Capítulo 13: Testando, em ordem, testando
Durante aquele momento de introspecção no meio da praça, com a dupla sem saber o que fazer, Li Han os dá a resposta, mas antes questionamento.
— O que estão esperando? Podem se alongar o corpo.
Os dois apenas obedecem, começam a alongar o corpo, esticando os braços com as mãos entrelaçadas, depois as pernas puxando para trás, a dobrando e puxando o joelho para o peito, abrindo espacate no chão, e tocando as pontas dos dedos na ponta dos pés, depois passam para a cabeça, esticando o pescoço em diferentes direções. Terminam esta parte rapidamente.
— Hora do aquecimento, corram e volta de mim! — ordena, e os alunos obedecem o mestre correndo em volta dele, por minutos, de forma variada conforme ele manda. — De lado.
Então começam a correr de lado, depois de um tempo ordena que corram de costas, depois na ponta do pé, e por último pulando para frente.
— É o suficiente, quero mil abdominais, trezentos agachamentos e cem flexões, após isso quero mil socos e mil chutes até antes do entardecer!
— O’ss — concorda a dupla simultaneamente.
Os dois se aprontam, sem questionar, para surpresa do mestre, e já começam a fazer os exercícios, após completarem os abdominais, durante os agachamentos Li Han tricota, durante as flexões ele cochila um pouco, ele sai por um momento, e volta quando o céu já está entardecendo, e os dois estão jogados no chão, deitados exaustos.
— O que estão fazendo deitados?
— Uff, uff, conseguimos! — Saikyo comemora.
— Ótimo, que bom que conseguiram, me encontrem aqui todos os dias, após o meio dia, será isso durante uma semana, até de fato começarmos — diz Li Han, sem estender, ele simplesmente vai embora.
— Inviável! — exclama Saikyo.
— É, mas não podemos desistir! — diz Hiro em tom motivador, se levantando com vigor.
— Sim, você tem toda a razão, mesmo que seja inviável.
Então todos os dias do combinado, eles se encontraram naquele local. Na mesma sucessão repetitiva treinos, que vivem nos estudos, no dia a dia e até nos intervalos. As ruas sempre cheias, com movimento, de pessoas de todos os tipos, cores e até mesmo etnias diferentes, a cidade de Mu era bem inclusiva, todos eram iguais, apressados, sem tempo e com rotinas pesadas.
Hiro se sentia semelhante a todos por um momento, na volta de seu segundo dia de treino, o qual chega exausto em casa, e deita no sofá, não dorme de primeira, apenas fica a descansar de olhos fechados, apertando as mãos, com raiva de seu próprio cansaço, se lembrando de sua derrota, neste momento é onde vêm as dúvidas e incertezas, materializada em uma visão, que possuía forma daquela pessoa que se intitulou como a sombra. mas o toque da mão que pousa sobre seu ombro, o desperta antes do cair do sono.
— O que foi filho? O que está fazendo? Parece exausto! — pergunta preocupado, observa assustado a condição do filho
— Nada demais pai, nada demais, estou tentando dormir.
— Por que não vai para o quarto? Este sofá vai fazer mal a sua coluna, quer que eu fique com você para te ajudar a dormir? — pergunta querendo fazer companhia ao seu filho.
— Não! Eu faço isso sozinho! — responde apressado, e parte para o quarto.
Em seu quarto, deitado na cama, o mesmo pena para dormir, algo o deixou mais sensível, talvez o treinamento, a preocupação pelo fato de ter aula em poucas horas, o fato de assuntos mal resolvidos, nebulosos, que o fazem se sentir menor, impotente, trêmulos entre as cobertas que o impedem de sentir frio, mas o calafrio, congela. Mesmo sem luz vinda do quarto, as luzes vindas da rua, formam uma sombra que se destaca, ele se sente coberto por aquela sombra, a qual ele tentou tocar. Os sons distorcidos, de fora da casa, nas passarelas, que no império populoso, em suas cidades, os dias e noites não tem fim, e seus centros sejam urbanos ou rurais, não dormem. A mente do garoto está em desordem até que o sono chega, ao mesmo tempo que não se vê mais nada, é como uma luz, o acalmando.
No dia seguinte, se levanta vendo que já é de manhã, apesar de se apressar para se vestir para escola, enquanto anda pela rua em direção a escola. Saikyo é questionada pela sua mãe.
— A onde está indo, todo dia chega exausta?
— Me preparar, mãe, me preparar! — responde focada, e já sai correndo.
— Espero que não esteja paquerando, se não vou te dar uma surra!
Após a aula novamente os alunos vão para outra sessão de treino intenso, enquanto Li Han fica sobre aquela pedra, às vezes meditando, outras horas tricotando, outra hora lendo revistas em quadrinho, ou revistas adultas, enquanto eles repetem aquele mesmo treinamento, cada dia terminando mais perto do entardecer, mais nunca após o prazo, acelerando as primeiras etapas para dar mais tempo a última, só que cada dia o corpo deles se desgastam menos, mais sofrem do acúmulo.
Saikyo vai ganhando forças durante a semana, motivada a não desistir, na quinta feira, ela chega mais cedo em casa, e se sente feliz, por poder ajudar a sua mãe a tempo.
— Cheguei, bem a tempo não é mãe? Vou cuidar de alguns aquários para a senhora!
— Ótimo, use essa disposição para ir cuidar da Jubarte, eu não consegui dar atenção necessária para ela essa semana, estou sem forças para lidar com a bixinha.
— Deixa que eu vou lá.
A garota vai cuidar da rara baleia no aquário do fundo de sua casa. Diferente dela, Hiro em seus momentos de desordem entre o silêncio e o sono, se desmotiva aos poucos, o desgaste das noites mal dormidas cobra. Durante sua aula de história na escola, onde ele cai no sono.
Se aproxima dele o professor Bodin, um senhor velho de sem cabelos no topo da cabeça, apenas do lados, lisos finos o suficiente para gerar certo grau de transparência, contrastando de cores entre o preto eo branco, longos indo até o meio das costas, a barba é igualmente longa e fina, com o seu bigode sendo extenso, esticado se afinando ainda mais perto das pontas, ele vai até o seu peito, já a barba é um pouco menor porém volumoso. Sua pele é clara, o nariz é longo em sua base afinada, porém com as narinas largas e achatadas para dentro, olhos puxados de laterais puxado, e com pálpebras, mais fechadas que o comum, lábios pequenos e finos, o senhor tinha um rosto assustador para os alunos, além de seu físico corpulento, ressaltado por conta dos braços e pescoço grosso, contando com a barriga avantajada impunha respeito. Até por sua voz ríspida, e desgastada.
O professor, no entanto, era bastante formal na maneira como se veste, de maneira uniformizada para o padrão escolar, camisa abotoada, a sua preferência verde, e calça azul, junto de sapatos sociais pretos.
Quando se aproximou de Hiro, seus colegas olharam para ele com medo, como se algo ruim fosse acontecer. O professor bate repetidamente na mesa do garoto, mas não o despertando, o professor fica irritado.
— Hiro, Hiro, garoto, acorda, acorda! – grita com o garoto e dá um tapa em sua cabeça.
— Perdão professor! — pede perdão assim que desperta de seu sono. — Eu, eu peço perdão.
— Eu vou deixar essa passar, apenas porque você não me dá trabalho, mais da próxima vez, fora! — perdoa, ao mesmo tempo que aponta para porta, tentando não deixar passar a postura errada do aluno, mantendo seu grau de tolerância, ao mesmo tempo que tenta manter a figura de autoridade.
— Eu não fiz por mal, é que . . . — tentando se explicar, Hiro é cortado.
— Sem desculpas, se você for um preguiçoso, e não estudar vai virar um catador de lixo, e não vai poder ir a lugar algum — Bodin corta o raciocínio dele, para o dar uma lição de moral, apesar do tom ríspido e chulo, a certo grau de intimidade.
— Eu não vejo problemas em catar lixo, mas eu quero ir a algum lugar.
— Para isso precisa ser bem sucedido, para ganhar o dinheiro necessário.
— Eu não quero dinheiro, eu quero viajar o mundo, explicar o universo — justifica de forma ingênua.
— Então você precisa ser muito rico! — eleva o tom de sua fala perdendo a paciência, com a ingenuidade.
— Por que tantas coisas impedem a gente de sair de um lugar para o outro? Por que essa cidade é tão fechada professor? — questiona o seu professor, com indignação.
— Com certeza é para o nosso bem, agora volte a focar na aula! — cortando o assunto o professor retoma a aula. — Então jovens, como vimos, a segunda guerra impactou bastante o mundo, e depois dela começaram uma série de movimentos humanitários e revolucionários, aos quais vamos abordar hoje. . .
Após a aula, nos corredores, durante o intervalo, Hiro mexe em seu armário guardando alguns livros, trocando por outros em sua bolsa, quando alguns de seus colegas vão até eles, o seu grupo mais próximo, todos vestidos tal como Hiro naquele momento com no padrão escolar, camisa brancas, com o detalhe das siglas da escola, o colégio Estadual da cidade Mu.
Seus colegas mais íntimos são Ouzi Arvizu garoto branca com traços afeminados e cabelos cacheados volumosos, Niyou Bonfim um garoto baixinho engomado, de cabelos lisos cortado em formato de cuia que cobra e Lafeier Gemesi é outro de pele clara, este parece ser um pouco mais velho por conta dos pelos na face, o cavanhaque, e bigode, porém possui a mesma idade que todos, o garoto é um estudioso claro.
Niyou veste uma jaqueta vermelha por cima de sua blusa, de maneira a acobertar. Ouzi usa boné que cobre seus cabelos cacheados volumosos. Lafeir condiz com o esteriotipo que os outros acreditam fazer parte, usa óculos redondos de grau alto e um boné marrom que possui o desenho de uma lupa em cima. O último é o que se aproxima de Hiro primeiro.
— Ou mano, você tá bem? — pergunta Lafeir genuinamente preocupado.
— Estou bem sim, apenas cansaço — Hiro responde, de maneira impessoal, tentando se afastar do assunto.
— Tenta dormir mais.
— É, e vê se segura nas loucuras — diz Niyou de maneira debochada.
— Que loucura tem em querer descobrir as coisas por aí? Vivemos limitados! — afirma Hiro inconformado, no entanto se contendo.
— Diga pela maioria, que é pobre — responde, Niyou continua a falar de maneira debochada, desta vez ainda mais, de forma a mostrar desdenho.
— Pode até ter dinheiro, mas ainda sim está sujeito às limitações que nos impõe — responde enquanto tenta manter a paciência, Hiro se revolta, o que demonstra apenas com o olhar.
— Olha não é isso, é só que, você tem que ser menos emocionado sobre isso, pode falar o que quiser, mas o que o professor falou está certo — opinando, Ouzi entra no assunto.
— Não discordo dele, eu discordo do mundo — exclama Hiro, sobre o seu ponto.
— Tá mais, você não pode fazer nada para mudar isso — diz Niyou, em tom pessimista dessa vez.
— Não — nega, e depois, fecha o seu armário e vai se afastando. — Mas eu posso descobrir o porquê.
— Por que o que oh idiota? — pergunta inconformado, para Niyou as falas de otimismo de Hiro são totalmente estúpidas.
Hiro se afasta de seus amigos, se apressando para ir embora, os deixando para trás, não querendo mais se estender naquela discussão. Mas tarde indo em rumo ao seu treinamento. Que se estende até o dia combinado.
No dia final, caem exaustos no chão, suados como se estivessem doentes, Hiro e Saikyo não proferem nenhuma palavra, apenas esperando que o mestre vá embora, já acostumado. Li Han desce da pedra, e permanece no local, ele olha para os jovens caídos.
— Oh, acho que isso foi um pouco extremo, porém era apenas para testar a capacidade de vocês, não preciso ensinar coisas básica, como a diferença de chutes, golpes de mão abertas e outras coisas, posso passar para a prática, levantem por favor — ordena-os a se levantar, e eles obedecem, depois ele joga os macacões pretos que fez para eles e sapatilhas pretas. — Provém eles quando chegarem em casa, eu comprei sapatilhas pretas para vocês de quebra! Lembrem-se, a prática leva a perfeição, a reflexão leva ao aprimoramento, por isso ter bons hábitos é essencial, e refletir sobre o porque ter eles sempre os reforça, começa na mente, mente sã, corpo são. Dito isso, liberados para aproveitar o final de semana — Colocando a mão no bolso, puxa cigarro, e com um estalar de dedos o acende, depois coloca na boca e começa a fumar. — Eu já comecei o meu, se os dois conseguirem me alcançar, eu pago um pastel para cada!
— E os bons hábitos sensei!? — Hiro questiona o mestre do que acabara de falar.
— Sextou porra, acabou o treino — responde ao pequeno garot, e se retira do local caminhando.
— Quem liga! — diz Saikyo, que se levanta rapidamente revigorada. — Eu quero o pastel!
Ambos sai correndo atrás de seu sensei, estão lentos, por estarem cansados sente o corpo pesado, mas mesmo assim não desistem, e continuam indo atrás de Li Han, o alcançam após um tempo em uma barraquinha. Eles se sentam juntos, em cadeiras de plástico em volta de uma mesa quadrada, o mestre deixa os alunos escolherem.
— Minha recompensa a vocês, escolham aí, podem pedir o que quiserem para beber.
— Pastel de carne com seca com purê de aipim, e um bom caldo de cana — escolha padrão de Saikyo.
— Quero o de calabresa com queijo e refrigerante de guaraná — escolha da combinação gordurosa e açucarada de Hiro.
— Lá ele, já sei o que querem, vou pedir, pastel de carne com caldo de cana com um pouquinho de pinga hehehe! — fala Lihan em tom humorado, despreocupado no momento em servir como exemplo.
Sentado na mesa, Li Han chama a atendente e faz o pedido, após um tempo chega, enquanto eles comem, compartilham aquele momento, depois de tanto suor um momento de descontração.
— Ei Hiro, o que você achou da atendente? — O mestre pergunta, ainda indeciso se parte para o ataque.
— Uma moça simpática — Hiro responde sem entender o sinal.
— Não está pensando em dar em cima da atendente, não é? Seu tarado! — Saikyo reclama inconformada com a postura de Li Han.
— Ei, ei, como vou estudar o corpo humano, sem material de pesquisa hã! Hahahahaha! — Li Han ri em alto e bom tom, deixando Saikyo irritada com vergonha e Hiro confuso, até entender de fato o que ele diz.
Entre risos e conversas jogadas, vai anoitecendo, então chega a hora da despedida, o momento fez com que não importasse o quanto se desgastam e nem se aprenderam alguma coisa, apenas que foi bom.
Por conta daquele momento, Hiro entre o silêncio e o sono via aquela desordem novamente, aquele sujeito sombrio, mas dessa vez conseguiu reprimir.
Na manhã seguinte, logo cedo vai se olhar no espelho dentro do banheiro, vestido com o macacão e sapatilhas que seu mestre deu, o macacão é majoritariamente preto, na parte das mangas possuem detalhes dourados, o macacão é justo, com decaimento mais folgado nos pulsos e perto dos calcanhares, e apertados nas golas, a do pescoço é alta cobrindo completamente, ele se vira de costas, vendo que há desenhado um grande losango dourado atrás, com a flor característica do mestre desenhada através de linhas, a peônia, que está fechada.
— Legal, um toque especial — diz o garoto pronto, para mais um dia, em ordem.
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