Capítulo 634: Reconstrução (3/5)
『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Note 』
Vamos falar sobre o Chefe A. Após te atribuir uma tarefa exaustiva, ele desapareceu por meio ano. E quando esse chefe finalmente voltou, trouxe de volta 8712 vezes mais trabalho para você.
Como você, subordinado, se sentiria?
Shavin Emoor, parada diante de mim, estava lidando exatamente com esse dilema. Suas mãos tremiam. Seus olhos estavam cheios de raiva enquanto me encaravam.
— Intenção assassina…?
Como um civil normal podia exalar tanta intenção assassina? Isso realmente me surpreendeu.
— Então… Acho que vou me demitir…
Antes que ela pudesse terminar essa frase, eu rapidamente a interrompi. — Shavin! Calma um pouco. Se você for embora, nosso clã vai ser destruído!
— Se vai ser destruído só porque eu vou sair, então não merece ser destruído?
Uh…
‘Tecnicamente’ ela não estava errada.
— P-Pensa na nossa relação, né? — argumentei. — Não tenho te tratado bem…?
— Então você tá dizendo que eu não tenho feito um bom trabalho para você?
— Não, não é isso que eu…
‘Cultura familiar’ era uma das características de uma pequena ou média empresa. No entanto, eu desisti de tentar apelar para a lealdade dela. Eu sabia melhor do que ninguém o que uma pequena empresa precisava fazer para resolver a escassez de recursos humanos. Conversas sobre moralidade não eram a ferramenta certa para segurar alguém que estava tentando sair da ‘família’.
— O dobro.
— O dobro?
— Sim, vou te pagar o dobro do que você recebe agora!
Com a perspectiva de um aumento explosivo no salário, a expressão fria e endurecida de Shavin começou lentamente a se desmanchar. — V-Você… Realmente achou que isso seria suficiente para…!
Era hora de continuar meu ataque combinado. — Não só daqui para frente!
Ela me lançou um olhar desconfiado.
— Vou até contar o tempo que você passou sozinha aqui, trabalhando para a terra sagrada enquanto eu estava fora, e dobrar o pagamento por esse período também!
A promessa de um bônus fez os olhos da minha subordinada prestes a partir se abrirem. Ela parecia tentada pelo acordo, já que não conseguia me dar uma resposta imediata.
Então, eu soube pela expressão dela que tinha resolvido a situação.
Não a pressionei mais e esperei silenciosamente por uma resposta.
— …Feito.
Sua voz era quase um sussurro.
— O quê? — perguntei.
— Eu aceito! Esse cargo de administradora-chefe ou o que for! — Shavin gritou como alguém que foi levada ao limite da lógica, antes de seu rosto ficar vermelho de vergonha. Ela tentou se justificar, acrescentando — Bem… Sabe… Estou numa idade em que preciso me preparar para o casamento, entende.
A razão me pegou totalmente de surpresa. — Uh…
“…Na idade para se preparar? Você já não passou dessa fase?”
Pelo que eu sabia, ela faria quarenta em alguns anos. Talvez isso fosse aceitável na era moderna, onde a idade de casar estava sendo cada vez mais adiada, mas para essa cultura e sociedade, ela definitivamente já era…
— Isso é verdade — Amelia interveio, escolhendo aquele momento para concordar com um aceno. — Está na hora mesmo.
Fiquei aliviado por não ter dito nada.
Administradora-chefe, Shavin Emoor.
Como alguém que obteve a maior autoridade administrativa hoje, ela mostrou que realmente era adequada para o cargo.
— Temos terras que estavam programadas para serem leiloadas no próximo ano. Já que estão paradas, esperando, podemos muito bem abrigar essa quantidade de pessoas. No entanto, vai ficar um pouco apertado.
Como se nunca tivesse planejado sair de fato, Shavin deslocou rapidamente os 8712 refugiados como se tivesse planejado isso desde o começo.
— Os tetos sobre suas cabeças serão o problema… mas como já temos alguns materiais preparados, devemos conseguir improvisar algo para resolver isso.
— Você consegue construir algo para eles tão rápido? Quero dizer, ainda é muita gente. Isso realmente vai ser possível?
— Claro. Você ficou fora por um tempo, então talvez não saiba… mas os bárbaros nascem para ser trabalhadores. Estou começando a achar que são melhores nisso do que como guerreiros.
— …O quê?
Como chefe dos bárbaros, me senti um pouco ofendido, mas quando vi os resultados, não pude deixar de concordar.
— Behelaaah!
Como se cada um tentasse provar que valia por cem guerreiros, os bárbaros soltavam seus gritos de batalha enquanto erguiam enormes troncos sozinhos.
— No meio! Você precisa colocar ali pra fazer a casa forte! Como nossos músculos!
Além disso, como estava na moda na terra sagrada construir a própria casa, eles também eram bastante habilidosos na construção.
Bem, ainda não era tão impressionante quanto os anões.
— Lá! Está torto!
— Não tenho paciência, só coloca logo!
— Tá bom!
Talvez esse fosse o limite de sua natureza. Com seu senso de perfeição, os detalhes criados pelos anões usando suas aclamadas técnicas de engenharia metalúrgica e construção ainda eram impossíveis de replicar.
— É rápido, né?
— Sim…
No entanto, quando todos os bárbaros da terra sagrada trabalhavam juntos, a velocidade de construção era incomparável. No ritmo que estavam, estimei que todas as cabanas necessárias para os refugiados seriam concluídas em apenas alguns dias.
“Bem, com essa qualidade, acho que as casas não vão durar um ano…”
Ainda assim, graças a isso, percebi algo.
“Bárbaros são o melhor custo benefício…!”
A eficiência de custo não era só boa, era fantástica.
Mão de obra fácil de adquirir. Um físico que permitia a uma pessoa fazer o trabalho de várias ao mesmo tempo. E o mais importante…
“Eles não reclamam.”
Mesmo quando não eram bem remunerados, apenas aceitavam e seguiam com o trabalho.
Não fazia sentido me ofender com o comentário de Shavin sobre como eles nasceram para ser trabalhadores. Isso nem começava a descrever o quão bons eles eram. Sem dúvida, os guerreiros bárbaros eram os melhores trabalhadores desta era…
— Yandel.
Enquanto um arrepio percorria minha espinha com essa descoberta, alguém me chamou por trás. Era uma voz familiar.
— …Rotmiller?
— Faz tempo. Queria ter te procurado antes, mas parecia que você estava ocupado.
— Por que está na terra sagrada?
Perguntei porque estava genuinamente curioso, mas Rotmiller apenas me olhou com uma expressão confusa, como se eu tivesse perguntado algo absurdo. — Yandel, é por sua causa. Você me pediu para ensinar aos jovens guerreiros da terra sagrada minhas habilidades de exploração.
— Ah…
Isso era verdade. Honestamente, eu só…
— Desculpa — falei sem jeito. — Muitas coisas aconteceram recentemente, então acabei esquecendo.
— É compreensível, você passou por muitos grandes eventos novamente.
— Obrigado por dizer isso… De qualquer forma, você tem ficado na terra sagrada desde aquele dia?
— Sim, a menos que eu tivesse algo específico pra fazer na cidade. Ensinar os jovens guerreiros me trouxe uma certa satisfação, e o trabalho realmente combina comigo.
— Oh, sério?
— Não estou só dizendo isso. Estou falando sério. Graças às habilidades que ensinei a eles, voltaram vivos do labirinto, e sempre que me dão um pão de pedra como agradecimento, meu coração fica cheio…
Mas então, Rotmiller de repente parou de falar, antes de limpar a garganta com uma expressão envergonhada. — Ahem! De qualquer forma, tenho levado uma vida decente, então não precisa se preocupar comigo.
— E-Eu entendo…?
— Ah, e ultimamente, depois que cumpro minhas obrigações, tenho um pouco de energia sobrando, então estou ajudando na administração.
— Na administração…?
— A srta. Emoor estava com dificuldade. Não posso deixar uma amiga tão jovem assumir essa responsabilidade sozinha…
— Hã? Shavin Emoor… Jovem…?
— Você não sabia? Ela é cerca de dois anos mais nova que eu. Claro, idade não importa muito. Mesmo sendo dois anos mais nova, ela já conquistou muito mais do que eu…
Enquanto dizia isso, Rotmiller soltou uma risada meio depreciativa.
Eu observei a vida deixar seu corpo e, então, como um raio, a realização me atingiu.
“Será que o motivo de Shavin estar se preparando para o casamento…?”
Apesar da curiosidade, me contive de fazer algo sem tato, como perguntar a ele sobre o relacionamento dos dois. Eles podiam resolver isso sozinhos. Não eram crianças.
— Ah, certo — disse Rotmiller. — Yandel… por acaso você sabe o que aconteceu em Bifron? Embora ninguém esteja demonstrando abertamente, todos estão bastante preocupados.
— Vou te contar assim que souber mais. No momento, eu mesmo não sei muita coisa.
— Entendo…
Rotmiller e eu conversamos sobre outras coisas por mais uns trinta minutos, até que Shavin veio me procurar.
— Senhor Bjorn…! Hã? Senhor Rotmiller, você também está aqui?
— Que bom te ver, Srta. Emoor. Completei a operação de pesquisa que você pediu ontem e estava voltando quando encontrei Yandel aqui. Conversamos um pouco.
— Ah, sério? Já terminou a pesquisa?
— Não há motivo para atrasá-la. Sei muito bem que você também está ocupada, Srta. Emoor.
— Sim… Sempre sou grata, Sr. Rotmiller… — Shavin escondeu um sorriso delicado com a mão enquanto falava com Rotmiller.
“Hum, realmente parece que há algo acontecendo aqui.”
Embora minha intuição de guerreiro me dissesse isso, não era algo com que eu precisasse me preocupar, então mudei de assunto.
— Shavin, por que você estava me procurando?
— Ah, olha pra mim, me distraindo. Chegaram algumas cartas pra você de manhã. Três, na verdade.
— Três? — Quando peguei as cartas de Shavin e as chequei, percebi que todas vieram de fontes diferentes. — Uma é do palácio, a outra é de Melbeth, e a última…
Não consegui identificar. O que era isso?
Enquanto eu ficava ali pensando por um momento, Shavin explicou: — Esse selo significa que é um documento oficial das raças. Com o período em que estamos, há uma grande possibilidade de ser um aviso sobre a Cúpula das Raças.
— A Cúpula das Raças…
Isso me lembrou. Havia um evento em que os líderes de cada uma das seis raças se reuniam para um encontro.
Eu já deveria ter ido a um desses, mas, como fui preso no subsolo contra minha vontade, acabei perdendo.
— As reuniões ocorreram enquanto eu estava fora? — perguntei.
— Pelo que sei, não. Ouvi dizer que é tradição realizar a reunião apenas quando todos os membros podem participar.
— …Entendi.
Com essa questão resolvida, abri as outras cartas e li seus conteúdos. Felizmente, todas tratavam de assuntos oficiais e podiam ser resumidas assim:
1. Aviso de um convite para participar da Reunião Palaciana.
2. Solicitação de participação na reunião regular de Melbeth.
3. Carta de consentimento da Cúpula das Raças.
Talvez fosse porque eu era tanto chefe de clã quanto barão. Quando recebia cartas assim, me sentia como um político de alto escalão. Honestamente, essa impressão não estava muito longe da verdade.
— Uau… — Depois de checar os remetentes das cartas e seus conteúdos, Shavin soltou uma exclamação de admiração antes de murmurar algo na minha direção. — Você realmente parece alguém importante com todas essas coisas aqui…
Parecia um elogio, mas senti um tom disfarçado por trás.
— O que você disse?
— Nada, não é nada — ela negou rapidamente. — Só é incrível que alguém que recebe cartas como essa esteja bem na minha frente.
— …Certo — concedi, um pouco envergonhado, antes de me concentrar de novo no conteúdo das cartas.
— Então, o que vai fazer? — perguntou Shavin.
— O que quer dizer?
— Três lugares diferentes te mandaram três cartas bastante parecidas. Vai comparecer a todas elas?
— Deveria. Todas tratam de assuntos oficiais.
— Então, qual você vai primeiro?
Ah, isso?
Infelizmente, não era algo que eu pudesse controlar.
— Hm, vamos ver. A mais próxima…
Levantei uma das cartas.
— Esta aqui é a mais cedo.
A Aliança dos Nobres Não Humanos.
Era o convite para as reuniões regulares de Melbeth.
Como fazia muito tempo desde a última vez que estive na cidade, havia muitas coisas que eu precisava resolver. No entanto, se eu tivesse que destacar uma prioridade, seria essa.
Embora não fosse uma missão que estava originalmente nos meus planos…
“Usar os refugiados que vivem na terra sagrada dos bárbaros e ganhar dinheiro.”
Todos os refugiados acabaram se tornando meus servos. E, segundo a lei Rafdoniana, os servos de uma casa nobre não podiam trabalhar em outro emprego para ganhar dinheiro.
Bem, eu provavelmente poderia manter isso em segredo e fazê-los trabalhar em outro lugar, mas, na situação atual, eu precisava me manter discreto para não ser investigado. Não podia correr o risco de arranjar um segundo emprego para 8712 pessoas sem ser descoberto.
“Eu preciso ganhar dinheiro pra cobrir os impostos deles no próximo ano…”
Esse era o maior obstáculo. Se eu fosse um grande nobre com uma indústria, poderia colocá-los para trabalhar no meu negócio para ganhar dinheiro, mas eu não tinha nada assim.
“O que eu posso fazer?”
Surpreendentemente, a solução para esse problema se revelou na reunião regular de Melbeth.
— Ah, o próximo tópico de discussão é a reconstrução dos Distritos Sete e Treze. Como todos sabem, o palácio declarou que selecionará três empresas nobres para cuidar da reconstrução. Como há muitos ganhos envolvidos, várias casas nobres vão disputar o contrato, e nossa Melbeth também planeja enviar uma casa nobre para apoiar.
— Com isso, proponho que permitamos que a Casa do Conde Goldbeard, com seus vários negócios de construção, sirva como nosso representante para este contrato. A menos que alguma casa deseje se opor, votaremos imediatamente…
Descruzei os braços e me levantei de imediato. — Eu me oponho!
Eu precisava que minha casa fosse a escolhida.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.