Capítulo 643: Saindo… (1/5)
『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Note 』
O palácio queria que eu me casasse com uma nobre humana.
Eu conseguia pensar em alguns motivos que poderiam levá-los a tomar essa decisão. Uma pessoa ingênua poderia ficar feliz por despertar o interesse do palácio e presumir que agora eles começariam a apoiá-la.
— Lapir, vou te fazer só uma pergunta.
— Pode falar.
— O palácio quer me colocar na coleira?
O Sr. Dragão lutou para me dar uma resposta. — Bem, não sei tanto assim. No entanto… sua decisão só vai fornecer ao palácio outra resposta.
— Se eu me casar com os humanos, isso significa que estou abaixando a cabeça e fazendo o que eles mandam…
— E se você recusar, significaria o oposto.
Agora eu entendia por que o Sr. Dragão me disse que meu casamento seria usado politicamente, não importava com quem eu me casasse.
— Lapir, sua promessa de antes continua valendo?
— Se você está falando sobre o apoio e a cooperação incondicional dos draconatos para com você, então claro. Minha oferta continua de pé. Ah, em todas as coisas que não envolvem o rei, claro, como eu disse naquela época.
— Certo…
— Espero que não se importe comigo dizer isto, mas você está abordando isso de maneira muito negativa.
— Tenho o hábito de pensar primeiro nos piores cenários.
Eu provavelmente precisaria de mais tempo para refletir sobre tudo isso sozinho. Com isso, fiz algumas perguntas ao Sr. Dragão antes de seguir em frente.
“Ele não sabe se isso é uma ação do rei, nem quem será minha potencial noiva…”
Ainda assim, como eu recebi esse aviso, conseguiria manter a calma durante a Reunião Palaciana e responder de acordo.
— Então, se o casamento era o primeiro ponto, qual é o segundo?
O que o Sr. Dragão queria me dizer a seguir foi uma surpresa total.
— É sobre o selamento do labirinto.
— E por selamento, você quer dizer…?
— Como eu disse, nem mais, nem menos. Eu também não sei o motivo, mas o selamento do labirinto será um tópico abordado na Reunião Palaciana.
— Então você está dizendo que ainda não está confirmado?
— Não, está sim. Será trazido à tona apenas como uma formalidade, mas a decisão parece já ter sido tomada internamente.
— Entendo… — Perguntei sobre o que seria esse selamento, mas ele também não parecia saber muito sobre isso.
Enquanto eu me mexia, desconfortável e preso em meus pensamentos, o Sr. Dragão disse — Já que chegamos a esse ponto, posso te dar mais um conselho?
Eu assenti. — De você, claro.
— Você é o chefe dos bárbaros e um nobre do Reino de Rafdonia. Você também é o líder do Clã Anabada, que está crescendo a uma taxa incrível.
Era semelhante ao que eu disse durante a Cúpula das Raças, e eu tinha uma ideia do que ele estava tentando dizer.
— Independentemente de como você se vê, você não pode viver como um guerreiro que luta apenas por si mesmo.
Os guerreiros da terra sagrada, os milhares de Bifron que agora eram servos da minha casa, e meus aliados.
— Você tem inúmeras pessoas cujas vidas agora são sua responsabilidade. Não importa como você pensa, não importa como você deseja agir, seu casamento não será apenas para você.
O Sr. Dragão estava me avisando gentilmente. Não, era mais como se ele estivesse me repreendendo calmamente.
— Tome essa decisão por eles. E por você também.
Parecia que eu tinha acabado de levar um tapa na nuca.
Quero dizer, da perspectiva do Sr. Dragão, parecia que eu estava tentando adiar meu casamento para evitar responsabilidades. Casamentos políticos entre nobres não eram uma questão de escolha. Para eles, o amor era um luxo, e luxo sempre carregava a conotação de ineficiência em todas as eras.
— Isso era tudo que eu queria te dizer. Espero que você não se ofenda.
— …Não me ofendi. Você também não está errado.
Talvez eu fosse um romântico. Ainda não consegui me desvencilhar dos meus valores modernos, mas, realmente, isso não se aplicava aqui. Casos como esse também existiam nos tempos modernos, e eu não me referia apenas aos casamentos de conveniência entre ricos. Todos precisavam enfrentar a realidade do que significava se casar com alguém.
— Espero que isso tenha sido útil para você.
— Não se preocupe. Foi, com certeza.
Não era apenas uma gentileza da minha parte. Eu estava sendo sincero. Graças a ele, eu tive uma ideia do que precisava fazer.
— Onde está Ravien?
— Quem pode dizer? Essa criança não aparece pela terra sagrada hoje em dia. Para ser honesto, nem eu sei o que ela anda fazendo.
— Você não fala com ela regularmente?
— Você vai entender quando tiver seus próprios filhos. As conversas não acontecem só porque eu quero ter uma.
— …Entendo.
— Em algum momento, fica difícil falar com eles quando a conversa não é necessária. Ravi, ela não era assim quando era jovem…
Era engraçado ver o Sr. Dragão reclamando disso. Talvez todos os pais acabassem desse jeito.
De qualquer forma, depois de terminar com o Sr. Dragão, segui sua sugestão e me encontrei com a pequena draconato Pen pela primeira vez em muito tempo.
— Você está aqui? Achei que nunca mais ia voltar.
— Está dizendo que não sabe o que aconteceu comigo?
— Estou aliviada. Você voltou vivo.
O comportamento irritante dela parecia ter se acalmado, e ela estava mais carinhosa no geral, talvez porque fui eu que trouxe o coração do Matador de Dragões.
— Então… — ela começou. — Notou alguma coisa diferente?
— Não.
— Eu cresci! Tudo isso aqui!
Ah!
Agora que ela falou, eu notei que ela tinha crescido um pouco. Mas ainda tinha sua personalidade infantil.
“Certo, o relógio interno do corpo dela congelou porque ela lançou uma maldição naquele Matador de Dragões…”
Graças à recuperação do corpo dela, seu crescimento parecia ter retomado.
— Só espera. Logo vou ficar igual minha irmã mais velha.
— Uh… — Almejar a aparência de Ravien pode ser ambicioso demais para ela. Mesmo que crescesse nesse ritmo por mais um ano, duvido que conseguiria sair da ‘pequena’ classificação.
Mas até eu não diria algo assim para uma criança que acabou de recuperar a saúde.
— Claro, claro. Vou torcer por você — falei no lugar.
— Enfim, já que está aqui, me conta umas histórias.
Depois disso, passei o tempo contando a ela sobre minhas aventuras no primeiro subsolo e passei a noite no Templo do Dragão. Quando acordei, tomei café da manhã com o Sr. Dragão e Pen antes de partir cedo para a Capital Imperial de Karnon.
“A vida de um nobre é até que boa.”
Cheguei ao Palácio da Sabedoria, onde seria realizada a Reunião Palaciana, um dia antes. Depois, passei o dia de preguiça em um quarto VIP que me foi designado.
Bom, pelo menos tentei.
Toc, toc.
Não sei como eles sabiam, mas assim que entrei no palácio, os nobres começaram a vir me encontrar.
— Haha, passei por aqui depois de ouvir que você chegou mais cedo, Barão Yandel. Podemos conversar enquanto tomamos um chá?
Alguns vieram só para ganhar pontos sociais comigo.
— Tenho uma proposta para você, Barão Yandel. Quer ouvir? Garanto que será benéfica para você.
Outros eram solicitantes que agiam como homens de negócios honestos.
— Ouvi dizer que você está procurando uma parceira de casamento…
Outros vieram me vender suas filhas.
“O que é isso?”
Havia até uma carta misteriosa passada pela fresta embaixo da porta.
“Meia-noite. Fonte do jardim. Venha discretamente.”
A carta aleatória tinha apenas essas três coisas escritas, e eu não consegui encontrar nenhuma marca que pudesse me dizer quem era o remetente. Por um momento, me perguntei qual seria a melhor forma de lidar com aquilo.
“Como posso ignorar um mistério desses?”
Mas quando a hora prometida da meia-noite finalmente chegou, eu saí pela janela até o lugar indicado na carta, a fonte no meio do labirinto do jardim.
Após um curto tempo esperando sozinho, o indivíduo desconhecido que me enviou a carta apareceu.
— Jerome Saintred.
Era o capitão da Primeira Ordem de Cavaleiros do Palácio, detentor do título nobre de conde e o guardião do reino conhecido como o Cavaleiro da Luz.
Bem, na verdade, era o herói antigo que havia roubado o corpo do homem com essas credenciais, o Cavaleiro Dragão Cornelius Bruingrid.
— Nunca imaginei que seria você que me mandaria essa carta.
— Achei melhor nos encontrarmos em segredo assim. Felizmente, você não trouxe ratos atrás de você.
— Então, por que me chamou aqui?
Quando perguntei diretamente qual era sua intenção, o chefe da vila franziu a testa. — Você realmente não sabe? Ou está dizendo isso porque não tem intenção de cumprir sua promessa?
Ah, certo. Eu prometi devolver o item dele assim que saíssemos do andar.
Rapidamente abri o subespaço e tirei o Coração de Karui que estava guardando para ele.
“Algo está me incomodando… mas eu prometi a ele.”
Eu não tinha escolha desde o começo. O chefe da vila poderia tomar inúmeras medidas extremas se eu não entregasse isso para ele.
Depois de pegar o item, o chefe da vila olhou atentamente, tentando ver se havia algo de errado, antes de colocá-lo no bolso.
— Terminamos aqui? — perguntei.
— Esse era o assunto mais importante.
— Então tem mais? — Tive a sensação de que entregar o Coração era só o aperitivo. Aumentei meu foco enquanto olhava fixamente para o chefe da vila.
— A Reunião Palaciana vai trazer o tópico do seu casamento.
— Eu sei.
— Então isso será simples.
Disse a mim mesmo para manter uma cara de pôquer, não importa o que ele dissesse.
— Se possível, case com essa mulher. Essa é a última chance de salvação que o palácio vai te jogar.
— Salvação…? — Repeti lentamente, lutando para esconder minha surpresa. — O que está tentando dizer?
— Exatamente como parece. Se você não aceitar a oferta deles, há uma chance muito grande de que você e seus aliados não fiquem seguros.
Talvez esse cara tenha vivido como um monstro por tempo demais, mas como um bárbaro comum, eu estava achando difícil acompanhar o ritmo da conversa. — Estou achando difícil entender, então vá com calma. Me dê mais detalhes.
— O palácio… Não, o primeiro-ministro está cauteloso com o seu crescimento. Você pode legalmente ter várias esposas, e há mulheres na sua vida que poderiam ocupar essas posições.
A filha do chefe da família da Tribo do Gato Vermelho, Missha Karlstein.
A puro-sangue dos elfos, Erwen.
“Até mesmo as filhas do Sr. Dragão.”
Claro, eu não estava planejando me casar com todas. No entanto, aqueles que viam o casamento apenas como uma ferramenta política ficariam muito atentos às minhas ações. Embora não me pareça certo dizer isso, uma situação poderia surgir onde os não humanos se unissem sob a bandeira do extraordinário herói dos bárbaros.
Contudo, havia uma pergunta que eu tinha em relação a isso.
— Entendi o que você quer dizer. Mas por que importa se eu me casar com uma nobre de nascimento humano? Mesmo que isso acontecesse, se eu trouxesse outra mulher depois dela…
— Porque isso tornaria impossível.
Eu estremeci. — Hã?
O chefe da vila me olhou com um sorriso. — Sob as leis da nobreza de Rafdonia, há uma situação em que até mesmo um nobre com título só pode ter uma esposa.
— …Ah!? — Só então eu lembrei de uma regra nobre que eu tinha esquecido. — Quando o marido e a esposa são ambos nobres titulados…
— Então você sabe. Mas para ser mais preciso, isso entra em vigor quando sua esposa tem um título de nobreza superior ao seu… Não sei como uma lei dessas não foi derrubada nos últimos milhares de anos.
O chefe da vila murmurou algo que denunciava sua idade, mas suas palavras entraram por um ouvido e saíram pelo outro.
“Não, espera…”
Entre as casas nobres de Rafdonia, as filhas de uma casa nobre raramente herdavam o título. Mais raro ainda eram as mulheres nobres classificadas acima de um barão.
“Ainda existem mulheres solteiras entre a nobreza titulada…?”
Pelo que eu sabia, não.
“…Não, não havia nenhuma, pelo menos não quando eu estava estudando sobre nobreza quando ganhei meu título pela primeira vez. Mas agora?”
O tempo sempre trazia mudanças.
— E-E-Espera…
No cenário atual da nobreza de Rafdonia, existia uma pessoa assim. Uma nobre de classificação superior à minha que ainda não era casada.
— Você está falando da Condessa Ragna Peprok? Ela é minha parceira de casamento?
— Correto.
“Marquês, você tá maluco?”
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