Capítulo 635: Reconstrução (4/5)

『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Note 』

Assim que me levantei e declarei minha objeção, como se estivesse esperando por aquele exato momento, recebi a atenção dos líderes de cada casa presentes na reunião.

— Você… objeta… — Até o Visconde Mariblack, que organizou o local e estava presidindo a reunião, ficou sem palavras de tão chocado.

Eu entendia o motivo da surpresa. Após provar para os outros membros que eu estava vivo e atrair muita atenção e escrutínio, não prestei muita atenção na reunião e, em vez disso, fui dormir em um canto. Todos estariam se perguntando o que eu estava tramando com essa moção.

— Qual é o problema? — Falei em uma defesa sarcástica. — Só me manifestei porque você perguntou se alguém tinha objeções. Algum problema com isso?

— Não… não é isso. Nós, da Melbeth, respeitamos a voz de todas as casas.

— Então, ótimo! — Com a permissão do anfitrião, declarei minhas intenções sem hesitação. — O Conde Goldbeard não é a melhor escolha para gerenciar a construção desta vez!

— Perdão…? — Agora as outras casas se juntaram ao visconde em um estado de perplexidade diante da minha aparente falta de noção.

Bom, as reações eram compreensíveis. O Conde Goldbeard era o único conde entre as trinta e duas casas ali e também o vice-líder da Melbeth. Só isso já seria suficiente para ele nos representar e, como ele tinha muitos negócios relacionados à construção, eu teria que concordar que ele era o mais indicado para o cargo.

— Uh… — O Visconde Mariblack começou. — Então, você está sugerindo que não devíamos nos envolver nessa ordem de construção?

— Não! Nós devemos nos envolver! — Argumentei. — Esta é uma oportunidade de ganhar muito dinheiro, então não podemos simplesmente ficar de braços cruzados!

— Então, o motivo da sua objeção à moção…

— É simples! Embora a Casa Goldbeard não seja uma má escolha, existe uma opção muito melhor disponível para nós!

— Uma opção muito melhor… E quem seria? — O visconde perguntou, genuinamente confuso.

Eu declarei alto e claro, apontando para mim mesmo com o polegar — É o meu Baronato Yandel!

O quê… por que ninguém disse nada? Eles não deveriam estar perguntando por que eu estava tão confiante agora?

No fim, não tive escolha a não ser fazer minha própria propaganda. No entanto, com a maneira que eu estava fazendo isso, começou a parecer mais que eu estava me candidatando a presidente de turma.

— Se a Casa Yandel participar do esforço de construção, todos os guerreiros bárbaros também participarão. Talvez vocês não saibam, mas nós bárbaros somos melhores trabalhadores que os anões…

Mesmo me esforçando para vender meu lado, a conversa foi interrompida pelo som de alguém rindo. Olhei ao redor para ver quem era, e vi um anão sentado na sua cadeira, enrolando sua barba.

Era meu oponente pelo cargo, o Conde Goldbeard.

— …Por que está rindo?

— Ah, minhas desculpas. Não estou tentando insultar os bárbaros… só achei um pouco engraçado.

— O que tem de engraçado nisso? — Perguntei, com uma voz fria e firme.

O Conde Goldbeard pareceu perturbado por um segundo antes de esconder isso com um sorriso de canto. Ele então me encarou com uma expressão confiante. — Seja na área de construção ou em qualquer outra, não há como os bárbaros serem melhores que os anões, não acha?

Ha! Olha só esse maldito racista.

Por um momento, vi tudo vermelho. No entanto, sabendo que o primeiro a se irritar seria o perdedor, me mantive no controle enquanto dizia — Hã? Não podem ser melhores? Dá para perceber só pela nossa altura, não acha? Nenhum anão chega perto de um bárbaro.

Os anões eram sensíveis sobre sua baixa estatura. Eles sempre tentavam racionalizar isso destacando outros talentos supostamente superiores, mas o simples fato de tentarem justificar já mostrava que eles consideravam isso uma fraqueza.

Ele ficou em silêncio por um momento antes de tentar disfarçar com uma risada. — Se altura fosse tudo, por que você é o único bárbaro que já se tornou nobre?

Embora ele sorrisse calmamente, pude perceber que seu orgulho havia sido ferido.

Então, era hora de feri-lo um pouco mais.

— Ah, interessante. Então, se você está vivendo e comendo bem há tanto tempo, por que continua tão baixinho?

— Haha.

— Ah, você também faz isso às vezes, Lorde Conde? Eu ainda me confundo entre anões e goblins. Eles têm a mesma altura… Certo, acho que você não sabe porque nunca esteve no labirinto? Sabe o quanto vocês são parecidos com os goblins?

— Uh… Barão Yandel? — uma voz interveio. — P-Por favor, acalme-se…

— Acalmar? Acho que quem precisa se acalmar é esse conde aí. Olha como a barba dele está tremendo. O que me lembra, por que os anões sempre deixam a barba crescer? Não é como se vocês ficassem mais altos quanto maior ela for…

O conde bateu na mesa com o punho e se levantou, finalmente explodindo de raiva silenciosa e trêmula. — Eu não tolerarei mais essa falta de respeito!¹

Claro, mesmo de pé, ele não ficou muito mais alto.

“É por isso que precisamos confiscar as cadeiras de todos os anões, pensei, estalando a língua.”

Perguntei ao anão que quase virou a mesa, da maneira mais casual possível — E o que vai fazer se não tolerar? Vai me desafiar para um duelo?

É óbvio, mas havia apenas uma resposta que o anão poderia dar ao meu poderoso insulto.

— …Que barbárico!

Ele só podia fugir me insultando.

Mas isso só me divertiu ainda mais.

— Por quê? Não foi por isso que vocês me trouxeram aqui? Para que eu lute contra os outros nobres quando eles nos ignorarem?

— Mesmo assim… eu rejeitei você.

— Hã? Tenho quase certeza que a votação foi unânime naquela vez, não?

— Isso porque já havíamos discutido isso antes…

— Ah, então você é do tipo que não consegue nem falar sua opinião se for diferente do grupo? Quero dizer, com essa sua altura, imagino que você também não tenha coragem…

— Barão Yandel! — alguém gritou com a fúria de um touro, justo quando eu ia insultar o conde mais uma vez. Era alguém que nem eu podia me dar ao luxo de ignorar abertamente.

Era o vovô que ocupava a posição de líder da Melbeth, Takuo Welbeit. Ele era um Urso Negro e tinha o título de visconde. Embora eu não tivesse muitas conversas com ele, tinha uma boa impressão. Em minha mente, o via sempre com um sorriso no rosto e sua maneira sempre educada de me tratar. Pelo que ouvi da Baronesa Coelho, ele também era bem respeitado entre os membros da Melbeth.

Disseram que ele nunca havia demonstrado sua raiva antes.

“Não é brincadeira, vê-lo ficar bravo depois de passar o tempo todo sorrindo ali no canto.”

Até o Conde Goldbeard se encolheu quando o líder soltou seu rugido de fúria. O visconde continuou a gritar enquanto olhava para todos nós.

— Nunca! Esqueçam! Porque nos reunimos aqui! Só podemos sobreviver se ficarmos juntos!

Uau, que voz poderosa. Quero dizer, imaginei que fosse porque ele era um Urso Negro. Afinal, sua altura era comparável à minha.

— Diferença de opinião? Tudo bem! Mas eu não vou ficar parado enquanto vocês brigam entre si. Entenderam?

O Conde Goldbeard foi lento para responder. — Acho que me exaltei. Minhas desculpas, Vossa Senhoria.

— Por que você não está respondendo, Barão Yandel?!

— …Serei mais cuidadoso.

Quando também cedi terreno, a raiva do líder se dissipou, apagada como se nunca tivesse existido, enquanto um sorriso tranquilo retornava ao seu rosto.

— Posso continuar com o que estava dizendo? — Perguntei inocentemente.

— E ao continuar…

— Fui interrompido antes. Estava explicando por que precisamos escolher o meu Baronato Yandel.

— Ah, sim… de fato. Por favor, continue.

Continuei então minha explicação como alguém que preparou uma apresentação de slides.

Expliquei como eles eram os melhores trabalhadores. Falei sobre sua eficiência e custo, e também mencionei os 8.712 moradores de Bifron que eu poderia empregar.

— Hmm… então está dizendo que os guerreiros bárbaros são bons em construir casas?

— As casas não são tão detalhadas ou resistentes quanto as que os anões constroem. Mas são rápidas de fazer.

Enquanto dava um elogio moderado aos anões, olhei para o Conde Goldbeard e o vi pigarrear com as bochechas coradas. Definitivamente não parecia que ele se importava com o elogio.

— Ahem, nossa velocidade de operação também não é lenta.

No entanto, como ele sentiu a necessidade de acrescentar esse detalhe, pude ver que ele era do tipo que odiava perder.

— Mesmo assim, acho que, para esse esforço de reconstrução, o palácio está buscando uma recuperação rápida em uma área maior.

— Isso faz sentido.

— É por isso que sugeri que eu fosse o representante para o contrato.

— Há definitivamente… alguma lógica nisso…

Após o término da apresentação, os membros ficaram divididos em suas reações. Algumas pessoas pareciam persuadidas pela minha apresentação, mas ainda duvidavam se eu estava falando a verdade.

— Mas tudo o que você nos trouxe foram palavras, Barão Yandel. Ainda não vimos a proficiência deles na construção.

— Então, que tal fazermos um concurso? Reúna os anões e os bárbaros e faça-os construir. Vocês darão notas com base nos resultados, e, se eu perder, aceitarei a derrota sem protesto.

O anfitrião parecia um pouco surpreso quando sugeri que o concurso fosse realizado em um bar ou outro local público, depois virou-se para o Conde Goldbeard. Eles aguardavam a resposta dele. No entanto, como já vimos antes, e como com sua altura, esse cara não era maduro o suficiente, mesmo sendo adulto.

— Certo! Vamos competir!

Assim, o concurso foi marcado.

Após o concurso ser aceito por ambas as partes, os membros da reunião naturalmente olharam para uma pessoa: o líder da reunião, ainda sentado no canto.

Como o líder reagiria ao nosso concurso sugerido, após termos discutido há pouco tempo? Embora todos estivessem preocupados, sua reação foi mais revigorante do que o esperado.

— Hahaha! Claro, isso é muito melhor! Vou garantir um lugar para realizar esse concurso e entrarei em contato com vocês depois. Mas prometam que o perdedor reconhecerá o vencedor quando tudo estiver resolvido.

— Juro pela honra de guerreiro.

— E eu juro pelo meu martelo.

Pronto, esse problema foi resolvido.

Agora que um dos primeiros tópicos havia tomado tanto tempo, o anfitrião, Visconde Mariblack, retomou rapidamente a reunião.

— Então, encerraremos a discussão sobre a reconstrução por aqui e passaremos ao próximo tópico.

O contrato de reconstrução não era um ponto importante para esses caras. Quer dizer, era apenas para ganhar dinheiro, certo? Só uma casa nova como a minha precisava se preocupar tanto com finanças. Esses nobres estavam por aí há algumas centenas de anos, alguns deles há ‘milhares’. Todos tinham dinheiro de sobra.

— Nosso próximo tópico será uma discussão aberta sobre a invasão de Noark e o estado de Bifron.

Quando o novo tópico foi anunciado, a expressão de todos os líderes das casas se endureceu, e eles se ajeitaram em suas cadeiras. Pareciam muito mais sérios do que quando estávamos discutindo sobre o representante para o contrato de construção.

— Esperamos compartilhar informações livremente uns com os outros, discutir circunstâncias que talvez alguns não conheçam e chegar a algumas conclusões que sejam úteis para todos por meio dessa discussão.

Alguns líderes de casas, que haviam permanecido em silêncio desde o início da reunião, falaram com vozes apaixonadas, compartilhando suas opiniões.

— Há um rumor circulando de que o palácio sabia sobre a invasão. Obtive isso de um informante confiável…

— Eu só direi que essa informação ainda não foi confirmada, mas há boatos de que os aventureiros de Noark mexeram no círculo mágico de proteção em Bifron.

— Hoh… Como esses desgraçados poderiam tocar no legado do Grande Sábio?

Como essa parte da reunião não tinha um ponto final definido, a discussão continuou por um tempo e, naturalmente, eu recebi muitas perguntas.

— Você… por acaso sabe de algo mais, Barão Yandel?

— Isso mesmo! Você não era o mais próximo de nós quando o incidente ocorreu?

— Você é a única pessoa que foi ao Distrito Sete e a Bifron.

Eles me olhavam com expectativa, mas, infelizmente, eu também não sabia de muita coisa. Sabia que o movimento de Noark e do palácio era suspeito, mas não poderia dizer isso aqui sem nenhuma evidência para comprovar.

— Eu também não sei.

Os líderes das casas pareceram desapontados com minha resposta honesta. No entanto, pareciam aceitá-la, de certa forma.

— Hmm, entendo…

— Bem… Não havia como até mesmo você saber algo, Lorde Barão.

— A Reunião Palaciana certamente discutirá isso desta vez. Só podemos esperar por informações desse lado.

— Mas no fim, só conseguiremos ouvir as pequenas coisas. As informações mais importantes nunca chegarão até nós.

— No final, eles monopolizarão novamente os benefícios que poderiam ser obtidos com esse incidente.

Por algum motivo, o clima de repente piorou. Todos tinham uma expressão sombria no rosto.

Diante disso, não pude deixar de inclinar a cabeça um pouco. — Uh… Se for sobre isso, posso contar para vocês em alguns dias?

Os líderes das casas se entreolharam confusos. — Hmm? O que quer dizer, Barão Yandel? — alguém perguntou.

— Exatamente o que eu disse.

— Haha, exatamente o que você disse? Bem, você fala como se tivesse recebido um convite para a reunião.

— Ah, eu recebi?

Como não era algo que eu precisava esconder, disse isso em voz alta com confiança. No entanto, parecia que os membros aqui não podiam ignorar aquelas palavras.

Um momento de silêncio se passou antes que o local explodisse em gritos.

— O quê?!

— Lorde Barão! I-Isso é verdade?

— Meu Deus! Alguém da Melbeth foi convidado para a Reunião Palaciana! — De repente, virou uma algazarra.

— Isso é… a primeira vez em seiscentos anos? — alguém sussurrou.

Como esses caras não conseguiram fazer nada nos últimos poucos séculos? Eu sinceramente estava perplexo.

— Sua Senhoria! Lorde Barão! Conte-nos! Como recebeu o convite?

— O andar subterrâneo! Foi devido à sua expedição no Primeiro Subsolo?

— Não, talvez tenha sido devido ao seu feito de salvar os aventureiros do Distrito Sete.

Meu instinto naturalmente competitivo de guerreiro estava me dizendo isso.

— Lorde Barão! Diga algo…

— Com sede.

— …Hã?

— De repente fiquei com sede. Tem algo aqui para beber?

Agora era a minha vez.

1. Demisidi: Pega a cadeira, a cadeira[↩]