então, o que você vai fazer agora?

Já tinha feito essa pergunta várias vezes hoje. No entanto, dessa vez, a nuance por trás dela mudou um pouco. As perguntas anteriores eram sobre o chefe pessoalmente, e esta era mais sobre todo o grupo de expedição.

— Vamos ficar nesta ilha por mais tempo? — perguntei.

Qual era o plano para o grupo de expedição daqui para frente?

O chefe da vila deu uma resposta direta à minha pergunta.

— Ficaremos na ilha pelo menos hoje. Ainda não descobrimos oficialmente a lápide dimensional. Devemos ‘descobri-la’ primeiro e dar tempo para os magos pesquisarem.

— Jerome Saintred teria feito isso?

— Ele teria.

— Certo, e depois disso?

— Isso ainda não foi decidido. No entanto, vou pensar mais sobre isso e te dizer amanhã.

— …Claro.

Com isso, nossa conversa chegou ao fim.

Voltei para onde meus aliados estavam, e matamos o tempo até que o vice-comandante anunciasse uma nova ordem. Devíamos percorrer a vila mais uma vez, procurando por possíveis segredos que pudéssemos ter perdido, e cada esquadrão podia se mover como quisesse.

— É mais como se estivessem nos dando mais tempo para descansar. Vamos procurar um lugar para relaxar.

Meu Esquadrão Temporário Quatro seguiu meu comando para encontrar uma casa vazia onde pudéssemos relaxar. No entanto, algumas pessoas pareciam insatisfeitas em perder tempo dessa maneira.

— Vamos dar uma olhada ao redor — disse Myul Armin. — Ficar parado aqui é um pouco…

— Você está preocupado com o que o comandante vai pensar?

— Mais do que isso, algo pode estar realmente escondido aqui, e podemos perder se ficarmos apenas na casa.

Myul Armin saiu com seu Grupo de Aventureiros, e Wyatt Hektz, do Clã Hektz, ecoou o sentimento antes de sair com seu próprio grupo.

— …Se encontrarmos algo, seremos reconhecidos por isso.

Se Armin estava colocando mais importância na parte da aventura da equação, esses caras estavam mais em busca de possíveis ganhos monetários.

Bem, não que eu estivesse em posição de me importar. Logo receberíamos a notícia de que a caverna com a lápide dimensional havia sido descoberta se apenas esperássemos, então tudo o que eu precisava fazer era ir até lá e fazer uma boa cena.

“Mas de alguma forma acabamos ficando sozinhos novamente.”

Com o Clã Hektz e o Grupo de Aventureiros Armin fora, restavam apenas os membros do Clã Anabada.

— Ack! N-Não olhe para mim!

Enquanto eu examinava os membros, Erwen se assustou e rapidamente cobriu o rosto quando nossos olhos se encontraram.

“Agh, então ela ainda estava fazendo isso.”

Meu coração afundou ao ver Erwen correr para um canto para se esconder. Versyl aproveitou o momento para se aproximar de mim.

— Não se preocupe, tenho uma poção que ajudará o cabelo dela a crescer novamente. Vou prepará-la e entregá-la quando voltarmos para a cidade.

— Oh, que bom ouvir isso.

— Uau… Então você realmente tem preferências bem definidas.

— …Hã? — Por que ela estava falando sobre minhas preferências agora?

Enquanto eu a olhava confuso, Versyl evitou meus olhos.

— Eu só… acho que a Srta. Tersia também fica muito bem de cabelo curto…

Eu também achava. Mas toda vez que eu olhava para ela, ela reagia daquele jeito. Se eu dissesse qualquer coisa sobre isso, ela só entenderia como uma tentativa minha de consolá-la, então nem tentei.

“Mas vamos precisar ficar aqui por mais um tempo…”

Eu estava preocupado com o futuro, mas como não tinha uma solução à mão, escolhi deixar esse pensamento de lado.

— Aqui está você. Estava te procurando por toda parte.

Um homem entrou na casa que estávamos usando para matar o tempo.

— Kaislan? O que você está fazendo aqui?

— Vi o Grupo de Aventureiros Armin andando por aí. Falei com eles um pouco, e quando ouvi que você estava descansando aqui, vim te visitar.

— Seja bem-vindo. Você também deveria descansar um pouco. Não se deixe levar pelo trabalho.

— Era isso que eu estava pensando. Depois que essa expedição acabar, minha vida como soldado vai terminar.

Parecia que sua hostilidade contra a casa real depois do incidente da Rocha de Gelo havia atingido o auge. Descansar enquanto ainda era pago não era algo que o Kaislan do passado faria.

Bem, isso também não era algo com o qual eu precisava me preocupar.

De qualquer forma, surpreendentemente, Kaislan não foi o único visitante que tivemos.

— Olá… tem alguém aí…?

Outra pessoa entrou cuidadosamente na construção.

— Sven Parav? O que você está fazendo aqui?

— Encontrei o Clã Hektz enquanto eles andavam por aí… Poderíamos conversar um pouco? Só nós dois.

— Claro.

A pedido do Goblin, saí da construção sozinho, e fomos para outra casa vazia para conversar.

Parecia que ele estava curioso sobre muitas coisas.

— Então… o que aconteceu? — ele perguntou vagamente. Ele não especificou o que queria dizer com ‘o que’, mas eu podia imaginar que estava se perguntando sobre o que estava acontecendo em geral. Eu até poderia ter dado uma boa explicação aos meus aliados, mas esse cara não havia ouvido uma palavra.

Por isso, dei um resumo.

— Não posso te contar todos os detalhes agora, mas no final tudo deu certo.

— Eh?

— Evitamos a cena que você viu no seu oráculo.

— Ah… então isso é um grande alívio…

Eu podia perceber que ele estava curioso sobre as partes que omiti, mas ele engoliu suas perguntas. Isso era uma prova de que ele era ao menos decente em interações sociais.

Vendo isso, bati em seu ombro em sinal de encorajamento.

— Sven Parav. Pensando bem, não consegui te dizer isso antes. Obrigado.

— Hã?

— Há uma razão pela qual não posso te contar os detalhes, mas seja como for, eu não sei o que teria acontecido se não fosse por você.

— Ah…

— Também contarei com você no futuro. Se algum dia precisar de algo resolvido, me procure. Te apoiarei com tudo que tenho.

Ele parecia surpreso com minha gratidão, ficando ali, sem palavras. Um momento depois, ele se sacudiu do choque e humildemente disse que não era problema.

— Você também passou por muita coisa. — Ele parecia estar com pressa para sair, lembro que ele mencionou que o arcebispo faria um escândalo se ele ficasse longe por muito tempo, então encerrei a conversa com um — Claro, nos vemos depois.

Quando entrei no nosso prédio novamente, Ainar veio correndo na minha direção enquanto gritava.

— Bjorn!

Hmm? Esse era o tom que ela usava quando tinha algo que queria me mostrar.

Olhei ao redor e imediatamente notei uma mudança em nossa pequena área de descanso.

— Raven?

Raven estava lá, e…

— Ignore a Aruru! Olhe ali! Olhe pra lá!

Erwen estava usando um capacete de aço escuro.

— …O que é isso?

Perguntei enquanto olhava para Raven, não para Ainar, e a primeira soltou um suspiro explosivo antes de explicar — A Srta. Tersia parecia abatida, então a Srta. Fenelin parece ter pensado em uma estratégia.

Ah, então era por isso que ela parecia tão orgulhosa.

— Hahaha! Não sou um gênio? Usando isso, ela pode esconder o cabelo curto e vergonhoso. Não, isso não é tudo! Se você usar isso, também pode proteger a cabeça!

Ainar falou com orgulho, apresentando uma solução bárbara.

— Tanto faz. Se já viu, por que não impede ela? — Raven sussurrou com uma certa urgência.

No entanto, ignorei sua resposta e olhei nos olhos de Erwen.

— Hm, senhor… o q-que acha…?

Surpreendentemente, Erwen não evitou mais meus olhos agora que estava usando o capacete. Eu estava preocupado que isso a deixasse ainda mais consciente do cabelo durante o combate ou talvez restringisse seus movimentos, mas o capacete resolveu todos os nossos problemas.

— …Não está ruim?

Claro, as roupas dela combinavam moda e eficácia como aventureira, então colocar um capacete de metal na cabeça a fazia parecer um pouco desequilibrada. Mas quem se importava com isso?

— Você usou a cabeça, Ainar — reconheci.

— Hah! Não foi fácil. Mas Erwen é minha amiga!

O problema foi resolvido.

Raven, no entanto, parecia discordar.

— Você realmente vai deixar a Srta. Tersia andar por aí assim? Ela definitivamente vai virar motivo de piada. Ei, Srta. Raines? Você não deveria dizer algo…?

— Deixe-a em paz — a cortei. — Ela disse que está bem.

— Srta. Tersia! Você realmente está bem com isso?

— Desculpe? Sim… Eu definitivamente me sinto menos envergonhada quando estou usando isso…

O queixo de Raven caiu em descrença, e o assunto foi encerrado ali.

Erwen agora andaria por aí usando aquele capacete.

— Pelos deuses…! Como chegamos a isso?

Sobre o que ela estava falando?

— Vamos parar por aqui — sugeri. — E Raven, por que você está aqui?

— Ah, eu? Estava só me perguntando o que você estava fazendo.

— Hã?

— Era uma ordem de busca livre, certo? Achei que você teria encontrado algo…

Ah, então, em resumo, ela estava aqui para tentar tirar vantagem. Se ela estivesse ao meu lado quando eu encontrasse algo, poderia ser a primeira a pesquisar.

— Que pena. Como pode ver, decidimos apenas descansar.

— …É. Não esperava por isso.

Depois de falar com Raven, Amelia veio até mim.

— A propósito, Yandel. Sua conversa terminou?

— Sim, e Sven Parav também já foi embora.

— Entendo… então poderia me dar um pouco do seu tempo também?

Por algum motivo, muitas pessoas queriam falar comigo hoje.

— Com licença, Raven, isso pode demorar um pouco — eu disse. — Você pode ficar por aqui antes de voltar.

— Eu realmente pareço tão desocupada para você? Estava prestes a sair agora mesmo.

— Mesmo? Então, nos vemos por aí.

Depois de meio que me despedir de Raven, caminhei para fora com Amelia. Para ser honesto, eu estava um pouco curioso. Por que ela me chamou para conversar?

Logo descobri a resposta.

— Eu ia ignorar, mas não posso ficar quieta depois de vê-la ficar naquele canto daquele jeito.

“Ah… Com certeza, era isso.”

— Aconteceu algo entre você e a Missha Karlstein ontem? — Amelia perguntou.

Não havia razão para não contar a verdade, Baekho Lee, a Pedra da Ressurreição, o reencontro após dois anos, a desconfiança que floresceu a partir disso, e mais. Mas, por algum motivo, eu não conseguia dizer essas coisas.

Por isso, respondi assim.

— Nada aconteceu.

Uma mentira que nem uma criança de três anos acreditaria.

No entanto, Amelia apenas acenou com a cabeça em silêncio.

— Entendo. Me avise quando estiver pronto. Estarei esperando.

Ela falou como se estivesse falando com uma criança.

Eu sorri de lado. — Claro.

Ainda assim, por algum motivo, me senti um pouco melhor.

O tempo que passamos na Ilha do Chefe se arrastou mais do que todas as expectativas. A razão era simples. Planejávamos partir para o nosso próximo destino no dia seguinte à descoberta da lápide dimensional, mas…

— O fluxo de mana da lápide dimensional está mostrando um padrão semelhante ao fluxo do dispositivo de transmissão bidirecional que vimos em um artigo recente!

— Com isso… poderíamos ser capazes de ativar a pedra à força!

Os magos investigando a lápide dimensional pareciam ter descoberto algo novo e pediram que ficássemos na ilha por mais tempo, enquanto falavam algumas palavras ininteligíveis.

— Vou lhes dar dez dias. Descubram antes disso.

O chefe da vila aceitou o pedido deles.

Não tinha como ser diferente, não com o papel que ele tinha que desempenhar. Jerome Saintred teria absolutamente tomado a mesma decisão em sua posição.

Provavelmente ele também estava se agarrando a um pouco de esperança. Se esses magos conseguissem ativar a pedra, ele poderia voltar para a cidade imediatamente.

“Além disso, o chefe não tinha interesse em exploração desde o início.”

O chefe da vila estava apenas esperando para ‘se acostumar’ com o corpo e planejava sair imediatamente depois disso, então não importava para ele se estava na vila ou lá fora, explorando.

Um dia, dois dias, três dias…

O tempo passou.

Os magos passaram o dia inteiro ao lado da pedra, realizando um teste após o outro. Os outros ou descansavam na vila ou andavam pela ilha derrotando monstros para passar o tempo.

Mais alguns dias se passaram.

Mais uma vez, era o dia em que os fóruns da comunidade abriam. Um espaço onde eu podia me comunicar com o mundo exterior e o único lugar onde eu poderia me encontrar com esse desgraçado do Baekho.

“Finalmente posso interrogá-lo.”

Como eu estava ansioso por isso, no momento em que acordei no meu quarto, liguei meu computador e movi o mouse.

Clique, clique.

Mas, por algum motivo, no momento em que abri a comunidade, metade da tela foi preenchida com um pop-up.

— …Um anúncio?

Eu não me lembrava de ter visto algo assim antes. Aconteceu alguma coisa lá fora?

Depois de ler rapidamente todo o conteúdo, congelei, transformando-me em pedra.

O anúncio começava assim, depois detalhava quando a comunidade foi criada, por que foi criada, como os administradores trabalharam duro para mantê-la e assim por diante. Estava cheio de conteúdo que qualquer gamer que gosta de jogar ficaria com medo de ver.

Porque sempre que algo assim era postado, o motivo era sempre o mesmo.

“Maldição.”

Eu esperava que não fosse o caso. Mas não havia mais nada para ver.

O servidor estava morto.