“No começo sempre é caos, não a nada, de qualquer forma é desse nada que vem o tudo, tanto faz, tudo que você procura já está aí, encontre seu próprio caminho de explicar o universo, como ele é, viva uma aventura.”

    As últimas palavras de uma pessoa não compreendida, para aquele que poderia o compreender, mas não naquele momento, ainda era imaturo, só que a semente foi plantada, o desejo de se aventurar para explicar o universo, e quem sabe um dia entender o que foi lhe dito, um dia encontrar aquele alguém, que da a ele um propósito, que o mesmo escolhe, ir para onde quiser. Apesar de sempre ouvir a mesma lição.

    “O império deve se expandir de acordo com a linha do horizonte, quando chegarmos lá, outra linha estará formada, e é para lá onde deveremos ir’’

    O império de Yu se expandiu até o máximo onde poderia ir, e a cidade de Mu, é o ponto de retorno de seu povo. Onde diferente do resto do império e do mundo, é proibido que haja novos aventureiros há mais de 20 anos. No entanto, está história está prestes a mudar, junto a de um garoto atrás de uma pedra, com seis listras em sequência, ele começa a falar.

    — A dentro de uma montanha, começa a surgir um ser sobrenatural, que nasce ao contato com os elementos da natureza, moldado assim como os homens normais, só que com imenso poder, os seus olhos brilham e emite raios assim como o sol, que até mesmo os seres celestes ficam impressionados! — diz o garoto enquanto salta, saindo de trás da pedra. — E de repente, ele é intrigado pelo que o mundo tem a oferecer!

    O garoto com pele de bronze, baixinho e rechonchudo, vestido com uma simples camisa branca, e um shorts pretos, com sapatos azuis, de rosto achatado, orelhas grandes, cabelos marrons de espessura irregular finos ao redor da cabeça ficando mais arrepiados ao centro de sua cabeça para cima, mas no centro da testa uma mecha forma uma espiral. Abre um grande sorriso enquanto conta sua história épica de ação e aventura. 

    Sua amiga, não fica muito entusiasmada, apesar de seus esforços. A garota usa saia azul, que vão até o joelhos e tênis, camisa branca com botões, de pele clara, olhos castanhos redondos e grandes, seu nariz é fino e empinado para frente, boca pequena, seus cabelos pretos são lisos, é curto incomum para as meninas do local, sua franja é separada por duas mechas. O garoto ao ver a expressão da garota, já se sente frustrado, ao ver que ela se sentia emburrada.

    — É esse tipo de besteiras que você acha que falo, Hiro!? Brincar de faz de conta? — pergunta a menina que se sente insultada.

    — Eu sei que a pedra não é uma montanha, Saikyo, mas atrás da sombra dela ela parece muito maior, devia tentar usar um pouco da imaginação, ir para outro mundo — diz subindo em cima da pedra e olhando para sua amiga, tentando a convencer de brincar com ele, ele olha para o horizonte vislumbrando-o.

    — O mundo já é grande demais para eu ficar inventando coisas por aí, legal mesmo é explorar o mundo, e não apenas brincar de imaginar um horizonte — a garota diz se afastando de seu amigo, virando as costas para ele decepcionada.

    — Por que falar do horizonte se só podemos ver ele?

    — Sabe, eu fiquei sabendo que . . . — deixa no ar o resto de sua frase, e vira-se novamente olhando para seu amigo, falando de forma sútil escondendo seu entusiasmo, mas deixando no ar que tem a resposta.

    Isto é o suficiente para Hiro ficar convencido por Saikyo mesmo antes dela explicar, saltando da pedra se deixando ser guiado sem questionar, empolgado em viver algo possível apenas nos seus sonhos. Os dois se unem correndo pelas ruas da cidade de Mu, passando pelas barracas de mercantes que durante o dia faziam seu comércio no local, irritando a feira local, o garoto tenta sair o mais rápido possível tentando evitar ter que se explicar e a garota fica quieta ignorando a situação apenas tentando chegar o mais rápido ao seu destino, enquanto ouvem insultos. Eles caminham por longas distâncias, o local que se direcionaram é a dois bairros do que estavam, uma caminhada normal demoraria 15 minutos, mas os dois chegam na metade do tempo. Com aquele ânimo poderiam rodar a cidade inteira e continuarem dispostos. 

    A chegada no local, é acompanhada por decepção por parte de Hiro, ao ver que se trata da escola a qual ele frequenta diariamente, não havia ninguém aos arredores, a frente delas, e nem porteiro a frente da porta, apesar desta estar sem fechadura, apesar do edifício ser enorme, a entrada pela qual eles escolheram entrar é a menor do local. Entrando pela entrada principal, dava para ver através dos muros os pavilhões da escola, e os dois prédios pintados em laranja. Saikyo se coloca a frente direcionando suas mãos à porta , mas fica com medo de abrir, e de repente Hiro está em sua frente, já checando se a porta está aberta ou fechada e logo passa por ela sem se preocupar.  


    Após entrarem se depararam com o local com jovens da idade dele e outros mais velhos dispersos, alguns sozinhos, outros em grupos. Os dois se sentem perdidos, pois não vem alunos, ao lado da porta que eles atravessaram, a alguém que não era o porteiro, mas está em seu papel os recepcionar. O homem é alto, grande para os garotos, tendo o dobro de seu tamanho, quase dois metros de altura, parecia ter altura deles mesmo sentado, grande, e acima do peso, usa um macacão marrom militar e botas pretas grandes e grossas, um uniforme padrão, há escrito em seu macacão “patrulheiros de resgate’’, ao qual Hiro e Saikyo se aproximam interessados, e logo o homem sentado ali prende sua atenção neles.

    — A inscrição para menores fica no segundo pavilhão, fora dos edifícios, para fazer as aulas vocês precisam de seus pais para assinar os termos de autorização, caso tenham chegado aqui por engano peço para que voltem atrás — diz o homem sentado relaxado em uma cadeira atrás de uma mesa, que a em cima pastas e canetas, no seu crachá seu sobrenome, Godoi.

    — É, foi mau . . . —  diz o garoto, que rapidamente se desanima, convencido que acabou.

    — Sabemos exatamente do que se trata, vocês estão treinando jovens exploradores por aqui, não é? — diz Saikyo que não recua, e vai direto ao ponto.

    A postura de ambos contrasta, a certeza de Saikyo, faz com que o senhor realce seus olhos aos garotos.

    — Apenas inscrições, os professores estão fazendo breves análises para escolher seus alunos, os seletivos, mas não precisam se preocupar em se demonstrar, os treinamentos estão abertos a todos, e haverá oportunidade independente da capacidade.

    — Dão uma chance dessas para qualquer um? — Hiro pergunta impressionado, que então arregala os olhos.

    — Sim, quem não quiser, pede pra sair.

    — Finalmente as aventuras que tanto sonhei! — proclama o garoto entusiasmado com a proposta.

    — Hahahaha garotos como você eu vi a 20 anos atrás, antes das proibições, você não sabe para que isso serve. Não é uma profissão, sugiram que saiam daqui e não voltem aqui! De qualquer forma, como todos tem até o dia primeiro do mês que vem — O senhor fala de forma arrogante acariciando sua própria barba, em uma forma de provocar as crianças.

    — Espere, agente é capaz, por isso vamos permanecer! — Saikyo protesta, se mostrando interessada em se provar.

    — Eu vou embora, temos até dia primeiro, aqui só deve ter um bando de puxa sacos! — já o garoto responde irritado ao ser provocado, e emburrado se vira passando pela porta.

    Saikyo corre atrás dele para não ser deixada para trás.

    — Esperem, o que vocês querem é sair daqui, ver como as coisas são fora do mundo pacato não é? Viver uma aventura, olha eu não contei pra vocês mais sou das forças de expedição do campo, amanhã cedo, ao nascer do sol, um grupo de privilegiados ordenados por mim, vão rondar a região norte florestal, vocês podem vir para observar! Só estejam aqui ao amanhecer! — o senhor discursa para eles, e abre um sorriso empolgado com os dois, enquanto argumenta para eles.

    — Sério? E é preciso do que para poder ir!? — Hiro pergunta que se empolga novamente, esquecendo do que acontecerá agora a pouco.

    — Deem este termo para seus responsáveis assinarem! — ordena-os, pegando bilhetes em sua mesa e entrega dois para eles.

    — Claro! —  dizem Hiro e Saikyo juntamente agarrando o bilhete.

    E assim partem. O tempo se passa após esta proposta estranha e indevida, mas ambas as crianças sequer se preocupam, a inocência os faz evitar pensar no pior, sobretudo o pensamento desejoso os faz ficar tranquilos. Ambos separadamente seguem para seus abrigos. O garoto chega mais tarde que o habitual, algo que estranha o seu pai, mas nada que gere incômodo na casa.

    Hiro Mori, filho de Quial Mori seu pai e Gao Mori a sua mãe, que moram sobre o andar de cima de uma casa de dois andares, simples para os padrões da cidade, apesar de serem da classe média, mesmo eles escondendo uma origem nobre. Quando ele chega seu pai está na sala com um livro na mão, sobre engenharia de design industrial, enquanto na mesa de cabeceira o acompanha uma xícara de café quente, ele e Hiro são visualmente parecidos, a mesma cor de pele, o cabelo, só que ele é alto e magro, de rosto fino e nariz também, diferente de filho que é rechonchudo e com nariz achatado, os olhos são os mesmos em forma, grandes, mais com pálpebras que podem ficar muito abertas parecendo que os olhos são enormes, ou fechadas dando a impressão que são pequenos, isso altera de acordo com o humor e pensamento deles, e quando os olhos de seu pai parecem pequenos como se centralizasse nele como um microscópio, Hiro percebeu que ele não deixou sua presença passar despercebida.

    — Filho! Onde estava? —  pergunta o pai preocupado.

    — Eu? Na escola! —  diz o garoto que disfarça, apesar de não mentir.

    — Mas hoje não tem aula, filho! — questiona, assim então abaixando o livro olhando para ele, abrindo um pouco os olhos, olhando de forma desconfiada.

    — É pai, pode assinar esse termo aqui por favor! — pedindo ao seu pai, ele entrega o bilhete. — Precisa ler não, é só para uma oficina.

    — Bom que está estudando — diz o pai enquanto reconhece o esforço do filho, e alegra-se, depois coloca o bilhete na mesa, junto do livro e se levanta. — Mais tarde te entrego, estou sem uma caneta agora, vai comer alguma coisa garota, eu vou para o quarto, de manhã, eu assino, vou dormir — Vai caminhando até a saída da sala.

    — E cadê a mamãe?

    — Chegou tarde, bom saber que está se interessando por estudos, mas não esqueça de avisar a nós, tudo bem?

    — Sim pai, eu só, me empolguei, é que . . . é pessoal — responde Hiro, se esquivando do assunto.

    — É eu sei, todos temos sonhos nessa idade, só não esqueça de manter o pé no chão — aconselha o garoto.

    — Como assim?

    — Não fugir da realidade, às vezes — aconselha o seu filho, enquanto se vira olhando para ele — Temos que separar o sonho do que é possível, dentro da nossa realidade, talvez, isso que queira seja ilusão, vai te levar a nada, estude para arrumar um bom emprego e sustentar sua família, não para se realizar, aventura não é certeza, esforço sim, sem surpresas, tchau filho, eu te amo! —  Ele sai do local, deixando suas palavras para reflexão.

    Hiro parte para seu quarto, espaçoso, grande mas não tanto para ele, sendo filho único, ele teria atenção exclusiva de seus pais. Apesar de ser um, a uma cama de casal grande, a qual ele deita, velha, era do seus pais, está com lençol branco, um cobertor vermelho que o cobre, organizada, assim como sua escrivaninha que fica ao lado esquerdo da porta de entrada e da varanda, os papeis organizados em cima dela, junto dos materiais que usa e tudo dentro das gavetas,  no seu armário que fica ao canto inferior esquerdo do quarto, aberto fechado com as roupas, e ao lado direito da porta de entrada uma estante de livros com todos perfeitamente alinhados, o garoto apesar de andar de maneira desleixada, no seu quarto, é organizado. 

    Deitado na cama, ele pena para dormir mesmo na escuridão. Após algum tempo sem conseguir dormir, se levantando vai até a varanda, observando dela a cidade, de casas baixas de até dois a três andares, com telhados redondos e base quadrada em grande maioria, poucos arranha céus, um se destaca ao centro de longe, uma torre com uma silhueta majestosa, a torre do general celeste, mais atrás dela a mais casas, até que há áreas sem construção, o verde, a mata, depois disso o céu, e além disso a linha do horizonte, em escuro.

    Até que da pequena fresta que Hiro observa, um raio de luz forte parte sobre seus olhos, os fazendo arder com o brilho repentino forte, ele coloca a palma da mão sobre os olhos, mais não deixa de o olhar, e ele percebe, que lá vinha o sol.

    Já era quase de manhã, ele ouve passos fora de seu quarto, pensa “Droga eu devia ter dormido, mais eu realmente não consigo parar de pensar, que eu estou próximo de algo que desejo’’, e então ele vai voltando, sai do seu quarto para checar os passos. Ele caminha até a sala e na mesa de cabeceira da sala, ele vê o seu bilhete assinado pelo seu pai, e pega. Ouve uma voz alta, vinda da cozinha, fina e um pouco estridente, mais que o aconchega.

    — Olha quem acordou mais cedo hoje, o café já está pronto, mas a farinha de milho ainda está secando, vai demorar um pouco, sente com a gente!

    — Bom dia mãe! — exclama se exaltando, e com um sorriso, correndo até a cozinha, esquecendo por um momento o que lhe tirou o sono.

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