Capítulo 2 — Minha dupla é assustadora!
— Você venceu! — gritou Kley.
Um olhar frio e impetuoso veio de Purryn, ela estava com sua arma parada ao lado do pescoço do seu oponente e ele, bem debaixo dela.
Vê-lo de cima a deixou feliz e, com um sorriso, ela disse:
— Nunca pensei que alguém resistiria aos meus ataques, o que é você, hein?
— Eu sou um vampiro, não vê?! — O menino fez um binóculo com as mãos e encarou-a.
— Oh! É mesmo? Tudo bem. — Ela se levantou, deu um passo atrás e esticou sua mão enquanto continuava sua fala: — Você é a minha dupla a partir de agora, venha, Kley Greimor. — Sorriu.
Kley aceitou a mão dela e se levantou. Admirada, a professora ajeitou seus óculos. Ela então levou toda a turma para a sala e, antes de começar a aula, olhou para a garota e perguntou:
— Etubezaab, você é da família Shogun, não é? Soube que seu pai até ganhou um prêmio, parece ser um bom manipulador de eletricidade.
— Apenas um eletricista sendo um eletricista, sinceramente — respondeu Suedrom.
— Você também deve ter a mana que nem a dele, assim, eu imagino. — A velha professora se virou para o quadro e então começou a anotar a matéria de um pequeno caderno em sua mesa.
Quieto, Kley pegou uma caderneta debaixo de sua carteira e olhou para sua parceira por um momento. Purryn percebeu a olhada e, de uma maleta, retirou seu material.
Aquilo era estranhamente legal para o garoto.
— Ei, Kley, você não parece ter muitos materiais, quer que eu te empreste um lápis? — sussurrou a dupla de menino.
— Claro que eu tenho, só guardo minhas coisas na escuridão — respondeu e tirou seu estojo, também alí debaixo.
— Isso é… bem difícil, você é um monstro, sabia? Nem meu pai consegue… sei lá… criar portais?
— Não, não… a verdade é que eu guardo na minha alma, como mana, mas a escuridão serve de ponte entre minha alma e o mundo de fora.
Surpresa, Suedrom arregalou levemente os olhos e voltou a copiar enquanto pensava: “Escuridão… escuridão… eu ainda preciso despertar minha mana, será que ele pode me ajudar?”, após um leve coçar de cabeça, a garota suspirou.
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Dada a hora do recreio, Kley ficou na sala para comer… não sozinho dessa vez. Lá estava Purryn, com seu pudim numa embalagem plástica.
Sentada ao lado de seu parceiro, ela tirou uma colher de sua mochila e abriu sua guloseima.
Curioso, o garoto olhou para seu cookie e sentiu um pouco de inveja. De repente, Suedrom veio com sua colher em direção ao vampiro e lhe ofereceu.
— Vamos, coma um pouco. — Ela sorriu.
Surpreso, Kley olhou para o lindo cabelo branco e os olhos dela e corou, ao mesmo tempo que aceitava o pudim e o comia.
Beijo indireto?
Naquele mesmo momento, sem ao menos lavar a colher, a garota pegou outro pedaço de sua guloseima e comeu sem ao menos hesitar.
Ainda mais surpreso, ele virou para seus cookies e lacrimejou. “Estou sendo alvejado”.
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Assim, a escola passou e, na hora da saída, Kley correu na frente e não esperou pela garota, mas ela não iria deixar ele ir sem se despedir. Suedrom correu atrás do menino e, ao longo do caminho, ele parou, olhou para seu relógio de bolso e, sobre a sombra de seu guarda-chuva…
“Aquele cara?”, Purryn pôde ver um homem descer do céu e então fazer uma pose com seus punhos na cintura bem em meio a uma encruzilhada de asfalto e, assim, ele gritou:
— Bom dia, cidade linda da qual eu cuido!!! Estou aqui para falar-lhes que em mais um dia belo! Estou aqui! Não só para protegê-los, mas para dá-los um belo dia!!!!
O guarda-chuva negro do seu parceiro, o herói… como alguém vindo da escuridão consegue enxergar a luz em um ser tão podre? “Kley… você correu para ver isso? Tão inocente!”, Purryn se aproximou e abraçou-o pelas costas.
— Te achei! Achou que iria se esconder de mim?!
— Ah! Eu só… por que me seguiu?
A garota soltou-o e ficou na sombra de seu protetor. — Eu segui porque queria te chamar para vir até minha casa, a professora falou para a gente escolher nosso uniforme de dupla, esqueceu?
— Sim…
— Tudo bem, mas vamos pra sua primeiro então!
— Tudo bem… — Kley seguiu na frente.
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No beco, o garoto abriu a porta de casa e, ao passarem pelo pequeno corredor, o menino e a garota chegaram à sala, onde a mãe de Kley estava deitada sobre o sofá.
Ela então olhou para seu filho, olhou para Purryn e se sentou sobre o sofá.
— Eu não sabia que traria visita, eu fiz comida só para nós dois. Ah… bem, podem comer, eu não estou com muita fome — disse a mulher.
— Eu não avisei, desculpa… — O garoto abaixou a cabeça, fechou seu guarda-chuva e o pendurou.
— Não! Eu quem insisti! Eu que peço desculpas! — Suedrom levemente se curvou.
A mãe do menino olhou para a jovem com serenidade e apenas perguntou: — Essa é sua dupla, Kley?
— Sim. — Ele olhou-a nos olhos. — Depois do almoço, eu posso ir na casa dela?
— Hm… tudo bem, só peça para ela não ficar se curvando assim.
Suedrom voltou a sua postura normal e olhou para seu parceiro.
O garoto caminhou em direção à cozinha e fez sinal para ela segui-lo.
Indo atrás dele, a garota olhou para todos os cantos, viu o fogão de lenha, o armário branco de ferro, aquilo era bem… pobre.
Kley abriu a prateleira e tirou dois pratos de vidro, um vinho e outro azul. Ele deu o azul para Purryn e caminhou para o fogão.
Três panelas para o almoço e a janta. Um pouco de arroz, seis pequenas coxinhas de frango e feijão.
— Pode arrumar sua comida — disse o garoto.
Um pouco incômoda, a garota olhou meio triste para ele e apenas começou a arrumar, mas ao invés de pegar três pedaços de carne, ela pegou apenas dois.
Kley percebeu e então disse:
— Obrigado por entender. — Ele sorriu.

— Não agradeça por algo tão óbvio.
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O vampiro se trocou no banheiro acoplado à cozinha e, durante o almoço com ele, Suedrom olhou para sua mãe e a encarou.
Após alguns segundos, a mulher percebeu e disse ainda com seus olhos fechados:
— Belos olhos, mocinha.
Surpresa, a menina mordeu seu frango e virou a cara.
— Purryn, você já despertou sua mana? Minha mãe é ótima nisso! — disse o garoto.
— Ah! Não! Mas… tem certeza? Sua mãe deve trabalhar com isso, não?
A mulher se intrometeu: — Sim, está certa… mas não se preocupe, como é amiga do meu filho, vou fazer de graça para você. Venha. — A mãe de Kley se levantou e caminhou para a cozinha enquanto acenava.
Purryn levantou-se e a seguiu. — Ei, qual é o seu nome, senhora?
— Tulppaani Greimor, pequena.
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Após almoçarem, Kley e Purryn se despediram da mãe do garoto e foram em direção à casa da garota. Entretanto, no momento em que saíram do beco, os mesmos bullying’s de ontem estavam esperando pelo vampiro, mas dezenas deles.
Suedrom, ainda de uniforme escolar, pensou que seria ruim para a escola, mas de repente um sobretudo negro a cobriu e, de seu parceiro, um sorriso.
— Ei! Soube que bateu no meu irmão mais novo, vampiroca!
Ao centro dos valentões, um garoto um pouco mais velho que todos, praticamente um homem. Com um tapa olho e cabelo espetado, ele botou seu bastão de beisebol no ombro e gritou:
— Não é só porque trouxe uma garota que não vamos te bater, ouviu?! Rapazes, matem o garoto e tragam-na garota!
Kley deu um passo à frente e arregaçou as mangas de sua blusa social, da escuridão, um pedaço de madeira em formato de espada.
— Ei, Sue, deixe isso comigo. — Ele deu um passo à frente e continuou — seu maluco! Bati no seu irmão, porra nenhuma! Escuta só! Você veio até mim para fazer algo que não fiz, não é?! Eu vou bater tanto em você, que você vai se arrepender de ter lutado comigo!!!!!
De repente, das sombras dos membros da gangue, tentáculos pegaram os pés de 30 dos adolescentes e os rapidamente bateram um contra o outro, forte o suficiente para nocautear todos com extrema facilidade.
Assim, não existiu guerra. Kley deu outro passo à frente e então perguntou:
— Agora sou só eu e você.
— Ahm?! Como fez isso?! Maldito usuário do manastral, tudo bem, vamos lá!
O valentão ajustou sua pegada e então avançou com tudo em uma velocidade extrema. Tão rápido, o garoto ficou sem tempo de reagir. Momento de incapacidade. Quando Kley achou que não poderia sequer defender… “Tac”, o tempo desacelerou, um momento se instaurou, Suedrom a luz usou.
“Tic”, despertar do poder, algo que só um gênio saberia usar. Num momento, estava correndo.
“Tac”, no outro, empurrou seu parceiro.
“Tic”, assim, de sua palma, uma explosão azul como a neve veio e o tempo retornou. Antes de poder reagir, em chamas azuis cianos, o adolescente queimou.
Três segundos se passaram e, num estalar de dedos, o fogo cessou. Sem compreender, Purryn suspirou, sorriu e olhou para seu parceiro.
— Vamos para minha casa?
Assustado, o garoto deu um passo atrás ao ver o desacordado valentão em sua frente chamuscado, e respondeu: — A-ah… vamos…
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