Capítulo 47: CHAAAAAAAAOOOOOOOOOOOOO!
O rugido ensurdecedor ressoa pela caverna.
— CHAAAAAAAAOOOOOOOOOOOOO!
O som é tão intenso que as paredes vibram, o teto treme e a poeira se ergue em nuvens sufocantes.
O bater de asas preenche o ar.
Correntes de vento brutais varrem o ambiente conforme as colossais asas do dragão se agitam.
Aiko corre.
Seus pés deslizam sobre o chão de pedra, seus sentidos gritam para que continue.
Ela não pode parar.
Mas antes que consiga dar mais um passo…
CLANK!
Uma força invisível envolve seu corpo.
A armadura de Heri se manifesta ao redor dela, endurecendo seus movimentos e forçando-a a parar.
— Heri, o que…?!
Antes que consiga terminar a frase, ela sente.
Uma sombra gigantesca se projeta sobre seu corpo.
Ela olha para trás.
E vê.
O monstro que a persegue.
O Rei Dragão Darkborn.
Sua silhueta colossal se ergue no meio da poeira, seus olhos brilhantes cortam a escuridão como faróis da condenação.
Seus músculos titânicos se contraem.
Sua boca se abre completamente, revelando presas maiores que um prédio de 2 pisos.
Ele vai devorá-la inteira.
— MERDA!
Heri tira Aiko do caminho no último instante.
Os dentes de Darkborn esmagam o chão onde ela estava um segundo antes, transformando a rocha sólida em poeira e destroços.
O impacto explode pelo ambiente, rachando a montanha como se fossem vidro.
Mas Heri já está em movimento.
A espada dele brilha com um roxo profundo.
Com um único golpe, ele corta o ar em direção ao pescoço do dragão.
A lâmina atravessa a névoa.
Mas antes que a lâmina toque qualquer escama, Darkborn desaparece.
O golpe de Heri não encontra resistência.
Aiko arregala os olhos.
— Ele sumiu?!
O silêncio domina a caverna por um breve instante.
O som dos destroços ainda ecoa.
O vento assovia pelo espaço vasto.
E então…
PAFT.
Um som surdo corta o ar.
Antes que Aiko consiga reagir, uma força monstruosa acerta seu peito.
O impacto a lança como um projétil.
Ela voa por dezenas de metros, seu corpo atravessa colunas de pedra, sua armadura se racha.
Ela bate contra o chão e rola várias vezes, deixando um rastro de destruição antes de finalmente parar.
Seus ouvidos zumbem.
Ela tosse violentamente, sangue respingando no chão.
— O que foi isso?!
Aiko força seu corpo a se mover, piscando várias vezes para afastar a tontura.
E então, ela vê.
Não mais um dragão.
Mas um homem.
Uma presença avassaladora se impõe à sua frente.
Um ser envolto em uma capa escura que se estende como a própria noite.
Chifres laterais curvados para frente, resplandecendo em um tom de roxo profundo.
Seu rosto, marcado pelo tempo, carrega a expressão de alguém que já viu séculos passarem diante de seus olhos.
Seu corpo, revestido por uma fina camada de armadura negra, tem espirais roxas intricadas, semelhantes às marcas no braço de Aiko.
Seus olhos brilham com uma luz antiga.
E ele sorri.
Aiko tenta se mover, mas seu corpo ainda está processando o golpe.
A pressão no ar aumenta.
Ele avança.
Em um instante, ele desaparece da visão dela.
E reaparece diante dela.
Aiko não tem tempo de reagir.
O punho do inimigo brilha em um tom violeta profundo.
E atinge seu abdômen com uma força monstruosa.
— GAAAAH!
O impacto atravessa seu corpo, enviando ondas de choque pelo ar.
Aiko voa novamente, seu corpo sendo jogado como um míssil contra as profundezas da caverna.
O som de algo se partindo violentamente ecoa pelo espaço.
Aiko sente a vibração do impacto percorrendo o chão da caverna. Algo está vindo.
Seus instintos berram em alerta.
Ela não espera para ver.
Suas pernas se movem por reflexo, impulsionando seu corpo para a saída da caverna.
Correndo.
Correndo.
Correndo.
E então…
A luz do sol explode diante de seus olhos.
A visão do céu aberto a cega momentaneamente.
Mas não há tempo para se adaptar.
Ela precisa continuar se movendo.
Aiko entra na floresta densa, as árvores altas e retorcidas formando um labirinto natural ao seu redor.
Os galhos cortam seu rosto enquanto ela avança, seus sentidos atentos a qualquer movimento ao redor.
Então…
BATER DE ASAS.
Um som monstruoso, poderoso, ecoando como o próprio rugido de uma tempestade.
— CHAAAAAAAAAAAAAAAAOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!
Aiko sente o perigo antes mesmo de vê-lo.
E no instante seguinte.
O inferno se desata.
Uma onda roxa de veneno cobre o céu, descendo como uma tempestade sobre a floresta.
O impacto é devastador.
A densa vegetação começa a morrer instantaneamente.
As folhas murcham e apodrecem.
As árvores escurecem e se desintegram, suas cascas se desfazendo em poeira.
Os pequenos animais tentam fugir, mas suas peles derretem antes que possam escapar.
O próprio ar se torna tóxico.
— MERDA!
Aiko salta no último instante, suas asas se abrindo com um poderoso bater.
Ela sobe em alta velocidade, escapando da morte certa.
Mas…
Ele já está lá.
O dragão a espera.
Sua mandíbula colossal se fecha a poucos metros de distância, soltando um bafo roxo venenoso.
Aiko sente o calor da respiração venenosa contra sua pele, seus olhos arregalados enquanto observa os dentes maciços que poderiam reduzi-la a nada em um único golpe.
Mas antes que Darkborn possa atacá-la novamente…
BOOM!
Aiko solta sua aura em um surto avassalador de poder.
Uma pressão esmagadora se espalha pelo ar, o céu tremendo com sua força.
Sua armadura se restaura instantaneamente, as peças metálicas brilhando enquanto se reformam ao redor de seu corpo.
Ela está de volta.
Pronta para lutar.
Mas então…
Darkborn desaparece diante de seus olhos.
Ela sente o aviso na alma.
— “PREPAREM-SE”! — Lilith alerta dentro de sua mente.
Aiko ergue a espada por instinto, preparando-se para qualquer ataque.
Mas.
Um som seco ecoa pelo ar.
Uma mão surge do nada, agarrando a lâmina de sua espada.
Uma mão… parecida com a dela.
Os mesmos padrões escuros, as mesmas espirais roxas pulsando com energia.
E então…
Ele sai de trás da espada.
O velho.
Seus olhos profundos se fixam nos dela, analisando-a sem pressa.
O silêncio se estende por um instante.
E então, ele fala.
— Você é um demônio diferente.
Seus olhos se estreitam.
— Quem é você?
Aiko não hesita.
Seus pés tocam o chão firme no ar, sua postura inabalável.
— Sou Lilith.
Seu olhar se intensifica.
— Filha do Rei Demônio.
Por um instante, o velho apenas a encara.
E então…
Ele sorri.
— Pois bem.
Antes que Aiko possa reagir.
CRACK!
Sua espada se parte em dois.
Seus olhos se arregalam em choque.
Mas antes que possa sequer entender o que aconteceu.
DOR.
Um choque lancinante explode em seu peito.
Ela olha para baixo.
E vê.
A mão do velho atravessando seu coração.
O tempo parece parar.
Aiko sente o mundo se dissolvendo ao seu redor.
Sua visão fica turva.
Seu corpo fraqueja.
E então, uma voz ecoa dentro de sua mente
— “ERGA-SE”!
O mundo gira.
O céu se desloca repentinamente acima dela.
E de repente.
Ela está voando.
Muito mais alto do que antes.
Seus olhos se abrem.
Sua respiração retorna.
E então, sua armadura começa a se formar novamente.
Sua espada… se refaz em suas mãos.
Ela sobreviveu.
Mas dessa vez.
Ela está animada.
— “Tsk! Que droga, Aiko”! — Heri reclama dentro de sua mente.
— “Foi descuidada”! — Lilith adiciona, irritada.
Mas Aiko só sorri.
Lá embaixo, o velho a observa.
Seu olhar não carrega surpresa.
Apenas um sorriso entediado.
Ele ergue a mão calmamente.
E o corpo anterior de Aiko, ainda empalado, se dissolve em névoa em seu braço.
— Hummm… uma luta sem sentido.
Sua voz soa como um trovão distante.
E então.
Ele desaparece.
No instante seguinte, ele está diante de Aiko.
O céu se agita.
O vento se retorce violentamente.
E uma tremor negro se espalha pelo espaço ao redor.
— Uma trégua! — Ele murmura, com um leve sorriso.
Aiko sorri em resposta.
— Beleza.
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