Na cidade de Colbith, em uma câmara escura e úmida, um grupo de figuras sombrias, envoltas em mantos pretos e vermelhos, interrogava brutalmente um funcionário da guilda. Seus rostos cobertos por vendas sinistras, e seus olhos maliciosos brilhando na penumbra.

    “Você vai nos dizer o que queremos saber, ou essa será a sua última noite”, sibilou o líder do grupo, uma figura alta com cicatrizes profundas no rosto.

    O funcionário, estava amarrado em uma cadeira, seu corpo ensanguentado e sua respiração ofegante

    “Eu… eu não sei de nada”, gagueja ele, a voz fraca.

    “Mentira!”, gritou uma das figuras, acertando um soco no rosto do prisioneiro, “Queremos saber quem matou nosso líder, Lectus. Sabemos que foi alguém da sua guilda. Quem foi?”

    O homem gemeu de dor, tentando reunir forças para responder.

    “Eu juro… não sei… Lilith… só ouvi boatos…”

    “Ah, então foi Lilith”, murmurou o líder, com um sorriso cruel, “Ela vai pagar caro por isso. Ouviram? Lilith é nossa próxima presa.”

    Enquanto isso, Lilith, Tharon e Elyra viajam de volta para Colbith. A viagem de três dias ofereceu uma pausa para apreciar a paisagem ao redor: colinas verdejantes, campos dourados e florestas densas passam como um borrão tranquilo.

    “É bom estar na estrada de novo”, disse Tharon, observando a paisagem, “Há algo de revigorante em estar em movimento.”

    Elyra concordou.

    “Vern foi incrível, mas sinto falta de casa.”

    Lilith, mais silenciosa do que o normal, observava a paisagem, perdida em seus pensamentos.

    No segundo dia, o grupo chegou a um grande lago de águas claras. O reflexo do sol na superfície calma era simplesmente hipnotizante. Eles param para descansar e se refrescar.

    “Esse lugar é lindo”, comentou Elyra, enchendo um cantil com a água fresca.

    “Sim, é um dos meus lugares favoritos”, disse Tharon, com um sorriso nostálgico.

    Lilith se sentou à beira do lago, sentindo a suave brisa e deixando seus pensamentos vagarem.

    Ao anoitecer, durante o jantar em torno de uma fogueira, um rosnado profundo rompe a paz. Das sombras surge Fenrir, uma criatura lupina gigantesca, com olhos brilhantes e um ar de majestade feroz. Todos ficam em alerta, exceto Lilith, que se mantém calma.

    “Não tenham medo”, disse Lilith, levantando-se lentamente. Ela se aproxima de Fenrir com confiança, “Olá, grande lobo. O que o traz aqui?”

    Para surpresa de todos, Fenrir respondeu em um tom grave e reverberante.

    “Estou apenas de passagem, mas o cheiro de sua comida me atraiu. Sou Fenrir, e não quero causar problemas.”

    Lilith sorriu.

    “Então junte-se a nós, Fenrir. Compartilharemos nossos suprimentos com você.”

    Enquanto dividem a comida, Fenrir conta histórias antigas sobre a floresta. Sua sabedoria e presença impressionam a todos, mas é com Lilith que ele parece ter uma conexão especial.

    “Você tem uma aura diferente, jovem guerreira”, disse Fenrir a Lilith, “Algo em você transcende o comum.”

    Lilith apenas sorriu, sentindo paz na companhia do grande lobo.

    No terceiro dia, finalmente avistaram Colbith. A cidade parece acolhedora após a longa jornada. Ao entrarem pelos portões, são recebidos calorosamente pela população.

    “Bem-vindos de volta!”, gritaram as pessoas, acenando e sorrindo.

    Eles seguiram direto para a guilda, onde foram recebidos com abraços e congratulações.

    “Vocês alcançaram o rank C e trouxeram informações vitais. Estamos muito orgulhosos de vocês”, disse o mestre da guilda.

    À noite, a guilda organizou uma grande festa em homenagem aos recém-promovidos aventureiros. A música vibrava no ar, as risadas e brindes ecoavam pelas paredes do salão, enquanto pratos cheios e canecas de bebida circulavam sem parar. Mas, em vez de se juntar à celebração, Lilith subiu até o telhado, buscando um lugar mais tranquilo para seus pensamentos. A brisa fresca da noite acariciava seu rosto enquanto ela olhava para a lua alta no céu, mergulhando em suas reflexões.

    Ali, cercada pelo silêncio e pela vastidão do céu estrelado, Lilith se questionava sobre o rumo de sua jornada, os perigos que enfrentava e os que ainda estavam por vir. A solidão parecia segura, como uma velha amiga com quem podia compartilhar seus receios mais profundos. Porém, antes que pudesse perceber, uma presença se aproximou furtivamente. A figura sombria se movia em silêncio, as sombras a envolvendo como um manto invisível.

    Num instante, antes que Lilith pudesse reagir, uma força inesperada a agarrou. Ela tentou lutar, mas a surpresa de um pano em seu rosto e o cansaço a traíram. Sentiu o mundo se tornando nebuloso, o peso da consciência escapando, até que tudo ao seu redor se desfez em escuridão.

    Lilith despertou em um lugar escuro e desconhecido, amarrada a uma cadeira. Ao seu redor, os mesmos indivíduos de roupas pretas e vermelhas que haviam torturado o funcionário da guilda.

    “Onde estou?”, perguntou, tentando entender a situação.

    “Bem-vinda ao seu pesadelo, Lilith”, disse o líder do grupo, aproximando-se, “Sabemos o que você fez. Você matou Lectus, nosso líder, e agora vai pagar.”

    O líder então se afastou, revelando um círculo mágico complexo desenhado no chão ao redor de Lilith. As linhas brilham com uma luz vermelha sinistra, e o ar está pesado com uma energia maligna.

    “Vamos usar sua vida para invocar um ser poderoso, algo que nem você pode imaginar”, explicou o líder, com um sorriso cruel, “Lectus foi apenas o começo. Com o poder do ser que vamos invocar, destruiremos esta vila.”

    Lilith observou a cena, percebendo a gravidade da situação.

    “Vocês estão loucos. Isso não vai acabar bem para ninguém.”

    “Silêncio seria mais sábio agora, Lilith”, respondeu um dos capangas, acendendo várias velas ao redor do círculo.

    Enquanto a tensão aumentava, Lilith sentiu uma estranha lembrança daquele ser branco envolto em uma aura negra. A raiva e a força começaram a surgir, mas a realidade cruel ao seu redor logo a traz de volta. O líder iniciou cânticos antigos, e as luzes vermelhas do círculo mágico começaram a pulsar com mais intensidade.

    “Preparem-se, irmãos. O momento está chegando”, disse o líder, levantando as mãos em direção ao céu.

    Lilith sentiu o perigo iminente. Em sua mente, se desculpa com Tharon e Elyra por ter sido capturada e esperou que eles pudessem encontrá-la a tempo.

    As vozes dos capangas ecoam pela sala, e o chão treme. A luz vermelha se transformou em uma espiral de energia que envolveu Lilith, levantando-a da cadeira. Ela lutou contra as amarras, mas a força do ritual é esmagadora.

    “Sim! Está funcionando!”, gritou o líder, os olhos brilhando de excitação.

    Com um último grito, o líder conclui o cântico, e a energia ao redor de Lilith explodiu em um vórtice de luz e sombras. Uma figura começou a emergir do centro do círculo, e Lilith sentiu a presença esmagadora do ser invocado. Sua visão escurecia, mas ela se agarrou à última centelha de força, determinada a lutar até o fim.

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