Demorei, mais finalmente um pouco de magia 🙂
Capítulo 39: Força!
Nas ruas do centro da cidade de Ké, as pessoas escutam barulhos de cavalos cavalgando por ali, e então acostumados com aquilo, os cidadãos param e abrem as ruas completamente livre para a passagem dos homens e seus cavalos, e a um líder entre eles um rosto reconhecido por Dembele que o deixa em fúria, o olhar de ódio que não é possível de se esconder, e ele nem faz questão. Por Balu Talim é de medo, que é compartilhado com os cidadãos que abriram a passagem, com alguns tendo admiração e prestígio.
O homem em cima do cavalo, que porta a alabarda, General Kraig, o responsável por matar diversos colegas de Dembele. Figura de ordem e autoridade na cidade, em nome do Xogum, lidera os soldados de elite, Shimpu, honrados homens que não usam armas de pólvora. Se vestem com coletes de couro, calças marrons grossas e botas pretas de fibra resistente, portam em suas cinturas katanas e tem um cinto com bolsas, com materiais de diferentes utilidades.
O tamanho do líder, seu estilo e a montaria, que é o seu cavalo negro, o colocam como uma figura visualmente heróica e intimidadora, quase como se fosse um homem além dos homens, a capa colabora, que fica ao ar balançando, uma visão estonteante para civis, que tem a chance de ver brevemente, pois assim que percebem sua chegada e abrem alas para sua passagem, já se passou, o que se esperava, ficando apenas uma breve imagem, como o raio, o que demora mais tempo a passar é o som dos cascos no chão assim como do trovão.
A quanto aqueles que já conhecem ficam preocupados, e Li Han observando atento, Hiro e Saikyo olham admirados, é totalmente diferente do que estão acostumados a ver em suas cidades.
— É tipo um super herói! – diz Hiro sorridente com ânimo.
— Tá mais para um cavaleiro, sé viu aquela alabarda! – diz Saikyo igualmente animada.
— Maldito! É ele, o general Kraig, a lámina executora do Shimpu, é o segundo homem com maior autoridade na cidade, ele é um dos homens do Xogum! — grita Dembele, sem medo de qualquer pessoa ouvir, informando Li Han apontando para a direção que os soldados foram. — A maneira de chegar até lá é a ponte, eles foram em direção a ela.
— Bom saber para onde devemos ir! — agradece Li Han, observando atentamente a trajetória que o Shimpu segue.
— Ei seus abusados, revejam suas palavras para se referir ao general babacas! — diz um dos cidadãos em volta;
Dembele fecha os punhos se preparando para reagir, Yasuke o olha preocupado, mas ele não age, pois Li Han o segura pelo o pulso, o fazendo ser consciente e não agir pela emoção.
— Então o que ele fez para ser prestigiado? — questiona Li Han, ainda com seus olhos observando o caminho que iram traçar.
— Ah é, eu esqueci de contar, eu queria ter falado sobre isso durante a viagem no trem! Mas aí venho aqueles caras! — relembra Yasuke.
— Ele venho bem antes do Xogum, a quatro anos ele chegou, substituindo o corrupto capitão de polícia ele veio da cidade de vocês para cá, as coisas mudaram, não sei quanto, não estava aqui a tanto tempo — explica Balu.
— Antes a polícia daqui era um saco, muitos pistoleiros dos donos de fazenda e barões da cidade, azucrinam mais o povo do que iam atrás de bandidos. Ele de fato mudou as coisas. — complementa Dembele. — Mas não muda nada, ele vem de uma linhagem que segue a tradição dos povos do Khanato, ele se vê como um Khan! — ressalta a sua raiva por Kraig. — Mais quem liga, pelo que parece uma detetive descobriu quem era o maior serial killer da região demônio maníaco dos casais picados, mandaram o Kraig o capturar, e ele recebeu todo o prestígio, pois a detetive nunca se identificou. Quando o Xogum chegou, ele se admirou com a possibilidade de usar o título de General e honrar sua descendência.
— É, pois é, o único que poderia o derrotar seria o grandioso Xogum da pólvora acesa! — Um dos cidadãos se intromete empolgado com a história de Kraig.
— Barão da bomba! — Dembele responde de forma hostil.
— Só playboy o chama assim, você vê alguém sendo roubado? — retruca o cidadão de tal forma que faz Dembele ficar sem resposta. – Então por que reclama? Não somos explorados, isso sim, eu posso falar mal de qualquer político safado, e vi o meu bolso encher, e do patrão ficar de tamanho honesto, pra mim, ele é um herói!
— Formídavel, vamos, antes que eu perca do alcance do meu ouvido, o som dos cascos estão diminuindo, obrigado pela informação rapazes, boah, boah! — decide Li Han não perder mais tempo no local, então sai correndo em alta velocidade.
O restante se esforça para o acompanhar, mesmo que de longe, eles são olhados de má forma pelas pessoas que por ali passam, atrapalhando o trânsito da cidade, até chegarem ao seu destino, pois aquela algazarra chamou atenção.
Notam intuitivamente na chegada, onde é o seu destino, com eles estando com a perspectiva detrás ponte que liga o centro da cidade, com a região leste, que é separada por um rio, vêm a casa do sol nascente, um verdadeiro castelo, como majestoso, exaltado por um morro que o ergue as alturas.
Li Han freia bruscamente, com poeira se levantando assim que ele para sua corrida, os outros também tem essa dificuldade, Hiro e Saikyo conseguem manter o equilibrio, Balu se atrapalha mais se mantém de pé, Dembele tropeça quase caindo e o garoto bate de cara no chão.
O mestre para ao lado do cavalo de Kraig, o que faz ele olhar para o lado com desconforto, e seus homens ali perto se aproximam de Li Han, desconfiados, formando um círculo.
Li Han percebendo o desconforto que gerou ao chegar no local de forma inconveniente e fazendo baderna, decide provocar ainda mais cutucando o cavalo de Kraig, o que faz o general arregalar os olhos, saltar as veias da testa e ficar com a pele avermelhada.
— O que quer rapaz? — Kraig dá o benefício da dúvida, apesar da fúria, ele se controla, para demonstrar a postura correta de alguém em seu posto.
— Só uma informação meu jovenzinho, aquela ali é a casa do Xogum? — Li Han fala de forma debochada, enquanto aponta para a casa do sol nascente, provocando mais ainda o general.
— AHAAAA! — grita Balu em desespero, colocando a língua para fora por conta do susto. — O que você está pensando!? Ninguém faz essa pergunta!
Um dos homens se aproxima de Li Han, para o agarrar, mas o General gesticula com a mão aberta o ordenando para se afastar. Os olhos de Kraig mudam ao ver a capa observar a capa de Li Han, passado a irritação, ele analisou os símbolos na capa do mestre, e focou seu olhar para decifrar aqueles padrões, os quais reconhece.
— Eu não sou idiota, essa baderna foi para chamar minha atenção, ignorantes nem tem culpa, mais padeço desse mau, mas perdão, o símbolo em suas costas. — Kraig antes de concluir sua fala, desce de seu cavalo, ficando frente a frente a Li Han, a diferença de tamanho é colossal, mais mesmo o homem maior demonstra respeito, e fica de cabeça baixa. — Se for Li Han, não posso deixar que encoste um dedo no Xogum.
— Eu não irei encostar um dedo nele, não será preciso — afirma Li Han de forma provocante, erguendo a cabeça, encarando o general, e abrindo um largo sorriso, que chama atenção de todos à volta. — Eu tirei suas dúvidas?
— Li Han, é uma honra, e uma pena não estarmos do mesmo lado! — lamenta Kraig, ficando com o olhar caído.
— Ele conhece o mestre, como assim!? — questiona Hiro, coçando a cabeça, a espiral em seu cabelo fica enrolada e saltante demonstrando sua dúvida.
— O mestre é famoso! — diz Saikyo, ao relembrar das vezes que o mestre fora reconhecido.
— Pena? Sinto de você! Meus alunos deviam ser considerados seus superiores, pois oficial de patente falsa, são como flores plástico, podem até enganar de longe, mais de perto, você vê que é apenas uma réplica, não tem o mesmo cheiro, a textura, a fibra, sem vida! — discursa Li Han de forma afrontosa, irritado ele franze o nariz, e projeta a cabeça para perto do rosto do general.
— Então será uma honra provar meu valor, antigamente partiria para matar, mas o que aprendi foi ter certa piedade, meu sonho era servir ao seu mestre! Mais encontrei iluminação no meu caminho! — diz Kraig emocionado, quase como se estivesse se desculpando com Li Han.
— Piedade, não brinca, seu desgraçado! Mata ele logo! — grita Dembele furioso perdendo totalmente o controle, seus olhos ficam avermelhados.
O marmanjo avança, Yasuke fica amedrontado ao ver essa cena, e teme pela vida de seu amigo, os soldados já se preparam para sacar as armas, mas Hiro e Saikyo seguram Dembele.
— Considere que eu irei te puxar para as sombras, afaste os homens e os cavalos, por favor — declara Li Han, parando de sorrir ficando sério.
— Justo, afastem-se! — ordena Kraig.
Os soldados se distanciam, guiando os cavalos a se afastarem, os cidadãos se aproximam, curiosos para observar o confronto. De forma protetiva, Balu se afasta puxando o garoto Yasuke, que fica vidrado querendo ver a luta. Dembele é contido, e quando se acalma, volta seus olhares para o confronto, torcendo que seus colegas sejam vingados, já os alunos ficam de prontidão.
Ambas as capas balançam sobre o ar, a correnteza dos ventos muda de repente, ficando mais forte, o auto-intitulado general se prepara com sua lança. Em contrapartida, apesar de armado Li Han, nem sequer cogita de tirar sua espada da bainha, fica calmo, à espera.
Nenhum dos soldados e cidadãos o que está havendo, os civis observam impressionados, por tamanha ousadia. Os parceiros de viagem do mestre ficam confusos, até mesmo Saikyo a sua aluna não compreende.
Mas Hiro vê, em volta de Li Han aquilo que parece uma névoa, a qual não consegue compreender o que ela, mais de alguma forma ele vê nitidamente aquilo se formando, enquanto o mestre respira e canaliza em volta de si. Então Hiro repara no olhar do mestre, e pensa “É como se ele quisesse ver se mais alguém percebe’’.
Kraig honrado recusa dar iniciativa sem sinal de agressividade por sua parte, e fica ao aguardo de um ataque.
— Não vai pegar sua espada? — Kraig pergunta ainda à espera que seu oponente saque a arma.
— Eu quero mostrar algo aos meus alunos, depois disso eles vão lutar contra você, minha condição para vitória é desarmar você, vou fazer usar apenas um dedo para isto. Tem duas opções, me atacar para matar, ou apenas para me ferir, eu atacaria para matar, vai me fazer recuar e demorar mais tempo, mas reconheço que isso será rápido, de qualquer forma. Não se sinta mal — diz Li Han empolgado tentando não parecer arrogante, mas ainda concentrado.
— Não me subestime, esperava menos arrogância por sua parte — diz Kraig decepcionado.
— Arrogância? Isso vai acontecer, não tem porque eu mentir, e ficar com falsos discursos de humildade, existem níveis diferentes! – responde Li Han.
A aparente névoa em volta do mestre aumenta, e por algum motivo a resposta deixa Kraig acuado com os pés indo para trás, porém seu orgulho não o deixaria recuar. Então se mantém em confronto com Li Han, que parece o ignorar.
— Oommmmmmm — Li Han se prepara fechando os olhos, em meditação breve. — A ação forte do céu, reverbera no tudo, quando se observam, refletem as imagens, a semelhança com o divino, é percebida diante a sua aproximação, pois carregamos conosco pedaços do paraíso!
— Que se dane! — grita Kraig, partindo para o ataque.
Kraig ergueu sua alabarda, e a ponta dela fica na direção do sol que está se pondo, em seguida a desce com toda força, e o corte da lâmina vem de cima para baixo em direção a parte direita da clavícula de Li Han, o lado o qual usa para manusear a espada.
Apesar do ataque com a alabarda pesada, que poderia decapitar um cavalo com um único golpe, Kraig mirou em uma parte a qual não era letal e daria tempo para defesa, caso acertasse, o corte seria profundo. Mas sem colocar toda sua velocidade e potência, não querendo partir quase metade do corpo Li Han, ele torna as palavras de seu oponente em realidade.
No dedo indicador direito de Li Han se concentra todo aquele ar misterioso que Hiro viu, que agora brilha de forma tão intensa, que até mesmo as pessoas que antes não viam, consegue vislumbrar a luz, pouco quase como se a luz não estivesse realmente ali. Então Li Han direciona seu dedo junto com a luz para frente de encontro com a ponta da lâmina da alabarda, e assim finaliza o poema com a palavra chave.
— Qián!
Assim se libera daquela luz, energia concentrada, uma força que repele a lâmina da alabarda a empurrando para trás com tamanha força, que faz a arma escapa das mãos do general e a joga pelos ares. Por fim, de forma perfeita a alabarda quando cai se crava a ponta esquerda da entrada da ponte.
— HAHAHAHA! Que sorte! Como eu disse de mãos nuas, agora sim será um combate justo! — comemora Li Han pelo sucesso do ataque. — Isso se chama mó bian, a magia dos hexagramas. Dominada pelos Rishis, quase todos foram mortos no passado, mas o importante é que devem saber que eles e os Kamis são inimigos. Isso mesmo, os servos de mais alta patente do iluminado, ou seja, eu e o seu líder, Xogum, somos inimigos predestinados, independente de nossas escolhas, não podemos coexistir! — explica o porquê de suas ações, satisfação dada não apenas a Kraig, mas aos seus alunos e colegas de viagem, e é para eles que olha enquanto explica.
— Compreendo, você está acima das minhas capacidades, mas não tem chances nenhuma contra o Xogum, o Shimpu não fará nada contra você, mais seria melhor que você não fosse — recomenda Kraig, totalmente frustrado, de mãos vazias.
— Eu evitarei enfrentar o Xogum, eu colocarei outros no meu lugar se possível, eu não quero ter de o matar, ele parece ser alguém lá no fundo bom! — ressalta Li Han, tranquilizando o seu oponente.
— Então não posso permitir que seus alunos passem! — diz Kraig, aceitando de forma indireta o desafio apontando a mão para Hiro e Saikyo.
Tá ai mais detalhes para quem se interessar. (Demorei para mostrar algo de um sistema de magia? Talvez).
Número 1 – Força ䷀
A ação forte do céu
Reverbera no tudo e no nada
Quando se observam, refletem as imagens
A semelhança com o divino
É percebida diante a sua aproximação
Pois carregamos conosco pedaços do paraíso
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