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    Quando nasci, vi demônios em pele humana à minha volta, eu os matei, mas não havia sangue em minhas mãos, eles morreram pela minha presença… afinal.

    Eu então parti, aquelas árvores tão grandes, aqueles seres tão pequenos… todos morreram. Eu vi algo além da floresta, uma cidade? Não, uma vila.

    Demônios tão delicados, aquele lugar tão solene, me chamaram “demônio”, todos morreram pela minha presença, o que sou? Eu sou?

    Um dia vi uma mulher de cabelo branco e olhos tão diferentes. Ela não me temeu, não correu, não cedeu. Seu olhar tão cativante, uma emoção quase triunfante.

    Ela me disse que tudo que “matei” se tornaria caótico em breve, aquele continente inteiro se tornaria trevas. Disse para mim que não sabia como alguém tão brilhante trazia tanta escuridão, mas me elogiou e prometeu que me ajudaria.

    Por vários meses eu segui, anos cresci, ela se chamou de mais forte, onipotente e muito ansiosa. Uma deusa, ela disse. Também disse que as caveiras nos meus olhos se assemelhavam às de uma amiga, ela disse. Mas falar é fácil, eu ainda matava tudo ao meu redor, o que isso significa?

    A mulher de cabelo branco pediu perdão e afirmou que só a presença da vida por perto não traria escuridão para mim. No outro dia, ela sumiu, sozinha fiquei num mundo sombrio.

    Após a noite passada e a luta, Night encarou o teto. “Você é tão parecido com ela… tão parecido com Kairós”, fechou seus olhos e girou na cama para abraçar seu amado. “Eu queria que seus olhos voltassem a ser tão cativantes”, pensou e beijou a testa dele.

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    — Ei, Kevyn!

    Ao abrir seus olhos, a escuridão, a mesa e o homem de olhar esmeralda. 

    — Eu… não… o que eu tô fazendo aqui? — Confuso, Kevyn franziu a testa e olhou para seu protetor.

    Reaper semicerrou seus olhos, se alongou, suspirou e perguntou:

    — Você não quer conversar? 

    — Por que eu iria querer?

    Leve coçar de cabeça, Black olhou para as flores do belo jardim e respondeu:

    — Eu tenho algumas ideias que podem te interessar…

    — Continue.

    Distante, o homem falou: — O que você acha de criar armas para vender? Agora que você tem a manipulação de metal. — Ele encarou-o.

    — Oh! O que mais?

    — E se você…

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    Breve despertar, o príncipe dos dragões se levantou de sua cama e desceu para o andar debaixo. “Quantas horas são?”, “tic-tac” majestoso relógio de coluna. Feito de madeira de cerejeira, apresentando entalhes delicados e ornamentos nas extremidades, revelando o trabalho artesanal envolvido em sua criação.

    Protegido por um vidro polido, ostentando algarismos romanos e ponteiros finamente desenhados, com detalhes dourados. Acima dele, uma pequena abertura revela parte do mecanismo interno, onde se pode ver o movimento contínuo das engrenagens “tic-tac”.

    Uma porta de vidro permite observar os pesos e o pêndulo oscilando suavemente, produzindo o clássico e reconfortante som de “tic-tac”

    “São sete da manhã… hora de trabalhar”, caminhar até o fogão e lembrar de seu protetor. Enquanto fazia comida, Kevyn desenvolveu sua mana, escondendo-a em partículas menores.

    “Como controlar a mana? Eu não tive aula sobre isso…”, pequenos seres começaram a sair pela alma do garoto. Sua falta de uso do manastral começou a dar problemas no seu controle, seus traumas começaram a atrapalhar.

    “Humbra, você não me responde…”, temperar a carne, lavar o arroz, preparar, transformar o fogo em um azul e mais forte, mas em troca seu braço amaldiçoado ser cortado. Ver aqueles cortes, aquele sangue…

    Lapso de memória.

    Cair de joelhos no chão, tremeu, toda mana que usou foi desfeita, seus olhos lacrimejaram e seus ferimentos não foram recuperados. “Merda, merda! Arh!”, aos poucos, ele se levantou e viu o fogo voltar a ser laranja.

    — Eu não consigo…

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    Sentado no chão, ele esperou até que pudesse desligar o fogo, mas pensou: “Eu não tinha você… eu posso usá-la?”, levou sua mão à frente e, indo contra seu próprio bloqueio, criou uma espada totalmente feita de ferro, que caiu sobre o chão.

    Seus entalhes, linda, uma arma quase divina, mas fraca pela impotência do seu criador. Kevyn se levantou e, com sua chamada, a espada veio até sua mão. “Encarregado és, poderes que minha mente não bloqueou, não me lembra de ninguém, não me recorda da minha maldição”. 

    O garoto caminhou até o fogão e enfim desligou o fogo. “Novo trabalho”.

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    Ao abrir seus olhos no quarto tão frio, sentiu imediatamente o vazio ao seu lado. Estendeu a mão, mas ele já havia acordado. Night, ainda cansada, se levantou da cama. No entanto, pelo seu cansaço, caiu da cama.

    Rápido levantar, ela franziu sua testa e foi até o banheiro. Quando se viu no espelho, completamente descabelada estava, mas com sua visão ainda um pouco embaçada, ela lavou seu rosto e, sem se importar muito, desceu para o andar debaixo.

    Nada, ninguém. O cheiro tão agradável da comida chamou-a, mas a falta de Kevyn presente a incomodou. No armário, ela pegou seu prato, no fogão arrumou seu almoço e na mesa almoçou…

    “Isso tá tão bom… mas ainda tá faltando ele aqui”, tanta saudade o demônio sentiu, mas de repente ela sentiu a alma de seu parceiro. Leves batidas, ele estava na forja?

    Ela largou a sua colher, se levantou e caminhou em direção à sauna. Quando ela tocou a maçaneta, por algum motivo, sua respiração se tornou densa, sua mão começou a ficar quente, mas quando abriu a porta, lá estava seu amado.

    De costas para ela, Kevyn permanecia imóvel, mas o que se via atrás dele era digno de reverência. Um verdadeiro santuário de guerra. Centenas de armas flutuavam ordenadamente ao seu redor, formando um arco ameaçador e belo ao mesmo tempo. Cada uma era única, com formas e tamanhos variados: Claymores enormes, Katanas perfeitas, machados de uma a duas lâminas, foices curvas e belas… todas forjadas por suas próprias mãos, moldadas com precisão quase sobrenatural, não só por sua habilidade de manipulação, mas como seus dias trabalhados com Daniel.

    Forjar era doloroso. Mas havia algo nelas que chamava mais atenção do que o brilho das lâminas ou a variedade dos estilos. Nenhuma empunhadura era feita de ferro ou aço. Cada guarda-mão e cabo era esculpido artesanalmente pelo próprio. Cada peça carregava detalhes entalhados, como se o príncipe tivesse deixado parte de sua alma em cada criação.

    Assustada, Night arregalou seus olhos e, surpresa, levou a mão até o peito e disse:

    — Você está lindo… 

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