Capítulo 660: Forasteiro (4/5)
GM, Yurven Havellion.
Um jogador que usava, para mim, o apelido brega de Elfnunalove. Ele também era um usuário antigo que vivia neste mundo há pelo menos vinte anos.
Versyl também sabia quem ele era.
— Yurven Havellion. Esse é o nome do GM.
Ela foi quem revelou isso na Távola Redonda. Eu suspeitava que ela tivesse suas razões para recomendá-lo para mim.
— …Eu conheço o Engenheiro Mágico. Mas é realmente possível chamá-lo agora? Ouvi dizer que ele não sai para trabalhar.
Diante da pergunta incisiva de Amelia, Versyl acenou com a cabeça para demonstrar confiança. — Você não precisa se preocupar com isso. Eu o conheço.
“Bem, pode ser que não seja possível, era o subtexto de sua afirmação”, uma tentativa de garantir alguma segurança. Contudo, eu podia sentir a confiança na voz de Versyl.
Como ela podia estar tão confiante? A razão era simples.
“Como não há como Versyl ser amiga desse GM recluso, ela provavelmente está confiando na fraqueza que tem sobre ele.”
No entanto, me perguntei se o ameaçar usando sua identidade seria eficaz. Pelo que eu podia perceber, até o palácio parecia saber quem ele era.
Estariam o usando porque ele era útil? Algo assim?
“Já que a comunidade se foi agora, fico imaginando em que tipo de situação ele se encontra.”
Para ser sincero, ele já havia chamado minha atenção há algum tempo, mas eu estava cauteloso em abordá-lo de forma imprudente. Não havia motivo para isso, realmente. O cara estava preso na torre dele todos os dias e não tentaria me encontrar se eu aparecesse de repente na porta dele, além de eu parecer suspeito por tentar encontrá-lo do nada.
— Bom o suficiente. Tente por enquanto. — Se eu pudesse usar Versyl como ponte para encontrá-lo, então nosso encontro poderia acontecer naturalmente.
— Ok. Vou tentar falar com ele assim que retornarmos.
Embora uma parte de mim estivesse preocupada, eu conhecia Versyl. Decidi confiar que ela poderia ameaçá-lo adequadamente sem revelar sua identidade.
— Isso é algo que precisa ser mantido em segredo dos outros. Certifique-se de que ele também saiba disso. E faça-o reservar um tempo, se ele disser que vai nos ajudar. Preciso encontrá-lo pelo menos uma vez antes disso.
— Sim, farei isso.
— Então, vamos começar a voltar.
Como não havia mais nada que pudéssemos fazer ali, decidi encerrar por hoje e retornar à cidade.
— Vou para a torre mágica.
Versyl se afastou, dizendo que falaria com o Engenheiro Mágico.
— Consegui. O Engenheiro Mágico disse que aceitaria vê-lo.
Cerca de três dias depois, consegui minha reunião.
O encontro com o Engenheiro Mágico foi tratado com muito cuidado e sigilo. Me fez sentir como se fosse um informante na Guerra Fria ou algo do tipo.
“Virando à esquerda aqui, preciso procurar a terceira porta do prédio de telhado vermelho e então… Lá está.”
Após atravessar um mar de becos diferentes, cheguei a um prédio e desci as escadas que seguiam por baixo dele. No final das escadas, ativei um círculo mágico, como quando entrei no mercado negro, e entrei em uma área desconhecida.
Com um flash, cheguei a uma sala espaçosa decorada como um escritório. No entanto, por mais que eu olhasse ao redor da sala, não conseguia ver nenhuma saída, ou janelas, aliás. Parecia ser uma área especial que só podia ser acessada por meio de magia.
— Você está aqui. Estava esperando por você, Lorde Barão. — O homem sentado no sofá se levantou e me cumprimentou.
“Então é assim que ele se parece.”
Eu o havia encontrado uma vez na cidade, mas como ele estava disfarçado de Hans naquela época, essa era a primeira vez que eu via seu rosto.
As palavras-chave que imediatamente me vieram à mente foram jovial, magro e de óculos. No entanto, como não estava ali para julgá-lo pela aparência, guardei seu rosto na memória e entrei na conversa.
— Há um motivo para nos encontrarmos com tanto cuidado assim?
— Peço desculpas por tornar o processo tão complicado. No entanto, recentemente, tenho tido muitos inimigos ao meu redor, então, por favor, entenda.
Inimigos…
Bem, ouvi dizer que Baekho saiu por aí procurando por ele em algum momento.
— De qualquer forma, é bom vê-lo, Yurven Havellion. Sou Bjorn, filho de Yandel.
Após lhe dar um aperto de mão firme, sentei-me no sofá que parecia ser o meu lugar…
Crunch.
Hah. Discriminação contra bárbaros logo de cara.
— Tudo bem, então você não precisa se desculpar…
“…Hmm? Por que eu deveria pedir desculpas?”
— Compre cadeiras mais fortes da próxima vez. Você vai parecer preconceituoso se comprar cadeiras como essas.
— Perdão…? Ah, claro…
— Sua discriminação começa no momento em que compra cadeiras que não podem ser usadas por bárbaros.
— Haha… Vou me lembrar disso.
Pude perceber que a impressão dele sobre mim estava caindo em tempo real, mas era algo que eu não podia evitar. Precisava ser especialmente cuidadoso ao falar com ele e esconder completamente que eu era uma pessoa moderna.
Precisava agir ainda mais como um bárbaro, mesmo que isso pudesse parecer exagerado.
Empurrei o sofá em que inicialmente me sentei e simplesmente sentei no chão, com as pernas cruzadas. Surpreendentemente, nossos olhares se alinharam bem ali. Na verdade, parecia até que eu ainda estava olhando para ele de cima.
— De qualquer forma, obrigado por aceitar este encontro. Nunca esperei que Versyl tivesse uma conexão com você. Como vocês dois acabaram se conhecendo? — perguntei, em um tom despreocupado, para evitar levantar suspeitas. Quero dizer, ele poderia pensar que fui eu quem enviou Versyl para ameaçá-lo.
— Haha… Somos ambos magos da torre mágica. Todos naturalmente fazem amizade uns com os outros.
— Oh, é assim que acontece?
— Certo, bem… Posso ouvir o que devo investigar? A Srta. Gowland não me disse muito.
— Você investigará o círculo mágico na cidadela subterrânea. Na verdade, quero que descubra um método para ativá-lo.
— Um círculo mágico…?
— Isso mesmo — confirmei. — É um círculo mágico dos tempos antigos, então Versyl não conseguiu decifrá-lo sozinha.
O GM colocou uma mão no queixo e caiu em um pensamento profundo por um momento. Então ele perguntou cautelosamente: — Você está… talvez planejando sair das muralhas?
“…Ah, então você também entende uma coisa ou outra.”
Como não poderia esconder isso dele se quisesse sua ajuda, respondi com honestidade. — Isso mesmo. Para ser exato, quero sair e ver o que estão fazendo.
— …Entendi.
— Você já sabe de algo? Um jeito de ativar esse círculo mágico?
— Não, eu não sei. É só que ouvi em algum momento anterior que existe um círculo mágico assim.
— Então você está dizendo que não pode ter certeza de nada, a menos que vá lá e verifique por si mesmo?
— Sim. Isso mesmo.
A maneira como ele assentiu e o tom de sua voz me diziam que o GM não tinha confiança em si mesmo. Eu conseguia sentir até um pouco de medo nele.
“Mas por que parece que ele está tentando me provocar?”
Tive um forte pressentimento de que ele estava apenas tentando evitar a situação, dando-me o mínimo de informação possível.
Gentilmente, incentivei: — Não se preocupe. Mesmo que você não consiga, não pretendo culpá-lo.
— Ah, ok… Isso me deixa um pouco mais à vontade.
— Você pode continuar tentando até conseguir, certo?
— …Perdão?
“O que você quer dizer com, perdão? Você achou que, se fosse ao subsolo, olhasse para o círculo mágico uma vez, dissesse que não conseguiu e eu simplesmente o deixaria ir?”
— Não importa quantos meses leve. Você conseguirá fazer isso em algum momento, se continuar tentando! E como fui eu quem te pediu, seria rude da minha parte deixá-lo sozinho, então estarei ao seu lado o tempo todo!
Para simplificar, eu o prenderia na caixa e manteria uma vigilância constante sobre ele para que não pudesse fugir.
— Já que estamos falando sobre isso, que tal irmos até lá agora?
— …Desculpe?
— Pelo que ouvi, você passa todo o seu tempo preso na sua torre, não é? Provavelmente não tem nada agendado depois disso!
— A-Ainda assim, eu precisarei ao menos levar algum equipamento…
— Não se preocupe! Se você me disser o que é, pedirei para a Versyl trazê-lo para nós.
— E-Eu mesmo vou trazê-los. Se eu não os tiver comigo agora, não importa se estou lá ou não, e será difícil para ela encontrar as coisas certas apenas dizendo para ela…! — O GM começou a falar mais rápido ao perceber que seria arrastado para longe se não conseguisse dizer tudo.
— Hmm… Você não está planejando desaparecer depois que eu deixar você buscar suas coisas, está?
— …Perdão?
Soltei uma gargalhada com seu choque. — Hahaha! Isso é uma piada! Por que você desapareceria? Eu não estou preocupado!
— Ahaha… É-É mesmo?
— Isso mesmo! Mesmo que de alguma forma você se meta em uma situação da qual não possa sair, eu posso simplesmente ir até lá e te buscar! — gritei, em seguida explicando que conhecia bem o layout da torre mágica devido às minhas visitas anteriores.
O GM empalideceu, parecendo se lembrar do último ataque à torre mágica. — P-Por favor, não se preocupe. Apenas uma hora será suficiente.
Com isso, ele saiu. Exatamente uma hora depois, ele retornou.
Não encontramos problemas para chegar a Noark apenas nós dois.
Eu sabia o caminho a seguir para chegar perfeitamente a Noark, e a ameaça dos cavaleiros que patrulhavam os esgotos foi resolvida pelas ferramentas mágicas que esse cara possuía. Secretamente, eu estava preocupado com a patrulha tendo suas próprias ferramentas de detecção mágica, mas os resultados foram incríveis.
“…Estar totalmente equipado é sempre bom.”
Talvez eu devesse ter esperado isso do Engenheiro Mágico? Sua ferramenta parecia ter um poder superior ao de qualquer coisa que os cavaleiros tinham. Mesmo quando passamos bem ao lado deles, não notaram nada.
— Você disse que fez isso sozinho? Qual é o nome dela? — perguntei.
— Não tem nome… E eu não a fiz para vender em primeiro lugar.
— Por que não está vendendo?
— Criar essa ferramenta exigiu um material muito raro. A taxa de sucesso de fabricá-la também é muito baixa. É por isso que só existe essa que fiz.
— Sério? — Isso só me fez querer ainda mais. Havia alguma maneira de tomá-la dele?
O GM parecia ter sentido meu desejo, pois rapidamente mudou de assunto. — Mas, honestamente, o mundo mudou muito em relação ao que eu me lembrava. Nunca esperava ver os cavaleiros andando pelos esgotos.
— É por isso que estou dizendo que você deveria sair mais.
— Haha… Talvez eu devesse.
Talvez fosse porque ele estava desconfortável com a situação, ou talvez estivesse estressado apenas por estar do lado de fora, em geral. De qualquer forma, até chegarmos à praça em Noark, o GM nunca iniciou a conversa, desviando a maioria das coisas que eu dizia para ele.
“Isso é menos divertido do que pensei.”
Bem, deixando a personalidade dele de lado, não importava se ele apenas fizesse o trabalho que pedi para ele fazer.
— Tudo bem, é isso. Você consegue resolver isso?
— Vou tentar.
Assim que chegamos à praça, o GM pegou seu equipamento e parecia bem profissional enquanto ajustava e verificava algumas coisas.
— Com licença…
Eu estava apenas de lado, observando-o, sem querer distraí-lo, quando ele de repente se aproximou de mim.
— Está… tudo pronto.
Demorei um momento para processar o que ele disse. — Está… pronto?
— Sim. Aqui está a fórmula para ativar o círculo mágico. Até um mago de quarto nível deve ser capaz de ativá-lo usando isso — disse o GM, entregando-me um pergaminho coberto de escrita.
Ainda assim, achei difícil acreditar nele. Era algo que poderia ser resolvido tão rapidamente?
Estreitei os olhos em suspeita e o escaneei de cima a baixo, e ele rapidamente se afastou, como se quisesse se salvar. — Foi mais fácil do que eu esperava. E círculos mágicos antigos também são minha especialidade.
— Então por que disse que não poderia ter certeza?
— Isso… é um mau hábito meu. Minhas desculpas.
Hmm, não havia nada que eu pudesse dizer sobre isso.
— Bem… Já que o trabalho está feito, posso ir agora? Se possível, gostaria de jantar em casa…
Para ser honesto, eu ainda não conseguia acreditar nele. No entanto, nem eu poderia dizer isso abertamente nesta situação.
— O que você quer dizer com ‘seu trabalho está feito’? — Exigi.
— Perdão?
— Você não verificou se funciona ou não. Vá e ative-o.
Como dei uma desculpa decente, o GM não conseguiu encontrar uma maneira de recusar, então assentiu com um suspiro.
— Sim… Entendi. Então, por favor, espere um momento enquanto faço minha preparação.
Após guardar todo o equipamento que havia retirado, ele levou cerca de cinco minutos antes de me chamar, dizendo que estava pronto. Assim que cheguei perto dele, contou em voz alta de um, dois, três.
Uma luz brilhante nos envolveu.
“Isso é…”
Quando abri os olhos, um lugar que eu não reconhecia, mas que ainda parecia familiar, me cumprimentou. Era um túnel largo e circular, grande o suficiente para um Imugi1 passar. Uma das paredes estava coberta de símbolos que eu não reconhecia.
— Esse é o círculo mágico colocado deste lado — explicou o GM. — À primeira vista, posso dizer que o método de ativação é o mesmo.
— …À primeira vista?
— Eu… eu me expressei mal. Mas a informação não deve estar errada, então você não precisa se preocupar com isso. Ah, e se eu tiver que te dar um aviso… Você precisa ter cuidado para não destruir o círculo mágico. Diferente do círculo mágico na praça, este está exposto aos elementos…
— O que acontece se ele for danificado?
— Existe uma magia de recuperação permanente nele, então ele se reparará sozinho se tiver tempo… Mas levará pelo menos um ano.
— …Entendi. — Embora fosse melhor do que nunca poder voltar, um ano era um tempo bem longo. — Podemos usar teletransporte para voltar para a cidade?
— Não. Embora as coordenadas digam que estamos debaixo da cidade, dado o modo como a trajetória de movimento não está designada, há uma boa chance de que nossa localização atual esteja fora do círculo de proteção mágico.
Simplificando, embora estivéssemos sob a cidade, éramos considerados como estando fora da barreira que cobria a cidade.
Ainda não conseguia me livrar da desconfiança. Não era que eu estivesse desconfiado de se as informações que ele estava me dando eram verdadeiras ou não, mas, mesmo assim…
“Ele é realmente suspeito…”
Engenheiro Mágico Yurven Havellion. Entendi que esse cara era um mago talentoso.
“Mas mesmo assim, é possível que ele responda tudo isso apenas com um olhar?”
Mesmo alguém leigo como eu sentia que algo estava errado nisso. Parecia que era algo que ele já havia investigado antes e agora estava revelando as informações para mim como se também fossem novas para ele…
— Bem, parece que fiz tudo o que precisava… Que tal voltarmos agora?
Levei um momento para pensar sobre o pedido. Embora fosse verdade que ele fez tudo o que precisava, achei um desperdício deixá-lo simplesmente partir assim. Eu só tinha ficado porque esperava que levasse pelo menos algumas semanas. E, honestamente, eu estava pensando em trabalhar algumas questões com ele enquanto ele investigava o círculo mágico.
— Já estamos aqui fora. Você não está curioso? Vamos explorar juntos!
— Perdão?
— Vou considerar isso um sim!
Eu não podia simplesmente deixá-lo ir.
- Espécie de ‘dragão-menor’ coreano em formato de serpente similar ao dragão-chines.[↩]
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.