Capítulo 15: O'ss
Próximo ao meio-dia, Saikyo se troca no vestiário da escola, provando seu macacão pela primeira vez, e se olha no espelho.
— Poderia ter dado um toque feminino no meu, há, tá bonito e com um ótimo decaimento! — elogia o uniforme enquanto se olha no espelho, dando voltinhas.
No horário combinado do treinamento, chegam Hiro e Saikyo com pontualidade, Li Han está sentado sobre a pedra os esperando, o básico é feito, alongamentos e aquecimento, para o início da próxima etapa.
— Toda vez que eu perguntar algo, e forem concordar, digam O’ss, estão preparados para a próxima etapa de treinamento?
— O’ss! — Hiro responde vibrante.
— O’ss! — Saikyo responde mantendo a postura.
— Ótimo! Começaremos estabelecendo os cinco princípios básicos, depois os reforçando, três do corpo, um da mente e um que une corpo e mente. Primeiro o corpo, com a dureza, fixação e explosividade, em um mês, depois a mente e o corpo em dois, por último uma viagem para abrir a mente, e quando voltarmos iremos reforçar isso até estarem prontos para o último passo. Mas isso irá demorar, com tudo, eu já tenho o primeiro teste, e quanto mais rápido terminarem, mais tempo terão para descanso. Eu não os ensinarei kung-fu, esta é a base de todas as artes marciais, ensinarei a minha própria maneira, então preciso preparar seus corpos para isso, vamos, levem o material — diz o mestre, que salta da pedra, e aponta para os sacos amarrados cinzas, cheios, grandes do tamanho deles.
Quem se retira primeiro é o mestre, que apenas mostra o caminho a ser percorrido, os alunos têm que carregar o grande peso, caminhando longas distâncias, Hiro e Saikyo ficam com dores por conta do peso dos sacos.
A área de chegada, é fora da cidade, em uma região a beira de uma das ramificações do rio dos peixes amarelos, com um pequeno morro, que disse percorre o rio também, é uma planície embaixo, onde há uma área de gramado, com as árvores em volta em uma distância de oito a dez metros, deixando a área livre o bastante para o treino, essas árvores não chegam a ficar em volta do riacho. Porém quando se desce mais pelo riacho, as árvores vão ficando mais próximas dele.
Li Han desamarra os sacos, eles se abrem completamente, revelando pilhas de madeira, em formato de bastões, que lembram cabos de vassoura, pilares grossos, vigas quadradas e retangulares, juntamente há sacos pequenos de plástico com pregos, cordas e arames.
— Quero vocês fiquem calejados, quero construam o material de treinamento de vocês, as barras, o saco de pancadas, o boneco de treino, mas ao invés de usarem ferramentas, quero tudo manual, se precisarem pregar alguma coisa, deem socos nos pregos, é assim que se caleja as mãos, esta primeira semana estou sem muito material, então, por enquanto façam com que tem! — Li Han instrui passando as instruções.
— Certo! — concorda, Hiro preparado para começar a construção
— Sensei, isso não é meio vago? E se faltar algo? — questiona, Saikyo com dúvida do que fazer.
— Peguem da natureza. Quando estiver anoitecendo, vocês sabem o caminho de volta, tem até um manual de instruções, boah boah! — responde vagamente, então de repente, Li Han sai, deixando os garotos sozinhos.
— Eu odeio, eu odeio esses manuais! — exclama, Hiro irritado pegando um dos manuais com as mãos ficando confuso só de os olhar por cima.
Então contra a vontade deles, mais mesmo assim fazem, os dois começam a confeccionar seus materiais de treinamento, os suportes feitos com toras de madeira, são fincados no chão através de socos, e os pregos também, tudo isso para calejar a mão deles, dia após dia, seja na chuva ou no sol, em quatro dias, Saikyo conseguiu construir o mudjong, o boneco de madeira de treino para kung-fu, através do manual, feito por um pilar de madeira, da altura de Saikyo, com pedaços dos bastões, cortados, posicionados dois na altura dos braços, um no estômago, e o último na parte inferior da perna, no meio da canela, de formato diferente do restante, conectando dois cabos cortados, um reto, e outro que é fixado apontado para baixo levemente inclinado para frente, chegando até a altura do peito do pé quase tocando o chão. Excelente para treinar diversas combinações, de braços e pernas, mais adequados para golpes não convencionais e retos.
Hiro constroi as barras fixas, de diferentes alturas, três no total, a primeira barra tem 1 metro e 80 centímetros altura, cerca de 15 centímetros maior que Hiro e 12 centímetros maior que Saikyo, a segunda barra de 2 metros de altura para se exercitar e o terceiro de três metros de altura.
Ambos constroem, o saco de pancadas juntos, com o suporte de madeira para o saco de pancadas, tendo a altura da segunda barra fixa. Eles reutilizam os sacos dado por Li Han, com as mãos, eles pegam galhos de madeira, quebrando um por um, e depois com socos os esmigalhando, até ter o suficiente para encher o saco, misturam isso com a terra que pegam, e jogam no saco, até encher e amarrar no suporte. Após alguns dias nesse processo, retornam ao local de treinamento.
— Sensei tudo pronto, aquele será nosso novo local de treinamento? — questiona, Hiro já prevê que aquele trabalho não foi atoa.
— Que bom que perceberam, a gente não pode ficar treinando em um local público, agora só falta levarem a minha pedra favorita para lá! Estejam aqui cedo, amanhã! Boah, boah! — diz o mestre animado com o progresso.
Então Hiro e Saikyo carregando a escultura de Uachamu refazem a viagem de ida, juntamente de Li Han que apenas os acompanha. Quando chegam posicionam no centro do local, onde o mestre fica em cima dela de pé desta vez, se equilibrando facilmente. E começa a passar instruções para os alunos sobre o que devem fazer, enquanto observam atentamente.
— Agora eu posso revisar alguns movimentos, mas tudo com leveza e calma.
Ele estica os braços com as mãos entrelaçadas com as palmas esticadas para o céu, logo depois as separa, esticando os braços para o lado, conforme se movimenta os alunos o imitam. Separando suas pernas que estavam juntas, flexiona levemente as pernas, que estão alinhadas, jogando o punho esquerdo para frente, enquanto o olha, deixa a mão direita para trás retida ao corpo, e quando o retrai, dobra sua perna esquerda e estica a sua direita para se equilibrar, com o joelho esquerdo estando encostado no abdômen, os braços abertos como asas.
O mestre logo em seguida desferiu o chute da garça, e logo voltou para outra postura, agachando-se, com as mãos abertas e dedos dobrados, como se estivesse em alerta.
— Pulem para trás, alerta!
Ele salta para cima de seus alunos, que saltam para trás se esquivando dos pisões que lançou em seu pouso.
— Me sigam, na defesa, no ataque e no movimento!
E assim obedecem as ordens de Li Han, com o treinamento, acabando após longas horas. Os alunos voltam para a casa, desta vez ainda com vigor, quando está perto do anoitecer. No caminho os dois conversam sobre treinamento.
— Aqueles movimentos não pareciam de luta, saltos, rolamentos, até rastejamos hoje — diz Saikyo cética com o método.
— De qualquer jeito, eu sinto que estou ficando mais forte — Hiro observa a si mesmo, e sua evolução, enxergando os pontos positivos do treino.
— Inclusive, após o treino, vamos tomar sorvete, convidei o Picon e a Shinda, quero saber como tem sido para eles — reflete a garota, com saudades de seus amigos.
— Que bom! Vai ser bom! — responde animado.
E assim os dois partem para seus lares, ansiosos para o reencontro.
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