Capítulo 644: Saindo do… (2/5)
『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Note 』
Ragna Litaniel Peprok, a filha ilegítima do primeiro-ministro de Rafdonia, o Marquês Tercerion.
Bem, o nome que ela estava usando atualmente não incluía o de sua babá, Litaniel, mas isso não era importante.
— Você não parece tão bem. Pelo que ouvi, ela é uma beleza.
É, eu sabia disso. Mas esse não era o problema agora. Não era só o constrangimento que surgiria pelo fato de minha parceira de casamento ser uma amiga minha.
— A Condessa Peprok é a filha ilegítima do primeiro-ministro — falei com um tom vazio.
— Já confirmei isso. Parece que o primeiro-ministro está fazendo um movimento agressivo. Isso é o quanto o seu potencial de crescimento vale.
— Você sabe disso e ainda me diz que devo me casar com ela? No momento em que eu fizer isso, uma corda invisível será colocada ao redor do meu pescoço pelo resto da vida.
— Você não tem escolha. Imagine o que acontecerá se o primeiro-ministro decidir se opor abertamente a você.
“Quando ele começar a se opor a mim…”
Não demorou muito para eu imaginar vários cenários que o primeiro-ministro poderia criar para me prejudicar.
Meus esforços de reconstrução no Distrito Sete seriam interrompidos, para começar. Com isso, meus servos de Bifron não conseguiriam pagar seus impostos e estariam marcados para execução assim que o ano novo chegasse.
Os corações dos bárbaros poderiam até se tornar materiais de pesquisa novamente. O preconceito contra nossos guerreiros ganharia mais força, e estereótipos estranhos seriam impostos sobre nós mais uma vez.
Eu franzi a testa. Percebendo minha expressão séria, o chefe da aldeia argumentou: — Não dê muita importância ao casamento. Você pode abaixar a cabeça e obedecer por enquanto, depois construir sua força.
Honestamente, também tinha algo de estranho nesse cara. Senti algo estranho nele desde o momento em que o ouvi falar.
— Mas você… — Hesitei por um momento, mas acabei perguntando diretamente como sempre fazia. — Por que está se esforçando tanto para me convencer?
— Isso é porque você…
— E daí se eu tomar a decisão certa ou errada? Por que isso importa para você?
O chefe da aldeia hesitou enquanto eu ia direto ao ponto, exigindo saber por que ele estava se intrometendo tanto. Finalmente, ele revelou: — Porque me preocupo com você.
Lancei-lhe um olhar de confusão.
— Para realizar meu sonho, preciso de você.
Eu podia ver que ele estava sendo sincero, mas entender o motivo era outra história. — Você precisa de mim para o seu sonho?
Sério, por que tantas pessoas precisavam de mim para realizar seus objetivos?
Ainda assim, eu estava curioso. O que exatamente esse cara queria de mim?
— Diga-me sem esconder nada — aconselhei. — Eu odeio quando as pessoas tramam pelas minhas costas.
— Sei que essa é uma característica sua, mas é cedo demais para eu dizer. Contudo, vou te dizer uma coisa: há uma boa chance de nossos interesses se alinharem no futuro.
— Sério? Se é só isso que você tem a dizer, só posso levar suas palavras com um pé atrás — falei em tom ameaçador.
No entanto, o chefe da aldeia permaneceu calmo, aparentemente indiferente. — Faça como quiser. Da minha perspectiva, casar com a condessa é sua melhor opção… Mas a decisão ainda é sua. Ninguém sabe o que o futuro trará.
Fiquei apenas piscando para ele, em silêncio.
— Mais importante, já está tarde. Se ficarmos aqui, alguém provavelmente nos verá, então vamos nos separar por hoje. Entrarei em contato novamente.
Fiel à sua palavra, o chefe da aldeia realmente se virou e saiu da fonte do jardim.
A grama balançava ao vento frio da noite enquanto eu permanecia ali, encarando a fonte, atordoado e perdido em pensamentos.
“Casamento…”
Não demorou para eu tomar uma decisão. Na verdade, eu já havia tomado essa decisão no Templo do Dragão.
“Já que o marquês fez um movimento tão agressivo…”
Para responder à altura, eu precisava preparar um movimento ainda mais poderoso.
“…Será que é realmente o único caminho?”
Pela primeira vez em muito tempo, eu esperava que o amanhã não chegasse.
Na manhã seguinte, uma hora antes da Reunião Palaciana começar, eu me levantei cedo para me preparar para o dia. Afinal, a reunião era bastante importante.
Toc, toc, toc.
No entanto, um visitante inesperado chegou justo quando eu estava prestes a sair.
Achei que era outro trapaceiro tentando me vender algo, como ontem, e ignorei. No entanto, as batidas ficaram cada vez mais altas.
“Quem é?”
Quando abri a porta para ao menos ver quem era, uma pessoa completamente inesperada estava ali.
— Gagh…!
Uma mulher de cabelos azuis soltou um som estranho de surpresa quando a porta se abriu de repente. Seu visual inteiro gritava: ‘Sou uma nobre’, mas seus olhos estavam tão cansados que eu não conseguia encontrar neles nenhuma força.
— Ragna…?
Ela era minha futura parceira de casamento. Assim que nossos olhos se encontraram, os ombros de Ragna se contraíram antes dela virar a cabeça para o lado.
Dava para entender por que ela estava fazendo isso. Eu estava sentindo algo parecido. Por algum motivo, estava difícil olhar nos olhos dela como de costume.
Antes que a troca se arrastasse para um abismo de constrangimento, apressei-me a dizer: — Faz um tempo, Ragna. Deveria ter vindo te visitar antes, mas muitas coisas têm acontecido ultimamente.
— Sim… Faz um tempo. E sobre não me visitar… Está tudo bem. Ouvi as notícias e rumores de que você tem estado bastante ocupado.
— Então, isso é bom… Quer entrar por enquanto?
Disse isso porque não queria deixá-la esperando do lado de fora, mas Ragna deu alguns passos para trás, surpresa por algum motivo.
Percebendo claramente que achei sua reação estranha, ela gaguejou: — N-Não! Não quis dizer isso…
— Então o que você quis dizer?
— É-É só! Seria problemático se um rumor estranho se espalhasse porque eu entrei no seu quarto…
— Ahhh… Acho que entendi?
No fim, o silêncio constrangedor que eu tanto tentava evitar acabou se instalando entre nós. No entanto, felizmente, foi Ragna quem falou primeiro desta vez.
— Bem… Na verdade, vim te procurar hoje porque tenho algo que preciso te contar.
— Algo para me contar?
— É… — Ragna parecia ter dificuldade em expressar as palavras, que foram ficando pelo caminho, e a maneira como estava agindo me permitiu perceber o que ela tentava dizer. — Durante essa reunião… um assunto inesperado pode surgir. Espero que você não se surpreenda. Bjorn Yandel, não somos ambos nobres?
— Sim?
— Para pessoas em nossas posições, há situações em que as coisas avançam fora da sua própria vontade ou intenções… Você entende, não é?
Provavelmente estava sendo difícil para ela pelo tempo que estava enrolando. Queria resolver tudo ali e agora, mas para meu plano funcionar, precisava fingir estar desavisado por enquanto.
— Então o que você quer dizer?
— Eu n-não posso te contar agora — ela admitiu. — Mas meu pai procedeu com algumas coisas por conta própria, e-eu espero que não haja mal-entendidos…
— Entendi. Não sei o que pode surgir durante a reunião, mas não vou tirar conclusões erradas.
— Ah! Claro, isso não quer dizer que eu o d-despreze ou algo assim! Você entende, certo?
— Entendo.
— Certo… Então isso é um alívio. Nos vemos em breve… — Quando assenti, Ragna correu para se afastar. Parecia ter vindo sozinha, sem avisar a ninguém, já que não consegui ver Hyeonbyeol, que praticamente era uma extensão dela, ao seu lado.
“Preciso ir agora.”
Após conferir a hora, saí para o corredor. Guiado por um dos servos, entrei no interior do palácio onde a reunião seria realizada.
“…Esses caras não estão usando uma mesa redonda.”
Dentro da sala, vi uma longa mesa retangular, e a maioria dos assentos estava vazia. Era tradição da Reunião Palaciana. Todos os membros recebiam um número, e eram ranqueados silenciosamente por esse número.
— Este é o seu lugar hoje, Barão Yandel.
Fui colocado no lugar mais distante da cabeça da mesa.
Depois de me sentar, esperei cerca de dois minutos antes que a porta se abrisse novamente e outro nobre entrasse.
Tap.
Ele sentou-se prontamente à minha frente. Era um nobre de patente superior à minha, e depois de mais dois minutos de espera, mais alguém entrou.
“Que merda é essa…?”
Poderiam ter entrado todos de uma vez. Senti que ia morrer de frustração, vendo uma pessoa entrar a cada dois minutos. Era muito ineficiente.
“Já que há um total de cinquenta pessoas na Reunião Palaciana…”
Teríamos cerca de uma hora e meia de espera em silêncio antes que a reunião pudesse começar.
“Bem, até esse lugar humilhante no fim da mesa seria um sonho para outra pessoa.”
De qualquer forma, a sala começou a se encher, assento por assento, e, por mais que as pessoas entrassem, ninguém quebrava o pesado silêncio. Fiquei tão entediado que tentei conversar com o nobre à minha esquerda, mas ele se assustou e apenas olhou para a frente, então desisti de puxar papo.
“Vamos dormir um pouco.”
Dormir fez o tempo passar rapidamente, e logo os nobres ranqueados nos vinte começaram a entrar.
“Quem é esse cara?”
Quando voltei a mim, pude ver um nobre parado e olhando diretamente para mim.
Um, dois, três, quatro…
Contando os assentos, percebi que ele estava em torno da posição vinte e sete.
Ele olhou para mim e depois para o assento em que eu estava sentado quando, de repente…
— Pfft.
Ele soltou um som estranho antes de passar por mim.
Claro, eu não era do tipo que deixava isso para lá. — Ei, espera aí.
Ele parou. — Você?
— Ah, desculpa. Não lembro o seu nome.
— Isso é compreensível. Saudações. Sou o Conde Heutailer.
— Prazer em conhecê-lo, Conde Heutailer. Então, por que você riu agora?
— …Há algum problema? Só ri porque foi ótimo ver o herói mais famoso da cidade.
Tradução de fala e gestos nobres: ele achou divertido me ver, uma figura que vinha ganhando fama e uma boa reputação, sentado no último lugar da reunião.
“Uau, ele é só um idiota?”
Após ter minha pergunta respondida, apenas assenti. — Ah, entendi. Pode ir. — Eu teria insistido se ele estivesse tramando algo ruim, mas fora isso, não me importava. Dar atenção a ele seria perda de tempo.
— Barão Yandel, como seu superior, se me permite um conselho…
— Ah, está tudo bem.
— …Será bom deixar de lado esse tipo de comportamento durante a Reunião Palaciana. Ou seu orgulho sofrerá muito.
Assenti enquanto limpava o ouvido com o dedo mindinho, o Conde Heutailer lançou-me um rápido olhar antes de seguir para seu assento.
Mais tempo passou, e pessoas que eu reconhecia começaram a aparecer uma a uma.
A partir do vigésimo quinto lugar, Visconde Maxiland, a mão esquerda do primeiro-ministro e a pessoa que conheci na última Cúpula das Raças.
A Condessa Ragna Peprok estava na vigésima primeira posição. Apenas trocamos um leve aceno quando nossos olhos se encontraram.
Tap, tap.
Por outro lado, o chefe da aldeia entrou silenciosamente em seu assento na décima quarta posição e se sentou sem sequer me olhar uma vez.
— É ótimo vê-lo aqui novamente.
O irmão mais velho de Melend Kaislan e líder de uma grande aliança nobre, Conde Kaislan, era o décimo primeiro.
— Haha, faz tempo, Lorde Barão. Ouvi as notícias. Você tem também feito grandes contribuições desta vez.
Embora ainda estivéssemos com as coisas meio conturbadas, já havíamos tirado fotos juntos. Ele até havia comprado o título de ‘velho amigo’ de mim. O sexto lugar era do Conde Alminus.
— O nascimento de uma nova estrela é sempre bem-vindo. Sempre se lembre de que você tem escolhas na vida.
O Duque Kealunus disse algo sombrio antes de seguir para seu terceiro assento.
Por outro lado, o primeiro-ministro, Marquês Tercerion, nem sequer me reconheceu e sentou-se silenciosamente na segunda posição.
Certo. Vale ressaltar que o primeiro lugar ficou vazio. Isso porque era o assento do rei. Nem mesmo o marquês, que atuava como seu representante em diversos eventos, podia sentar ali.
“Já que esse lugar está excluído, acho que temos um total de quarenta e nove pessoas aqui.”
Com o assento principal vazio, o Duque Kealunus e o primeiro-ministro acabaram sentando-se um de frente para o outro.
O marquês, sentado à direita do assento principal, levantou-se.
— Primeiramente, falo em nome de Sua Majestade Martanux ao expressar meus mais sinceros agradecimentos a todos os presentes por fazerem tempo em suas agendas ocupadas para comparecer.
Com essa abertura, o primeiro-ministro sinalizou para todos os nobres se levantarem antes de prestarem suas homenagens ao assento principal. Era algo semelhante a prestar respeito a uma bandeira nos dias atuais. No entanto, como essa era uma reunião de nobres, um pesado discurso de introdução seguiu após as formalidades.
A invasão de Noark, a situação em Bifron, e por aí vai.
O marquês falou sobre os eventos recentes no reino, discutiu o estado atual da economia, e elogiou os nobres presentes, dizendo que eram eles que davam ao reino a confiança para sobreviver. Ele também reconheceu brevemente a expedição bem-sucedida ao primeiro subsolo e disse que tudo isso era uma bênção para Rafdonia, e assim por diante.
— Certo, então vamos ao primeiro tópico da pauta.
Depois dessa enxurrada de coisas desnecessárias, minha primeira Reunião Palaciana finalmente começou.
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