Capítulo 96 — Mostrar do desespero.
Ainda ajoelhado, Kevyn segurou as cinzas de Kelly em sua mão, aquele potinho ósseo, algo pequeno que não a traria de volta.
Night veio até seu lado e o abraçou, tentando confortar o impossível. Ao longe, pelos destroços, o cachecol de grande homem voou, sua face séria enquanto as rajadas faziam um braço metálico ser revelado.
De cabelos loiros e olhar cinza, o terceiro lorde nolysse mais forte e o mais velho de Kley, Gabriel Greimor. Ele então parou na frente de seu irmão mais novo, ao mesmo tempo que seu cachecol voltava a cobrir o membro robótico e terremotos aconteciam simultaneamente.
— Levante — disse o homem.
Em volta, Aradam e Améli voltaram seus olhares para o homem.
— Quem é você? — Desolado, o príncipe manteve sua cabeça baixa durante a pergunta.
— Sou seu irmão mais velho, Gabriel.
Kevyn ergueu sua cabeça devagar e encarou-o com um olhar choroso. — O que você quer? Como assim, irmão mais velho?
— Nosso pai é um velhote, óbvio que teria mais filhos. Enfim, levante, eu sei quem é o culpado disso tudo, se me ajudar, eu revelo essa informação. — Gabriel ergueu sua mão para que seu irmão pudesse se levantar.
Os olhos do garoto se encheram de ódio por um momento e ele então aceitou a ajuda de seu irmão mais velho. — Não sei o que você quer, mas farei o possível.
O homem de cabelos loiros apertou a mão dele como um comprimento e seguiu em frente enquanto gritava: — Aradam, Améli, vamos!
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A noite fica muito mais escura quando Kley está por lá, no meio da floresta, decadência veio reinar. Pupilas dilatadas, corte, por corte, por corte, na lâmina de Astéria, o sangue do vampiro, na arma do vampiro, nada conseguiu tocar, aberturas não existiam, cada ataque mais pesado, a rainha não sabia brincar.
“Você começou a fraquejar?”, num momento de abertura, a mulher tão ofegante, um ataque tão triunfante veio em sua direção. Entretanto, sua arrogância misturada com dependência de um poder que seria sua própria ruína.
Assim como a sua mãe.
Kley veio com um ataque, uma estocada para ser exato, esse que a barreira atravessaria. Mas como? A energia não oscilou, a mulher não estava fraca, como veio atravessar?
A resposta é muito simples, na lâmina da espada, essa que fora trocada, existia um fator, essa arma tão coordenada distorcia a energia de tudo que toca.
Barreira atravessada, em linha reta e horizontal, deslizou pela carne, o sangue escorreu, do seu umbigo até a cintura, Astéria teve seu corpo partido.
Surpresa, a imperatriz usou seu azul para puxar Kley para longe e usou de sua manipulação de sangue para estancar o sangramento. Ela pôs a mão sobre o ferimento e então se ajoelhou. “Eu vou precisar usar aquilo”, pensou ela.
— Srta. Astéria, se recupere e deixe que eu lute com ele.
De repente, Daniel apareceu na frente de sua rainha e estalou seus dedos, mas algo percebeu… ele não conseguiu curá-la. “Quer dizer que aquela lâmina bane qualquer tipo de cura? Muito esperto, Kley”, deu um passo à frente.
— Tome cuidado, Daniel! Não sabemos o que mais ele tem na manga.
— Calada, deixe seu guardião cumprir seu dever. — O terno do homem se transformou em uma manta negra e, neutro, ele chamou sua espada até sua mão e num piscar de olhos, o elfo e o vampiro já colidiam suas armas.
O ferreiro de cima para baixo, o monarca de baixo para cima, o impacto tremeu o chão por inteiro. Imensamente rápido, Daniel somente precisou de um chute para arrastar a cara do seu inimigo contra o chão.
Diferença imensa.
Já de pé, Kley sorriu e levou outro chute com potência máxima. Jogado contra milhares de árvores, o homem levou outro chute rápido, fazendo-o voltar para a planície, caído no chão.
Recuperação instantânea.
— Ah~ — Kley suspirou. — Muito legal, senhor guardião, mas vai precisar mais do que isso para me matar!
— Você deveria saber quando calar a boca.
Fração de milésimo, impossível de se evitar, inumano. Uma estocada bem no coração do vampiro, o primeiro corte da lâmina do ferreiro poderia ser o último se…
— Seu idiota… eu não tenho coração! — gritou Kley que, com toda sua raiva, agarrou o guardião pelas sombras e enfiou seus dedos nos olhos dele. — Seus truques de anti-regen são eficazes, mas ferir sua alma é ainda mais eficiente, seu merda!!!!!
Com sua outra mão, o homem deu um soco direto na face do elfo, jogando-o para trás, agora cego. Entretanto, mais devagar, ele se levantou e gritou:
— Arh! Não importa se minha alma ferir, se for necessário, vou roubar a sua para me curar!!!
— Cansei de você! Vamos acabar com isso…
Kley ergueu a mão até seu peito perfurado, Daniel pareceu mais jovem, seus músculos começaram a se contrariar e…

… ao mesmo tempo, os dois disseram:
— Restrição!!!
— Berserk!! — gritou o elfo.
— Cinco anos de vida por cinco segundos de poder. — disse o vampiro de maneira inerente.
As rajadas de vento se tornam inexistentes e, agora, tudo se tornou escuridão. O voar do cabelo revelou, então, o olho escondido pelo cabelo do homem de terno quase inteiro destruído, um verde e pulsante capaz de ver não só a alma, mas a energia, feito de energia.
O silêncio e a movimentação, de maneira coordenada, das espadas dos dois se chocaram em uma imensidão de poder.
Catalisar
Naquele mesmo nanosegundo, outro ataque, tamanho choque de suas armas, no momento em que se passou um segundo, trilhões de cortes foram feitos.
Entretanto, apático, Kley ao menos pareceu se divertir com aquilo. Parado, o homem encarou o guardião que, ofegante, ouviu as vibrações do som sendo explodidas e, mesmo cego, se preparou para qualquer ataque.
— Daniel! Aguente firme, dragão com sardas!
Em branco, a mente do elfo ficou. “Essa voz… ela não é de Astéria! É você?!”, mesmo sem olhos, o sangue na face de Daniel formou lágrimas, essas que não eram de tristeza, afinal, esse era seu réquiem, protegendo a única pessoa que tentou amar.
Quase que instintivamente, ele sentiu um ataque vindo em sua direção e, assim, desviou-o com sua lâmina.
Surpreso, o vampiro sorriu e tentou mais uma vez.
Redirecionando.
Ataques tão brutais que partiriam planetas ao meio, sendo rotacionados com facilidade e maestria. Mesmo limitado, Daniel ouviu, sentiu e, ainda mais lento do que o normal, previu cortes brutais e os mudou de direção.
— Hohohoho!! Já se adaptou?! É isso o que eu esperava do ex-lorde nolysses MAIS FORTE!!!!
— Não importa!!
Faíscas quase infinitas pelo ar, três segundos se passaram desde então e quatrilhões de ataques foram feitos.
Direção alterada, elfo dragão em ascensão.
Aos poucos, uma luz, na mente de Daniel, uma abertura, corte calculado e efetuado logo em sequência. Kley quase decapitado, teria seu olho perfurado e metade de seu rosto destroçado.
— Parabéns, Daniel, você merece o título de elfo mais forte.
Foi uma tentativa falha, quebrada… na frente do vampiro, com um olhar empático, ele viu o corpo do guardião inteiramente destruído pela escuridão.
Uma leve página flutuou pelo ar, linda, voou sem destino.
Ao longe, Astéria de pé, viu um grande amigo morto ao chão. “Decapitado”, ela pensou e caminhou em direção a Kley após se completarem seis segundos.
— Como se sente, Asterisco? — O homem fez contato visual com ela e então se regenerou após pisar e quebrar a espada do ferreiro.

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