— Vamos para dentro do celeiro, quando a noite cair nos esconderemos junto da carga — ordena Li Han.

    Li Han vai ordenhando os cavalos até dentro do celeiro junto da carga, os alunos vão juntos. Dembele fica do lado de fora remoendo o ocorrido em sua mente, não conseguindo se mover. Balu tenta levar Yasuke, mas ele se recusa a ir, ele vai até Dembele, e coloca a mão no ombro de Dembele.

    — Amigo, vamos, já passou, não podemos fazer nada agora, temos que nos esconder!

    Tocado pelas palavras do garoto, Dembele se levanta e segue com os outros até o celeiro. Lá retiram a bagagem da carroça, e a carga que é mantida coberta, sem revelar o que adentro, isso para abrir espaço na carroça para que parte do grupo possa se deitar nela. Os cavalos são soltos, e alimentados pela última vez no dia, e com uma ordem, Li Han os faz deitar no chão comportados. 

    Eles pegam o cobertor, e enrolam alguns deles na bagagem para servir como travesseiro, mantém os que restam para dividir na hora de dormir. Três cabem na carroça, um no banco, um em cima da carga e outro, no caso Li Han que já se prepara, dormirá no chão. 

    Por enquanto o local não está escuro, pois o celeiro está cheio de aberturas, e com o teto danificado, assim a luz chega até lá, mas em breve ficará difícil de ver algo por conta da noite. E quando a noite se aproxima, o mestre se apressa.

    — Meus alunos, antes de pararmos para descansar, tirem no jo ken po quem irá me ajudar a pegar os entulhos deste local, para camuflar a gente aqui dentro, só o feno que a aqui nãõ sera o suficiente.

    — Vamos lá, eu vou ganhar de novo — diz Saikyo confiante.

    — Dessa vez eu to sentindo a sorte! Jo ken . . . — responde Hiro já se preparando.

    — Jo ken . . . PO! — grita Saikyo, que lança tesoura.

    — PO! — grita Hiro, que lança a pedra. — Hahaha, dessa vez, eu vou com o mestre hehehehe! — comemora enquanto segue o mestre até o lado de fora. 

    No entanto antes que se quer pisar o pé fora do celeiro, eles ouvem o gemido de um dos cavalos assustam a todos ali, exceto Li Han, que fica preocupado com calafrios, “caramelo” como foi apelidado o cavalo marrom, fica de pé e se afasta trêmulo. Enquanto o outro apelidado de “chocolate”, se debate no chão, sem conseguir se levantar. Li Han salta para o meio deles e ergue suas mãos abertas em direção aos cavalos.

    — Parem! — ordena Li Han, e obedecendo os cavalos param.

    Ele caminha até o cavalo caído no chão, que não consegue se levantar, se aproximando para checar o que aconteceu, vê que a barriga do cavalo está ferida, o estômago está exposto. Fora arranhado grosseiramente até que rasgasse, é possível ver até mesmo suas tripas quase saltando para fora.

    — O que aconteceu, mestre? — pergunta Saikyo, confusa ela se aproxima, e quando vê do que se trata, coloca a mão na boca quase vomitando e seus olhos se enchem de lágrima com pena do animal.

    — Vamos ser pegos? — indaga Yasuke, amedrontado ele treme, não querendo olhar o que acontece, se encolhe dentro da carroça.

    — Calma vai ficar tudo bem, deve ter sido algum animal selvagem! — afirma Dembele, mesmo sem certeza para tranquilizar o garoto.

    Balu é quem sente algo estranho, anda pelo local tendo ver a marca de alguma coisa, sente calafrios em sua espinha, e seu instinto o alerta. Os pelos do seu corpo se arrepiam.

    — Nada, mas eu sinto, isso até me parece um espírito, aí não, espíritos não! — supõe o senhor, em negação com a própria suposição que o assusta.

    — Espírito? Então, eu não vou conseguir ver . . . — Hiro não consegue concluir sua frase, pois fica sem palavras ao ver uma silhueta estranha em meio ao feno.

    Ao olhar fixamente para algo que anda sorrateiramente, vê o que parece um homem, de corpo inteiramente seco e nu, escalando o feno empilhado que ainda havia no celeiro. Mas o que mais assusta é o seu rosto sem narinas, lábios e ouvidos, olhos totalmente esbranquiçados, com uma lacraia saindo de seu globo ocular.

    — HAAAAAAAA! É UM ZUMBI! — grita Hiro e aponta para o ser. 

    O ser salta passando pela fresta das paredes danificadas do celeiro, mesmo com seu corpo não cabendo na passagem, ele quebra ainda mais, abrindo um buraco o qual o seu corpo consiga passar. Li Han observa a situação atentamente, e Hiro corre para o seu lado, apesar do susto, o garoto ao ver aquele ser bizarro se encheu de coragem, a curiosidade o moveu. 

    — Temos que pegar aquele monstro sensei! Antes que ele cause mais vítimas! — diz Hiro de forma heróica.

    — Eu te disse que isso existia, eu vou com vocês! — afirma Saikyo, que não querendo ficar de fora, salta para perto deles.

    — Não — repreende Li Han, o mestre, ergue o braço direito a frente deles, sinalizando com a mão para ficarem parados no local, neste momento a sua capa também levanta revelando o seu sabre em volta de sua cintura, que em todos este tempo nunca havia o sacado. — Este ainda está no estágio inicial, não é vivo, ou seja não pode ser morto, apenas selado por um Rishi! Se eu nem tive ao menos tempo de os apresentar a arte da esgrima, poucas armas apenas, imagine isto!

    — Rishi? Os antigos monges e magos! Foram extintos! — afirma Saikyo amedrontada.

    — Fiquem ai! — ordena Li Han, não apenas seus alunos, mas a todos.

    O mestre tira o feno que cobre um dos buracos do celeiro, e salta para fora indo à caça do ser misterioso.

    Do lado de fora, Li Han saca o seu sabre usando a mão direita, finalmente o revelando. O cabo do sabre possui duas partes, a empunhadura, enrolada por ataduras brancas que se assemelham a faixas, já desgastadas, aos trapos, com sujeira e rasgos. O pomo que é perceptível a semelhança com o olho de uma agulha de costura, principalmente por ser largo, e o buraco sobre ele ser fino. A espada não possui guarda, o que cumpre este papel é uma fita cor de rosa, muito clara, quase branca em volta do sabre, amarrada em cima da empunhadura, amarrada em um laço borboleta, e apertada com o nó de marinheiro.

    A lâmina do sabre é longa, do tamanho do tronco de seu usuário, e curvada, é fina, porém a ponta é mais larga, e na cabeça, perto da ponta, do sabre muda de formato drasticamente, pois o seu fundo é aberto, e a frente o fio da lâmina se curva, no formato de uma caneta bico de pena de ponta afiada. E igual a caneta bico de pena, a um buraco no meio desta parte, na caneta, cumpre a função de escorrer a tinta. Assim a ponta do sabre, acaba tendo um formato triângular. 

    Com a arma pronta para o ataque, o mestre caminha pelo resto de vegetação seca misturada com cinzas, que acompanha a tenebrosa decoração de restos mortais, e encara frente a frente, o homem de olhar vazio. 

    Hiro curioso vai dá uma olhada, algo que desafia seu ceticismo, já Saikyo quer confirmar as lendas, o marmanjo os acompanha, Balu é o único que fica para trás, segurando Yasuke no colo pronto para correr, amedrontado. A única que tem vaga ideia do que é o ser é a garota, e em sua mente vem as lendas, pensa “Falam que isso ocorre quando nem mesmo o céus, a terra e o inferno aceitam o defunto”.

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