Capítulo 638: Estratagemas Políticos (2/6)
『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: SMCarvalho – Demisidi – Note 』
Minha vida nunca foi algo do qual eu devesse me envergonhar.
Não que eu tivesse tudo resolvido ou superado todas as adversidades de forma heroica como nos contos de fadas. Eu sempre fiz o meu melhor, mas sempre houve coisas que eu gostaria de ter feito melhor. Eu tinha minhas falhas e fraquezas, como qualquer pessoa, e nunca tive medo de admitir isso.
— Hah…
Mas hoje, eu estava envergonhado de mim mesmo. Por que tantas pessoas vieram à minha mente quando ouvi a proposta do líder?
“Será que perdi o juízo?”
Eu também não me entendia. Pensei nisso por muito tempo, enquanto me cobria com meu cobertor.
“Missha Karlstein.”
Bem, era natural que eu pensasse nela. Ela foi a primeira pessoa a me dar carinho depois que cheguei a este mundo e não conseguia me aproximar de ninguém.
“Erwen Fornacci di Tersia.”
No entanto, o caso da Erwen era um pouco diferente. Embora uma parte de mim sempre sentisse pena dela, o sentimento que eu tinha por ela era completamente diferente do que um homem sente por uma mulher. No entanto, eu conhecia os sentimentos que ela nutria por mim. Assim que o assunto casamento surgiu, ela inevitavelmente veio à minha mente.
Às vezes, relacionamentos são assim. Alguns preferem aqueles que os amam do que quem eles amam.
“Amelia Rainwales.”
Ironicamente, Amelia, que um dia foi minha inimiga como saqueadora, acabou se tornando a pessoa em quem eu mais confiava. Alguém que sempre era confiável, não importava a situação. E, nesse assunto, ela honestamente também tinha um lado fofo.
O verdadeiro problema era…
“Por que não terminou com apenas essas três?”
Raven, Hyeonbyeol, Ragna.
E Ainar…
“Não, ela é só uma amiga.”
Comparado com as três principais, os pensamentos sobre essas mulheres foram curtos e doces, mas elas passaram pela minha mente quando a oferta foi feita.
Como um adolescente que imagina uma vida plena com qualquer garota que lhe dá um sorriso, acabei imaginando minha vida de casado com cada uma delas. Surpreendentemente, senti que uma vida de alegria e felicidade me aguardaria, não importando quem eu escolhesse.
“…Será que realmente perdi o juízo?”
Eu não conseguia entender. Eu simplesmente não queria me separar de nenhuma delas. Sendo um nobre, esse tipo de indulgência não era ilegal, mas eu não queria ser quem tomaria essa decisão.
Mas então, por que eu ainda pensava em tantas ao mesmo tempo?
Depois de pensar muito, encontrei uma resposta que me pareceu a mais correta.
“…Talvez isso seja natural.”
Por enquanto, eu não tinha ninguém por quem realmente tivesse sentimentos. Depois do que aconteceu com a Missha, sufoquei essas emoções o máximo que pude. Então, quando o assunto de casamento surgiu de repente, é claro que eu pensaria nas pessoas mais próximas de mim.
E essas eram todas as mulheres ao meu redor, certo?
“É, eu não sou o estranho aqui.”
Embora parecesse que eu estava racionalizando, minha determinação em manter essa conclusão acalmou um pouco meu coração.
Honk! Hooonk!
Acabei adormecendo e acordei no dia seguinte.
Saí de fininho do novo prédio, construído onde a tenda do chefe costumava ficar, sem que ninguém percebesse…
— Você acordou cedo.
Uh…
— Haha, eu estava pensando em dar uma volta…
Enquanto meus olhos desviavam de forma desajeitada para olhar ao redor, Amelia soltou uma risada seca. — Não se preocupe. Não tem mais ninguém por perto agora. Todos disseram que iam esperar você, mas eu os convenci a voltar.
— Uh… Sério?
— Em algum momento, você vai precisar dar uma resposta apropriada. Todos estão curiosos sobre a decisão que você vai tomar.
Amelia parecia estar esperando só para me dizer isso, enquanto se virava friamente para sair logo em seguida.
Então, novamente, ‘fria’ não era a melhor palavra para descrevê-la.
— E… Não sei para onde você está indo hoje, mas não volte muito tarde. E me avise se for ficar fora.
A maneira como ela interrompeu sua saída estilosa dizendo isso a fazia parecer mais uma mãe reclamona. Para ser justo, era mais um dos seus charmes.
“Hah… Eu tinha que acabar falando sobre casamento à mesa…”
Era por isso que as pessoas precisavam tomar cuidado com o que falavam. A vida e a morte realmente eram decididas por uma língua imprudente.
— É o chefe!
— O chefe está indo para a cidade!
— Abram os portões!
Eu só queria dar uma volta, mas de alguma forma acabei chegando aos portões e seguindo em direção ao Distrito Sete, quando eles abriram para mim.
Como os esforços de reconstrução ainda não haviam começado oficialmente, o Distrito Sete ainda parecia devastado pela guerra. Os moradores estavam deitados na frente de suas casas destruídas, com apenas cobertores para protegê-los do clima, mas se levantaram assim que me viram.
— Gigante…! É o Gigante!
— O quê? O barão está aqui?
— Barão Yandel…!
Talvez fosse graças à minha reputação como herói. A maioria das pessoas aqui teria se afastado rapidamente com medo se fosse qualquer outro nobre passando, mas reagiram de forma diferente comigo.
Claro, isso não era totalmente bom para mim. Embora fosse bom ver as pessoas virem e me darem palavras de agradecimento e bênçãos enquanto eu passava, nem todos reagiam assim.
— P-Por favor! Ajude minha família! Nossa loja foi destruída e, desse jeito, os impostos do ano que vem…!
Alguns pediam piedade e imploravam por ajuda.
— Senhor Barão! Sua Senhoria! O que acontecerá com o nosso Distrito Sete a partir de agora? E Bifron? O que aconteceu com Bifron?
— Ouvi dizer que o palácio vai abandonar o Distrito Sete! É verdade?!
Alguns me questionavam como se estivessem me pressionando por informações.
— Por favor, diga algo!
Enquanto outros ainda me faziam perguntas e esperavam respostas imediatas como se tivessem direito a elas.
“…Não é como se eu não entendesse o que eles sentem.”
Eles se encontravam em circunstâncias desesperadoras e deviam estar sofrendo dia após dia. A falta de notícias adequadas em cima disso provavelmente os fazia se sentir frustrados.
E então eu respondi.
— Barão Yandel!
— Não acreditem em boatos estranhos. O Distrito Sete será reconstruído em breve.
— Senhor Barão!
— Peguem isso e aguentem mais um pouco. Vou trabalhar duro para conseguir mais suprimentos de ajuda para vocês.
— Sua Senhoria!
— A barreira de Bifron? Por que tanto medo? Não se preocupem! Esta cidade nunca irá ruir!
Em vez de ficar com raiva deles, eu disse palavras de encorajamento e lhes dei a esperança que queriam ouvir enquanto caminhava pela rua.
“…Será que ela estará aqui?”
Já que estava por aqui, decidi visitar a torre mágica. Eu havia recebido algumas cartas deste lugar enquanto estava na terra sagrada.
Graças a ter recebido uma licença prolongada do palácio após a expedição, Raven estava conduzindo sua própria investigação pessoal no laboratório de pesquisa daqui. As cartas pediam para que eu a visitasse o mais rápido possível.
“Isso aqui não é uma fortaleza impenetrável, afinal.”
Acabei rindo quando cheguei à torre mágica. Ouvi dizer que, em toda a sua longa história, nunca havia sido invadida por intrusos, mas esse precedente foi quebrado duas vezes no último ano.
Uma vez por mim. E uma vez por Noark.
“Honestamente, ao invés de ser impenetrável, é só bem posicionada.”
Ainda assim, comparado aos danos que sofreu do lado de fora, na entrada, o interior aparentemente se saiu razoavelmente melhor. Ouvi dizer que assim que a invasão começou, ganharam tempo usando magia de barreira antes de pegar todos os dados de pesquisa e equipamentos e se teletransportarem com os altos funcionários e líderes do Distrito Sete.
“Além do círculo de teletransporte ter sido destruído, disseram que todo o resto estava seguro…”
Os Noarkianos também pareciam ter percebido que haviam levado tudo o que era valioso. Eles acabaram destruindo apenas os círculos mágicos que o palácio poderia usar e não tocaram em mais nada…
— Por que você está parado aí na frente da porta? Se já estava aqui, deveria ter entrado e me esperado.
Raven apareceu atrás de mim, me surpreendendo enquanto eu esperava após chegar ao laboratório de pesquisa.
— Pelo menos ande por aí para anunciar sua presença ou algo assim — disse eu com sarcasmo.
— …Do que você está falando?
— Ha! O que eu disse sobre falar assim com um barão? Baixinha.
— O quê, por que está querendo brigar assim que gente se encontra? Aconteceu algo no caminho que te irritou? — Quando eu não respondi, ela perguntou — Espera, aconteceu alguma coisa mesmo?
— Não.
Tecnicamente, eu não estava mentindo. Mais do que me irritar, a atenção dos moradores tinha me esgotado mental e fisicamente.
Depois de um momento, Raven disse — Entre por agora. Vamos conversar lá dentro.
— A propósito, de onde você está vindo? Achei que estaria dentro já que andava falando sobre o quanto está ocupada.
— Não fui longe. Só visitei alguém que conheço para pegar algo emprestado.
— Emprestar o quê?
— Equipamento de pesquisa. Quer que eu te explique?
— Não, tudo bem.
Após entrar no laboratório e me sentar, percebi que o laboratório de Raven também havia mudado bastante desde a última vez.
— Está uma bagunça total, né? — ela admitiu. — Devido ao que aconteceu, a torre mágica está um caos. Meu mestre tirou a maioria das coisas enquanto eu não estava, mas muitas coisas sumiram quando fui procurar.
— Entendo.
— Bem, como levei muitas coisas para a estação de pesquisa em Karnon, já não tinha muita coisa aqui mesmo. Quer que eu te traga algo para beber? Afinal, você ainda é um barão.
— Água está bom.
Bebi água em um frasco de 1,8 litro no laboratório de Raven enquanto conversávamos. Muito tempo já havia passado desde que saímos do Primeiro Andar do Subsolo, e um grande incidente aconteceu depois disso também.
— Como algo assim aconteceu com você logo após voltar? — ela questionou.
Enquanto eu resumia o que aconteceu comigo depois de voltar à cidade, Raven ouvia com grande interesse, fazendo comentários entre uma expressão perplexa.
— Honestamente, sempre que penso nisso, parece que você está envolvido em todos os grandes eventos que acontecem no mundo.
Embora fosse trágico, eu não podia retrucar. Para ser honesto, como ela sabia da maioria das coisas que me aconteceram, eu nem achava que ela concordaria se eu tentasse refutar.
“Por que o mundo está tão determinado em me ferrar?”
Será que Hansu era um nome amaldiçoado?
— A propósito… — Raven começou com um tom sério enquanto eu tentava contemplar essa questão. — Estou um pouco decepcionada. Quer dizer, ouvi dizer que você deu todas as essências que conseguiu durante a expedição do subsolo para os aventureiros comuns. Só de pesquisá-las, eu poderia dominar os prêmios acadêmicos pelos próximos anos.
— Certo, sobre isso…
— Estou dizendo isso só para o caso de você estar com a ideia errada, mas não estou tentando te culpar, Sr. Yandel. Honestamente, quando ouvi que você tomou essa decisão, achei que era bem a sua cara fazer isso.
Aquilo me pegou de surpresa. — Hã? Minha cara?
Por um momento, me perguntei se ela tinha enxergado minhas verdadeiras intenções só com aquela informação, mas não era o caso.
— Você fez isso pelo bem da cidade e para salvar seus moradores, certo? Não posso dizer que foi uma decisão inteligente, mas não importa o que os outros digam, eu… — Raven olhou para o lado com uma expressão constrangida. — Eu… Bem… Eu acho que foi algo corajoso.
Foi um olhar que eu nunca havia recebido de Raven em todo o tempo que passamos juntos. Era algo próximo de respeito e admiração.
— Uh… S-Sério? — eu gaguejei.
— Sim.
— Mas… Você sabe…
Com o quão séria Raven parecia durante tudo isso, eu nem consegui pensar em brincar como normalmente faria e acabei corrigindo imediatamente o mal-entendido dela. — Bem… Não fique tão chateada com isso.
— Sim, você tem razão. Você fez por uma boa causa. Talvez só pensar em como poderia ter me beneficiado pareça superficial do seu ponto de vista…
— Não, nada disso…
Como eu poderia contar isso para ela?
Olhei para Raven, que esperava que eu continuasse, antes de confessar — Para ser honesto…
— Sim, continue?
— Eu guardei as que eram úteis.
— …Como é?
A pergunta veio depois de um longo momento de silêncio.
— Você… Você guardou? — ela ecoou. — O que quer dizer com isso?
— Exatamente o que parece. Como dei muitas essências, o palácio não vai conseguir realmente investigar sobre mim agora. — Por mais que eu pensasse, era um plano brilhante.
Enquanto me elogiava internamente, o queixo de Raven caiu. Então, ela começou a falar lentamente, como alguém que negava a realidade apresentada.
— …Você mexeu com a propriedade do palácio?
— É, ué.
— Tá maluco?
Eu entendi que merecia essa reação dela, mas não pude evitar inclinar a cabeça. — Por que você está agindo como se fosse a primeira vez que faço isso? Qual é o problema?
Já tínhamos escondido algo uma vez antes, lá no subsolo, afinal.
— E você também não ficou feliz naquela vez? — eu pressionei. — Você até deu um nome legal como Coroa de Flores da Angústia.
— I-Isso é diferente! Não, por que você está sendo tão aberto comigo sobre fazer algo assim?!
Ora, veja só como ela estava tentando se afastar.
Embora eu ficasse um pouco triste com a reação dela, felizmente, eu sabia um bom jeito de lidar com magos. — É que eu não queria esconder nada de…
— Isso não vai mais funcionar!
— …Sério?
Talvez por ser uma pessoa estudiosa, mas ela era rápida em pegar as coisas.
— De qualquer forma, não conte isso para ninguém — eu avisei. — Quero dizer, se isso ou aquilo vazar, você não vai ser executada do mesmo jeito?
— Não! De jeito nenhum! Aquilo tudo bem se ficarmos quietos, mas a escala disso é muito maior!
Hmm… Isso era verdade.
— Então, sobre isso… Você não quer pesquisá-las?
— I-Isso é…! — Raven se contorceu como um filhote que não sabia o que fazer com o petisco à sua frente, antes de seus ombros murcharem e ela dizer em um murmúrio baixo — Eu quero.
“É, foi o que pensei.”
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