Índice de Capítulo

    Estávamos fora das muralhas da cidade, mas a presença de alguém havia sido detectada. E o mais surpreendente era que não era um grupo de indivíduos.

    — Tem apenas uma pessoa… E, surpreendentemente, parece que está dormindo.

    Ironicamente, o fato de ser apenas uma pessoa tornava a descoberta ainda mais alarmante. Faria mais sentido se fossem vários. Em uma terra tão perigosa, onde monstros de terceiro nível podiam surgir do nada, quem poderia estar viajando sozinho?

    — Deveríamos… ir checar, certo?

    — Sim. É melhor estarmos cientes de todas as ameaças potenciais ao nosso redor.

    Depois que Baekho e o arqueiro rapidamente trocaram ideias, correram para a frente.

    — Vamos primeiro, então nos sigam rapidamente!

    Baekho disparou como um projétil.

    Esse cara não tinha medo? Se fosse eu, teria me movido com mais cuidado e furtividade ao me aproximar dessa entidade desconhecida.

    “A confiança absoluta dele…”

    Talvez se pudesse dizer que essa era a maior fraqueza de Baekho.

    — B-Baekho?!

    — Aures, vamos também. Esse homem provavelmente não está em perigo… mas não podemos ter certeza.

    Os que ficaram para trás logo seguiram Baekho.

    — Q-Quem é você? Por que está fazendo isso? Ugh! M-Me solte!

    Pouco tempo depois, os gritos desesperados de um homem ecoaram. Especificamente, vindo debaixo do chão.

    — …Parece que está aqui embaixo — veio a voz de Baekho de baixo de nós. Olhamos para uma grande fenda na terra que parecia ter sido formada por um terremoto. — Ah, vocês já chegaram? Vou subir, então esperem aí! Vocês não conseguiriam descer de qualquer forma, está muito apertado!

    Esperamos alguns instantes até que Baekho aparecesse na borda do penhasco. Devido ao ângulo, não conseguíamos ver de cima, mas parecia haver uma área escondida lá embaixo.

    — Urah!

    Após saltar alto no ar, Baekho soltou um som estranho antes de pousar ao nosso lado.

    Erguendo a mão direita como se tivesse capturado uma presa, podíamos ver um homem de meia-idade, desconhecido, se debatendo em seu aperto. Ele parecia muito sujo, como se não tivesse tomado banho há meses.

    — Q-Quem é você…? M-Me solte…!

    Após se debater ainda mais ao nos ver, o homem de meia-idade de repente parou, arregalando os olhos ao olhar para uma certa pessoa.

    — …Senhor Aures? Você é o guardião do portão, Aures, certo? Senhor Aureees!

    — V-Você é…!

    O quê…? Ele conhecia esse cara?

    — …Quem é você?

    — Hiek! Sou eu, eu mesmo! O capitão da terceira força de segurança de Noark, Olho Vermelho!

    — Olho Vermelho? Não me lembro de um apelido assim…

    Enquanto Aures inclinava a cabeça, Baekho afrouxou o aperto no pescoço do homem e franziu o cenho.

    — Hã, você tentou ser amigável sem nem ao menos conhecê-lo?

    — N-Não é isso! Você me conhece! Olho Vermelho! Olho Vermelho Dalan! — ele disparou, revelando seu nome verdadeiro.

    O reconhecimento surgiu nos olhos do arqueiro. — Dalan? Não é o nome do velho que comanda o Pub Merun? Ah… Você é o herdeiro daquele lugar?

    — Sim, sim! Sou eu!

    — Ah, agora que penso nisso, havia mesmo alguém assim! Bahaha! Bom ver você!

    Só então os dois pareceram se reconhecer de verdade.

    Baekho pareceu perder o interesse e simplesmente jogou o homem no chão como se fosse uma bagagem. No entanto, isso não significava que ele havia perdido o interesse por completo.

    — Disse que é Dalan?

    — S-Sim…! Isso mesmo!

    — Então me diga. O que estava fazendo aqui sozinho?

    — Isso é…

    — Vou te matar se mentir, então tenha isso em mente.

    Esse comportamento opressor era uma das partes mais assustadoras sobre Baekho. Ele ignorava qualquer lógica e sempre tentava arrancar respostas à força, além de ter um talento especial para detectar mentiras.

    “Achei que ia enlouquecer naquela época…”

    Memórias do passado começaram a passar rapidamente pela minha mente enquanto eu olhava para o homem, que desviava o olhar e se encolhia, sem saber o que fazer.

    Bem, o passado é apenas isso: o passado.

    — Eu te disse para falar. Que merda você estava armando, se escondendo assim?! — Baekho gritou novamente.

    O homem fechou os olhos com força. — Eu… eu abandonei o grupo!

    — Abandonou…?

    — Bem… Achei que os planos para invadir Rafdonia eram absurdos… É óbvio que, se pessoas como eu participassem da luta, todos morreríamos de maneira sem sentido!

    — Hoh… Então, quando todos os outros voltaram, você fugiu e se escondeu aqui?

    — Não fui só eu! Houve muitos outros que pensaram como eu no começo.

    — Hmm? Então por que você está sozinho aqui?

    — Bem… Nos separamos devido aos monstros pelo caminho…

    Pelo que ouvimos dele, parecia que mais de cem pessoas haviam permanecido e vagado pelo mundo exterior. Eles acreditavam que, se trabalhassem juntos, conseguiriam viver felizes, mesmo aqui. No entanto, embora vivessem acreditando nesse ideal, essas promessas não significaram nada diante de monstros poderosos.

    Fazia sentido. Estamos falando de pessoas que abandonaram o grupo para salvar suas próprias peles. Não havia como trabalharem juntos adequadamente quando caíam em perigo.

    — Então, após nos separarmos, procurei lugares onde pudesse me esconder e me movi com cuidado. Em algum momento, acabei aqui…

    — Dentro dessa caverna de rato no abismo?

    — Sim…

    — Quanto tempo você ficou morando lá?

    — Bem… Não sei o tempo exato, mas acho que faz cerca de dois meses.

    — Uau, impressionante. E onde você fazia suas necessidades?

    — Bem… Na verdade, eu apenas me agacho na beirada do penhasco…

    — Pare! — Jaina, a curandeira, gritou, franzindo o rosto — Não fale de coisas nojentas assim.

    Embora resmungasse em resposta, Baekho sorriu e não continuou.

    — Então… Quem é você, senhor?

    Talvez percebendo uma abertura, o homem diante de nós corajosamente fez uma pergunta de volta para Baekho.

    — Eu? Por que pergunta?

    — Bem, é só que… se você veio da cidade, quero saber se o plano do castelão deu certo ou não…

    Hmm, ele estava arrependido de não ter seguido o grupo desde o início?

    Se disséssemos que viemos da cidade, provavelmente pediria para levá-lo de volta conosco. Mas Baekho jamais aceitaria tal pedido, é claro.

    — Você não precisa saber disso. Fique quieto.

    E ele obedeceu.

    — Hah, então o que faremos com esse cara? É óbvio que ele vai morrer logo se o deixarmos aqui…

    A expressão do velho mudou para pânico.

    Era compreensível, na verdade. Era assustador ver como Baekho falava sobre a vida dos outros como se estivesse escolhendo o que comer no jantar…

    — E-Esperem! Tenho uma oferta!

    — Hã?

    — Por favor, me levem de volta para a cidade quando retornarem! Se fizerem isso, darei uma informação útil!

    Era uma oferta criada pelo desespero. No entanto, Baekho não parecia muito impressionado.

    — Hmm, não estou tão curioso…

    Ele soava genuinamente desinteressado, mas eu sabia que era um blefe. Na verdade, ele havia transformado a conversa em uma negociação com a mesma naturalidade de quem respira. Era seu hábito assumir a iniciativa em situações assim.

    — Bem, você ainda pode falar. Decidirei o quão útil é a informação após ouvi-la.

    Baekho disse, não dando espaço para o velho escapar. No entanto, ouvimos algo completamente inesperado sair da boca do homem.

    — A lápide dimensional…! Eu sei onde há outra lápide dimensional…!

    Hã…?


    A história do velho era curta e simples.

    Após se separar do grupo, ele vagou em busca de um lugar seguro e, por acaso, encontrou uma lápide dimensional similar à do assentamento de Noark.

    — O que… É verdade?

    Como Baekho reagiu com seu detector de mentiras, podíamos ter certeza da autenticidade da informação.

    — Está escondida em um lugar tão perigoso que a maioria das pessoas nem pensaria em ir lá. S-Se você não me levar, nunca conseguirá encontrá-la!

    Bem… Vindo de alguém que vivia num buraco no fundo de um abismo, eu mal conseguia imaginar onde essa lápide poderia estar.

    — Então, onde está? — Baekho estava tão intrigado com a nova lápide que já não conseguia manter sua atitude desinteressada.

    O velho também percebeu isso e rapidamente tentou negociar. — Não é difícil para mim te dizer… Mas…

    — Certo, você quer que eu faça uma promessa, não é? Prometo a você. Se não fizer alarde e seguir o que dissermos, levarei você para a cidade.

    O velho tentou discernir se Baekho estava mentindo ou não, mas acabou apenas assentindo em derrota. — Vou confiar em você…

    — Certo, agora que isso está resolvido. Onde está?

    O homem de meia-idade se aproximou da borda do penhasco onde estava seu esconderijo. — Está lá embaixo.

    — Lá embaixo?

    — Sim…

    Suspirei. Imaginei por que ele nos contou isso tão facilmente. Queria apenas resolver o acordo rapidamente, já que sabia que encontraríamos a lápide se apenas explorássemos a área.

    — Vou descer primeiro, então me sigam, certo?

    Mais uma vez, Baekho nem pensou antes de pular do penhasco, e todos usamos nossos próprios métodos para segui-lo.

    Vwoong!

    O mago usou magia de flutuação.

    Tap, ta-ta-tap!

    O arqueiro desceu o penhasco correndo.

    Iiiiih!

    Enquanto a sacerdotisa invocou algo que podia voar.

    E eu…

    “Vou ter que ‘tankar’ isso.”

    Dada a profundidade do abismo, senti um leve formigamento na sola do pé quando aterrissei, mas graças aos meus atributos de Força Óssea e Resistência Física, consegui aguentar.

    Boom!

    — Uau, Barão. Você é muito durão.

    — Do que está falando? Então, esta é a lápide dimensional?

    — Sim. Parece que ela realmente existe? Vou ter que perguntar ao Vovô se podemos ativá-la ou não.

    Era um abismo profundo, cerca de setenta metros de profundidade. Nesse lugar escuro, onde nem a luz chegava, encontramos a lápide dimensional que o homem nos havia mencionado.

    — Oh, vovô! Aqui, aqui! Venha dar uma olhada!

    — Havellion, vá verificar também.

    Depois que os magos chegaram, investigaram a lápide e ambos chegaram à mesma conclusão.

    — Ela é completamente semelhante às lápides que usamos antes.

    — Assim como antes, se colocarmos mana suficiente nela, há uma alta probabilidade de que um portal se abra.

    — Uau, sério? É incrível termos encontrado isso agora, mesmo sem sucesso em nossas buscas anteriores — disse Baekho, dando um tapa no ombro do homem como se fosse um gesto de orgulho.

    “Quer dizer, se você vai elogiar alguém, não deveria dar um tapa nas costas…?”

    Bem, cada um com seu estilo.

    — Então, tentem colocar mana nela. Vamos ver se funciona ou não.

    — …E o que faremos se funcionar?

    — Apenas tente. Penso no que fazer após ver se funciona. Por que você está hesitando tanto?

    O GM parecia um pouco amargo com a resposta, mas se aproximou da lápide dimensional mesmo assim.

    — Vou começar.

    Enquanto ele e o Erudito Caído despejavam mana nela, o mesmo efeito de antes ocorreu. A mana condensada emitiu luz e começou a se formar lentamente, aumentando de tamanho.

    — O portal se abriu.

    — Então, Sr. Baekho, o que vai fazer agora?

    — …Hmm, agora vou ter que pensar nisso.

    — Se possível, pense rapidamente. O portal só será mantido por cinco minutos.

    — Certo.

    Depois de realmente pensar por um momento, Baekho finalmente falou.

    — Mas não consigo deixar de estar curioso. Para onde isso leva? Parece que estou realmente me aventurando pela primeira vez em um tempo.

    — …Não se esqueça da nossa missão. Estamos aqui para obter os materiais necessários para consertar o círculo mágico.

    — Mas quem sabe? Talvez possamos chegar lá mais rápido se pegarmos este portal.

    Ninguém respondeu.

    — Bem, se não der certo, podemos simplesmente voltar pelo portal, certo?

    O que estava passando na cabeça desse cara agora?

    Embora eu não conseguisse imaginar como ele chegou a essa conclusão, concordei em um ponto.

    “Também estou curioso…”

    Isso era o que uma verdadeira aventura parecia.

    Baekho terminou sua contemplação naquele instante. — Certo, já decidi.

    — O que vai fazer?

    — Vamos atravessar pelo menos uma vez. Seria mais problemático ter que voltar aqui para tentar depois. Você concorda, Barão?

    Hmm… — Se eu disser que não, você não vai fazer isso?

    — Não, vamos passar de qualquer forma. Você pode esperar aqui, se quiser.

    — Eu vou com vocês.

    Sim, isso poderia ser considerado um elemento oculto. Não podia deixar Baekho descobrir tudo sozinho.

    As coisas progrediram rapidamente depois que tomei essa decisão.

    — Ei, entre primeiro.

    — V-Você está falando comigo?

    — Por quê? Há algum motivo para você não ir?

    — Pode haver algo perigoso do outro lado… Ah, eu vou primeiro.

    — Deveria ter feito isso desde o começo.

    Baekho mandou o homem de meia-idade entrar no portal antes de todos os outros passarem um por um.

    Para constar, eu fui o último mais uma vez…

    Flash!

    Minha visão ficou branca. Então, minha visão lentamente voltou.

    Olhei ao redor por instinto.

    Parecia ser uma caverna subterrânea. Não havia monstros por perto.

    No entanto…

    — Sr. Baekho? Estamos no lugar certo? Não vejo a lápide dimensional em lugar nenhum.

    Assim que chegamos, o portal desapareceu e a lápide que permitiria abrir o portal novamente estava ausente.

    “Um, dois, três, quatro, cinco…”

    Além disso, faltava uma pessoa.

    — O quê? Cadê aquele desgraçado?

    O homem que nos mostrou a lápide inicialmente não estava em lugar nenhum.

    — Para onde ele foi? — Baekho murmurou confuso. — Espera, ele teve tempo de fugir? O que diabos está acontecendo com esse cara?

    Ao ver essa reação dele, engoli em seco.

    Ba-dum!

    Por que parecia que eu havia caído em uma armadilha?

    Uma sensação desconhecida de inquietação começou a se infiltrar em mim.

    Falei rapidamente com Aures, que parecia ter alguma ligação com o homem. — Aures.

    — O que foi?

    — Sobre aquele homem. O chamado Dalan.

    — Sim?

    — Se Dalan é o sobrenome dele… Qual é o nome de batismo…?

    Pode ter sido uma pergunta inesperada para Aures, mas ele pensou seriamente por um tempo antes de responder.

    — Bem… Não me lembro.

    — …Entendo.

    Infelizmente, não foi uma resposta útil.

    “Talvez seja até mais reconfortante que ele não saiba?”

    Tive esse pensamento e tentei deixá-lo de lado. Mas então, Aures disse algo que não consegui ignorar.

    — Mas…

    — Mas?

    — Tenho quase certeza de que é um nome muito comum.

    …Nah, não pode ser, certo?

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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