Lilith saiu da guilda de aventureiros de Novograd, fechando a porta pesada atrás de si. O sol mal se mostrava entre as nuvens cinzentas da manhã, dando à cidade um ar melancólico.

    Novograd é movimentada, com ruas de pedra desgastadas pelo tempo, cheias de barracas de mercadores e pessoas apressadas. O cheiro de pão fresco e o som de martelos ecoando de um ferreiro próximo misturavam-se no ar. Lilith ajustou seu capuz, mantendo o rosto parcialmente escondido, e seguiu pelas ruas com passos rápidos, determinada a encontrar seus companheiros.

    Ela atravessou uma praça pequena, onde músicos tocavam uma melodia suave que contrastava com a agitação ao redor. Alguns olhares curiosos se voltaram para ela, talvez por causa de sua capa ou de sua postura firme e silenciosa. Lilith ignorou os olhares, e seguiu em frente até o estábulo onde Fenrir e Félix a aguardavam.

    O estábulo é modesto, com um telhado de madeira e divisórias simples para os animais. Quando Lilith entrou, o cheiro de feno e terra molhada a envolveu.

    Fenrir, o majestoso lobo prateado, se levantou lentamente, esticando seu corpo imponente. Seus olhos dourados a observavam com uma mistura de atenção e respeito. Félix, o espírito invisível, flutuou ao lado de Fenrir, claramente animado com a volta de Lilith.

    Finalmente. A guilda te prendeu mais do que esperávamos, disse Félix telepaticamente, carregada de uma leve provocação.

    Lilith sorriu de canto, tirando o bracelete de metal da bolsa e colocando-o no pulso de Fenrir. É um artefato simples, mas carrega o símbolo da guilda de Novograd, marcando-o como registrado e reconhecido. Ela o mostrou para Fenrir, que o encarou com um interesse distante.

    “Arrumei um quarto para nós e um espaço para você descansar sem ser incomodado, Fenrir”, ela fez uma pausa, acariciando o lobo no topo da cabeça, “Esse bracelete vai garantir que ninguém se intrometa. Sabem que você está comigo.”

    Fenrir deu um leve rosnado de aprovação, a cauda balançando suavemente sobre a palha. Apesar de ser um ser imponente e temido, ele é estranhamente afetuoso com Lilith, demonstrando uma lealdade que poucos ousariam imaginar. 

    Esse bracelete é uma boa ideia. Evita problemas antes que comecem, comentou Félix, observando o movimento dos outros animais no estábulo, a cidade é bem maior do que eu pensava, Lilith. Há muito para explorarmos… mas devemos tomar cuidado.

    Lilith acenou com a cabeça, ciente dos riscos de uma cidade desconhecida. Juntos, os três saíram do estábulo e caminharam pelas ruas movimentadas até a hospedaria que Lilith havia reservado. O prédio é feito de madeira escura e tijolos robustos, com uma entrada simples marcada por uma placa gasta que balançava suavemente ao vento. 

    Lilith empurrou a porta, entrando em um salão aquecido pelo fogo crepitante de uma lareira. O lugar é aconchegante, com cadeiras de madeira pesada e um balcão de pedra onde o taverneiro atendeu os poucos clientes da manhã. Os olhos se voltaram brevemente para Fenrir, mas logo se desviam quando Lilith levanta o bracelete, sinalizando que ele é permitido ali.

    Subindo as escadas, Lilith encontrou o quarto reservado. A porta rangeu quando ela a abriu, revelando um espaço surpreendentemente amplo. Há uma cama grande de madeira, uma lareira pequena ao lado com algumas brasas ainda acesas e uma mesa robusta com duas cadeiras. No chão, um tapete grosso parecia ter sido colocado especialmente para Fenrir, que se acomodou ali com um suspiro satisfeito, como se já estivesse em casa.

    Lilith observou o quarto por um momento, absorvendo o conforto raro da privacidade. Mas então, algo sobre a mesa chamou sua atenção. Há uma carta selada com o emblema da guilda de Novograd e um grande mapa detalhado da cidade e arredores. Lilith se aproximou, desfez o selo e leu a carta com atenção.

    “Lilith, seja bem-vinda a Novograd. Fomos informados pelo chefe da guilda de Colbith para recebê-la bem e garantir sua estadia. Sinta-se à vontade para explorar a cidade e usar os recursos que precisar. Assinado, Mestre Arlin”, Lilith leu calmamente.

    Ela colocou a carta de lado e estudou o mapa. É maior do que qualquer outro que já viu, cheio de detalhes intrincados que mostram não só a cidade, mas também as florestas, montanhas e rios ao redor.

    Há marcas indicando áreas de interesse e perigos, mas o que chamou sua atenção é um ponto específico, a torre do Mago, destacada em um canto do mapa.

    Essa torre… você lembra, Lilith? É aquele mago que mencionaram nos livros em Vern, disse Félix, aproximando-se do mapa como se pudesse tocá-lo, se é o mesmo, talvez possamos encontrar respostas sobre o que estamos procurando.

    Lilith ponderou, os dedos traçando o caminho no mapa que levaria até a torre. O trajeto não é simples; envolveu atravessar densas florestas e contornar um rio traiçoeiro. Ela sentiu uma mistura de curiosidade e apreensão.

    “Vamos precisar de tempo para nos preparar. Isso não é uma simples visita”, a resposta de Lilith é direta, mas seu tom carrega uma nota de desafio velado. Encontrar o mago poderia trazer informações valiosas, mas também perigos que ela não pode prever.

    Antes de se perderem nas estratégias para a próxima jornada, Lilith decidiu que era hora de tomar um café da manhã decente.

    Descendo de volta à taverna da hospedaria, eles encontraram o salão um pouco mais movimentado, com clientes comendo e conversando. Lilith se sentou em uma mesa perto da janela, enquanto Fenrir se acomodou em um canto próximo, atraindo olhares curiosos que rapidamente se voltam para outros assuntos quando o bracelete de Lilith foi notado.

    Lilith pediu uma refeição robusta: pães frescos, queijo, frutas e uma jarra de suco. O aroma de bacon e café quente enche o ar, criando uma atmosfera acolhedora. Félix, embora não precisasse comer, se sentou ao lado dela, simulando uma refeição como se fosse parte da experiência de estar ali.

    É bom ter um momento de calmaria, mesmo que breve, comentou Félix, observando o movimento ao redor com um olhar pensativo, mas precisamos manter os olhos abertos. Nada é realmente seguro, mesmo em lugares que parecem amigáveis.

    Lilith assentiu, mastigando lentamente enquanto observava a cidade através da janela. O movimento de Novograd é constante, cheio de vida e histórias não contadas. Enquanto tomava o café, seus olhos voltaram-se para o mapa que havia deixado no quarto, especialmente para a marca da Torre do Mago.

    Temos muito o que explorar, mas cada passo deve ser calculado. Precisamos estar prontos para qualquer coisa, refletiu Lilith, mais para si mesma do que para Félix. Sua mente já estava traçando rotas e considerando possibilidades, enquanto o peso da responsabilidade recaiu sobre seus ombros.

    O espírito de aventura queimava dentro dela, e embora a jornada parecesse incerta, Lilith sabia que cada desafio a aproximava de respostas. Ao lado de Fenrir e Félix, ela estava disposta a enfrentar o que vier, traçando seu caminho através das sombras e segredos que Novograd guardava. O café da manhã era apenas uma pausa antes da próxima grande decisão: explorar a cidade ou seguir direto para a misteriosa torre que os chamava à distância.

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