Capítulo 213: Vírus rotativo, parte 4

De joelhos no solo, Giovanni só conseguia erguer sua cabeça na direção dos céus, olhando o seu inimigo que cobria a luz solar. Akkedis estava com uma face de lagarto, um híbrido perfeito entre dragão de Komodo e humano. Com um senso de superioridade aflorado, o general Safira afirmou para o seu jovem inimigo caído

— Sabe, garoto? Eu só precisei usar essa forma uma vez na minha vida, e eu destrocei o meu inimigo, já que eu fico sempre dez vezes mais forte e rápido, assim como todos infectados pelo vírus! O diferencial…

A mão direita do homem-vírus se ergueu em direção aos céus, para logo em seguida descer no sentido vertical na direção da cabeça do garoto antimatéria. Enquanto efetuava esse ataque brutal, o homem afirmava aos gritos

— É QUE EU NÃO FICO BURRO, IGUAL ESSES VERMES!!

Giovanni viu o golpe sendo preparado, e juntando sua capacidade de reação com a antecipação marcial, o rapaz conseguiu dar um chute no solo e sair da trajetória daquele ataque. Enquanto desviava, o adolescente militar rapidamente deu um chute na direção da cabeça do inimigo lagarto, conseguindo acertar seu golpe em cheio e com uma força avassaladora, que tremeu todo o chão. Porém, algo chamou a atenção do jovem-adulto

“Esse cara… é como se ele fosse uma rocha!”

O rapaz pensou aquilo, pois seu chute com toda sua força não tinha nem mesmo feito o corpo daquele inimigo se mover ou se machucar. Akkedis, pondo um sorriso no rosto, logo começou a mover sua mão que tinha perfurado o solo, começando a rasgar aquela mistura de pedras e asfalto como se fosse um simples pudim. Com toda aquela força física incrível, o homem fez com que os próximos trezentos metros de rua fossem completamente destruídos, além de mandar o rapaz da antimatéria pelos ares. Se colocando a perseguir o rapaz, o homem-vírus afirmou

— VIU, PIRRALHO?! SEU CHUTE NÃO ME MACHUCOU, NA REALIDADE, NEM CÓCEGAS EU SENTI!

Assustado com aquele aumento repentino de poder, o Burajiano foi colidindo com várias e várias casas em sequência, derrubando todas elas como se fossem feitas de papelão. Em certo momento, o rapaz viu o seu inimigo extremamente próximo, pronto para lhe dar um soco com aquela mão cheia de escamas de lagarto. Giovanni ainda tentou emanar sua antimatéria, na tentativa de criar uma armadura protetora, mas antes de conseguir fazer isso, o punho do seu oponente acertou em cheio o seu peito, conseguindo agora quebrar suas costelas e fazer seu pulmão ser parcialmente perfurado pelas mesmas. O adolescente voou mais alguns metros, chegando a mais de quinhentos, totalizando assim um quilômetro percorrido em pouquíssimo tempo. O corpo do rapaz colidiu contra vários prédios de mais de vinte andares, derrubando todos com extrema facilidade e gerando várias vítimas por conta disso. Anestesiado pelo poder, o vilão afirmou novamente

— VIU SÓ, ESSE PODER É MUITO MAIOR QUE O SEU!!

Enquanto o oponente estava se aproximando, o jovem-adulto ficou deitado no chão, cuspindo sangue e pensando na sua vida. O rapaz ficou se lembrando de sua família, pessoas até com certo renome no meio do militarismo, e que o obrigaram a chegar naquela situação. No fundo, o garoto sempre quis ser um homem da área de tecnologia, e não necessariamente um guerreiro, chegando até mesmo a ter um rápido pensamento de desistência

“É… eu poderia me fingir de morto, e seguir a minha vida…”

Porém, enquanto pensava nisso, o rapaz logo se lembrou dos seus dois companheiros, além de se lembrar do Kura naquele momento. Ao perceber que tinham pessoas contando com ele, o rapaz se viu obrigado a se levantar do chão, mesmo que com dificuldade. A aura do rapaz emanava do seu corpo, e ele então pensava

“Eu não posso desistir agora, se eu desistir agora, meus amigos vão morrer, por culpa da minha covardia!!”

A aura do rapaz começou a aumentar, e o mesmo logo cerrou os seus punhos, começando a carregar um poderoso soco na direção do general Safira. Os punhos do homem-lagarto e do homem-antimatéria se colidiram, mas diferente do que era esperado pelo lacaio do rei Charlie, ao invés de o jovem-adulto ser completamente aniquilado pelo soco, acabou que ambos empataram em nível de força bruta. Surpreso com aquilo, Akkedis pensou

“Esse garoto ficou mais forte?! Ele… atingiu uma semi-ascenção?!”

Se aproveitando da distração do seu inimigo, Giovanni rapidamente acertou um poderoso soco de esquerda contra o rosto do homem, fazendo a cabeça do mesmo girar e ele perder forças. Assim, com a mão direita, o adolescente acertou um outro golpe, agora contra o rosto do homem-vírus, chegando a tirar sangue do nariz do mesmo. Agilmente o adolescente deu um chute de baixo para cima naquele homem, o lançando em direção aos céus por cerca de duzentos metros. Em seguida daquilo, o rapaz saltou, carregando várias esferas de antimatéria nos seus dedos, afirmando

— VOU TE FAZER EM PEDAÇOS AGORA, SEU FUDIDO!!

Quando os disparos iriam ser disparados, porém, um dragão de Komodo apareceu de repente, mordendo a mão do rapaz e inclinando a mesma para a lateral, fazendo os disparos não fossem capazes de  acertar o corpo do inimigo. Giovanni não se incomodou com aquilo, começando a manipular a trajetória daqueles projéteis, mas antes de fazê-los completar a curva, o Burajiano teve seus dedos arrancados, e não apenas isso, também sofreu o mesmo golpe do gás verde do começo da luta, sendo acertado diretamente na ferida. O impacto fez o garoto perder sua aura e seu aumento de poder, acabando por permitir sua infecção

— NO FINAL DAS CONTAS, EU ACABEI VENCENDO!!

O homem-lagarto ergueu suas mãos para cima, cerrando seus punhos e se preparando para golpear a cabeça do jovem, esperando apenas que o movimento de aproximação do garoto terminasse. Porém, antes de conseguir descer o seu punho, o corpo do vilão se imobilizou de repente, fazendo ele se questionar e procurar em volta o motivo. Ao ver no topo de um prédio ali perto, Akkedis notou a presença da moça adolescente e do Onder, que manteve seu poder ativo para aquele exato momento. O general Safira ainda pensou em emanar sua aura e se libertar do efeito do seu inimigo, mas antes de isso ser possível, o primeiro projétil de antimatéria o acertou, desintegrando a sua mão do soco

— OS TIROS DE ANTIMATÉRIA, FARÃO TUDO CEM VEZES MAIS RÁPIDOS!!

Gritou a garota, anunciando o seu plano final. À medida em que aquele adolescente da antimatéria iria se transformando, seu inimigo era varado pelos projéteis dos ‘construtors’ roxos, até que sua cabeça era vaporizada e o mesmo acabava morto. O adolescente foi acertado por alguns de seus tiros, não sofrendo nada além de impactos e caindo em estado grave no solo, onde seus amigos começaram a correr em seu socorro. Com a morte do homem-vírus, todos os infectados começaram a voltar a suas formas humanas, enquanto os que eram apenas cadáveres viraram poeira.
No local do combate entre o Arold e o Draai, o lacaio mais forte do rei ficou visivelmente surpreso e incomodado com as feridas no seu corpo, não conseguindo acreditar naquilo que estava vendo. Enfurecido, o cowboy gritou para aquele jovem

— SEU MISERÁVEL!

Erguendo suas duas mãos para próximas de sua cabeça, o homem com vestes de velho-oeste fez com que a própria gravidade começasse a girar em sentido orbital. A velocidade da rotação começou a se elevar cada vez mais, fazendo com que uma quantidade grande de energia gravitacional começasse a se acumular em um único e minúsculo ponto, fazendo dois pequenos buracos-negros surgirem ali. Com aquilo preparado, o general Safira lançou os objetos na direção do irmão mais novo do Kura, mirando a sua cabeça. Arold notou aquilo, e usou de suas explosões na sola dos pés, para conseguir superar a capacidade de atração de dois buracos negros, superando em muito a velocidade da luz naquele momento. O adolescente cortou agilmente a distância entre si e seu inimigo, lançando uma poderosa explosão na direção do mesmo. Draai conseguiu ver a aproximação, e quando a distância de ataque de exatos um metro e meio foi atingida, o adulto facilmente se desviou da explosão extremamente rápida e poderosa do garoto, criando uma distância de cinco metros entre cada um deles

— Vou te matar agora, garoto!

O homem sacou a sua pistola, revelando que deixou o ar lá dentro rotacionar por bastante tempo. Ao puxar o gatilho daquela arma, graças à incrível força cinética gerada pelo ar em rotação constante, a bala foi disparada com uma velocidade dez vezes maior que a da própria luz. Arold viu o projétil se aproximar, e quando o mesmo bateu exatamente um metro de distância até acertar sua cabeça, o adolescente finalmente decidiu reagir. De forma sublime, quando mais dez centímetros foram percorridos pelo disparo, o jovem Burajiano facilmente cortou os cinco metros de distância entre ele e o atirador. O rapaz colou sua mão direita contra o rosto do Draai, afirmando

— Olha, você me obrigou a usar quase tudo que tenho para vir até você! Stold me ensinou algumas coisas, e eu decidi ampliar uma delas contra você!

Logo, Arold lançou aquele homem para vários metros de distância, para em seguida fazer um sinal de positivo com sua mão direita, afirmando

— Vê se tu não explode de raiva agora, beleza?!

Ao descer o seu polegar contra o seu punho, os materiais explosivos que foram postos no rosto do criminoso acabaram por se ativar, gerando vários explosões que foram se espalhando pelo corpo do homem-órbita. Draai se enfureceu, gritando antes de ser completamente explodido

— SEU PIRRALHO MELEQUENTO!

Antes de qualquer atitude ofensiva, o general Safira finalmente foi explodido e morto pelo irmão mais novo do Kura. Olhando aquela cena do oponente morrendo, o Arold afirmou em um tom mais calmo

— Se serve de consolo para a alma dele… esse ferimento no meu bíceps vai deixar uma cicatriz!