— Olha só quem temos aqui… ah, é verdade, agora você se chama Lilith — diz um ser de forma humanoide masculina, brilhando em um tom azulado, com um leve sorriso no rosto.

    Lilith desperta lentamente, confusa sobre onde está. Ao seu redor, o ambiente é inteiramente branco, transmitindo uma sensação de ser infinito. À sua frente, ela vê essa figura misteriosa.

    — O que foi? Parece que nunca me viu antes — provocou o ser azul.

    Percebendo que está vestida com suas roupas de aventureira e armada, Lilith decide atacar. 

    — Esfrie a cabeça, garotinha — disse o ser azul com tranquilidade.

    Ele estende o braço e aponta o dedo indicador para ela. De repente, Lilith começa a flutuar, seu corpo assumindo uma posição semelhante à do Homem Vitruviano.

    — Me atacar? — ele perguntou com desdém. — Acho que você esqueceu com quem está falando. Fui eu que lhe dei a imortalidade. Parece que nem isso você lembra — ele completa, agora com um tom irritado.

    — Calma, podemos ao menos conversar com ela mais uma vez — intervém uma figura feminina, também humanoide, brilhando em laranja.

    — Tem certeza? — o ser azul questionou.

    — Sim. Ela perdeu as memórias, então, para ela, é como se fosse a primeira vez. Agora solte-a.

    O ser azul a solta, e Lilith cai no chão. Confusa, ela se levanta, encara os dois e pergunta:

    — Quem são vocês? E onde estou?

    — Somos Deuses — respondeu a figura alaranjada.

    — E você está em nosso domínio — completa o ser azul.

    — Por que estou aqui? — Lilith questionou.

    — Porque você morreu — disse o ser azul casualmente.

    — Mas eu não sou imortal? Por que estou aqui então?

    — Resumindo, eu lhe dei esse poder e, portanto, eu o controlo. Toda vez que você morrer, será trazida para cá. Não é fascinante? — Ele riu ao terminar.

    — Como eu volto?

    A deusa alaranjada toma a palavra:

    — Antes, precisamos ter uma conversa rápida. Depois, a enviaremos de volta.

    — Que tipo de conversa? — perguntou Lilith, mantendo um tom sério.

    — Sobre seus poderes e memórias.

    — Continue.

    — Suas memórias não foram perdidas; há uma maneira de recuperá-las.

    — Então, o que eu vi…

    — São fragmentos das suas lembranças, mas incompletos. O que desencadeou isso foi o que você vivenciou recentemente, combinado com as palavras de Félix e seu desejo de saber mais sobre seu passado.

    — Félix terá problemas por causa disso?

    — Não, não faremos nada com ele. Decidimos deixá-lo em paz, mas ele está proibido de revelar demais.

    — Quem realmente é Félix?

    — Não podemos responder.

    — E sobre meus poderes?

    — Assim como recebeu a imortalidade desse Deus — a deusa alaranjada olha para o ser azul, que acena com um sorriso. — Eu também lhe concederei um poder.

    — O que você quer dizer? — perguntou Lilith.

    — É um buff. Com ele, será mais fácil aprimorar seu corpo, seja aumentando sua mana, força ou controle de poder, entre outras coisas.

    — Parece útil.

    — Mas há um detalhe: seus olhos agora ficarão alaranjados. Não mostre isso para as pessoas, pode causar problemas.

    Lilith perguntou:

    — Félix tem aquela cor alaranjada por causa dos seus poderes?

    — Sim. E como você receberá meu poder, seus olhos também mudarão.

    — Entendi. Já posso voltar?

    A deusa alaranjada olha para o ser azul.

    — Ela pode voltar? — perguntou ela.

    — Pode… mas vê se não morre tão cedo — ele respondeu, com uma expressão mista de impaciência e diversão.

    — Pode deixar — diz Lilith.

    — Boa sorte em recuperar suas memórias — a deusa alaranjada desejou, segurando as mãos de Lilith com um sorriso caloroso.

    No instante seguinte, já ao amanhecer, um raio de duas cores, azul e laranja, desce dos céus, atingindo o local exato onde o corpo de Lilith estava. A queda do raio é silenciosa.

    — Ai ai, que dor… — murmurou Lilith, ao despertar.

    — Lilith, você está bem!?! — perguntou Félix, preocupado.

    — “Estou sim. Só morri e fui parar no domínio de uns deuses.”

    — Você está bem mesmo?

    — “Recuperei parte das minhas memórias, parece que são sobre como morri no outro mundo.”

    — Entendo… espera, seus olhos estão alaranjados?

    — “Também ganhei a bênção de uma deusa laranja. Não é legal?”

    — Entendo… mas precisamos ir, você vai se atrasar.

    — “Verdade, vamos logo.”

    — Você deveria tampar seus olhos de alguma forma, a benção divina pode atrair atenção indesejada — advertiu Félix, preocupado com os problemas que poderia ocorrer.

    Lilith tomou um banho e se arrumou, colocando um pano em seus olhos, para impedir que vissem seus olhos laranjas, comeu algo e seguiu para a guilda. Ao chegar, é recebida pela atendente.

    — Olá, Lilith. Venha, a sala de reuniões é por aqui.

    Enquanto caminham, a atendente percebe os olhos de Lilith e pergunta sobre eles. Lilith disse teve um acidente, por isso os tampou. Ela entrega uma venda a Lilith, que a coloca. Agradecida, Lilith aguarda enquanto a atendente avisa o mestre da guilda e o líder dos Vigilantes sobre sua chegada.

    Lilith segue para a sala de reuniões, onde dois aventureiros já estão sentados à mesa de carvalho. Ela pergunta seus nomes: Tharon e Elyra. Eles se apresentam, e Lilith se senta, aguardando as instruções do mestre da guilda e do líder dos Vigilantes.

    A reunião começa com discussões sobre a crescente ameaça dos goblins. Eles traçam estratégias para localizar o ninho e prevenir futuros ataques. Ao final, todos recebem um aparelho mágico de comunicação de longa distância, que se encaixa no ouvido. Lilith é designada para investigar uma área específica da floresta. Ao sair da guilda, ela segue em direção à região indicada, pronta para enfrentar o que vier pela frente.

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