“Você consegue se sentir grande sem projetar sua sombra sobre os outros? Ou se saírem dela, você vai perceber o quanto somos pequenos. Fique sobre ela, pois apenas é a única coisa que te fará se sentir maior, nos dias deprimentes’’, desconhecido.

    Cinco dias após a patrulha na floresta, em uma sexta depois da aula Hiro e Saikyo voltam da escola, ambos de uniforme, Hiro com o uniforme se sente envergonhado, uma camisa branca abotoada, uma calça preta e tênis pretos, combinado a arrumação de seu cabelo, estando penteado perfeitamente unido, e redondo, só com a sua mecha em espiral intacta. Cada uma está com mochila nas costas, a de Hiro vermelha a de Saikyo amarela. Enquanto eles caminham de volta, os outros alunos olham para eles admirados. Hiro é o primeiro a expressar sua insatisfação.

    —  Eu me sinto incomodado, eles estão olhando para gente como se tivéssemos sido heróis, apenas sobrevivemos por pena!

    —  É, mas isso elevou nossa moral, vai ser bom sermos valorizados e vemos amanhã aqui na escola, até agora não acharam indícios dos patrulheiros — responde tentando mostrar o lado positivo, porém apenas piora.

    —  Uma hora eles estavam com agente, na outra . . .

    —  É, vai continuar? Eu quero, meu pai fazia exatamente este tipo de coisa, e morreu, sem criar sua filha, e ela agora quer entender o porquê fazer este tipo de coisa, o que, que segredo para a vida dele, ele teve para fazer esse tipo de coisa, está tal batalha real que estão comentando, meu pai já foi um dos participantes, e um dos vencedores, eu também quero vencer! O general celeste está fora da cidade, o fim deste evento marca a sua volta pelo que parece, para condecorar os ganhadores, mais o que acontece quando você ganha? — a garota se questiona intrigada em descobrir mais sobre o mundo.

    — Hã, vamos nessa! — a apoia, sorrindo para ela, vai se afastando. — Eu tenho que ir para casa agora, hoje foi mais curto as aulas, mas amanhã aqui estarei! — Ele acena para ela, depois que se vira seu sorriso rapidamente se desfaz, e então se vai correndo.

    — É isso aí, até mais, Hiro! — despede-se acenando para ele.

    Ambos partem para suas casas. Hiro mora ao centro-oeste da cidade, já Saikyo no sudeste, próximo do bairro dele, o bairro de Hiro é o bairro Oeste vermelho, tradicionalmente com casas pintadas de vermelho mais alaranjado, onde as árvores têm folhas mais secas. Já o de Saikyo possui um rio que passa bem por ele, em várias ramificações do mesmo rio, em alguns lugares mais pobres, a margens da sociedade, esgotos a céu aberto, que onde Saikyo mora perto, mais ainda dentro do bairro dos peixes dourados, perto da parte ainda residencial. Ela mora em uma casa simples de apenas um andar, onde a parte da frente, é uma loja de peixes domésticos e vende rações para peixe, ela entra passando pela entrada. Indo até o balcão da recepção, Saikyo fala com sua mãe, Amai Seimei. A moça usa avental rosa florido, por baixo uma blusa de manga longa azul, calças largas azul e botas brancas,  seu rosto é parecido com sua filha, sua pele é mais enrugada, seus olhos são castanhos mas claros, redondos e grandes como o dela, seu nariz é fino e empinado para frente, boca pequena, seus cabelos lisos e pretos mais longos que de sua filha, amarrados para o trabalho, já sua franja cobria sua testa.

    — Oi mãe, tudo bem? Amanhã vou à escola de novo.

    — Estou um pouco cansada, vai ir para escola de novo amanhã? Eu quero que estude, mas sabe que estou precisando de ajuda na loja, não dou conta de tudo sozinha — a mãe responde bocejando de cansaço, e com olheiras, além de estar cabisbaixa.

    — Pode deixar mãe, o que se precisar eu estou aqui hoje o dia inteiro, não tem atividades, eu posso ajudar.

    — Então, vai vir vários potes de ração para você descarregar, empilhar, separar e organizar, estou sem forças, e você parece estar com vigor.

    — Vai ser um ótimo exercício! Com isso eu estou liberada amanhã? — barganha com a mãe, juntando as mãos se inclinando para frente e jogando charme.

    — Deixa eu pensar . . . tudo bem! — a mãe aprova cedendo às vontades da filha.

    — Eba, eu já volto mãe! — diz Saikyo correndo logo para o andar de cima, e sobe as escadas.

    — Só espero que não esteja mentindo para namorar garota! Se não, a chinela vai cantar! — fala de forma ameaçadora, no entanto com um tom de sarcasmo e brincadeira com sua filha.

    Já mais ao oeste da cidade, Hiro chega em casa cabisbaixo, sua mãe o ouve entrando pela porta e vai até lá, Gao vê seu filho cabisbaixo e vai passando as mãos em seus cabelos.

    — O que foi filhinho? Não fizeram piada com o penteado que eu faço em você não é?

    — Não mãe! — negando ele fica envergonhado ao falar do cabelo, que rapidamente o penteado se desfaz ficando todo arrepiado. — Eu não gosto desse penteado, e ninguém me zoa mais por causa dele, eu só estou pensativo.

    — Ah tudo bem, é normal nessa idade, a puberdade deixa agente com uma nuvem de coisas na cabeça, vamos almoçar.

    Hiro acompanha sua mãe até a cozinha, ele se senta na cadeira de madeira com alças, a qual fica confortável, ele está de um lado da mesa enquanto seu pai fica do outro, a mesa é redonda e pequena, Gao coloca na mesa uma panela com bisteca frita.

    — Bisteca! Uma notícia boa! — diz Hiro já agarrando com as mãos a bisteca pelo osso e dando uma mordida.

    — É, inclusive seu avô deixou uma lembrancinha para você, ele viajou e vai ficar fora por um longo tempo, ele só vai voltar para um evento importante aqui na cidade — após passar o aviso o pai de Hiro faz o mesmo que o filho, agarrando pelo osso a carne ele dá uma mordida.

    — Meu vovô? Ah é — reflexivo ele olha para a janela olhando para a grande torre ao centro da cidade.

    — Não deixe esfriar— diz Gao e coloca os pratos na mesa, e depois a tigela de arroz, sopa e salada.

    —Jamais! — exclama Hiro que enche o seu prato de comida e aproveita o banquete.

    No dia seguinte novamente Hiro e Saikyo se encontram em frente a escola, ao chegar lá Saikyo já está o esperando há algum tempo. Hiro chega cabisbaixo, e com olheiras por falta de sono, e fica decepcionado ao ver a escola fechada, e pergunta para Saikyo se é mesmo aquilo que vê.

    — Tá fechada?

    — É, temos que ir para outro local — esclarece a situação, e batendo no pôster no portão da escola que informa o local, deixa mais claro ainda. — Aqui só estava rolando as inscrições por assim se dizer, o treinamento para a batalha real vai ocorrer na escola militar de combatentes, é para lá que vamos!

    — Sim! — diz animado mesmo com o rosto de sono e olheiras, mas logo sua expressão muda para a de alguém confuso, ressaltando uma de suas sobrancelhas. — Mas pera ai, onde fica esse local?

    — Você não sai mesmo de casa hein, é da escola para casa e mais nenhum local?

    — Eu fico mais tempo que você na escola em boa parte da semana!

    — Ah é mesmo, seus pais não te permitem fazer esportes sem estudar o dobro, hahahaha que peninha, de você nerd, vamos me siga!

    Saikyo então sai correndo e Hiro vai atrás, a escola fica na zona Oeste da cidade, fica alguns quarteirões de distancia tanto da casa de Hiro quanto de Saikyo, em um sábado, as ruas estão cheias, assim como todos os outros dias, porém os locais que eles passam estão mais do que o normal. Eles passam pela feira, cheia de barracas, vendendo diferentes tipos de produtos, mas nem dá para ver ao certo o que se vende, o local está apertado e movimentado, cheio de pessoas, onde dificilmente alguém se reconhece ou se vêem. 

    Eles continuam a caminhar e passa próximo a um parque do bairro dos jardins arco íris, cheio de flores coloridas, com aromas diversos, mais que mantém o ambiente por igual perfumado, repleto por borboletas e beija flores pelo local, ótimo para passar o tempo, principalmente para os casais e para as crianças brincarem ao ar livre, e como em qualquer outro local, está cheio, mas sem aperto, com pessoas espaçadas. Casais sentados nos bancos, alguns passeando e crianças correndo, algumas caçam borboletas, e outros insetos. Onde as pessoas passam rápido, e constante, não dá para reparar nas pessoas, os dois apenas prosseguem.

    Chegando perto do local onde querem ir, eles passam por praças com monumentos religiosos, que é cheia, porém pouco movimentada por causa dos momentos que as pessoas dedicam as rezas, durante o caminho eles conversam pouco e também reparam pouco nas pessoas em volta, mais naquele local algo chama atenção, os monumentos. Há alguns próprios da cultura da nação, uma estátua de tartaruga, ao qual meditam em cima e em volta dela, mas nada fora do comum, só um rito mais específico e profundo. O que chama mais atenção aos olhos dos dois, apesar de já conhecido por eles, é o obelisco dos zodíacos, sentem vindo dele uma sensação diferente. Este obelisco é imenso, com dezenas de metros de altura, e através de suas gravuras conta uma história épica.

    — Obelisco são formas que me deixam incomodado, sinto uma energia estranha vindo deles! — diz Hiro ficando levemente arrepiado.
    — São formas usadas para bruxaria e outras coisas do tipo — responde de forma séria, como se fosse um conhecimento geral.

    — O que? Qual é o sentido!? Bruxas e bruxos não existem, esse negócio de usar coisas para lançar maldições e etc, já não basta com rituais, agora obeliscos?

    — Você não sabe de nada, as formas e coisas tem poder, mamãe mesmo me ensina várias ervas que podem ser usadas para bruxaria, mais é só por segurança, mais tem desde poção do amor, há maldição do mau odor — Ela não perde a seriedade enquanto durante a sua explicação.

    — Maldição do mau odor? Ai se tá brincando né? — questiona cético, Hiro não sente a mesma fé que Saikyo perante aquelas figuras e histórias, por isso acha cómico.

    — Pior que não, meu pai já sofreu um desses, mas não foi do mau odor, minha mãe disse que uma bruxa o amaldiçoou depois que eu nasci, por isso ele não teve mais filhos, acabou com a força e o vigor dele.

    — Acho que sua mãe mentiu para você.

    — A tanto faz, você não consegue sentir algo estranho vindo do obelisco?

    — É sim, esse em particular . . . as gravuras, eu nunca entendi essa história.

    — O que? Você nunca recebeu aulas sobre a história dos zodiacos? Nunca teve aulas em uma igreja?

    — Meus pais não acreditam muito nisso, claro pode ter coisas incríveis e absurdas, mas para que seguir o que já foi, né.

    — Deixa de ser besta, essa é a história de um jovem deus que irritado com a tirania da época, se isolou com a natureza, e elegeu doze animais como seus companheiros para onde fosse, até que a maldade chegou até eles, e mataram seus doze seguidores, então ele os reviveu como deuses, para acabar com o mau! — conta a história com empolgação, se segurando para não se estender. — Um dia eu te conto esta história completa, é um épico! Dizem que seus espíritos reencarnam de tempos em tempos, e seus corpos animais estão por aí como feras gigantes, sua missão ainda não acabou.

    — Ah, legal, e a da tartaruga? — chama a atenção para a tartaruga, apesar dele achar interessante a história, a tartaruga tirou o seu foco totalmente.

    — Uachamu, ela carrega as almas das pessoas em viagens no mundo espiritual, trazendo a nossa constante mudança no estado de espírito! — Ela junta suas mãos e por um momento fecha os olhos, enquanto profere as palavras. — Ela carrega todas as almas nesse incrível mar espiritual!

    — Uau, uma tartaruga! Isso de fato parece ser bem divertido! — declara diferente de sua amiga, apenas enxerga como uma história qualquer.

    — A deixa para lá, você não vai levar essas coisas a sério, vamos, é logo ali!

    Naquele momento eles já estão no centro da cidade, e chegam no grandioso monumento da escola de combatentes. Um monumento de três andares, feito de concreto, pintado de verde, e com telhados vermelhos, com um pavilhão central, e um em cada ponta, dentro dele, quatro pavilhões, um para cada turma, sendo coberto pela sombra da torre do general celeste. A entrada é permitida apenas para alunos, mas em tempos como este, a entrada está aberta para eles, os soldados nem sequer olham para eles, por coragem ou inocência os dois cruzam o majestoso portão e vão em direção a academia que treina os jovens. Eles apenas dão uma indicação

    — Vão para o oitavo pavilhão!

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota