Índice de Capítulo

    Dam havia levado um tiro. A dor latejava sob a pele, mas a raiva, tanto do inimigo quanto de si mesmo, queimava ainda mais. O peito subia e descia em respirações irregulares enquanto ele lutava para se manter firme. Mesmo assim, os dedos firmaram-se ao redor de Diana, e ele disparou. O projétil cruzou o espaço sem causar qualquer dano ao inimigo.

    O calor da bala alojada em sua carne se espalhava como brasas sob a pele. Um fio de sangue deslizava pelo canto da boca quando levou a mão ao ombro, pressionou o ferimento. A cada tentativa de comprimir o metal dentro de si, o calor aumentava, tornando a dor insuportável.

    — Arrrrrgggghhhhhh!

    Ui, após liberar sua aura profana, surpreendeu-se com o grito de dor de Dam. A Destemida teve a mesma reação, mas um sorriso surgiu em seus lábios ao observá-lo.

    Entre gemidos sufocados, ele comprimiu a bala alojada em seu corpo até que desaparecesse. Quando a dor finalmente cedeu, um sorriso tomou seu rosto. Então, voltou o olhar para a Destemida antes de sacar Liana mais uma vez.

    — Idiota, essa coisa não funciona comigo — declarou Loi.

    — Veremos.

    As armas de Dam possuíam três níveis de potência: bala sem aura, imbuídos de aura, e uma forma ainda mais poderosa, raramente utilizada. Contra seus inimigos, sempre recorrera às duas primeiras. As balas que haviam atravessado a Destemida eram de Liana, revestidas de aura, mas existia algo além desse método.

    Liana permitia disparar apenas uma bala por vez, exigindo que recarregasse manualmente a cada tiro. Nas duas ocasiões em que a utilizou naquela batalha, imbuiu os projéteis com aura. Agora, porém, a técnica era diferente. As balas ainda estavam carregadas de energia, mas dessa vez a própria arma também recebia a infusão.

    Ainda assim, não era Liana que tornava o disparo mais letal. Ela servia apenas como condutora e canalizava a aura até o projétil. No instante em que essa energia o envolvia, Dam podia comprimi-lo, aquecendo-o além do habitual, quente o bastante, segundo sua percepção, para atravessar aquela barreira de vento.

    No instante em que puxou o gatilho, o tempo pareceu se partir. Todos no local foram paralisados, aprisionados por uma força invisível. Nem mesmo a Destemida escapou. Seus olhos congelaram em fúria no momento em que a bala disparada perfurou seu peito e atravessou-lhe o coração.

    Então, o mundo retomou o movimento. Cinco segundos haviam se passado, o suficiente para que um plano se concretizasse. Loi desviou o olhar para Léo por um breve instante antes de voltar a encarar o atirador. 

    Desde o momento em que se preparou para atirar, Dam aquecia uma bala de ferro forjada da maneira convencional. Diferente das outras, essa não foi moldada por suas habilidades, mas somente foi sobreaquecida e elevada a temperaturas extremas. 

    O calor pulsava em sua superfície, crescendo a cada instante, próxima do ponto de ruptura. Qualquer erro e ela explodiria antes mesmo de cumprir seu propósito.

    A Destemida avançava e rasgava a distância entre eles. O calor da bala queimava os dedos de Dam enquanto ele, sem hesitar, encaixava-a em Liana. Num único movimento preciso, apontou e disparou, mirando exatamente no ponto onde a primeira bala estava cravada.

    No instante em que o segundo projétil a alcançou, o impacto provocou um superaquecimento instantâneo. O metal cedeu à pressão e explodiu.

    Chamas intensas se espalharam pelo campo de batalha. Loi foi consumido pelo fogo de dentro para fora, sua carne se retorcia sob o calor avassalador antes que seu corpo tombasse ao chão.

    Ui, já preparada para a luta, recuou, frustrada. O demônio que deveria ser um desafio colossal foi derrotado por aquele que ninguém acreditava que pudesse vencer.

    Dam guardou sua arma e caminhou até a Destemida, agora caída, o corpo negro e enegrecido pelas chamas que a consumiram. Sem hesitar, pressionou o pé sobre sua cabeça e proclamou:

    — Sua Puta!


    Enquanto isso, na outra batalha, Léo, após subjugar seus inimigos com uma força implacável, aproximou-se de Max. Com um movimento rápido, agarrou-lhe a cabeça com uma mão firme e, olhando-o com desprezo.

    — Foi bom o quanto durou, mas… — disse enquanto a sua mão queimava em fogo.

    O destemido, com o cotovelo levantado, pronto para esmagar o coração inimigo e finalizar o combate, parou abruptamente. Ou melhor, todos no campo de batalha pararam.

    Léo, que ainda segurava a cabeça de Max, deixou-o cair com um movimento quase pesado. Com um esforço visível, virou seu olhar na direção da aura opressora da intenção assassina. Ao encontrar os olhos de Izumi, um arrepio percorreu sua espinha. 

    Ele não precisou de palavras para entender o que estava acontecendo. Aquela presença silenciosa e mortal dizia claramente o que ele já sabia: ele não deveria matar aquele homem.

    A intenção assassina durou somente cinco segundos, mas foi o suficiente para que Izumi, com sua força imensurável, deixasse claro para todos os presentes que, se quisesse, ninguém sairia vivo daquele local.

    Logo depois, Léo voltou seu olhar para Loi, ambos compartilhou uma preocupação silenciosa. No entanto, não parecia que haviam desistido da batalha.

    Ao ignorar Max, o demônio avançou em direção a Idalme. Com um movimento rápido, agarrou-a pelo pescoço, seus dedos apertando com força enquanto seus olhos se fixavam novamente no mestiço. Foi então que ele percebeu algo curioso: Izumi estava sorrindo. 

    Será que ele a quer morta?

    Léo, naquele momento de compreensão, esboçou um sorriso sutil. Ele colocou a palma da mão no peito dela e, com um tom calmo, se perguntou:

    — Hum, o que é isso?

    O coração de Idalme batia descontroladamente, mais forte e rápido, como se cada batida fosse um tambor pulsando em êxtase. 

    A sensação era tão intensa que parecia sair do seu controle, como se algo estivesse pressionando cada centelha de sua vida. Lentamente, com um movimento quase hipnótico, Idalme ergueu a palma da mão e a colocou sobre o peito de Léo.

    — Não me diga, você também…

    O Destemido, naquele momento, percebeu tarde demais no que havia se metido. Ao perceber a marca de chamas no pescoço da peitos caídos, seu instinto de sobrevivência o fez largá-la abruptamente e tentou se afastar.

    Porém, Idalme não o deixou escapar. Com uma força que parecia vir de algo além de sua dor, ela segurou sua mão. Sua cabeça ferida começou a curar de forma anormalmente rápida, mais rápido do que o habitual, enquanto novas marcas de fogo surgiam, queimando sua pele. Quando seus olhos se abriram, a explosão de chamas foi inevitável.

    Suas roupas de cima, mais resistentes do que o usual, resistiram ao calor das chamas que se erguiam em seu corpo. No entanto, Léo, que estava na proximidade, foi atingido pela onda de calor, mas, surpreendentemente, não sofreu dano algum.

    Com a mão ainda no peito do destemido, Idalme liberou um ataque devastador de chamas. O fogo atravessou o corpo do Destemido, mas sua força não se limitou a isso. As chamas viajaram pelo ar com fúria, destruindo o teto e tomou a forma de uma mão feminina que se ergueu em direção ao céu.

    Naquele momento, Léo se ajoelhou no chão, a dor evidente em seu rosto, mas sua voz ainda firme:

    — Então você também foi escolhida?

    — Escolhida? — Idalme perguntou, a confusão se refletindo em seus olhos.

    — Sim — respondeu, o sangue escorria pela sua boca enquanto uma risada amarga escapava de seus lábios. — Só um estômago de fogo para me causar dano.

    Léo se levantou lentamente, seu corpo começou a se curar à medida que a ferida se fechava, como se a dor jamais tivesse existido. Suas roupas, milagrosamente, estavam intactas, sem sinais de danos pelas chamas devastadoras. Idalme, observou tudo isso, sentiu um arrepio de compreensão.

    — Você… não me diga… Era do clã Zura?

    — Quem sabe? Vai ter que me derrotar primeiro — respondeu, já recomeçando seu trabalho de pés com uma precisão.

    Sem demonstrar medo, Idalme sacou seu arco e, com firmeza, mirou em Léo. No entanto, o inimigo não avançava nem mostrava intenção de atacar naquele momento.

    Determinada, Idalme envolveu sua flecha com chamas intensas e confiou no poder de seu ataque. Mas, ao puxar o arco, algo inesperado aconteceu: a flecha, com as chamas ardendo em sua ponta, simplesmente vaporou no ar.

    — Quê?! — exclamou incrédula, para si mesmo.

     — Eu sabia… você não tem controle sobre o seu estômago. Assim, não vai ter a mínima chance de ser uma rival para mim.

    Léo avançou rapidamente, seus movimentos precisos e implacáveis. Em um instante, ele começou a desferir uma série de golpes em Peitos Caídos: socos no rosto, uma cotovelada nas costelas, um golpe forte no queixo. 

    Cada impacto parecia mais pesado que o anterior, e ela, por mais que tentasse contra-atacar, não conseguia se defender. Seus braços falhavam, sua força não era suficiente para interromper a fúria de Léo. Enquanto ele a golpeava incansavelmente, ela apenas apanhava, sem capacidade de reagir.

    — Não tens experiencia em combate corpo a corpo. Muito perceptível!

    Ele tem razão, combate corpo a corpo nunca foi o meu forte, se continuar assim vou morrer, mesmo que o meu corpo regenere mais rapidamente.

    — O que foi, não vai fazer nada! — gritou Léo enquanto batia cada vez mais.

    Enquanto Idalme apanhava sem parar, sua regeneração, por mais impressionante que fosse, não conseguia acompanhar os danos que ela estava recebendo. 

    Cada golpe dele parecia aniquilar sua resistência, e ela sentia seu corpo ceder pouco a pouco, as forças escoando de suas veias. A cada golpe, a dor se acumulava, e ela se via mais próxima de ceder.

    Mas, algo inesperado aconteceu.

    — Hahaha! Te peguei!

    — Quê? — Léo respondeu, surpreso, o olhar confuso. — Você devia estar…

    — Sim, eu devia — interrompeu, com um sorriso desafiador. — Mas não foi por muito tempo.

    Max havia o envolvido com seus braços e pernas de forma implacável. Sua energia começou a se acumular rapidamente, irradiando uma pressão crescente. Com um grito poderoso, bradou:

    — Idalme, afaste!

    Sem pensar duas vezes, se afastou rapidamente, se livrando da pressão da luta para tomar distância. Max, por sua vez, sorriu vitoriosamente, enquanto sentia sua energia transbordar. Ele se manteve firme, uma confiança crescente estampada em seu rosto.

    — Quero ver escapar dessa! Explosão Galante comprimido!

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