Índice de Capítulo

    Há mais ou menos doze anos no passado, o jovem Khayal, agora com seus dez anos de idade, estava lendo alguns livros e fazendo anotações no seu caderno. Do seu lado, uma garota com seus seis anos mais ou menos, o observava fazer aquelas anotações, e logo perguntando ao mesmo:

    — Irmão, pra quê serve tudo isso?!

    Concentrado na sua leitura, o rapaz sequer pensou em responder sua querida irmã mais nova. Irritada por estar sendo ignorada, a jovem começou a cutucar o rapaz, até ele se estressar e falar:

    — Que que foi,  Cecília?! Eu tô ocupado!!

    Chegando bem na hora daquela irritação toda por parte do seu filho mais velho, a mãe dos dois apaziguou a briga, entregando chá com biscoitos para eles, enquanto afirma:

    — Ei, Khayal, não seja grosso com a sua irmã!

    A garota, se pondo por baixo da asa metafórica de sua mãe, acabou fazendo um bico emburrado, enquanto fala para sua querida mãe:

    — Ele é muito mal, mãe! Eu só queria saber, para que tudo aquilo serve!

    Khayal, dando um suspiro como quem estivesse reclamando de tudo aquilo, acaba por finalmente se acalmar levemente, respondendo:

    — É simples! Eu estou estudando, para um dia ser um médico, ou alguém importante igual o papai!

    Ouvindo aquilo, a mãe do garoto se aproximou do pequeno loirinho, alisando seus cabelos e afirmando para o seu filho mais velho:

    — Então, você quer ser igual ao seu pai, é?

    Olhando sua mãe, o garoto logo deu um sorriso alegre, enquanto responde:

    — Sim, eu quero!!

    Escutando aquilo, a filha caçula da família levantou sua sobrancelha, olhando seu irmão e falando para ele:

    — Mas por que? O emprego do papai parece chato!

    Escutando aquilo, o jovem Khayal encarou sua irmã, afirmando para a mesma:

    — Retire o que disse, agora!!

    A mãe dos dois, antes que o clima ficasse ainda mais tenso, rapidamente alisou a cabeça de ambos, enquanto fala para eles:

    — Ei, ei! Ao invés de brigar, que tal se formos tomar um sorvete?

    As duas crianças rapidamente olharam para a sua matriarca, acenando que sim com suas duas cabeças levemente grandes. Ao fundo, enquanto todos concordam em tomar um sorvete, uma voz grossa afirmava para eles:

    — Sorvete? Eu tô dentro, e podem deixar que eu pago!

    Quando os três moveram suas cabeças, puderam ver quem era o dono daquelas palavras surpresas. Era o pai daquela família, um homem com seus quase um e oitenta de altura, uma barba bem desenhada e um ótimo bigode. A pele do homem era levemente bronzeada, além do seu cabelo ser preto e possuir um ótimo penteado. Aquele adulto usava óculos escuros, e se aproximou calmamente dos seus filhos, pegando ambos em seus ombros e falando:

    — Prontos para se divertirem, molecada?!

    Os dois, rindo bastante por estarem lá no alto graças aos ombros do pai deles, responderam para ele:

    — Sim, estamos, capitão!!

    Se movendo com eles no ombro, o adulto fala:

    — Eu não ouvi direito!

    — Estamos, capitão!

    A mãe daquela família, seguiu os três enquanto se divertia junto, saindo do quarto do pequeno Khayal e seguindo em direção a saída de casa. Durante o caminho, a moça fez uma pergunta para o seu marido:

    — Como foi o trabalho hoje, querido?

    Ainda com os garotos nos ombros, aquele pai de família olhou para sua querida esposa, respondendo:

    — Ah, o mesmo de sempre! Mas, começamos a notar uma infecção estranha, que está aumentando muito os casos! Outros hospitais também estão relatando isso, não sabemos se a origem é de um vírus, ou algum alimento infectado

    Ouvindo aquilo, a mulher ficou com um misto de interesse e medo, perguntando ao seu marido:

    — Querido, acha que isso pode afetar a gente?

    De forma tranquila e relaxada, enquanto saiam de casa, o médico de renome respondeu:

    — Não, pelo menos, não por enquanto! Eu estou tomando bastante cuidado, para caso seja uma doença infecciosa, eu não passar para vocês

    Enquanto andam na direção do local das sobremesas, o jovem Khayal fez uma rápida pergunta para o seu pai:

    — Papai, eu posso te ajudar com esses casos?!

    Rindo e com um sorriso alegre em seu rosto, o adulto respondeu para o seu querido filho:

    — Claro, mas só quando você crescer!

    A família finalmente chegou à sorveteria, comprando as sobremesas e começando a tomar os doces gelados. Enquanto isso acontece, eles poderiam ver uma pessoa cair dura no chão, sangrando por seus poros e boca. Percebendo aquilo, o pai do Khayal se levantou de sua mesa, enquanto fala:

    — Um infectado!

    Ao chegar perto daquele homem, o médico rasgou parte de sua camisa, revelando uma marca de nascença em formato de luta nascente, semelhante a que o Kura e o Arold também possuem. Então, criando luvas improvisadas, o médico segurou aquele doente pela cabeça, começando a examinar o seu corpo. Como suspeitado, o sangramento também afetou a carótida do doente, e para evitar uma situação mais crítica, o médico tentou controlar o sangramento por aquela região, enquanto fala para a sua esposa:

    — Chame uma ambulância!!

    Enquanto tudo isso acontecia naquele lugar, em um país vizinho ao em que aquela família vivia, um grupo de políticos estava reunido com um grupo de mercenários, falando:

    — Os casos dessa doença, também chegaram no nosso país! Não importam os preços, eu quero que vocês exterminem o povo daquela ralé!

    O grupo de mercenários, por sua vez, era o do atual rei Charlie e seus guardas mais fiéis. Tal membro da realeza estrangeira, apenas concordou com a cabeça, em um absoluto silêncio enquanto sorria.
    Naquela noite, o pai do loirinho estava dormindo no quarto de hóspedes da casa, para evitar de infectar sua mulher. Khayal estava dormindo, tranquilamente, até que barulhos estranhos começaram a emanar do lado de fora da casa:

    — Hã?

    Se perguntou o garoto, com medo, mas enfrentando seus anseios, o rapaz apenas se levantou do seu local de repouso, caminhando em direção a janela do seu quarto. Chegando lá, o jovenzinho colocou um pequeno banco próximo a janela, subindo no mesmo e conseguindo ter uma visão da rua. Aquilo que foi visto pelos seus olhos, foi de um terror sem igual. As casas e ruas estavam pegando fogo, e figuras semelhantes a biscoitos gigantes de aparência demoníaca, caçam e matam pessoas de forma brutal nas ruas. Lagartos gigantes, parecidos com dragões de Komodo, escalam paredes e atacavam as pessoas dentro de suas casas mesmo. Tornados também tomavam conta de sua visão, e vendo toda aquela visão infernal, o garoto só conseguia gritar de terror. Esse grito, entretanto, logo foi abafado pelo som da casa da porta sendo arrombada:

    “Minha família, minha irmã!”

    Pensou o garoto, correndo rapidamente até o quarto da caçula daquela família. Chegando lá, o rapaz viu a mesma, encolhida no canto do quarto, tremendo de medo enquanto pergunta:

    — Irmão, o que está acontecendo?

    Se aproximando da sua irmã mais nova, o rapaz abraça a mesma, alisando sua cabeça enquanto fala:

    — Calma, tá tudo bem! Eu tô aqui, tá?

    Enquanto tentava acalmar sua irmã mais nova, um barulho poderia ser escutado descendendo as escadas da casa, o som como se uma luta estivesse acontecendo, assim como os gritos desesperados de uma mulher. Preocupado com aquilo, o rapaz apenas levou sua irmã para dentro do armário do quarto, a colocando ali e dizendo:

    — Fique aí, tá? Eu vou voltar logo!

    A garota, em silêncio, apenas concordou com o seu irmão, se encolhendo inteira dentro do armário. O filho mais velho logo fechou e trancou o local, correndo em direção às escadas para ver a fonte daqueles gritos. Ao finalmente chegar lá, o pequeno loiro viu a pior cena que poderia ver em sua vida. Sua mãe, estava morta no chão com o torso aberto, além de estar com fogo em seu corpo e vestido, sendo cremada. Seu pai, estava com a cabeça separada do corpo, além da destruição na sala, indicando que uma luta tinha acontecido. No lado de fora da casa, um daqueles biscoitos gigantes estava jogando fogo na porta, indicando que ele era o responsável por aquilo. Em desespero, o garoto correu em direção ao quarto da sua irmã, enquanto fala:

    — Cecília, vamos embora daqui!

    Ao abrir a porta do quarto, mais uma coisa traumática poderia ser vista por aquele garoto. A visão vista por ele, era do armário do quarto da sua irmã totalmente destruído, e um lagarto gigante devorando os restos mortais da mesma. A criatura logo se virou na direção do garoto, estando com a boca inteira suja de sangue. Em lágrimas e assustado, o garotinho correu através das escadas, o mais rápido que conseguia, caindo pelos degraus e se machucando no processo. O dragão de Komodo o seguiu, andando pelas paredes e pelo teto da casa, como se fosse um monstro atrás de mais uma vítima. Khayal, ao olhar para o lado, viu uma janela por onde o fogo ainda não tinha se alastrado, correndo na direção da mesma e se jogando por ali, antes que o lagarto pudesse morder. Caindo da mesma, a criança de cabelos loiros caiu por sorte dentro de um bueiro de esgoto, se cortando e quebrando alguns ossos no processo, mas ficando vivo. Durante o resto daquela noite, o pobre garoto ficaria ali, apenas ouvindo os gritos de terror do resto da população

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