Capítulo 27: Demônio
Lilith se recupera rapidamente após o desvio do ataque inicial do demônio. Sua mente está focada, seus olhos analisando a criatura à sua frente. Ela não pode se dar ao luxo de hesitar; a batalha só está começando. Determinada a obter vantagem, ela decide atrair o demônio para uma área mais aberta, onde treinou anteriormente. Ela sabe que precisa de espaço para usar sua magia em seu máximo potencial.
Correndo rapidamente, ela chega à clareira. O vento balança as árvores ao redor, e a lua já está alta, lançando sombras longas pelo campo. Lilith para no centro do terreno e se vira para o demônio, que a segue com um andar despreocupado, quase zombeteiro. Ele para na frente dela, uma distância confortável entre os dois, mas Lilith sente que ele está apenas brincando com ela, testando sua força.
“Fique na minha frente, seu desgraçado”, ela diz, os olhos cheios de uma intensidade perigosa.
O demônio solta uma risada gutural, sua voz grave e cheia de desprezo.
“Você tem coragem, garota. O mago deve ter te treinado bem”, diz ele, com um sorriso sinistro. A presença dele faz o ar ao redor tremer, uma aura densa e sufocante se espalhando pela área.
Lilith sorriu, seus lábios se curvando em um sorriso confiante. Ela não vai deixar que ele a intimide. Com um movimento fluido, ela invoca suas chamas, criando uma enorme parede de fogo à frente de si. O calor é intenso, o ar cintilando ao redor da chama viva. Mas Lilith não para por aí. Ela sente sua mana fervilhar dentro de si, e com um gesto, mistura sua magia de ar e de relâmpago.
Ela concentra todo o seu poder em suas pernas e parte em disparada, movendo-se a uma velocidade impressionante. O chão mal consegue segurar seus pés, e em poucos segundos, ela se transforma em um borrão, correndo em círculos ao redor do demônio. A velocidade que ela atinge é inacreditável, e nem os olhos mais treinados conseguiriam acompanhar seus movimentos.
Mas o demônio continua parado, apenas observando com um sorriso arrogante, como se estivesse esperando o próximo movimento dela. Seus olhos vermelhos a seguem com facilidade, como se a velocidade de Lilith fosse um mero truque. Isso a irrita, mas ela não se deixa abalar.
Então, de repente, ela faz uma curva extremamente acentuada, tão rápida que o ar ao seu redor parece se rasgar. Agora, finalmente, ela tem uma visão clara do demônio. Ele é imponente, usando uma armadura negra que cobre todo o seu corpo. Chifres afiados e negros saem de sua cabeça, curvando-se para a frente. Seus cabelos brancos caem em mechas espessas sobre seus ombros, e sua pele acinzentada brilha sob a luz da lua. Os olhos vermelhos brilhavam com uma maldade profunda, e sua boca era grande, cheia de dentes pontiagudos, como os de uma fera.
Lilith, aproveitando sua velocidade, reúne toda a força que pode e lança um soco direto no peito do demônio. O impacto é forte, e o chão estremece sob os pés dela. O demônio desliza para trás, arrastando os pés pelo solo, mas a distância que ele percorre é insignificante. Ele para quase instantaneamente, olhando para Lilith com desdém, como se o golpe dela fosse uma brincadeira de criança.
“É só isso?”, ele pergunta, sua voz grave ecoando pela clareira.
Lilith range os dentes. Ela sabia que ele seria forte, mas não esperava que seu ataque tivesse tão pouco efeito. O demônio continua sorrindo para ela, mas algo muda em sua expressão. Seus chifres, que até então eram negros, começam a brilhar com uma luz vermelha incandescente, como metal sendo aquecido no fogo. Lilith sente o perigo se intensificar, mas antes que possa reagir, ele abre sua boca grotesca.
Uma esfera de energia começa a se formar na frente da boca do demônio, pulsando com uma energia sinistra. Em uma fração de segundos, a esfera dispara em direção a Lilith com uma velocidade devastadora. Ela mal tem tempo de perceber o que está acontecendo antes que o ataque a acerte em cheio no peito.
O impacto é brutal. Lilith sente uma dor aguda explodir em seu corpo quando o feixe atravessa seu peito, destruindo e rasgando carne e ossos. Ela é jogada para trás com uma força tremenda, como uma boneca de pano sendo arremessada. Seu corpo voa pelo ar e colide violentamente contra o chão, derrapando alguns metros antes de finalmente parar.
Tudo isso acontece em questão de segundos.
Lilith sente o sangue se acumulando em sua boca, sua visão se turvando por um momento. A dor é quase insuportável, mas ela se recusa a ceder à escuridão que ameaça engoli-la. Enquanto seu corpo tenta se curar, Lilith sabe que essa luta está longe de terminar. O demônio é muito mais perigoso do que ela imaginava.
Deitada no chão, o som da respiração pesada do demônio preenche o ar. Ele começa a caminhar lentamente em sua direção, como um predador que sabe que sua presa está à mercê. Lilith, no entanto, ainda não desistiu. Ela limpa o sangue do canto da boca e se esforça para se levantar, mesmo com a dor lancinante em seu peito.
O demônio a observa de cima, o sorriso cruel nunca desaparecendo de seu rosto.
“Eu disse que você não tinha chance”, ele diz, sua voz cheia de malícia.
Mas Lilith não responde. Em vez disso, seus olhos brilham com uma determinação renovada. Ela ainda tem um plano, ainda tem truques guardados, e o demônio mal sabe o que está por vir.
Esse confronto está apenas começando.
Enquanto o demônio se aproxima lentamente de Lilith, ela sente a adrenalina correr por suas veias. Cada passo dele ecoa como um trovão, mas, em vez de recuar, Lilith ativa sua velocidade sobre-humana. Em um instante, ela desaparece da visão do demônio, surgindo metros de distância. Seu corpo maltratado se regenera rapidamente enquanto ela aproveita esse intervalo para usar sua magia de cura. O feixe que havia perfurado seu peito não deixaria uma marca visível, mas a dor ainda queimava profundamente em seu corpo.
Félix, o espírito sempre ao seu lado, surge com sua voz tranquila, mas cheia de urgência.
Lilith, não se segure. Pense que está lutando contra Fenrir com toda sua força.
Essas palavras fazem Lilith se lembrar da intensidade do treino com o lobo gigante. Ela sorri, sentindo uma faísca de entusiasmo crescendo dentro de si. Não há mais espaço para cautela. Ela sabe que este é o momento de liberar todo o seu potencial.
O demônio, sem aviso, aparece atrás dela em um borrão de movimento. Lilith reage instantaneamente, girando e aplicando um poderoso soco diretamente no queixo da criatura. No momento em que o punho dela conecta com o corpo dele, ela pensa em 100%.
▷ Buffs: Aprimoramento adaptativo (Taxa de 100%↑)
O impacto é devastador.
O corpo do demônio é lançado para o alto, voando cerca de 20 metros no ar. Lilith sente uma dor intensa explodir em seu braço; o esforço sobre-humano para quebrar seus limites cobrou um preço físico. O osso parece vibrar dentro de sua pele, e ela imediatamente começa a usar sua magia de cura. O dano desaparece, mas a dor permanece como uma lembrança cruel de que seu corpo ainda tem limites, mesmo que sua magia os ultrapasse.
“Droga…”, ela murmurou entre dentes, segurando o braço por um breve segundo.
Ainda assim, ela não perde tempo. Ignorando o desconforto, Lilith se move mais uma vez, correndo em direção ao ponto onde o demônio cairá. Sua mente está afiada, seu foco absoluto. Ela estende a mão e invoca sua lâmina de mana proveniente de seu Hidden Blade, a deixando grande como uma espada.
Ela corre com uma velocidade que deixa rastros de faíscas e vento ao redor, a terra sob seus pés mal consegue acompanhar seus movimentos. Quando o demônio atinge o chão, o impacto é forte, rachando o solo ao redor dele. Mas, surpreendentemente, ele não está ferido. Em vez disso, ele começa a se levantar devagar, sacudindo a poeira de sua armadura negra como se nada tivesse acontecido.
E então ele ri.
“Agora sim, ficou divertido”, diz o demônio, sua voz cheia de excitação, o sorriso cruel se alargando em seu rosto. Seus olhos vermelhos brilhavam como brasas, e havia uma nova energia pulsando ao redor dele. Parece que a verdadeira batalha está apenas começando.
Lilith o observa com uma mistura de cautela e antecipação. Ele está se divertindo, mas ela também. A dor em seu braço persiste, mas o espírito de luta dentro dela é inabalável. Esse demônio, com toda sua arrogância e poder, não faz ideia do quão longe ela está disposta a ir.
Lilith chega ao local da queda do demônio, sua respiração ofegante e sua lâmina de mana brilhando intensamente em sua mão. Ela não perde tempo e, com toda a sua força, tenta desferir um golpe direto contra o demônio. Porém, ao invés de atravessar sua armadura negra, tudo o que sai são faíscas que dançam no ar como fogo de artifício, sem causar dano.
“Acha que pode cortar um dos generais dos demônios com uma simples arma?”, o demônio zomba, o sorriso perverso ainda em seu rosto, “Para mim, isso não está afiado o suficiente.”
Antes que Lilith possa reagir, o demônio levanta o punho e, com um único golpe brutal, quebra sua lâmina de mana em pedaços. A energia se dissipa como vidro estilhaçado, desaparecendo no ar. E antes que ela possa sequer pensar em um contra-ataque, o demônio desfere outro soco diretamente em seu estômago. O impacto é tão violento que a lança pelo ar como uma boneca de pano, fazendo-a voar em direção à torre do mago.
Lilith atravessa as paredes da torre com uma força devastadora, os escombros se espalham ao seu redor enquanto ela cai entre os destroços. A dor atravessa cada fibra de seu corpo, o choque do impacto a deixando momentaneamente zonza. Tudo parece distante, abafado. Mas enquanto seus olhos se ajustam ao ambiente destruído, ela percebe uma figura familiar.
Sentado numa cadeira, o espírito do mago Alaric a observa com surpresa evidente em seu rosto espectral.
“Como… como você ainda está viva?”, ele balbucia, claramente impressionado com a resiliência de Lilith.
Antes que ela pudesse responder, o olhar de Alaric se fixa em outra presença no local. Ele nota Félix, que está flutuando ao lado dela, sua forma etérea quase brilhando no ambiente caótico da torre destruída.
“Quem é esse?”, Alaric pergunta, com um misto de curiosidade e cautela.
Félix, sempre calmo, responde com serenidade.
Sou alguém muito próximo dela.
Lilith, ainda ofegante e sentindo o peso do combate, começa a se levantar. Cada movimento é doloroso, mas sua determinação é ainda maior. Seu corpo grita para parar, mas sua mente se recusa a desistir. Ela encara Alaric e Félix com um olhar firme, seu rosto marcado pela dor, mas com uma expressão que transborda força de vontade.
“Eu… não vou desistir”, sua voz é firme, mesmo que o cansaço esteja claro.
Os dois a observam com surpresa, especialmente quando ela, agora em pé, se recusa a mostrar qualquer sinal de fraqueza. Mas algo está errado. Alaric e Félix ficam repentinamente congelados, seus rostos expressando horror, não pelas palavras de Lilith, mas por algo que Lilith ainda não percebeu.
Ela sente uma dor profunda e incomum, algo além do que já havia sentido até agora. Lentamente, Lilith baixa os olhos, e o que vê a faz perder o fôlego. Seu peito está atravessado por um punho massivo, o punho do demônio.
O impacto do momento é esmagador. Ela não havia sequer sentido o ataque se aproximar. Ele foi rápido demais, silencioso demais. O demônio tinha se movido sem que ela percebesse, aproveitando sua momentânea distração e a golpeando de uma maneira quase letal.
Alaric e Félix estão paralisados, horrorizados com a cena diante deles. O silêncio pesa no ar, quebrado apenas pelo som do respirar irregular de Lilith. Ela sabe que está em perigo real agora, talvez mais perto da morte do que nunca, mas ainda assim, sua mente se recusa a ceder. Mesmo com um punho atravessando seu corpo, Lilith não sente medo, apenas uma determinação furiosa.
Os olhos dela se voltam para o demônio, que se inclina ao lado dela, sua respiração quente e fétida próxima ao ouvido dela.
“Você realmente achou que poderia me derrotar?”, ele sussurra, sua voz gotejando desprezo, “Veja o que você conseguiu.”
Lilith não responde. O mundo ao seu redor parece desacelerar. Ela sente a presença de Félix ao seu lado, e isso a dá um último lampejo de força. Mesmo neste estado, mesmo com a morte tão próxima, algo dentro dela continua queimando, uma chama que não pode ser apagada.
O combate está longe de acabar. Lilith pode estar ferida, mas a luta por sua vida, está apenas começando.
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