No mesmo dia de partida do trem, terça-feira, Barke e seus dois colegas, recebem uma missão especial de investigação referente ao caso das encomendas a mando da líder do grupo.

    Cada um fica com a tarefa que mais condizem com suas habilidades, Barke apesar de ser o mais desengonçado, é o com maior experiência em se ocultar, crescido na selva, agora em outro ambiente que apesar de distante, se parece com ela. 

    A missão deles é feita de forma diferente de Hiro e Saikyo, e envolve lidar diretamente com criminosos. E Barke apesar do nervosismo, não se distrai, e como um empolgante contador de história que é, narra sua jornada para si mesmo.

    “Aqui estou, nesta selva de concreto, apenas pesquisando sobre o tipo mais voraz de animal, o homem.”

    Durante a noite, anda pelo bairro boêmio, muitos bares e bordeis, por onde passa uma das avenidas mais famosas da cidade, a avenida do álcool, onde o povo da cidade se reúne nos finais de semana para gastar o dinheiro o qual reuniu durante a semana. O ponto onde começa sua missão, localizar e perseguir o alvo, como caçar na floresta.

    E rapidamente, ele localiza este alvo, Piyen Doho, filho do criminoso Lowei Doho, diferente do pai, sua feição era ameaçadora, apesar de ter também baixa estatura, não é acima do peso. Barke o descreve à sua maneira.

    “Esse é o filho do barão, e seus comparsas, é um playboy, mas não como o comum, ele tem alguma esperteza e astúcia, a postura dele é de dominante, tem o respeito de quem comanda, mas não por conta de seu pai. Deve ter provado por si próprio do que é capaz, provavelmente ele não carrega armas de pólvora, talvez uma faca, algo em sua cintura, seu instrumento de retaliação com quem ouse a ferir sua honra, eu posso ver no seus olhos.”.

    Piyen passeia pelas ruas, procurando com o olhar algo que o interesse, até que um local específico o chama atenção, privado, com seguranças na porta, mas sua reputação faz com que ele entre sem mesmo precisar ser convidado. Este é uma boate com seus capangas, chamada de “néctar das moças’’, de fachada vermelha e paredes pintadas da cor rosa, e com xilogravuras de flores, acompanhada por um letreiro em néon com o nome do estabelecimento e a silhueta de uma mulher com corpo de violão, dando tom misto ao local de elegância e vulgaridade.

    Barke apesar de bom em se misturar, se afasta do local, se posicionando em uma adega à frente, encostado na parede do edifício, apenas observando a entrada local. Esperando a hora de saída de Piyen.

    “Ele só vai sair de lá quando estiver satisfeito, ou pior, quando acordar no dia seguinte, mais não posso perder ele de vista, talvez devesse ser convincente, tomar algumas bebidas mais tarde e achar algum lugar para sentar. Que droga, eu vim ver ele fazer negócios, vender produtos ilegais, e o que tenho é um garoto rico, curtindo sua moleza.’’

    Barke fica impaciente, e decide pegar uma cerveja, mas na hora que desencosta da parede, ele olha para os lados sentindo algo estranho, e observa as pessoas passando pela avenida, várias, de rostos diferentes, todo tipo de pessoa estava ali, seu instinto o alerta.

    “Eu sempre sinto quando algo está me observando, talvez tenha sido só impressão, eu to acostumado a observar animais!’’

    Enquanto isso, dentro da boate, apesar do local ser escuro, iluminado com luzes de cores fracas, de cor rosa e roxo para combinar com o ambiente, Piyen se destaca chamando atenção por sua postura. O filho do barão tem seus parceiros atrás, e demonstra ser alguém confiante, de peito estufado e queixo alto, que olha nos olhos de qualquer pessoa como se fosse superior, e principalmente vai olhando as garotas, olhar de alguém que pode pagar por qualquer uma. Seus acessórios impõem seu status, relógio de ouro, colar de prata e brincos de diamante, a blusa azul marinho, calça preta e sapatos marrons contribuem para o visual.

    Nem se quer escolhe uma mesa para se sentar, se recusando apenas anda por envolta do local, ignorando as moças que se apresentam no palco, e os homens que o chamam para conversar e beber um pouco. Primeiro ele vai até o bar, e lá o seu olhar é fisgado por uma bartender, a qual ele se interessa, ela o seduz com o olhar.

    Piyen se aproxima, apoiando os braços na bancada do bar, e olha diretamente nos olhos da bela moça. Ela possui curtos cabelos castanhos cacheados e volumosos, com as pontas sendo mais finas e escuras, possui uma franja que cobre a sua testa. Seu nariz é fino e os olhos também, com um olhar que encanta qualquer um que a encare. Pele branca, magra com corpo curvilíneo, seus traços femininos são fortes, sua boca é pequena e tem lábios harmoniosos e grossos. O formato de seu rosto é delicado, com as bochechas magras e queixo pontudo, o rosto e corpo de modelo, que chamam a atenção pela beleza, e simetria. 

    Apesar da beleza, o seu serviço é de bartender, usa terno e colete, como todos os outros, e procura passar despercebida, evitando olhar para seus clientes, mas com Piyen foi diferente.

    — O que vai querer? — pergunta a moça.

    — Seu nome, sem vulgos, bela flor! — diz Piyen se aproximando da jovem, inclinando-se para frente, e a encarando.

    — Desculpa — A moça expressa sua vergonha, e ri corando suas bochechas, e ao mostrar seu sorriso, encanta ainda mais o homem. — Mas eu não trabalho com isso, só sou uma bartender, mas tem moças muito lindas aqui hoje! — justifica seu constrangimento, enquanto coloca as mãos na bancada.

    — Com este tipo só é seguro quando não sabem meu nome e endereço, mas você pode ver que sou conhecido, eu gosto de pessoas simples, que o dinheiro não compra — ironiza Piyen, com sua mão direita puxa a mão direita dela para si e a beija, em um ato ousado.

    — Eu conheço bem as coisas que o dinheiro não compra, boa tentativa, o que quer? — questionado sem demonstrar tanta reação ao ato do homem, a moça se mantém profissional.

    — O que é? Está se esforçando no seu trabalho, para vencer na vida, eu também tenho que provar coisas, que tal fazermos um acordo, você me mostra as coisas boas que o dinheiro não compra, por um dia, e eu te mostro tudo de bom que o dinheiro pode comprar, onde você quiser, e se depois quiser me dar um fora tudo bem! — diz Piyen empolgado, confiante que conquistará a jovem.

    — Eu não estou interessada no seu dinheiro! — responde a moça que se sente ofendida.

    — Então, me dê uma chance para te conquistar por quem eu sou, eu pagaria tudo, mas como não posso te conquistar com meu dinheiro, você pode até pagar! — diz Piyen em tom cómico, continuando a sua investida.

    — Isso é interessante, nenhum cara faz isso, querem mostrar que sabe, tem! — A moça começa demonstrar interesse pela proposta de Piyen, se aproximando dele, e entrelaçando suas mãos, enquanto lança o seu olhar.

    — Tudo que tenho de dinheiro vem do meu pai, eu reconheço que o dinheiro não é uma qualidade, apesar de exaltar quem você é. Pois é poder! — explica o jovem encantado pela moça em sua frente, se aproximando, onde se segura para não deixar sua empolgação o dominar e a beijar. — Puxa, você realmente me encantou, e o que me diz moça? Qual é o seu nome?

    — Olha, não vai dar, meu chefe não me liberaria! — diz a moça, em rejeição ao convite, mesmo não sendo sua vontade. — Veja só, pede logo alguma coisa, que tem gente querendo ser atendida.

    — Vou quebrar o nosso acordo, e eu pago o seu dia, assim ninguém perde nada, só uma vez, não vai te matar, eu venho aqui, amanhã, combinado? Anota aí, vou querer seu número, nada mais — insiste Piyen, em conquistar a garota.

    — Aff — murmura a moça, que se vira, ao que parece ignorando o homem, mas logo volta colocando na mesa um papel. — Meu nome é Hortênsia — diz seu nome, e logo se vira indo atender outra pessoa.

    O rapaz que gosta de se manter sério na frente de seus colegas, não consegue disfarçar a felicidade, algo naquela moça o agradou, indo além de sua aparência. Alguns de seus comparsas dão tapas nas costas em gesto de parabenização sútil, mas um deles, de pele branca e cabeça raspada, de grande porte, o puxou pelo ombro e fala em seu ouvido.

    — Parece que sua conversa com a atendente irritou algumas pessoas — informa enquanto olha para os incomodados.

    — Eles que se mudem! — respira fundo e passa o dedo no nariz, dá um tapinha no rosto de seu comparsa. — Vamos ver se eles têm bolas. 

    Piyen vai até os homens que se incomodaram, que caminham até ele. Eles vestem ternos de cores claras e diferentes, exceto pela camisa que fica por baixo que é branca. O aparente líder deles veste rosa claro, tem cabelo e barba curta, ambos loiros, pele branca, é magro, de estatura média, o que já é o suficiente para ser mais alto que Piyen. Que mesmo assim se posiciona a frente, o encarando, e ele retribui fazendo o mesmo.

    — Eu tinha o pressentimento que alguém me observava! — diz o jovem de forma afrontosa. 

    Do lado de fora, Barke que se encontra sentado, com a sua garrafa de cerveja o acompanhando ao lado sobre uma mesa, arregala os olhos surpreso, ao ver Piyen saindo cedo do local, acompanhado por seus capangas, e logo em seguida pelo grupo de homens o qual se desentendeu, caminhando para os fundos do estabelecimento. 

    E assim fica sem opção, a não ser seguir, aquela dezena de homens que pareciam sair da vista das pessoas, para se confrontarem de forma violenta. Ele observa de longe a postura do jovem que o persegue.

    Piyen está com olhos avermelhados, dentes cerrados, não conseguindo desvencilhar o olhar de seus desafetos, de  punhos fechados. O vê pegar de seu bolso cigarro e isqueiro, acender um maço, e dá um trago, para relaxar, funciona, mas não elimina a raiva.

    “A cidade grande é parecida com a floresta, e as pessoas com animais, vou apenas observar e registrar o momento, nada de provas concretas relacionado ao caso, mas isso deve ajudar’’.

    Barke segue o grupo, puxando de seu sobretudo uma câmera fotográfica, pequena menor que sua mão, discreta, ótima para a ocasião.

    Talvez o clima mude um pouco neste capítulo, mas bem vamos acompanhar um pouco de como está Barke.

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