Hiro deitado em cima das cargas, aproveitando o caminho da viagem, relaxado tomando um banho de sol, com um fiapo de trigo na boca. Aquilo tudo é mais do que ele esperava.

    — Maravilha! 

    Diferente da ambiguidade envolvendo a cidade de Mu, a cidade de Ké, localizada na região de Fujita, é conhecida por uma característica apenas, as suas incríveis terras férteis, e favoráveis para agricultura, de grande importância para a região. Mas a algum tempo, foi tomada à força, e teve suas terras apropriadas na mão de um homem só, o Xogum. 

    Para chegar até a cidade, seguem uma rota específica através do rio Tchubyra, de águas marrons, de comprimento tão grande de uma costa a outra, cerca de 100 metros, a visão lembra uma praia. Perto do fim do percurso, o grupo para.

    — Ok, segundo o mapa estamos perto da entrada da ponte, que leva diretamente até o centro oeste da cidade, graças as fronteiras naturais do rio não se desenvolveu ao oeste, lá possui muita proteção? 

    — Suponho que sim, a ponte não é meu ponto — responde Balu sem tanta certeza.


    — Certamente que sim, perto da ponte, fica o local onde costuma haver banhistas e o passeio a barco — diz Dembele, cumprindo sua função como guia.

    — Tudo bem, acho que não vamos ter problema, aproveitem o banho, lá não vamos ter tempo para isso — diz Li Han, parando os cavalos para que todos desçam.

    — Só temos que tomar cuidado com a correnteza e o frio — informa Yasuke, sobre os perigos

    — Devia ter falado para trazer roupa de banho, de qualquer forma, mais local onde posso usar minha câmera! —  diz Saikyo, a garota pula no rio mesmo com as roupas para se banhar.

    — Ele tem razão Saikyo, esse rio é muito frio — diz Hiro, relutante em entrar no rio, apenas colocando o dedinho.

    — É, mas assim que é bom! — diz Yasuke, que pula dentro do rio mergulhando.

    — O que Hiro? Vai ficar ai com sensibilidade ao frio, medinho da aguinha gelada? No inverno você nem usa casaco — provoca Saikyo, estranhando o medo dele entrar na água.

    — Definitivamente não tenho problema com frio, mas meu corpo e banho gelado não combinam! — exclama Hiro, se recusando a entrar na água.

    — Ah entendo, é realmente, cada um é cada um né — Logo após dizer isso a garota enche as mãos de água e lança em Hiro. — Qual é, deixa de ser bunda mole.

    — AGHAA! Maldito choque térmico! — grita Hiro, e pula dentro da água mergulhando. – Uff, parece menos frio agora!

    Afastado dos jovens, Balu e Li Han começam a dialogar sobre qual será o destino da carga.

     — A propósito, a onde vão essas encomendas? — questiona Balu, olhando para a carga.

    — Essas? São falsas, pé de pano é procurado, queremos nos livrar dele, mas é bom que o Xogum pense que nós estamos do lado dele, causa fúria, isso pode ficar com você — responde Li Han.

    — Na minha? Mas eles podem vir atrás de mim! — exclama Balu, preocupado com as consequências.

    — Relaxe, no próximo amanhecer não terá mais o que temer, e estas encomendas terão desaparecido, no entanto sua função tem que ser cumprida — explica Li Han, confiante.

    — Eu não fui sincero senhor Li Han, eu tenho família, gente que precisa de mim, que pode correr perigo! — revela Balu, envergonhado de si.

    — Entendo o que quer dizer, se fizer o que te peço, serão livres! — afirma Li Han, com confiança.

    — Você tem mesmo esse poder?

    — Não sou eu, é você quem tem esse poder, a decisão está nas suas mãos, riscos são necessários. 

    O vendedor fica quieto, refletindo sobre sua posição, seus olhos se focam em Hiro e Saikyo jogando água um no outro, enquanto Yasuke ri, logo olha para o lado e vê Dembele tirando a camisa.

    — Não vão entrar, a água parece estar ótima! — Dembele pula no rio.

    Aquele momento de descontração o faz se decidir.

    — Eu fugi, a vida toda, mas nunca deixei de me arriscar.

    — Você é um sobrevivente, vejo o motivo de termos nos encontrado — diz Li Han, estendendo a mão para Balu.

    — Sim, dívidas a pagar, por isso eu estava naquela maldita fazenda na colheita, sabe por um momento eu até fui a favor do Xogum, ele nunca teve problema com os de fora, aceitava a todos. Mas vejo agora, que meu conformismo é movido por covardia! — afirma Balu, emocionado seus olhos se enchem de lágrimas, e ele se esforça para não as deixar cair, e aperta firme a mão de Li Han, aceitando o acordo.

    — Não me importo, por isso não te perguntei o que fazia lá, meu trabalho não é julgar, ou seguir valores, eu não sou um Xá, sou um servo — responde Li Han, o confortando.

    — Mesmo assim, te agradeço!

    Após a conversa, não demora muito para que o mestre tire sua capa e pule no rio para tomar banho junto com o restante, e Balu vendo todos, não fica de fora e logo entra na água também. 

    Com todos tendo  tomado banho, eles vão trocar suas vestimentas, como orientado pelo mestre, os alunos vestem o uniforme preto. Já Dembele e Yasuke usam roupas simples, para entrar na cidade, a criança usa shorts pretos e camisa branca, o marmanjo camisa branca e calça jeans, e ambos usam tênis pretos. 

    Balu utiliza algo de maior formalidade comparado aos outros, visto que sua função é se passar como nobre. Utiliza sapatos marrons de couro, calça azul e camisa de botões branca com uma jaqueta azul escura por cima. Um cinto com fivela dourada, e chapéu verde claro ajudam a compor o visual.

    Já Li Han se veste como sempre, troca a roupa por uma igual. Sua jaqueta, que usa como capa, é a mesa, a calça, chinelos e camisa branca regata são. diferentes, mas parecem ser as mesmas de antes.

    Neste momento o grupo se encaminha agora com maior lentidão, e a pé, por conta que agora estão apenas com um cavalo, tiveram que esvaziar tudo. Eles prosseguem até a ponte que do rio que leva até a outra costa, conectada à cidade.

    A ponte é sustentada por palafitas, alta passando por cima do rio, e logo em sua entrada os seguranças supervisionando a passagem, Balu e Dembele ficam tensos. Apesar de Hiro e Saikyo estarem atentos, não percebem que o mestre já se prepara para atacar, aproximando a mão do cabo da espada, a dupla está dispersa. Assim como o garoto Yasuke, ainda animado. 

    — Parados, da onde vocês vem? — questiona um dos seguranças.

    — Mu — responde Li Han.

    — Teremos que revistar todos, só um momento e a carroça, se possível já peguem suas identidades.

    — É claro — diz o mestre, que puxa notas de jade do bolso, de cor verde escura. — Todos os documentos necessários.

    — Qual a senha? — pergunta o segurança, que pega as notas da mão de Li Han e levanta a sobrancelha o olhando de forma maliciosa.

    — A cidade é de só um cavalo — diz Dembele. 

    O segurança olha para os lados, o seu comparsa também, ele dá voltas pela carroça, logo depois acena para os seguranças do outro lado da ponte.

    — Liberados.

    — Que cidade maravilhosa — afirma Li Han sorridente. 

    O grupo vai andando, seguindo a estrada de terra, até a cidade, atravessam uma pequena escadaria, até subir de fato para as ruas, tijoladas por paralelepidos de pedra, o local é movimentado, casas simples e com aspecto de serem antigas, por onde se anda a barracas e lojas. Percorrem o centro da cidade passando pelo mercadão.

    — O mercadão de vocês é pequeno, mais organizado, o que tem lá? — pergunta Hiro.

    — Temperos e ingredientes, é o que mais se vende. Além de ter restaurantes — explica Balu.

    — Pode ser uma boa parada, gostaria de tirar umas fotos e conhecer, e bom lugar para gente comer! — sugere Saikyo.

    — Não, eu insisto que almocem na minha casa, já estamos perto, e é quase meio dia, receberam um banquete, e puderam provar o melhor falafel do mundo! — afirma Blau.

    — Se for da casa dos falafel, é muito bom — confirma Yasuke.

    — Espero que não venda apenas falafel — diz Hiro.

    — Fique tranquilo, a gente tem mais coisas! — diz Balu.

    O grupo segue até a casa do falafel, uma barraca localizada em frente a casa de Balu Talim, casa simples pintada de verde, quadrada, antiga espremida por duas casas maiores. A barraca está vazia, Balu se aproxima da porta, o homem que se mantinha com postura tímida e contraída, respira fundo, recobra coragem e ergue sua cabeça, bate na porta, e fica à espera. 

    Quem abre a porta é uma mulher, de pele bronzeada, lisa, jovial, com olhos escuros e suas pálpebras delineadas, usa vestido branco, e um véu marrom que envolve seu pescoço como um cachecol.

    — Se Deus quiser, a última peregrinação vai ser até a cidade honrada, já chega não minha querida? Seu pai tem testado sua fé! — Balu emocionado segura as mãos de sua filha olhando em seus olhos, e ela o abraça.

    — Voltei a orar cinco vezes ao dia, e Deus me garantiu sua volta! — diz a filha emocionada que começa a chorar.

    Dentro de casa observando de longe, indo ver quem estava no local, alguém idêntico de rosto a Balu, com a única diferença visível é com o rosto o nariz sendo achatado, seu físico se diferencia por ser corpulento e alto, maior que Balu, e gordo. Ele veste camisa verde, calção azul e sapatos marrons. 

    — Irmão, ainda bem que não estamos em tempo de jejum! — diz o homem animado ao ver Balu novamente.

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