Capítulo 18: A caminho da nova cidade
Na manhã seguinte, Lilith acordou com o primeiro raio de sol que atravessava a clareira. Ela se levantou lentamente, ainda sentindo o peso do cansaço em seus músculos. Félix flutuou ao seu lado, observando-a com atenção.
“Como você está se sentindo?”, perguntou ele.
“Melhor, eu acho”, respondeu Lilith, esticando-se, “Ainda estou um pouco dolorida, mas a magia de cura ajudou bastante.”
Fenrir, já de pé e observando os arredores, se aproximou.
“Bom dia, Lilith. Temos uma longa caminhada pela frente. Vamos nos preparar e partir logo.”
Lilith concordou, arrumando rapidamente suas coisas. Ela se arrumou e colocou sua venda em seus olhos, e suas vestimentas de aventura.
Em poucos minutos, o pequeno acampamento foi desfeito, e eles começaram a caminhar pela floresta. A neve fina cobre o chão, criando uma trilha branca sob seus pés.
Enquanto caminhavam, Fenrir quebrou o silêncio com uma pergunta que parecia estar pesando em sua mente há algum tempo.
“Lilith, você já se perguntou por que você é diferente?”
Lilith olhou para ele intrigada.
“Diferente como?”
“Eu consigo ver a alma das pessoas, e a sua é única”, Fenrir pausou, procurando as palavras certas, “Sua alma não tem a sua aparência física. Em vez disso, ela está borrada, como se estivesse presa dentro de uma caixa. E dessa caixa saem fios do teto que se conectam à sua cabeça. Fios de várias cores: azul, laranja, branco, e recentemente, um fio preto muito fino e fraco. Esse fio apareceu depois que você saiu de Colbith.
Lilith franziu a testa, processando a informação.
“Eu não sabia disso. Nunca imaginei que minha alma pudesse ser vista dessa maneira.”
“O fio azul estava bastante intenso durante nossa batalha”, comentou Fenrir.
“Talvez isso tenha a ver com o deus Kaelram, que me deu a habilidade de imortalidade, aquele cabeça de ave”, disse Lilith.
Fenrir acenou com a cabeça.
“Faz sentido. A aura dos deuses pode ser percebida através dessas conexões.”
“Há algo mais que você deve saber”, continuou Lilith, hesitando por um momento, “Eu não sou deste mundo. Vim de outro lugar, mas quando cheguei aqui, perdi minhas memórias. Estou tentando recuperá-las aos poucos.
Fenrir observou Lilith com um olhar profundo.
“Isso explica muito sobre você, Lilith. Sua alma reflete essa dualidade entre os mundos. Esses fios representam suas conexões com diferentes poderes e experiências. O fio preto, embora fraco, é um indício de algo novo e possivelmente perigoso.”
Eles caminharam em silêncio por um tempo, cada um perdido em seus próprios pensamentos. A neve começou a cair mais intensamente, cobrindo a trilha à frente deles. Lilith sentiu um arrepio de preocupação, mas a presença de Fenrir e Félix ao seu lado a confortava.
“Fenrir, você acha que vou conseguir recuperar todas as minhas memórias?”, perguntou Lilith, quebrando o silêncio.
“Eu acredito que sim”, respondeu Fenrir, “Mas será uma jornada difícil. Você enfrentará muitos desafios, mas cada um deles a tornará mais forte e ajudará a revelar mais sobre quem você realmente é.”
Enquanto continuam a caminhar, Fenrir decidiu mudar de assunto para algo mais imediato.
“Há uma cidade não muito longe daqui. Devemos chegar antes do anoitecer. Lá, poderemos encontrar abrigo e suprimentos para enfrentar a época das neves.”
Lilith sentiu uma onda de alívio.
“Isso seria ótimo. Estou começando a sentir o frio mais intensamente.”
Ao longo do caminho, Fenrir continuou a compartilhar seus pensamentos sobre a alma de Lilith.
“O fio azul representa claramente a conexão com o deus Kaelram, e sua habilidade de imortalidade. O fio laranja pode estar relacionado com a deusa Virelya, e o branco talvez seja sua conexão com aquela deusa deste mundo. Mas o fio preto… é o que mais me preocupa. Ele surgiu recentemente, e precisamos entender o que ele significa.”
“Pode ser algo relacionado à minha saída de Colbith”, sugeriu Lilith, “Desde que deixei a cidade, sinto uma presença estranha, como se algo estivesse me observando.”
“Precisamos ser cautelosos”, alertou Fenrir, “Qualquer novo desenvolvimento pode ser uma ameaça ou uma oportunidade. Devemos estar preparados para ambos.
Conforme se aproximavam da cidade, a neve se tornou mais densa, mas a visão das luzes ao longe dá a Lilith uma sensação de esperança. Eles finalmente alcançam a entrada da cidade quando estava prestes a anoitecer, exaustos, mas aliviados por encontrar abrigo.
Ao se aproximarem do portão principal, Fenrir se aproximou, o que imediatamente causou alvoroço entre os guardas da cidade. Um dos guardas levantou a mão, sinalizando para que eles pararem.
“Quem são vocês e o que querem em Novograd?”, perguntou o guarda com desconfiança, sua mão repousando sobre o punho de sua espada.
“Novograd? Ah… Sou Lilith, uma aventureira. Este é Fenrir, meu companheiro”, respondeu Lilith, mantendo a calma.
Os guardas trocaram olhares preocupados.
“Esse lobo é perigoso. Não podemos permitir que ele entre na cidade.”
“Com todo o respeito, é mais perigoso não deixá-lo entrar”, argumenta Lilith, “Fenrir é meu aliado e está sob minha responsabilidade. Se algo acontecer, eu serei a responsável.”
Os guardas hesitaram, mas finalmente concordaram em verificar o cartão da guilda de Lilith. Após alguns minutos de análise e murmúrios entre si, eles devolveram o cartão e permitiram que ela entrasse, com a condição de que a guilda fosse notificada sobre sua chegada e a responsabilidade por Fenrir.
“Muito bem, Lilith. Você e seu companheiro podem entrar, mas será registrado que você é a responsável por ele. Qualquer problema, e será sua responsabilidade”, disse o guarda principal, abrindo o portão para eles.
“Entendido. Agradeço a compreensão”, respondeu Lilith, acenando com a cabeça.
Eles atravessaram o portão e entraram na cidade de Novograd. As ruas estão cobertas de neve, e poucas pessoas estão fora de casa. A busca por um abrigo começa, e logo encontraram um estábulo onde podiam passar a noite. Lilith, Fenrir e Félix se acomodaram em uma área tranquila do estábulo, e apesar das condições humildes, a sensação de segurança era reconfortante.
Na manhã seguinte, Lilith acordou ainda sentindo uma leve dor no corpo, mas determinada. Ela se levantou e se preparou para ir à guilda, sabendo que precisa oficializar sua presença e a de Fenrir na cidade.
“Vou à guilda para resolver nossa situação e informar sobre Fenrir. Volto logo”, disse Lilith, olhando para seus companheiros.
Fenrir acenou com a cabeça, enquanto Félix flutuava ao seu lado.
Tome cuidado, Lilith. Estaremos esperando aqui, disse Félix.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.