Chegada a terceira semana de treinamento, Li Han os leva para um local peculiar, através do caminho do rio Mu Kuie, de água doce, com baixa densidade, que ao refletir as pedras que passa por baixo, fica com cor amarelada cristalina, áreas rochosas que nelas há presença de poças no percurso.

    O local está relativamente com poucas pessoas, mas como todo local no império, sempre há bastante gente, caminhando pela mesma trilha que os jovens, porém focados em pontos de chegada diferentes.

    A caminhada é longa, mas resulta em uma gruta especial do local, e de raro ao qual eles entram. Durante todo o percurso Li Han carrega dois potes de barro grande  nas costas, amarrado por cordas grossas, e tampados por tampas de madeira, os potes tem altura e diâmetro das suas costas, além de neste dia ensolarado, estar usando óculos de sol.

    Na metade do caminho, eles encontram a parte mais difícil e desafiadora do percurso, a cachoeira em cascata a qual o rio derrama suas águas, que leva até a parte debaixo do local, uma ladeira quase totalmente lisa, com pequenos buracos, e alguns pequenos pedregulhos afiados no percurso da cascata. Local escorregadio, cheio de lodo, perigoso até mesmo de se andar por perto.

    Li Han pega pequenas pedras e ensina sua estratégia aos seus alunos, para atravessar o percurso. Consiste em deslizar pela cascata, deixando ser levado pela queda da água, mais usar as pedras para travar a descida, e se manter fixo, sem entrar em queda livre, ou entrar em rota de colisão com as pedras afiadas, que são como facas cortantes.

    Ao fim da cascata, desabam na poça debaixo, imensa e enorme, da onde escorre mais água de seu fim em uma queda livre, mais sua imensa área, faz com que a área seja rasa, ficando de pé o grupo, apenas tem seus pés submersos, a corrente da água não é forte o suficiente para os arrastar, não precisando mas das pedras as largam. Nesse local conseguem caminhar livremente, até a ponta.

    Dá ponta veem o resto da cachoeira, com a queda sendo de 20 metros de altura, sobre o poço abaixo que possui cerca de 15 centímetros de diâmetro, a água do poço é diferente, com maior densidade neste ponto, do que no resto do rio, de cor avermelhada como jade . Li Han encara o poço do alto, sente raiva.

    — Este é o poço do demônio. Tomem cuidado ao saltar, ele possui trinta metros de profundidade, sem mergulhos, pois pode ser morte certa, o difícil é achar a volta, aqui era uma entrada antiga para a mina de carvão que existia neste local há mais de 300 anos atrás, durante a dinastia Kinq, não pulem de barriga — aconselha o mestre ao seus alunos.

    Li Han salta primeiro, encolhido abraçado aos joelhos encolhido, para que os potes não se quebrem no impacto, logo em seguida Hiro e Saikyo saltam. Caindo no poço, já nadam para cima, evitam ficar submersos, nadando para fora. Após sair do poço, Li Han aponta com o dedo indicador para frente, mostrando o vale estreito pelo qual o rio passa.

    — Este é o vale de Mu Kuei, indo para a esquerda do vale, acharemos a gruta.

    Prosseguem cuidadosamente, andando na beira da gruta, em plataformas grudadas à parede, se locomovendo por elas através de saltos, para subir escalam entre elas escalam Até que chegam em uma das saídas do vale, que leva a uma zona rochosa desnivelada, com poças preenchidas pela águas do rio, perto deste local, a buracos enormes, e também uma enorme fresta no meio do desnível do local, a forma mais segura de acessar a gruta.

    Já dentro da gruta, que possui boa iluminação graças aos grandes buracos, e um belo lago azul, coloração por conta das pedras abaixo. As paredes possuem diversas deformidades, que permitem fácil escalada e descida, o teto é de pedra lisa. Dentro do local, o mestre dá os potes aos seus alunos, e aponta para as paredes, onde há estranhos ninhos transparentes, e então ele começa a dar sua aula.

    — Observem aqueles ninhos, são feitos por andorinhões machos serradeiros, raros nas terras de jade, algum de vocês sabem por que?

    — Eles não são nativos de Yu, foram dados de presente vindos da Intinia, e alguns poucos selvagens vieram migrando, sendo algo raro por conta das distâncias e barreiras naturais, como as cordilheiras dos Rietes, que ficariam em uma possível rota de reprodução! — explica Hiro com gosto.

    — Nerd, eu só sei que de todos os andorinhões, ele tem a casca que faz a melhor sopa! — diz Saikyo em tom debochado.

    — Dez pontos Hiro, cem para Saikyo! — Li Han elogia seus alunos, abrindo os potes, estes se revelam vazios, ele prossegue sua aula. — Isometria, se fortalece a base, vocês vão escalar, e esperar a hora certa para pegar os ninhos, boa sorte, porque eles demoram horas para terminar os ninhos! A sorte é que é um para cada ovo, e eles criam vários para guardar coisas, a cada três que eles criarem, peguem um, para que eles não abandonem o local! Quem coletar mais, leva um desses passarinhos para casa!

    — Não é proibido? — Hiro questiona o mestre, preocupado com as implicações legais em ter o animal exótico.

    — Eu dou um jeito! Comecem o trabalho, boah, boah! — diz Li Han apressado, e sem mais explicações, sai correndo.  

    O andorinhão serradeiro macho, é uma ave de pequeno porte, de 20 a 30 centímetros de altura, de plumagem preta, com pescoço esbranquiçado, com a parte do peito e pés contrastando, em cor castanha escura. De asas longas afiadas em formato, de forma curvada tal como uma foice, as penas secundárias são pequenas, cobertas pelas superiores.

    Estes pássaros gostam de serras, a cadeia de montes desnivelados, com partes mais altos e outra mais baixa desta região, coberta por uma mata verde e esbelta, é boa para tal tipo de andorinhão, que faz parte da espécie dos andorinhões íntinios, eles gostam de voar até o alto de picos, e descer dando rasantes pegando impulsos, é o que usam para pegar presas menores. 

    Gostam de se manter em movimento, mas são preguiçosos em arranjar comida, procurar parceiras e construir ninhos, assim se agrupam de forma sistemática, em rotas específica para a acharem parceiros de reprodução, e locais de estocagem de comida, feitos do mesmo material que os ninhos, a sua saliva concentrada.

    Estes pássaros tiram longas pausas para beber água, e voltar para construir o ninho, são poucos pois apenas os machos constroem ninhos, e a seleção desses machos que constroem é específica, apenas os pais, se houver algum filho, ele caça comida para as mães.

    Para pegar os ninhos, é necessário escalar as paredes, Hiro e Saikyo fazem usando os pés e as mãos. Ficam horas pendurados, esperando os andorinhões com sua saliva criarem os ninhos, um processo demorado e lento, os pássaros preguiçosos, dão longas pausas, e ao final é preciso retirar com as mãos lentamente para que não se quebrem.

    A mesma delicadeza e tempo que eles dedicam recolhendo os ninhos é a que os pássaros os criam, com a própria saliva, que escorre, e gruda em parte das paredes, assim criando ramificações maiores do ninho, que podem ser retiradas, sem danificar o ninho principal.

    Há dias que não é possível os andorinhões construírem seus ninhos, quando está muito sol, e em dias de chuva, os quais eles passam com sofrimento, recolhendo ninhos antigos, criando um para cada ovo. 

    Quando parte da gruta começa a ficar sem ninhos, eles têm que migrar para outra parte, e recolher de outro local, caminham exaustivamente pelo local, enquanto carregam os potes, algo que necessita resistência e equilíbrio, o terreno acidentado formado por pedregulhos da gruta, e úmido, é escorregadio e traiçoeiro, onde qualquer deslize causara uma fratura, ou pior cortes e perfurações, por conta de partes laminadas.

    A dor nas pernas surge rápido, às deixando pesada, o joelhos incham, calcanhares com câimbra, as canelas ruêm e as coxas ficam duras como pedra, e quando não se dar apenas para contar com os pés, as mãos são a opção, que se ferem, precisando fazer força para se puxar e sustentar o corpo inteiro, os braços fazem força, e logo precisa pedir a força de músculos de outra parte do corpo para se sustentar.

    E quando chegam perto dos ninhos, novamente o processo desgastante para recolher os ninhos, eles repetem por dias, até que enchem os potes. 

    No último dia, eles apenas vão para a entrega dos potes ao seu sensei, eles partem para um restaurante, lá Li Han entrega a um homem vestido com roupas de chefe de cozinha, usando o avental e o chapéu.

    — Depois eu passo aqui, após fazerem a contagem, verificação de qualidade e contagem —após falar com o chefe se vira ao seus alunos. — E aí, estão afim de uma sopa de ninho? É ótimo para aumentar a disposição, e a circulação para partes do corpo! — fala com duplo sentido, com um sorriso de canto que entrega sua malícia.

    — E o passarinho? — pergunta Hiro curioso.

    — Esqueçam isso por enquanto, é ilegal, vamos tomar uma deliciosa sopa de ninho de passaro, yum!

    Li Han acaba por não cumprir no momento com seu combinado, porém, ao entrarem no restaurante, a uma mesa reservada para eles, a qual se sentam em volta, o garçom serve tigelas sopa de ninhos de pássaro de entrada.

    — Fiquem à vontade, é tudo por conta da casa — diz o garçom os recepcionando.

    — Depois do tanto que vou comer vou ficar de jejum, oba! —  diz Saikyo, virando a tigela em sua boca, tomando toda a sopa de ninhos de pássaro.

    — Oh! Não posso acreditar! — diz Hiro passando a mão na barriga com fome. 

    Os jovens comem tudo que é pedido, e após a grande fartura, naquele dia Li Han libera seus alunos mais cedo, ficando com tempo livre para descansar.  

    No dia seguinte, Hiro acorda cedo, e pensa “Esse soninho foi bom, deve ser por conta do cansaço, adormeci rápido, mais ainda não estou totalmente revigorado, pelo menos estou adiantado, espera aí . . .’’, o que o tira o foco, são barulhos estranho, vindo da varanda, ele se levanta e vai checar do que se trata. É de um andorinhão macho jovem, em sua gaiola, junto dela o papel com a licença necessária para ter o animal, ele se assusta gritando.

    — DA ONDE TIROU QUE EU IA QUERER MESMO CUIDAR DE ALGUM ANIMAL!? AINDA MAIS PASSARO! — Ao notar que tera que cuidar do animal, fica cabisbaixo ao lembrar da nova responsabilidade. — Minha mãe vai me matar!

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota