Capítulo 70: Herói Bárbaro (3/4)

『 Tradutor: MrRody 』

Corri com toda a minha força, arrastando meu monstruoso corpo gigante, de cinco metros de largura.

Boom! Boom!

Cada vez que meus pés tocavam o chão, faziam um estrondo semelhante ao de um grande monstro.

— Não fiquem para trás e o sigam de perto!

Atrás de mim estavam vinte e três membros da guilda e Missha, e atrás deles estavam quarenta aventureiros do terceiro andar que não foram influenciados pela agitação de Jack Fletcher. Como esses dois grupos se uniram era simples.

— Levaremos vocês conosco se desistirem de todo o seu equipamento. — McGrain era um racionalista que queria compensar mesmo a menor perda.

Julguei que quanto mais sacrifícios, melhor.

— Behelahhh!

Eu transbordava de poder. E um instinto destrutivo incontrolável dominava meu corpo tanto quanto.

“Isso provavelmente é por causa do aumento do Espírito de Combate.”

Eu estava feliz, porém, por não ter que conter esse desejo.

— Kyaaah!

Clones em miniatura de Riakis mergulharam na minha frente. Eles tinham 1,80 metros de altura, embora… Ainda assim, para mim, eram pequenos.

Whooom!

Balancei minha maça impiedosamente. Já que meu corpo havia crescido tanto, parecia mais que estava balançando uma colher. Bem, os bastardos que seriam atingidos provavelmente pensariam diferente.

Smack!

Um clone que atingi no peito desapareceu em uma nuvem de pó. Se eu estivesse no meu eu normal, ele teria levado mais alguns golpes. Mais uma vez, eu estava percebendo o quanto meus atributos físicos tinham aumentado. No entanto, o problema era que toda vez que eu esmagava um, ocorria uma explosão.

Bam!

Não onde o clone morreu, mas onde eu estava em pé.

Por isso, a presença ou ausência de um tanque principal era tão importante ao lidar com o Hiato Malévolo. Esses cadáveres auto-destrutivos sempre infligiam dano aos que os matavam. Em outras palavras, não importava se fosse um espadachim poderoso ou um arqueiro famoso… seus ataques seriam ineficazes aqui.

Bam!

Se fosse um maldito mago fraco atacando, o dano teria sido suficiente para derrubá-lo. Meu corpo inteiro estava amortecido, mesmo com Resistência à Dor. Se eu estivesse em meu corpo original, cada explosão teria me feito gritar.

Chzzz!

Os fluidos negros grudados na minha pele se dissolveram em fumaça. Em lugares onde estava realmente ruim, meus músculos já haviam derretido e meus ossos estavam expostos. No entanto, isso não era um problema. Eu era um bárbaro sombrio que havia herdado o legado de um vampiro.

Eu só precisava proteger meu coração o máximo possível. Dada a situação atual, no entanto, parecia apenas uma questão de tempo…

Crack!

Inúmeras garrafas de vidro voaram em minha direção enquanto eu transformava os clones em poeira e abria caminho. Os sacerdotes, trabalhando duro para alcançar, estavam fazendo o melhor para me cobrir de curas.

— Isso foi perigoso! Não mate muitos de uma vez!

— Behelahhh!

— Se me ouviu, responda! — alguém gritou para mim.

“Você acha que é tão fácil assim?”

Com a Gigantificação, seu nível de ameaça era proporcional ao seu tamanho, o que significava uma maior chance de atrair ataques de monstros. E para um bárbaro que já possuía um porte massivo, esse aumento era exponencial. Era o mesmo que estar em um estado perpétuo de provocação. Graças a isso, os aventureiros que me seguiam conseguiam viajar relativamente em paz — porque todos os clones estavam se agrupando em mim.

— Ei! Você não consegue me ouvir…

— Eu te ouço.

No entanto, uma vez que ajustei meu ritmo de acordo com o conselho de McGrain, Taylon e alguns dos outros guerreiros corpo a corpo que estavam bem atrás de mim explodiram alguns clones próximos.

— Sacerdote! O que os sacerdotes estão fazendo? E-Eu preciso de tratamento, rápido!

A visão deles entrando em pânico depois de derrubar apenas dois ou três clones não era nada tranquilizadora. Também não gostei do fato de as curas dos sacerdotes estarem dispersas. Acima de tudo, se eu diminuísse o meu ritmo, não conseguiria liberar meu poder passivo ao máximo.

A habilidade passiva do Orc Herói. que ativava quando a saúde do usuário ficava abaixo da metade do máximo, aumentava os atributos de defesa de todos os tipos. E de acordo com minha pesquisa…

“Quando eu chegar a menos de vinte por cento, o efeito máximo será aplicado.”

Por isso, eu queria a essência do Orc Herói em primeiro lugar. Não importa qual fosse a cor da essência, a habilidade passiva era a mesma.

— Tudo bem, vocês dois recuem — eu ordenei.

— O que? Ainda posso…

Eu não precisava de um causador de dano imitando um nobre tanque, então usei persuasão gentil para fazer os dois causadores de dano recuarem para trás. — Algo pode se aproximar por trás.

McGrain, que estava observando por trás deles, não disse nada desta vez também. Ele apenas gritou: — Faltam dez minutos. Essa parte é crítica, então vamos precisar da sua ajuda para passar por ela.

Sim, apenas me anime lá de trás.

Enquanto o aventureiro de quinto nível, Taylon Karlstein, recuava das linhas de frente, um homem de meia-idade começou a falar com ele. — Oh, você está de volta aqui agora?

— Sim, senhor.

Quando Taylon assentiu, Anton Hernesion, um mago pertencente à Equipe Sete, se animou. — Sim, o vice-comandante tomou a decisão certa. Como não sabemos o que pode aparecer atrás de nós, precisamos focar nossa atenção aqui também. Você não acha?

— Sim… é verdade. — Taylon respondeu desanimado, engolindo o sentimento amargo em sua garganta. Ele olhou para longe para evitar conversa. No fim de seu olhar estava o bárbaro.

— Behelahhh!

Inúmeros monstros se agruparam das trevas. O bárbaro gritou e empunhou sua maça, parecendo mais um monstro do que os próprios monstros.

Bam!

Taylon mordeu o lábio enquanto outra explosão ecoava: ele havia perdido a conta de quantas vezes ouvira aquele som.

Crunch!

“O vice-comandante tomou a decisão certa? Nós não sabemos o que pode aparecer atrás de nós?” Ele estava enojado consigo mesmo por ter concordado como se não soubesse o que realmente havia acontecido.

Caramba.

A verdade era simples. Nem mesmo tinha sido o vice-comandante que o mandara recuar em primeiro lugar. Fora o bárbaro, que ele considerara apenas um mero guerreiro que acontecia de ser membro do grupo de sua irmã. Um grupo que também incluía um meio-mago que nem sequer poderia ser chamado de mago, e que nem sequer havia conseguido argumentar quando mandado embora.

— Algo pode se aproximar por trás.

Quando o bárbaro proferiu essas palavras sem nem mesmo olhar para trás, Taylon não pôde responder. Não, ele não quis responder. Foi apenas um breve momento, mas ele percebeu naquele momento que isso não era algo que qualquer pessoa deveria fazer.

Bam!

Um único golpe de sua arma imediatamente trouxe uma dor terrível. Não importa o quão ágil você fosse, você não poderia evitar. E o problema era que esse fato fazia o corpo fraquejar. Mesmo em uma situação em que ele tinha que balançar sua arma sem parar, suas mãos estavam rígidas e se recusavam a se mover. Que patético.

— Ei, não seja tão duro consigo mesmo. Qualquer um poderia fazer isso se não sentisse dor.

Talvez seu rosto estivesse muito expressivo. Outro homem falou para tentar confortá-lo… Um dos dois guerreiros restantes que também haviam se retirado das linhas de frente. — Ouvi dizer que a maioria das essências com Resistência à Dor não é bem pesquisada, mas se elas tornam esse tipo de tática possível, isso precisará ser reconsiderado.

Apesar do conforto do homem, Taylon manteve a boca fechada. Ele também tinha pensado assim no começo. Engolir poções assim era possível apenas com Resistência à Dor, e em primeiro lugar, ele e aquele bárbaro tinham papéis diferentes. Como guerreiro, ele também poderia estar lutando nas linhas de frente, mas não era seu trabalho receber os golpes com o corpo e ganhar tempo. Em vez disso, ele deveria esperar uma abertura e acertar o inimigo na parte de trás do pescoço.

Bam!

Então, isso era natural. Ele não precisava sentir vergonha alguma. Sim, foi isso que ele pensou.

Mas…

— Behelahhh!

Quanto mais ele observava aquela figura enorme por trás, mais duvidava daquela convicção.

“Como ele pode não hesitar mesmo em um estado como esse?”

Partes de sua carne eram pegas nas explosões e derretidas dele como água. Os monstros que se aproximavam mordiam seus ossos expostos com seus dentes. Mas apesar de tudo isso, aquele bárbaro estava empunhando sua arma com precisão e sem hesitação, ao contrário dos próprios músculos congelados de Taylon. Ele continuava fazendo o que precisava fazer sem parar.

“Mas isso é de alguma forma algo que qualquer um pode fazer?”

É claro que não. Ele ouvira dizer que mesmo com Resistência à Dor, isso não significava que você não sentisse dor alguma. Se isso fosse verdade, ter poções, sacerdotes e a Essência de um Vampiro não o tornaria invencível.

— Dizem que ninguém pode se igualar a um bárbaro em bravura — disse Anton. — Acho que é verdade.

— É quase como se ele nem soubesse o que é a morte.

Como disse um aventureiro famoso, não havia nada no labirinto que não pudesse morrer. O mesmo valia para aquele bárbaro.

“Não há mais sentido em negar isso.”

Ironicamente, depois de admitir, seu coração se sentiu mais em paz com a ideia de fazer silenciosamente o que precisava ser feito em uma situação em que sua vida estava em jogo. Quantas pessoas nem sequer podiam fazer essa coisa simples? O que aquele bárbaro estava fazendo não era algo que qualquer um pudesse fazer. Isso ficava óbvio até mesmo pela mudança em opiniões das pessoas ao seu redor.

— A perspicácia do vice-comandante é realmente notável. Eu não esperava que aquele sujeito fizesse tão bem o trabalho dele.

— Alguém sabe qual era o nome dele? Alguém assim deve ser um pouco conhecido…

— Como foi a conversa dele com o vice-comandante mais cedo? Seria muito reconfortante se uma pessoa assim se juntasse a guilda!

Mesmo que não soubessem os detalhes da Resistência à Dor, não puderam deixar de sentir que o bárbaro havia salvado suas vidas.

— É aterrorizante pensar no que teria acontecido se aquele homem não estivesse aqui. — Alguém se virou para a irmã meio-lesada de Taylon. — Seu nome é Missha, certo? Quem é aquele homem?

— Uh, eu não sei…

Eles não receberam uma resposta adequada, mas algo sussurrado pelo mago, Anton, ao lado dele, fez Taylon pensar. — Se o herói lendário da tribo bárbara, Balkan, voltasse à vida hoje — Anton murmurou — provavelmente se pareceria com ele.

Não havia necessidade de se perguntar qual era o nome daquele bárbaro agora.

— O fim! O fim está à vista!

— Acelere!

Em breve, todos saberiam.

No momento em que saí das trevas, houve um rugido parecido com trovões.

Whooom!

No exato momento, raios vermelhos escuros dispararam do teto em direção ao centro das trevas.

Boom!

Era como assistir a um apocalipse em ação. — Essa foi por pouco — murmurou McGrain.

— Concordo.

Além das trevas, que se dissiparam como névoa, absolutamente nada permaneceu. Tudo o que restou no lugar onde a colônia de orcs costumava estar eram as ruínas de uma terra devastada. Minha cabeça, que havia esquentado durante a batalha, estava se acalmando. Se tivéssemos nos atrasado um pouco…

“Fonte das Trevas ou não, teríamos morrido na hora.”

Na verdade, era ridículo chamar isso de ‘por pouco’. Meu Poder da Alma no fim… Para simplificar, eu tinha ficado sem MP e a Gigantificação havia sido desativada. Cadáveres animados começaram a inundar como uma onda, muito provavelmente porque todos os aventureiros que partiram juntos anteriormente tinham sido aniquilados. Foi um milagre que conseguimos escapar a tempo.

Ainda assim, não acabou.

“Agora é quando realmente devemos começar a rezar.”

Verifiquei rapidamente o número de sobreviventes. Havia exatamente trinta. Isso ocorreu porque, no último minuto, muitos dos aventureiros que tinham ido junto em troca de seu equipamento haviam morrido.

“Em outras palavras, as probabilidades eram de um em trinta. Não, se eu incluir Missha, eram mais como um em quinze.”

Eram baixas, ainda não eram chances para se sentir otimista. Em vez de relaxar, examinei os outros por qualquer mudança.

— B-Bjorrrn…? — Foi então que ouvi a voz de Missha ao meu lado. Ela parecia aflita. — E-Eu não consigo mexer meu corpo por algum motivo… Nyaah! — Quando virei a cabeça para olhar para Missha, pude ver que ela havia ficado rígida.

“Puta que pariu, você está falando sério?”

McGrain soltou uma exclamação sem palavras. — Incrível. Eu não achei que isso acabaria vindo pro seu lado.

— Prrr que… prrr que todos estão me olhando assim?

Eu não tinha tempo para explicar a ela. Encarei diretamente nos olhos do irmão de Missha. — Você seria capaz de levá-la com você? — Perguntei só por precaução.

— B-Bem, é qu…

Em nome do irmão mais velho que estava tendo dificuldades para responder, McGrain colocou o pé no chão decisivamente. — Acho que isso seria difícil. Não podemos nos dar ao luxo de assumir mais fardos.

Mas perguntei novamente mesmo assim. — Você sente o mesmo? Você ainda é irmão dela, independentemente do seu relacionamento. Você vai deixá-la morrer assim?

— B-Bjorrrn… Seja lá o que for isso… está tudo bem…

“O que está tudo bem? Sua vida está em jogo aqui.”

— Então, qual é a sua resposta? — Exigi.

Taylon olhou para McGrain e então me deu uma resposta breve. — Para mim… Isso é mais importante do que a família.

“Mentira, é porque você não a considera família.”

De qualquer forma, ele era um idiota completo. — Perdi tempo precioso — murmurei. Então peguei Missha, que havia se transformado em um tronco, e a amarrei a mim com um pano. Verifiquei rapidamente o tempo. Eram 23:45. O tempo restante até o fechamento do labirinto era de cerca de quinze minutos, um período que a maioria consideraria nem muito longo nem muito curto.

No entanto, estes provavelmente seriam os quinze minutos mais longos da minha vida.