Capítulo 362: Devorador de montanhas
A cena chamou a atenção de todos aqueles guerreiros, em principal do Kura e do Arold, que ouviram atentos aquela fala extremamente confiante por parte do recém liberto. O controlador de explosões, caminhando na direção daquele jovem sem camisa, começa a falar:
— Certo… está tudo bem com você?
Xìê ouviu a voz do mais novo, olhando de maneira desconfiada para o mesmo. Sua visão percorreu todos ali presentes, analisando de maneira quase que automática, os pontos fortes e fracos do físico de cada um deles. Após tal análise, o rapaz respondeu para o cabeludo:
— Sim… essa explosão jamais poderia me machucar!
A afirmação era arrogante, mas carregada de uma verdade indiscutível, que tinha acabado de ser evidenciada para todos ali.
— Bem… se me libertaram, deve ter algum motivo, não é?
Ao escutar aquilo, o primeiro som tomar iniciativa foi o Gabriel, que se aproximou com passos tranquilos daquele homem, e então afirmou para o mesmo:
— Bem, sim! Libertamos você, pois acreditamos que poderia nos ajudar a resgatar uma amiga… o governo de vocês ordenou a captura dela, e acredito que, por terem te prendido, você adoraria ser vingar!
Xìê escutou aquelas palavras, fazendo uma expressão mista, entre a arrogância e a curiosidade, dando um sorriso de canto de rosto e respondendo:
— Bem, eu adoraria me vingar dos governantes, mas… de quem estamos falando? A Li Chun?
A menção da mulher morena, fez aquele homem de cabelos loiros ficar bastante surpreso, respondendo de forma quase que imediata para o jovem:
— Você a conhece?
O jovem houer limpou tranquilamente a sua orelha, retirando um pouco de cera e soprando para longe. A pergunta do estrangeiro soou bastante redundante para aquele rapaz, que logo retrucou:
— É, conheço! Trabalhei na área de agentes secretos por alguns anos, e desde sempre existia uma operação para capturar e executar essa mulher.
A informação deixou todos surpresos, com o Jaguar prontamente perguntando:
— Executar?! Pelo quê?!
O receptáculo do tigre, de forma silenciosa enquanto escutava aquela pergunta, acaba finalmente localizando onde estava a marca de selamento de poderes que botaram em seu corpo no dia de sua captura. Uma vez com isso localizado, ele agarrou a tatuagem, puxando a mesma com força, arrancando fora o pedaço de pele que estava marcado por aquela tinta. O sangue escorreu após aquele ato, mas o adolescente nem pareceu se importar, continuando tranquilamente a conversa:
— Bem, ela é a última sobrevivente da etnia que cultuava Pungkasan… pelo menos, uma das últimas e a que mais buscou a verdade sobre o culto, após o extermínio de seu povo… desde que me conheço por gente, estão caçando ela! Nunca concordei em caçar ela, mas ordens são ordens…
Escutando aquilo, o Kura ficou visivelmente irritado com aquela colocação, achando aquilo a maior hipocrisia possível por parte daquele homem.
— Ah, como se eu fosse acreditar em você! Você matou toda uma tribo guerreira, e quer jogar essa ladainha pra cima da gente?!
Aquela colocação acabou ofendendo profundamente o Xìê, acabando por fazer o rapaz dar um rosnado para o adolescente controlador de raios, enquanto afirmava:
— Para a sua informação, eu não pedi para ter minha mente fodida, como ela é atualmente!
Aquilo deixou o Kura acuado, com o mesmo se falando momentaneamente, dando brecha para o seu irmão fazer um questionamento:
— Mente fodida? Como assim?
A pergunta indiscreta, fez o homem-tigre virar seus olhos na direção do irmão mais novo do controlador de raios, estava visivelmente irritado com o protagonista elétrico, mas deu um suspiro e começou a falar:
— Eu não nasci com esse instinto de guerra que demonstrei hoje! Ou, pelo menos, eu não deveria…
Ao dizer isso, o jovem original de Xing Ping começou a andar, seguindo até a beira de uma rocha, por onde ficou olhando o horizonte ao longe, suspirando e então continuando sua fala:
— Meu pai… nunca foi um homem tão forte, e recorreu a coisas questionáveis para conseguir ser forte…
Vinte e dois anos atrás, nas terras mais pobres de Xing Ping, um homem de pele branca sutilmente amarelada e olhos de característica asiática clara, caminhava na direção de uma pequena cabana de aparência insalubre, caindo aos pedaços. O homem em questão, era fraco, magro como se fosse um graveto, parecendo que iria se romper ao meio a qualquer momento. Antes de tal figura esquelética chegar até a cabana, uma voz estridente saiu da mesma:
— O que deseja, meu jovem?!
De dentro daquela pequena moradia improvisada, uma senhora de idade se revelou, era uma velha corcunda, com cabelos brancos que iam até a frente da sua região peitoral. O homem magro encarou a senhora, e em um tom de súplica, a respondeu:
— Por favor, eu ouvi sobre o poder da senhora de fazer contratos! Eu queria fazer um, para me tornar um guerreiro forte, o mais forte de todos!!
A velha de aparência bizarra, escutou cada palavra que saiu da boca daquele homem desesperado. A idosa sorriu, sentindo-se alegre com aquela súplica, como uma criança ouvindo sua música de ninar favorita. De maneira ardilosa, a velha acabou fazendo a sua colocação:
—Eu não posso te tornar o mais forte do mundo, pois o preço para isso seria impossível de você pagar! Mas… posso fazer sua força atual aumentar de maneira aterrorizante, como se você tivesse treinado por toda sua expectativa de vida, do útero de sua mãe até o leito de sua morte… você não irá envelhecer, e ainda poderá treinar e se fortalecer ainda mais! Porém…
Enquanto explicava como o tal contrato iria funcionar, a velha caminhou em passos largos até o homem, criando uma folha de papel mágica, com as cláusulas,vantagens e desvantagens daquele acordo, surgindo juntamente uma caneta para que tal contrato pudesse ser assinado.
— Em compensação, seu filho primogênito irá nascer naturalmente forte, e sua força vai se tornar maior independente de treinos… entretanto, a sede de sangue do mesmo será inevitável, e milhares irão sucumbir pelas mãos dele… e possivelmente, até você vai ser morto por ele!!
O homem carquetico, sem prestar muito atenção, simplesmente tomou o papel e a caneta da mão daquela velha misteriosa, assinando o contrato enquanto dava sua resposta para a mesma:
— Certo, certo! Basta que eu não tenha um filho, não é?!
No momento em que o ponto final foi dado naquele acordo, uma luz roxa brilhou através do corpo do homem, seguida por uma ventania poderosa que chegou a desfazer a cabana e derrubar várias árvores que estavam próximas. Uma nuvem de poeira se ergueu e ocultou o corpo do homem, e enquanto tal cortina de pó se desfazia, o contratante afirmava:
— Nossa… que dor de cabeça!!
Sua voz, anteriormente fraca, agora estava grossa e imponente, coisa que surpreendeu o homem. Ao fim da cortina de poeira, ele conseguiu finalmente observar a nova figura de seu corpo. Seu antebraço, mais se parecia com o de um gorila, ao invés dos gravetos que eram antes. Suas pernas, eram grossas como canos de esgoto, juntamente com seu peitoral, que parecia o para-choque de um caminhão. O homem também havia aumentado de tamanho, sendo aquele ali, o seu corpo no auge.
— KYHAHAHAHA, VEJA!! VOCÊ CUMPRIU SEU OBJETIVO, RAPAZ!!
A velha afirmava aquilo, enquanto uma fumaça negra começava a cercar e levitar o seu corpo. A gargalhada dela, começou a tomar um tom ainda mais fantasmagórica, sendo seguida por um último aviso:
— Aproveite o seu bônus, mas não se esqueça de pagar o seu ônus… caso se recuse, sucumbirá!!
Após aquele dia, uma ano se passou, o homem esqueceu das cláusulas daquele contrato e seguiu sua carreira no exército, ganhando renome, fama e bastante riqueza. Durante esse tempo, conheceu uma mulher pelo qual se apaixonou e se casou, engravidando com gêmeos. No dia do nascimento deles, o médico dizia:
— Vamos, força!! O primeiro está vindo!!
Minutos se passaram, com o filho mais velho por segundos nascendo, sendo ele Xìê, o segundo veio logo após isso, sendo ele Shítou. Segundos após ambas as crianças virem ao mundo, uma voz sussurrou no ouvido do pai das duas:
— Seu ônus… está pago!!
Após a voz dizer isso, Xìê abriu os olhos, pulando no médico e ativando seu poder, ficando com a aparência do Tigre branco mitológico, usando de suas garras para dilacerar o rosto do pobre doutor, do mesmo jeito que uma criança faz com uma folha de papel. Foi naquele momento, que o pai dos gêmeos se lembrou do contrato, e do final do aviso:
“Talvez… até mesmo você seja morto por ele!”

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