Índice de Capítulo

    Eu já sabia há algum tempo que Hyeonbyeol desconfiava da minha identidade. Ela até perguntou diretamente a Baekho Lee quando eu não estava por perto.

    — Ela continua perguntando se você é ou não o Bjorn Yandel.

    Após perguntar a ela mais tarde, havia três grandes provas que Hyeonbyeol tinha.

    — …Eu sei exatamente quando você chegou aqui, Hansu.

    Tempo.

    — De todos os aventureiros que apareceram por essa época, não tem ninguém que tenha crescido tanto em nome e poder quanto Bjorn Yandel.

    Crescimento.

    — …Você também já falou muito comigo sobre o jogo. Me dizendo como o bárbaro de escudo é o melhor ou algo assim.

    Bárbaro de escudo.

    Muitos fatores apontavam para o fato de que eu era Bjorn Yandel. No entanto, eu ainda não conseguia aceitar isso.

    — Por que você não está respondendo, Hansu?

    Ela precisava de algo mais concreto do que mera ‘confiança’ para dizer algo assim diretamente na cara do suposto Bjorn Yandel. O que a fez ter tanta certeza?

    — Uau, pela forma como você está me olhando de cima a baixo, parece que já está procurando uma maneira de escapar, né?

    Ou será que ela estava apenas testando as águas?

    Era só um pensamento que tive, mas considerando a personalidade de Hyeonbyeol, achei difícil acreditar nisso.

    “Argh, ainda assim. Não dá para atacar dizendo que preciso esmagar as cabeças de espíritos malignos…”

    Era uma daquelas situações impossíveis onde toda escolha apresentava um problema.

    — Eu já te dei tantas pistas, não tem como você não me reconhecer… É realmente tão difícil tirar a máscara na minha frente?

    Com isso, tomei uma decisão.

    Não era como se apenas uma ou duas pessoas soubessem que Bjorn Yandel era um espírito maligno a essa altura. E Hyeonbyeol era alguém em quem eu podia confiar.

    Eu dei um passo à frente o mais levemente que pude e me aproximei de Hyeonbyeol. — Como você descobriu?

    Quando tirei a máscara invisível que escondia meu rosto, Hyeonbyeol sorriu e deu de ombros. — Para ser honesta, eu não tinha certeza até agora.

    — …O quê? — “E você ainda fez algo tão perigoso?”

    Se ela tivesse investigado meu passado, teria descoberto o que aconteceu com o agente secreto que foi levado por minha causa.

    — Não me olhe como se eu fosse uma idiota. Eu ainda usei a máscara e me preparei bastante para isso.

    — Certo. E qual é o lance com essa máscara?

    — Você já não percebeu?

    — Você é realmente a Preta?

    — Sim, isso mesmo.

    Foi um choque, honestamente. Deixando de lado o fato de que ela conseguiu se juntar à Távola Redonda, como eu nunca percebi isso?

    — De qualquer forma, eu sabia que se eu usasse essa máscara, pelo menos sua reação me daria um sinal. E foi exatamente isso que aconteceu.

    Eu hesitei. — Eu reagi a isso?

    — Sim. Percebi que você não mudou. Sempre fecha os olhos por um momento quando fica surpreso.

    — Uh…

    Será mesmo? Não tinha certeza, mas precisaria tomar cuidado com isso no futuro.

    — De qualquer forma, graças a isso, consegui ser um pouco mais corajosa. Se você não tivesse reagido, talvez eu tivesse virado e fugido.

    — …Não, mas por que você precisou ir tão longe?

    — Bem, eu poderia te perguntar a mesma coisa.

    — O que quer dizer?

    — Você me assustou ao me pressionar com perguntas. Perguntando para quem eu trabalho. Agiu como se fosse me matar.

    Isso, uh, era verdade. Mas foi só porque achei que ela poderia seguir pelo caminho errado.

    — Não é que eu tenha odiado, ou algo assim… — Hyeonbyeol então olhou para mim e afirmou — Mas você foi quem cruzou a linha primeiro, Hansu.

    Não havia o que eu pudesse dizer sobre isso. Não importa o motivo, eu a forcei a revelar sua identidade, e seria ridículo me irritar agora por ela ter me forçado a revelar a minha.

    Eu suspirei.

    Por isso, em vez de repreender Hyeonbyeol, decidi fazer algo mais produtivo. — Então, como você entrou na Távola Redonda? Conseguiu ajuda do GM?

    — Sim. Eu disse que poderia ajudar a descobrir sua identidade, e encontrei uma maneira de pedir para entrar.

    — E sobre as informações que você compartilhou durante a Távola Redonda? Você também conseguiu do GM?

    — Não. São todas coisas que consegui por conta própria.

    Eu voltei e recordei todas as informações que Preta compartilhou durante as reuniões da Távola Redonda, e duas com maior impacto imediatamente vieram à mente.

    — Além de abrir o Portal do Abismo, magia dimensional é o outro jeito de voltar para a Terra.

    — Auril Gavis conseguiu ir para a Terra usando esse método.

    Ah, pensando bem, também haviam outras…

    — Bjorn Yandel… e Missha Karlstein… Aqueles dois realmente estavam namorando, como diziam os rumores?

    Aquilo não era informação, mas a última pergunta que me fez, então deixei passar.

    “…Então ela tinha certeza da minha identidade pelo menos desde aquele ponto.”

    Em qualquer caso, como Hyeonbyeol, que nem era uma aventureira, conseguiu informações de tão alta qualidade?

    — Também já disse isso antes. A Condessa Peprok confia muito em mim. Enquanto a ajudava, tive muitas oportunidades de obter todo tipo de informação.

    — …Entendi.

    Me perguntei se só ganhar a confiança de alguém era o que permitiu que ela conseguisse essas informações, mas Hyeonbyeol era bem esperta. Provavelmente tinha seus métodos.

    Eu assenti, aceitando sua explicação.

    — Hansu — Hyeonbyeol de repente me chamou. Em um tom sério, ela proclamou para mim — Eu sou diferente de babacas como Baekho Lee.

    Foi um pouco do nada. No entanto, entendi imediatamente o que ela estava tentando dizer.

    — Não pretendo me aproveitar de você como aquele cara. Então, pare de se meter em confusão e se comporte. — Hyeonbyeol então disse com determinação — Farei o que for preciso para te levar de volta comigo.

    Foi um discurso bem reconfortante. Porém…

    “Eu realmente não planejo voltar para a Terra…”

    Como eu deveria contar isso a ela?


    No fim, não consegui contar.

    Minha resposta poderia ter sido diferente no começo, mas agora, depois de tanto tempo, eu realmente não me importava em voltar para a realidade. E se eu contasse isso a ela, era óbvio que as coisas ficariam complicadas.

    “Depois. Vou contar depois.”

    Nada mudaria só porque adiei minha revelação. Independentemente de eu querer voltar ou não, Hyeonbyeol ainda iria procurar uma maneira de voltar de qualquer forma.

    — Então, como foi aquela conversa de casamento? Esperei para te encontrar, então ainda não sei o que aconteceu lá.

    — Ah… Aquilo…?

    Como eu deveria explicar ‘aquilo’?

    Minha cabeça começou a doer, então apenas contei o resultado. — Eu recusei a proposta de casamento.

    — Ah… Sério?

    — Você pode ouvir os detalhes dela depois. Parece que ela te conta tudo.

    — Isso é verdade… Em vez de uma assistente, minha posição é mais parecida com a de uma amiga agora. — Hyeonbyeol então disse que seríamos descobertos se conversássemos por muito tempo ali e acelerou o passo. — Pegue isto por agora.

    — …O que é?

    — Nada de bom vai acontecer se formos pegos nos encontrando em segredo, certo?

    — …Então o que é isso?

    — Vai ser mais fácil se você olhar.

    Depois de rasgar a página ao meio e me dar uma parte, ela pegou a outra metade e escreveu algo com sua caneta, e enquanto fazia isso…

    — Está entendendo?

    O que ela escreveu em sua página também apareceu na minha.

    — Acho que já vi isso em um filme de fantasia antes… — murmurei.

    — Ninguém tem ideias originais de verdade. De qualquer forma, quando você escreve algo, só pode apagar depois que um dia se passar, então é difícil manter conversas longas.

    — Então podemos usá-la para trocar informações sobre onde e quando podemos nos encontrar, sempre que precisarmos falar.

    — Sim, isso mesmo.

    Eu fiquei interessado nessa ferramenta mágica que nunca tinha visto antes, e quando perguntei o nome dela, Hyeonbyeol coçou a bochecha. — É Papel do Amor.

    — …O quê?

    — Quero dizer, é só o nome do negócio. Ouvi dizer que alguns magos o fizeram para usarem quando estavam namorando.

    — …Sério?

    De qualquer forma, esse Papel do Amor…

    “Quero dizer, acho que era mesmo só um pedaço de carta de amor.”

    — Isso é tudo que quer me dar? — perguntei.

    — Sim, é isso. Mas tenho mais uma coisa para te contar.

    — Seja rápida — eu disse, olhando ao redor. — Estou preocupado de que alguém possa aparecer e nos ver.

    Hyeonbyeol não perdeu tempo e rapidamente continuou — Não se aproxime demais da Condessa Peprok.

    — Hã?

    — Aquela mulher tem um grande segredo que está escondendo. Não é só o fato de ela ser filha ilegítima do marquês. Você pode acabar se envolvendo em uma situação perigosa se chegar perto demais.

    Uma situação perigosa… — Entendi. Vou manter isso em mente.

    — Então, é isso por hoje. Entro em contato de novo depois.

    Hyeonbyeol desapareceu na viela, então deixei a área rapidamente e voltei para a terra sagrada.

    — Chefe! Chegou um objeto para você!

    Alguns dias depois, uma entrega endereçada a mim chegou. Era um pacote suspeito, sem qualquer menção ao remetente. No entanto, o conteúdo da caixa deixava claro quem havia enviado.

    Cabelos negros e olhos pretos.

    Era um lixo de boneca sem traços faciais distintos, mas as pernas estavam tingidas de tinta preta.

    — Hah…

    Fiquei sem palavras e peguei o papel que recebi de Hyeonbyeol para dizer algo em resposta.

    Swoosh!

    Letras apareceram no papel vazio que nenhum morador de Rafdonia jamais conseguiria interpretar.

    “LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL”

    …Eu queria morrer.


    Alguns dias haviam se passado desde a Reunião Palaciana, mas ao contrário do que eu esperava, nenhum evento importante ocorreu.

    Talvez fosse por causa da natureza da reunião?

    As conversas sobre o casamento entre Ragna e eu, e até minha confissão chocante naquele lugar, não se espalharam pela mente dos habitantes da cidade. Ainda assim, nada permanecia em segredo para sempre, e rumores eventualmente se espalhariam. As pessoas que pudessem saber ‘acabariam’ sabendo em algum momento.

    “Mais do que isso, isso aqui é um problema maior…”

    Depois que a Reunião Palaciana terminou, a política de selamento do labirinto foi implementada e anunciada para toda a cidade.

    É óbvio que os aventureiros foram contra a ideia, e alguns até protestaram na praça antes de serem presos. Os moradores de Ravigion, também, foram tomados por um medo que nunca haviam experimentado antes, e isso era evidente enquanto eu caminhava pelas ruas.

    “Quero dizer, com a invasão de Noark, a situação com Bifron… e agora o selamento do labirinto, acho que já era de se esperar?”

    Mesmo sem os primeiros, o fechamento do labirinto representava um golpe enorme para a economia. Os preços dos produtos subiriam exponencialmente e as pessoas gastariam menos dinheiro.

    Bem, ao ler o jornal, descobri que o palácio estava implementando novas políticas e sistemas, como a redução de impostos para tentar ganhar a confiança dos cidadãos. Mas eu não sabia por quanto tempo isso permaneceria eficaz.

    “…Melhor só fazer o que preciso fazer.”

    Saí da terra sagrada um dia para me encontrar com o líder da aliança de Melbeth. O velho e eu nos encontramos a sós, e eu contei a ele tudo o que aconteceu durante a Reunião Palaciana. Não havia muito o que eu pudesse fazer com a informação, mas era uma história diferente para as outras casas nobres de Melbeth.

    — Obrigado. As informações que você compartilhou comigo hoje serão de grande ajuda para navegar pelo caos que está por vir. Nunca esquecerei essa dívida e prometo retribuí-la no futuro.

    Só de comparecer e ouvir em silêncio o que todos diziam, você poderia obter poder acima dos nobres comuns, e isso proporcionava uma autoridade proporcional. Talvez fosse por isso que todos os nobres lutavam com unhas e dentes para conseguir um assento à mesa.

    — Ah, e como eu disse, decidi não me casar.

    — Não precisa mais se preocupar com isso. Para ser completamente honesto com você, estamos gratos por você recusar a oferta do marquês.

    — Então…?

    — Não será imediato, mas certamente trabalharei para garantir que toda Melbeth possa ser mobilizada em seu favor.

    — Hmm…

    — Não se preocupe. Primeiro, farei com que sua casa assuma o contrato de reconstrução.

    Fiquei um pouco surpreso. Só por participar da Reunião Palaciana, isso me permitiu afastar a casa do conde anão, que estava no ramo da construção há mais de mil anos a essa altura, e tomar para mim.

    De qualquer forma, como tinha chegado a esse ponto, achei mais fácil dizer o meu próximo ponto.

    — A propósito, Vossa Senhoria.

    — O que foi?

    — Estou dizendo isso porque você está dizendo que daria o contrato para o Baronato Yandel… Bem, caótico nem começa a descrever a situação da economia hoje em dia, né?

    — Sim?

    Ouvindo o líder da aliança me incentivar a continuar, fui direto ao ponto — Já que não posso nem entrar no labirinto, tenho muito tempo para gastar.

    Era uma regra do mundo que aprendi enquanto estudava o mercado de ações na minha vida de executivo.

    — Quer ganhar muito dinheiro comigo?

    Crises geram oportunidades.

    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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