Acabei atrasando, finalizei este capítulo na pressa, erros me avisem no comentário.

    Dentro do trem marrom, o vagão que carrega passageiros, é bem espaçado em séries de mesas em cada uma em cada lado, formando duas fileiras de até oito mesas, e no meio o corredor. Cada mesa possui quatro cadeiras, duas à frente e duas atrás, viradas para as mesas, formando quartetos. Hiro e Saikyo sentam lado a lado, frente a Yasuke e Dembele, assim formando o quarteto. Yasuke é bem comunicativo, se deu bem com a dupla, que possui idade próxima da sua, já Dembele, se mantém quieto, tenso, se mantém fora da conversa, com as perguntas geralmente o incomodando, focadas na sua terra natal. Já Yasuke conta tudo de forma lúdica.

    — Vão adorar lá! Tem campos gramados imensos e lindos! Os de arroz em morros formam escadarias verdes de dá inveja até em palácios! — descreve Yasuke, maravilhado com sua própria terra, exibindo clara nostalgia.

    — Que bom, quero tirar lindas fotos, e a cidade? — pergunta Saikyo, empolgada para gravar estas belas paisagens.

    — Sinceramente, a cidade é bem sem graça — responde Yasuke, com desânimo ao falar da cidade.

    — Lá o local mais fértil de Fujita, onde mais vem chuva, por acaso tem sofrido tempos de seca? — pergunta Hiro, com preocupação.

    — Seca? Lá tem chovido como sempre — afirma Yasuke, estranhando a pergunta de Hiro.

    Nesse momento Dembele range os dentes, e fecha os olhos irritado, decide por se intrometer e explicar a verdadeira situação, que lhe causa fúria.

    — Os alimentos não deixaram de ser enviados por conta da seca, foi porque eles permanecem lá, nossa cidade abastece toda a região de Fujita, e ainda consegue enviar grande parte para regiões próximas como a de Mu, e por toda a província real!

    — E por que fariam isso? — questiona Hiro, de forma inocente.

    — É culpa daquele maldito ditador, ele começou tomando todos os povoados, assim como Mu, Ké é cheia de povoados, mais da metade do povo da região mora fora da cidade, trabalhando nas roças, plantamos da maior variedade, desde de grão de bico, soja, coentro, cebolinha, cominho, rucula, feijão, cenoura, arroz e muito mais, deviam ter cuidado do celeiro melhor, sem comida muitos passaram fome e por culpa disso os preços dos alimentos subiram. O vento leste, ele matou todos os opositores, e tomou todas as terras, para que trabalhassem tudo em volta da cidade, criou suas próprias taxas, e controlou envios, e vendas! — descreve Dembele a situação a qual a cidade se encontra.

    — Ele é um chato, mas tem muita gente que gosta dele — diz Yasuke amedrontado só de lembrar do tirano.

    — Como poderiam gostar dele? — pergunta Hiro, ficando cada vez mais curioso com a situação do local.

    — Ele ajudou muita gente, os mais pobres, todos tem comida lá, moradia, e lazer, acabou com os barões da cidade, e com políticos — esclarece Dembele.

    — Então qual é o problema de você com ele? — pergunta Hiro, desta vez confuso.

    — Ele fez isso de forma muito violenta, e pessoas como eu que tentavam apenas ganhar um dinheiro extra fomos prejudicadas pela vigília dele, que brutalizou e massacrou qualquer um que visse como inimigo, e os barões da cidade apesar de abusarem da população, eram amados, eram os políticos, pessoas de família do local e também com prestígio, esses não me importo — diz Dembele irritado.

    — O que está tentando esconder? Você me parece um trombadinha sabia! — confronta Saikyo, apontando o dedo para Dembele.

    — Tsk, droga, você tem um bom faro, ok, o que eu estava fazendo podia não ser legal, mas isso não dá o direito de massacrar qualquer um que vê pela frente! — responde Dembele, se defendendo das acusações.

    Enquanto os jovens discutem na mesa da frente, atrás deles, Li Han e Balu Talim ficam com duas cadeiras livres, as quais usam para ficar relaxados, deitados com o corpo nela, e costas apoiadas na parede. Os dois bebem saké Taki Taki, enquanto batem papo. 

    — Como vocês vão nos proteger, o general possui muitos homens! — pergunta Balu, amedrontado, anestesiado por conta da bebida que deixa seu nariz levemente rosado, e testa franzida.

    — Há, nós três damos conta, meu plano é chegar até onde esse Xogum mora, e enfrentar ele em um duelo! — responde Li Han, com muita tranquilidade, tamanha confiança que vira seu chote de saké Taki Taki, e já enche de novo, sem medo de se embriagar.

    — O que!? Nunca deixariam vocês chegarem lá, eles mandariam vários! — diz Balu, o terror só não o domina, pois já está anestesiado pelo álcool, e contagiado pelo clima que Li Han trás.

    — Pelo que eu sei, o Xogum guerreou por si próprio até tomar todo o local, ele dominou com ajuda dos camponeses que traíram o império, ele não foge de uma luta — diz Li Han, se enchendo de mais confiança ainda, despreocupado derrama mais saque pela goela. — Vocês tem um bom saquê, mas eu sinceramente prefiro a cachaça de Mu, nada se compara aquela cana!

    — Só pode estar louco, e nosso saque é melhor! — afirma Balu. — Mas ninguém que o desafiou ficou vivo, e por que agora?

    — Isso é trabalho para pessoas como eu. O secretário de agricultura da nossa região estranhou a queda brutal nesta safra, maior do que a da última e o diretor geral do correio, recebeu diversas reclamações quanto às entregas. Não poderia ser coincidência, há algo de errado em Ké, primeiro vamos eliminar o líder, e o resto já não é comigo — esclarece Li Han, desta vez deixa o saquê de lado para se concentrar em suas palavras.

    — Então quer dizer que, depois vão restabelecer a ordem local, isso quer dizer que todos que ficaram a favor do Xogum serão — diz Balu, sem completar a fala com palavras, usa um gesto simples, mais bem claro para se referir o que vai acontecer, ele passa o dedo em seu próprio pescoço para exemplificar.

    — Eu não faço as leis. A questão é, o Xogum como vocês chamam, foi apontado pelo serviço de inteligência avançada como um Kami, condecorado pelo próprio iluminado — diz Li Han, largando sua postura descontraída, ficando com olhar sério, compenetrado.

    — Eu estou quase me mijando, perdão, mas eu não consigo lidar com tudo isso! Ah os pelos da minha barba estão para cair! — declara Balu, agarra a barba com a própria mão, quase às arrancando. — E que tipo de entrega é essa? 

    — Hahahaha, eu não sei, só que foi enviada para um tal de pé de pano! — responde Li Han, voltando a mesma postura descontraída de antes, em questão de segundos já está rindo despretensiosamente, e bebendo saquê de novo. — Eu nem sei por que estou tomando isso, detesto saquê!

    — Não, não vai chegar lá! Vão chegar a esse trem antes, precisamos fugir, pé de pano é o único que conseguiu se manter de frente ao Xogum, ele é um bandido sem rosto e sem nome, dono das maiores fazendas ilegais da região de Fujita, ele competiu por Ké com o Xogum financiando seus rivais, ele é odiado, mais . . . dizem que ele já fora executado! Imagine nós! — grita Balu, entrando em completo desespero, perdendo a razão, apenas falando o que vem à cabeça.

    — Fique tranquilo, esse trem está indo para região de Fujita, mas não para Ké, isso te decepciona não é mesmo, deve estar se perguntando, então para onde vamos? — questiona Li Han em bom humor, levantando o dedo indicador e balançando.

    O seu dedo não aponta para Balu, apesar dele pensar que se tratou de uma pergunta cómica da parte de Li Han, mas apontou para trás à esquerda, nos corredores, atrás de seu banco. Há o assassino, Pai Ko Khan.

    O mercenário tem cerca de 1,75 de altura, usa roupas que contrastam com sua profissão, calção tradicional para praticantes de artes marciais de cor preta, sapatilhas e meias brancas, na parte superior camisa de manga longa florida, com as partes do pulso dobradas para não cobrir as mãos. E por cima uma jaqueta vermelha, de tecido leve, que lembra um véu, abotoada com a parte direita por cima da esquerda, com pequena saia que vai até metade da coxa. Sem cabelos no topo da cabeça, apenas em volta, lisos e retos, homem de pele branca, magro, visível no rosto, principalmente a idade avançada, por conta das rugas e dá má postura da coluna, acima dos quarenta, sem barba e bigode, apenas com poucos pêlos finos no rosto.

    Apesar do rosto e nem postura passarem a impressão de ameaça, o seu olhar consegue transmitir com eficiência está sensação, olhos contraidos e nariz franzido. Se aproxima, de forma respeitosa, sem mostrar receio, apesar de estar acompanhado de outros seis homens, do bando de Lowei. Seu olhar muda para algo inesperado, de alguém curioso.

    — Eu sinceramente não me importo para onde vão, mas eu não posso estar vendo certo, essa sua capa, e símbolos, você é do clã Han, ou estou enganado? — pergunta Pai, com certa admiração, com cautela, mantém se perto, de seus comparsas homens logo atrás, por volta de seis soldados, ficam de frente com Li Han.

    Pai Ko Khan encara Li Han deitado sorridente, já levemente embriagado, deixa o assassino sem resposta. O assassino fica calmo, porém os homens que o acompanham encaram como desrespeito, e sacam suas armas, usam pares de Baat Jaam Dou (facas borboletas) alternativas. Mantém o cabo longo com punhal, de lâmina larga, são mais finas que as tradicionais, o tamanho e largura de uma mão.

    Alunos iniciantes de Pai Ko Khan, tem essa arma como marca, no entanto apenas de olhar para o homem sentado ele conclui. A encarada prossegue, Li Han enche seu copo, e vira outro xote, o assassino experiente termina sua análise.

    — Eu não teria chances, vamos rapazes.

    Pai Ko Khan se afasta andando com seus homens, seguindo em frente, Li Han prevendo o que pode acontecer, levanta de seu assento puxando Balu Talim com as mãos pelas suas para si, e olha para eles.

    — Hiro e Saikyo, fiquem prontos para o combate, eles querem matar o maquinista! — afirma Li Han com certeza, aponta o dedo para Pai Ko Khan.

    Nesse momento o assassino que caminha para porta de saída da frente fica impressionado, sem acreditar na capacidade de adivinhação de Li Han, que está aparentemente embriagado.

    — Eu não permitiria isso se eu fosse quem você pensa que eu sou! Quem vocês devem matar não é o maquinista, é esse cara! — indica Li Han, aponta para Balu Talim, e depois para Dembele. — E o seu assistente. 

    — O que, ficou maluco!? — grita Balu, espantado com a atitude de quem deveria o proteger.

    Hiro e Saikyo se levantam prontos para o combate, seguindo as ordens do mestre despreocupados, apesar de não estarem à vontade.

    — O que logo no dia que estou com meu vestido das cores da sorte!? — reclama Saikyo, inconformado mas preparada para o combate

    — O papo estava bom, mas eu estava ficando enjoado, odeio andar em veículos sobre rodas! — diz Hiro, que joga o seu chapéu em cima da mesa, e tira sua gravata, para não se atrapalhar.

    Dembele se levanta de seu assento puxando Yasuke pelo braço, se afastando, segura o medo dentro de si, para manter o garoto seguro.

    — Estão mesmo pensando em lutar com esses caras, eles estão armados! — diz Dembele, amedrontado, recuando ainda mais.

    — A eles parecem bem fracos — analisa Hiro despreocupado.

    — Exceto pelo bigodudo — observa Saikyo, por conta da postura do assassino.

    — Ei, pegue! — avisa Li Han, que lança um Nunchaku para Hiro ou Saikyo, ao qual Hiro pega primeiro. — Boa Hiro, então você irá lutar contra os capangas dele, Saikyo cuida do bigodudo, não esqueça de combinar os conceitos que aprendeu, para criar coisas novas, boa sorte para vocês!

    Após determinar o que os alunos deviam fazer Li Han, já se vira correndo puxando Balu, Dembele com medo de ficar para trás e ser ferido corre juntamente a eles, carregando Yasuke debaixo do braço, para o garoto não se meter na briga. Pai Ko Khan se sente desrespeitado com a fuga, coloca as duas mãos por baixo de sua jaqueta.

    — Hahahaha, acham mesmo que vão se safar fácil, uhuuuu AHAHAAAAAA! – grita Pai, soltando a voz do fundo de seu peito.

    O assassino tira as mãos de dentro da jaqueta, sacando suas facas borboletas e as lança nas costas de Dembele e Balu Talim.

    — USHIAAAH! — grita Li Han, em resposta ao ataque.

    Li Han lança sua capa em frente as facas borboletas, a capa age como uma barreira bloqueando completamente o ataque, as facas dobram parte da capa, mas não a perfuram, puxando de volta para si, Li Han trás as duas facas para perto de si as girando, dá um tapa no cabo delas com as mãos a lançando fortemente, as duas facas vão em direção a Pai Ko Khan, que movimentando a cabeça para a esquerda se esquiva de uma delas, parcialmente, um corte na sua bochecha é feito, e escorre sangue por ele, o qual ele lambe, e o outro passa em volta da sua cintura, rasgando a abotoadura de sua jaqueta a abrindo, as facas ficam fincadas no fim no portão da frente do vagão.

    — Siga as regras! — diz Li Han, que parte em direção ao portão inferior do vagão.

    Vou tentar voltar a frequência de antes, já estava agoniado.

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