Capítulo 628: Cidade Abandonada (1/4)

『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Note 』

Eu já tinha discutido isso antes com meus aliados.

— É estranho também que eles tenham mirado em dois distritos ao mesmo tempo. Eles são tão instáveis que segurar apenas um distrito já seria difícil…

— E ainda tem Bifron entre o Distrito Sete e o Distrito Treze, então é ainda mais difícil defender os territórios deles.

— …É verdade. Então, por que eles fizeram isso? Será que estão planejando algo em Bifron?

Embora não soubéssemos os detalhes, supúnhamos um propósito oculto por trás das ações deles. Agora, essa suposição se confirmou como verdade.

O vice-líder não conseguiu esconder seu choque assim que mencionei Bifron, mas tentou disfarçar dizendo — Hum, bem, não sei do que você está falando…

Era tarde demais para ele tentar enterrar seu segredo novamente. Minha hipótese já havia sido confirmada.

— Acho que você não precisará abrir o caminho para nós — eu o interrompi. Quero dizer, a resposta já estava evidente, certo? — Nós vamos para Bifron.

Eu não sabia o que esses caras estavam planejando fazer em Bifron, mas pelo menos sabia que às vezes, fazer o oposto do que meu inimigo queria já era suficiente.

Dado que ele de repente parou para pensar depois do que eu disse, percebi mais uma vez que não havia muita diferença entre conversar e lutar. O que acabou de acontecer provou isso. Se eu não tivesse mirado em uma brecha crítica em um momento inesperado, não teria conseguido arrancar essa reação dele.

O silêncio continuou.

— Por que vocês estão indo para Bifron?

— Acho que você está com a ideia errada aqui.

Ele não desviou dando desculpas. Apenas me olhou de longe e não disse nada. Parecia que ele estava repassando tudo em sua mente repetidamente sem falar precipitadamente. Ainda assim, era tarde demais.

— Vamos embora agora. — Eu sorri. — Você ainda não vai nos impedir?

O vice-líder falou baixinho. — Eu sabia que você era inteligente, mas isso eu não esperava.

Eu sentia o mesmo. Eu só sabia que ele era o segundo em comando de Orcules. Nunca tinha ouvido falar que ele era um estrategista dessa magnitude.

— Então? Qual é a sua resposta? — Eu perguntei descaradamente.

O vice-líder bufou. — Faça como quiser. Quer ir para Bifron? Então vá! Não vamos impedir vocês.

“Ele está blefando. Certo?”

Essa era minha suspeita inicial, mas eu não tinha certeza. Sempre precisava manter todas as possibilidades em mente. E honestamente, tudo o que ele fez foi se agitar um pouco com a menção de Bifron. Na verdade, pode não importar para eles se fôssemos para lá ou não.

“Hah… Mais uma rodada de guerra mental aqui.”

Minha cabeça doía. Embora não tivéssemos tido nenhum confronto físico ainda, eu podia dizer pela nossa conversa que esse cara era consideravelmente poderoso.

Em algum momento, o vice-líder se recompôs, já que sua voz estava calma quando ele disse — É a sua escolha. O que você vai fazer?

O quê, ele achava que havia recuperado a iniciativa ou algo assim? Ainda assim, de alguma forma, quando a palavra voltou para mim, me vi hesitando em tomar uma decisão final com o quão complicadas as coisas começaram a parecer.

— Espero que você tome a decisão certa — ele provocou. — Você tem o destino de muitos nas suas mãos.

Bárbaros não sofriam de paralisia de decisão. Eles eram a raça que agia sem hesitação se julgassem que a ação era necessária, não importa o quão difícil fosse algo.

E eles estavam acostumados a tomar decisões em situações onde não tinham escolha para começar.

— Por que você continua falando? Pare de chilrear¹ no meu ouvido.

O vice-líder estreitou os olhos para as minhas palavras, sem entender o que eu quis dizer.

Eu falei francamente em resposta. — Que decisão? Já não te disse? Estamos indo para Bifron.

Esse cara provavelmente não percebeu que no momento em que tentou me agitar na frente das outras pessoas, a escolha de passar pelas muralhas desapareceu.

“Pois é… como eu poderia ir lá nessa situação?”

Para começar, eu era um espírito maligno. Então, durante a Expedição a Rocha de Gelo, eu tinha matado a Ordem da Rosa e fingido ignorância, e até tinha tentado evadir impostos distribuindo a riqueza do palácio.

Se eu desse ao palácio qualquer desculpa para me investigar, eu estaria em perigo ainda maior do que estaria indo para Bifron agora.

— De qualquer forma, bom ouvir que vocês não vão nos impedir. Fiquem seguros por aí. Nos veremos em breve… — Com um dar de ombros, perguntei — Você não vai voltar atrás na sua palavra, vai?

O vice-líder respondeu de maneira indiferente — De maneira alguma. Eu mantenho cada palavra que digo.

— Ah, acho que você é mais homem do que parece.

— Mais do que pareço…?

— Haha! Ficar de olho em coisinhas assim te faz menos homem! Enfim, você pode sair da minha vista agora? Quero ir para Bifron agora, mas vai ser chato se vocês ficarem parados aí.

O vice-líder hesitou diante do meu tom baixo antes de responder — Todas as forças! Recuem para as muralhas!

Um murmúrio percorreu as forças de Noark que estavam posicionadas à nossa frente, como se não entendessem por que o vice-líder ordenaria tal coisa, mas eles não foram contra.

— Eles estão indo…

Enquanto os observava partir para as muralhas do castelo, lembrei-me da última expressão no rosto do vice-líder antes dele se virar completamente. Ele usava o que parecia um sorriso, seja para me zombar ou expressar alegria.

— …Nós realmente vamos para Bifron? — Amelia me perguntou com uma voz preocupada, talvez porque tivesse visto a mesma coisa.

Versyl também manifestou sua preocupação. — É a escolha certa? Acho que você está sendo atraído para lá…

“Atraído? Claro que não.”

Eu pude dizer pela expressão final dele. Largando a hesitação remanescente, virei as costas para as muralhas.

— O que vocês estão fazendo? Sigam-me! Vamos para Bifron!

Eu saberia quando chegasse lá. O que estava escondido lá, e por que ele odiava a ideia de irmos ver isso.

O vice-líder de Orcules, Roland Banozant, olhou para as muralhas vazias e soltou uma risada seca.

— Ele realmente foi.

Uma mulher vestindo roupas provocativas se aproximou dele.

— Sr. Vice-Líder, está tudo bem? Nós os deixamos ir sem fazer nada.

Lyranne Vivian.

Embora ela tenha sido uma vez uma pupila promissora da Torre Mágica, conduziu múltiplos experimentos com magia proibida e tornou-se uma maga negra. Dizia-se que ela era uma pessoa brutal e cruel mesmo antes de enveredar pelo caminho da magia negra, e da perspectiva de Roland, ele não conseguia dizer se sua personalidade havia se tornado menos ou mais extrema,

Incluindo seu traço de fazer piadas.

— Você ficou perturbado porque ele realmente partiu, certo? — Quando ele não respondeu, ela disse — Aha, você parecia perturbado. Você sempre age tão inteligente, mas parece que até você não esperava que ele realmente fosse embora.

Banozant achava pessoas como ela desagradáveis. Não, seus sentimentos eram mais próximos ao ódio.

“Mas ela ainda era útil.”

Ele colocou um sorriso gentil enquanto olhava para a mulher. — Haha, como uma pessoa pode saber tudo no mundo? No entanto, pelo jeito que você está falando, parece que você esperava esse resultado, Srta. Vivian?

— Não? Como eu poderia esperar isso? Ele tomou essa decisão mesmo quando você lhe deu a opção de deixá-lo partir para a cidade… Mas não deveríamos pelo menos persegui-lo agora? Não estaremos em grandes apuros se ele for para Bifron e algo der errado?

Banozant assentiu com uma expressão amarga.

Embora ela desse uma vibe de desatenta, Vivian não era uma mulher obtusa. Como ela disse, deixar alguém imprevisível como Bjorn entrar em Bifron definitivamente não era uma boa ideia para eles.

— Mas persegui-lo agora seria ainda mais perigoso. Se abandonarmos as muralhas, o palácio notará. Ainda não é hora de entregar o Distrito Sete.

— Isso é verdade, mas ainda assim não foi demais dizer que você os deixaria ir sem fazer nada?

Banozant apenas sorriu calmamente ao tom espinhoso de Vivian. — É verdade. Também estou lamentando essa decisão.

— Hehe, você está fazendo parecer que eu estou te intimidando. Estou apenas curiosa, sabe? Por que nosso inteligente Sr. Vice-Líder tomou essa decisão?

Com a insistência dela em obter uma resposta, Banozant não teve escolha a não ser dar-lhe uma.

— Srta. Vivian. A maioria das pessoas seria incapaz de tomar uma decisão tão temerária naquela situação. Ainda mais com tanto em jogo.

Ele não estava dizendo isso para desviar a situação. Ele havia encontrado inúmeras pessoas e pontos de decisão em sua vida. Embora, para ser preciso, ele as havia observado.

Foi a razão por trás de seu título de ‘Olho Demoníaco’. A maioria das pessoas pensava que ele tinha esse nome devido a uma habilidade, mas apenas coincidiu em algum momento.

Na verdade, ele não tinha tais habilidades quando recebeu esse título pela primeira vez. Ele apenas tinha sido capaz de inferir os pensamentos dos outros desde jovem.

— Uau, então nosso Sr. Vice-Líder não é realmente tão inteligente?

Mesmo com sua resposta séria, Vivian apenas o zombou, e Banozant demonstrou seu desagrado franzindo a testa.

Ela também reconheceu que havia cruzado a linha. — Quer dizer, você disse que é isso que a maioria das pessoas faria. Mas Bjorn Yandel não é como a maioria das pessoas, certo?

Com esse adendo rápido, Vivian deu de ombros e deixou o local, e Banozant soltou uma risadinha.

— Não é como a maioria das pessoas…

Ele aprendeu sobre Bjorn Yandel quando o bárbaro recebeu o título de baronete após sua contribuição na Batalha da Floresta dos Goblins. Naquela época, ele pensou que Bjorn era simplesmente excepcional e deixou por isso mesmo. Alguém que havia simplesmente tido sorte em uma realização, não alguém de quem Banozant precisasse se preocupar.

Mas e agora? No final, Bjorn Yandel acabou sendo uma pessoa bastante poderosa no reino.

“Eu já nem sei mais quantas vezes foram.”

Por alguma razão, ele sempre se chocava com Bjorn Yandel, mesmo durante o tempo de Regal Vagos, o Matador de Dragões.

Após saber que quem ele encontrou no labirinto depois de recuperar suas memórias era Bjorn Yandel, Banozant ficou atônito, isso foi antes de ele obter sua fama e receber um título nobre.

“Então isso é… uma relação de má sorte.”

Embora ele não acreditasse em superstições, ele podia sentir. Bjorn Yandel continuaria a se tornar um grande obstáculo para ele.

— Preciso relatar isso ao líder primeiro.

Após reunir seus pensamentos, ele usou uma técnica de comunicação para transmitir as novidades ao líder, que estava no Distrito Treze. Com o relatório completo, ele olhou para as muralhas vazias e recordou sua conversa com o Matador de Dragões.

— Hmm, você quer que eu fale sobre Bjorn Yandel?

Como um aventureiro crescendo a um ritmo incrível, ele perguntou ao Matador de Dragões sobre todos os tipos de informações depois que recuperou suas memórias. Entre elas, também havia coisas como esta.

— …Ah, Vice-Líder. Mais uma coisa.

Quando ele ouviu isso naquela época, ele havia considerado como um conselho aleatório.

— Se possível, aconselho que você não converse com ele.

Mas agora, ele conseguia entender um pouco.

— Assim que você começa a conversar com ele, as coisas de repente começam a ir do jeito dele. Antes que você perceba.² 

Agora ele conseguia entender a razão pela qual o Matador de Dragões diria algo assim.

1. Som que os pássaros fazem.[↩]
2. Demisidi: Já dizia a própria deusa Reatlas, a maior habilidade Bjorn não é sua força, mas sua língua. Não à toa que ele era tão dominante na extinta távola redonda.[↩]