Capítulo 33: Invencível?
Lilith e a garota passaram o que parecia uma eternidade naquele espaço roxo, conversando. Apesar da gravidade da situação, o momento era quase sereno, uma pausa para entender tudo o que estava acontecendo. Lilith fazia perguntas, tentando processar a enxurrada de informações que a garota havia compartilhado.
— Então… sou filha do Rei Demônio? — Lilith perguntou, ainda com uma ponta de incredulidade na voz.
— Sim, você é — respondeu a garota, com um sorriso calmo, como se já esperasse essa reação.
— E este lugar… — Lilith gesticulou para o espaço ao redor, sentindo a energia pulsar ao seu redor como um coração gigante. — É todo o meu novo poder?
— Sim — respondeu a garota novamente, seu tom cheio de paciência e compreensão. — É sua essência, uma energia primordial, a mais antiga e pura forma de existência. Ela não tem fim, Lilith. Com ela, você será imparável.
Lilith hesitou, olhando para a garota, e então perguntou:
— E você? Vai se fundir a mim, junto com suas memórias e poderes?
— Sim. Eu sou uma parte de você. Sempre fui. Agora é hora de nos tornarmos completas — a garota sorriu, um sorriso cheio de esperança.
As palavras da garota ressoaram profundamente em Lilith. Ela respirou fundo, tentando se preparar para tudo o que viria pela frente.
— E quanto tempo passou desde… desde que morri? — Lilith perguntou, a dúvida pesando em sua voz.
— Não passou nem um segundo — respondeu a garota, inclinando a cabeça. — Mas por que a pressa? Este é um momento único.
Lilith sorriu de leve, mas balançou a cabeça.
— Preciso voltar. Há tanto para fazer… tantas batalhas para lutar.
A garota riu suavemente, admirada pela determinação de Lilith.
Antes que Lilith pudesse continuar, o sistema apareceu, flutuando ao seu lado em uma interface translúcida. Uma notificação brilhante apareceu:
— (O ponto de energia foi reconfigurado. A imortalidade agora está sob total controle do usuário. Você é a única mestra de seu destino).
Lilith franziu a testa por um momento, e a garota riu.
— Eu não gosto muito de raios — disse a garota de repente, balançando a cabeça com um toque de desconforto. — Eles me lembram como morri… e como você também agorinha.
Lilith riu, sentindo a ironia pesar.
— Concordo. Não são exatamente minhas memórias favoritas — ambas riram, compartilhando um raro momento de leveza.
Logo em seguida, o sistema interveio novamente, notificando:
— (Habilidade de raios bloqueada por solicitação implícita. Implementado ajuste no arsenal de habilidades).
Lilith ergueu uma sobrancelha, mas aceitou sem questionar. Ela olhou para os próprios braços quando sentiu algo surgir. A pele começou a brilhar, e então algo se formou, como se estivesse se fundindo ao seu corpo. Uma armadura surgiu, começando de suas mãos e avançando pelo antebraço até quase alcançar o cotovelo. Não era espessa, mas parecia incrivelmente resistente, como se fosse uma extensão natural de sua pele.
O sistema notificou novamente:
— (Armadura da linhagem sanguínea do Rei Demônio desbloqueada. Acessório passivo: asas de éter desbloqueadas. Iniciado o processo de integração das memórias ancestrais).
Lilith sentiu as palavras reverberarem em sua mente. Ela olhou para a garota, que correu em sua direção e a abraçou com força.
— Adeus, Lilith. Boa sorte… e uma boa luta — a voz da garota era suave, mas havia uma determinação profunda nela.
Lilith devolveu o abraço, fechando os olhos por um momento, permitindo-se sentir o calor daquele último instante. Quando abriu os olhos novamente, tudo havia desaparecido. Estava de volta.
Ela acordou com um suspiro violento, arfando como alguém que emergia debaixo d’água. Seu corpo estava no chão, mas agora se regenerava rapidamente. Seus pulmões se encheram de ar fresco, e a dor que antes dominava cada fibra de seu ser desaparecia enquanto sua carne e ossos se reconstruíam.
— (Habilidade imortalidade foi utilizada, bem vinda de volta de sua morte momentânea).
Uma luz roxa a envolveu, pulsando e brilhando como uma aurora em miniatura. Ela ergueu a mão, observando a armadura formada em seus braços. As mangas de sua roupa cobriam parte dela, mas suas mãos estavam descobertas, revelando o brilho roxo metálico que agora fazia parte de sua essência.
Sua Hidden Blade, começou a desaparecer, sendo absorvida para um espaço próprio de armazenamento dimensional. Lilith riu baixinho, como se estivesse à beira de um surto.
— Isso é surreal… — murmurou.
No reflexo de uma poça próxima, ela viu algo mudar. Dois chifres de energia roxa sólida emergiram de cada lado de sua cabeça, curvando-se para frente, mas logo assumindo uma cor negra. Ela puxou o capuz para escondê-los, ajustando-o com cuidado. Quando ergueu sua katana, sentiu uma força diferente percorrer a lâmina. Ela agora brilhava com uma mana roxa que emanava éter puro.
Lilith deu um sorriso, e seus olhos, agora profundamente pretos, reluziam como joias demoníacas. Quando ela respirou, um bafo roxo escapou de sua boca, condensando-se no ar ao seu redor. Ela deu o primeiro passo para fora da escuridão, a katana brilhando enquanto caminhava em direção ao Minotauro.
A cada passo, a floresta parecia mais silenciosa, como se o mundo prendesse a respiração. Apenas o som de seus passos e o leve crepitar de sua katana preenchiam o ar.
E assim, de olhos brilhantes e determinação inabalável, Lilith avançava para o confronto, a figura de um ser renascido — uma filha do Rei Demônio, uma guerreira imparável, uma força que o mundo nunca havia visto antes.
Lilith avançava com passos firmes, a floresta agora imersa em uma tensão quase palpável. O Minotauro, imenso e ameaçador, aguardava com seu enorme machado na mão. Seus olhos brilhavam com uma luz rubra de fúria, e ele rugiu ao vê-la se aproximar, batendo o cabo do machado no chão e rachando o solo sob ele.
O rugido ecoou, mas Lilith permaneceu inabalável. Seus olhos roxos fixaram-se no inimigo, avaliando cada movimento. Seu capuz ocultava os chifres negros, mas o brilho etéreo de sua katana iluminava sua silhueta, criando uma aura intimidadora.
— Vamos acabar com isso de uma vez… — murmurou, seu tom frio como o vento da noite.
O Minotauro investiu primeiro, avançando como um tanque de guerra, o chão tremendo sob seus cascos. Ele ergueu o machado e desceu com força devastadora, o impacto criando uma onda de choque que derrubou árvores ao redor. Mas Lilith já não estava lá. Com um salto ágil, ela desviou para o lado, deslizando pelo chão e erguendo sua katana em um movimento diagonal, mirando a lateral do oponente.
A lâmina cortou o ar com um brilho violeta, mas o Minotauro reagiu rápido, girando o machado e bloqueando o golpe. O impacto lançou faíscas no ar, e ambos recuaram, seus olhos se encontrando em um desafio silencioso. Lilith sorriu de canto, o bafo roxo escapando de seus lábios.
— Nada mal — admitiu, girando a katana na mão.
O Minotauro respondeu com outro rugido, erguendo o machado para atacar novamente. Ele girou a arma em um arco horizontal, mas Lilith saltou por cima do ataque, suas asas de éter surgindo brevemente para ajudá-la a planar no ar. Ela desceu em um golpe vertical, mirando a cabeça do monstro, mas o Minotauro inclinou-se para trás, evitando o golpe por centímetros. Aproveitando a proximidade, ele girou o punho livre e acertou um soco direto em Lilith.
O impacto foi brutal, lançando-a contra uma árvore com força suficiente para rachá-la. Ela caiu de joelhos, tossindo, mas logo ergueu a cabeça, limpando o canto da boca com o dorso da mão.
— Forte… mas não o suficiente — a voz dela era cheia de desafio.
O Minotauro avançou novamente, mas desta vez Lilith não recuou. Ela fincou os pés no chão e concentrou sua energia. A katana brilhou intensamente antes de desaparecer de sua mão. O Minotauro hesitou por um momento, confuso, e foi nesse instante que a lâmina reapareceu, cravando-se em seu ombro esquerdo. O rugido de dor encheu a floresta, mas Lilith não deu tempo para ele se recuperar. Com um gesto de mão, ela puxou a katana de volta para si, o éter pulsando enquanto a lâmina retornava como um raio de luz roxa. Parecendo haver uma conexão física e energética entre a tsuka embainhada de éter e Lilith, fazendo ir até a mão dela, similar a um eletroímã.
*Referente ao capítulo 25.
*Não tendo mais a habilidade de raios para transformá-lo num eletroímã, Lilith fez isso para compensar o que perdeu.
O Minotauro, furioso, bateu o machado no chão, liberando uma onda de energia que fez o solo ao redor explodir em estilhaços. Lilith foi lançada para trás, mas usou as asas de éter para estabilizar-se no ar. Ela voou em direção ao monstro, girando no ar e desferindo um golpe poderoso que cortou a lateral do rosto do inimigo, arrancando parte de seu chifre.
O Minotauro rugiu de dor e frustração, mas ainda tinha força. Ele jogou o machado para o lado, optando por lutar com as próprias mãos. Suas garras afiadas brilharam sob a luz enquanto ele avançava, tentando agarrar Lilith. Ela desviou com passos ágeis, a katana girando em sua mão enquanto ela desferia cortes precisos nas pernas e braços do oponente.
Cada golpe era calculado, direcionado a enfraquecê-lo. O sangue escuro do Minotauro manchava o chão, mas ele não desistia. Com um movimento inesperado, ele usou a cauda para acertá-la, lançando-a novamente contra uma pedra. Lilith gemeu de dor ao bater, mas logo se levantou, seu corpo já se regenerando das feridas.
— Você está começando a me irritar… — disse, seu tom agora carregado de determinação.
Ela ergueu a katana e concentrou sua energia, canalizando todo o poder do éter em sua lâmina. A arma brilhou intensamente, quase ofuscando a visão do Minotauro. Ele tentou avançar novamente, mas Lilith desapareceu em uma velocidade impressionante, reaparecendo atrás dele em um piscar de olhos.
O Minotauro congelou, seu corpo tremendo. Lilith guardou a katana em sua bainha, e, por um momento, tudo ficou em silêncio. Então, uma linha roxa brilhou no torso do monstro, e seu corpo caiu, dividido em duas metades perfeitas.
Ela permaneceu imóvel por um instante, respirando profundamente enquanto observava o corpo cair pesadamente ao chão. A energia ao seu redor começou a se dissipar, as asas de éter desaparecendo gradualmente.
— Você era forte… mas eu sou invencível — Lilith disse em voz baixa, seu olhar fixo no horizonte.
Enquanto a escuridão da floresta parecia recuar, Lilith ajustou o capuz novamente, ocultando os chifres, e seguiu em frente. Ela sabia que esta era apenas uma das batalhas que enfrentaria em seu caminho, mas a vitória a deixava mais confiante e, de certo modo, mais perigosa.
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