Capítulo 13 - O príncipe do deserto
ALVO PRIMEIRO
— Senhora Henco, o senhor Alvo, único nome, pede vossa autorização para entrar no recinto! — O serviçal-chefe entrou na sala de jantar antes de mim e se curvou.
— Obrigada, Bomas. Ele pode entrar!
Esse era o nome dele, Bomas… Ele não tinha cara de Bomas.
Entrei, tentando ser o mais elegante possível, enquanto usava um pijama chamativo. Me curvei exageradamente, entrando no teatrinho.
— Olá, senhora Henco. É um grande prazer revê-la!
— Não precisa desse fingimento, Alvo! Meu mordomo gosta de formalidades, você não tem que imitá-lo…
— Ótimo, acho isso muito cansativo… Posso me sentar?
Bomas puxou uma cadeira na extremidade oposta a que Henco estava, e me sentei.
— Obrigado, bom homem!
— As suas ordens, general!
— Vamos direto ao assunto, Alvo. O que deseja de mim? — Henco apoiou ambos os cotovelos no tampo liso e lustrado da mesa de mogno.
Bomas ficou em um canto da sala de jantar, aguardando novas ordens.
— Achei que gostaria de saber sobre o resultado da minha campanha contra os elfos.
— Hendi me enviou um pombo-correio há alguns dias. Informei a capital tudo o que aconteceu, para adiantar as coisas…
— As forças de proteção nunca usam pombos, mesmo sendo tão prático… Que bom que Hendi adiantou o assunto. Isso agiliza nossa conversa.
— Pois bem, prossiga!
— Como todos sabem, seu cargo de rei está quase garantido. Grenford te apoia, eu te apoio e Rufo também. Me retirei da candidatura assim como Rufo, facilitando ainda mais o processo.
— Nada é tão simples assim, mas continue…
Me endireitei na cadeira.
— Em minha batalha contra os elfos eu entendi um pouco sobre o peso de ser um governante… Altimanus era um exemplo a não ser seguido. Ele enviou milhares para a morte, apenas para ter uma informação sobre mim, que nem mesmo se mostrou útil no fim de tudo — cruzei os braços e me curvei levemente para frente. — Quero saber se algo assim poderia acontecer com você sendo nossa nova governante.
Ela ponderou brevemente.
— Está me dizendo que os elfos que você massacrou foram apenas uma isca? Pelos deuses, eu nunca faria algo assim! Se é a segurança do nosso povo que está querendo assegurar, não se preocupe. Pergunte a qualquer um que mora em meus domínios. Todos irão assegurar que prezo pelo bem estar da comunidade.
— Prove!
— Eu já disse, pode perguntar para quem voc-
— Faça um juramento comigo!
Henco pareceu desconsertada, mas continuou:
— Não é necessário! Quando um rei assume o cargo, é feito um juramento para garantir que quem está no comando se dedique ao povo — ela espantou a ideia como se fosse fumaça na frente de seu rosto.
— Eu sei, mas quero algo mais específico! Prometa que seus subordinados não serão usados igual peças descartáveis num jogo de tabuleiro. Prometa que, não importa o motivo, não será a favor de guerras sem sentido. Aceite meus termos e me terá como sua ferramenta mais útil!
— Espere, não estou entendendo bem… Você quer ser submisso a mim? Não por patentes, mas pelo juramento do deus Azul?
— Percebi com minha última missão que não aturo mais a monarquia. Não respeito a ideia de um líder com poder absoluto. Se não for por um juramento, não sei se poderei seguir como um soldado dos humanos…
— Isso é muito para engolir… Posso pensar sobre o assunto? Por mais que sua proposta não tenha lados ruins para mim, não sei se quero alguém descontente ao meu lado… Já sei!
— O que é?
— Em resposta ao pombo que enviei a capital, nosso rei me convocou novamente para lá, provavelmente para uma reunião com você e com Rufo, assim que retornasse de sua missão. Eu partirei amanhã. Até lá eu pensarei em sua proposta. Mas fique claro: o que você me pediu eu já faria! Não pretendo agir como uma tirana quando ascender ao trono — Henco fez uma pausa, balançou a cabeça, e continuou. — Isso se eu ascender…
Fiquei confuso com a última parte. Franzi o cenho antes de falar:
— Você soa como se não tivesse certa de que se tornará rei…
— É por que não estou… Veja, no dia do ataque à capital, enquanto você defendia nosso povo, eu agi de maneira, como posso dizer… De maneira fraca e covarde perante a minha futura posição.
— O que fez durante o ataque?
— Entrei em desespero… Algo que nunca fiz, mesmo em momentos de grande crise. Já tive plantações pegando fogo, ataques de ladrões em minhas propriedades e nunca movi um lábio de preocupação, mas no dia do ataque eu travei… Minha pressão baixou e me senti uma menininha, frágil, que nada podia fazer. Ali eu percebi como nós dependemos de você, Alvo — ela suspirou fundo. — Uma coisa que prometo é nunca mais agir dessa maneira.
— Não entendi a relação disso com ser ou não rei. É óbvio que em momentos de crise o governante precisa ser frio, e tomar decisões sob pressão, mas não acho que essa cena em específico afetaria-
— Tudo aconteceu na frente do senhor Grenford! Eu e Rufo nos abrigamos no palácio, junto dele… Toda vez que eu ouvia uma explosão ou tremor ficava mais pálida e sem reação.
— Oh… Entendi. Você tem medo que isso mude a decisão dele… Bem, nosso rei não tem muita escolha, não é mesmo? Afinal, só sobrou você para o cargo.
— É, ha ha ha — ela estava claramente com vergonha. Deu risadas tão sem graça, que parecia estar sentindo dor.
Tentando melhorar o clima do jantar, brinquei:
— Eu pagaria um saco de ouro para ter visto a sua cara!
— Isso é jeito de falar com seu futuro rei? — Sua expressão fechou, como se uma tempestade estivesse se formando.
— Perdão, perdão… Então, amanhã partirá para Porto-Norte? Posso aproveitar a carona?
— Claro. Por hora, vamos comer. Bomas, traga a comida!
O jantar foi bem farto, com variedades de pratos, de muitas partes dos domínios humanos. Tinham desde frutos do mar a javalis caçados. Não comia bem assim desde o jantar na casa de Rufo.
Após me alimentar como um mamute esfomeado, parei para prestar atenção em minha anfitriã.
Henco usava um penteado diferente do seu usual cabelo encaracolado e preso. Estava solto, caído à frente de seus ombros. Madeixas longas e brilhosas. O tom vermelho-alaranjado das mechas de seu cabelo ficava ainda mais evidente à luz das velas, ao redor do cômodo. Nem mesmo arrumada para encontrar nosso rei ela estava tão bonita.
Com esse pensamento em mente percebi que nunca refleti sobre a possibilidade de ter um relacionamento. Minha vida sempre foi militarismo, treinos e missões. Eu tenho vontades, não vou negar, mas nunca me passou pela cabeça ter uma relação afetiva com alguém, homem ou mulher.
No reino humano a “tradição” de casamento entre casais do mesmo sexo já foi um tabu. Homens ou mulheres que gostem do mesmo sexo não são vistos com maus olhos atualmente. Isso foi um problema há dezenas de anos atrás, quando a “igreja dos três deuses” começou uma caçada feroz contra todos as pessoas homossexuais, causando diversas mortes.
Após algumas semanas de ações cruéis por parte da igreja, o deus Roxo entrou em contato com nossa raça, repudiando os atos da igreja e informando que qualquer ação tomada contra outras pessoas por sua orientação sexual seriam punidas diretamente por ele, com algumas maldições.
Desde então, a vida das pessoas se tornou mais feliz, pois não gastam mais tempo se importando com coisas que não lhes dizem respeito.
Uma curiosidade, que foi passada entre as gerações: em vida o deus Roxo era homossexual. Em sua época “aceitavam” sua orientação sexual por medo de sua força, e não por respeito, já que ele era o humano mais poderoso vivo. Outro fato interessante é que os historiadores citam o deus Roxo como o primeiro Escolhido humano.
Voltando ao presente, ainda com meus pensamentos em outro lugar, Henco me perguntou.
— Mesmo não sendo rei, você tem peso de montanhas em suas costas, Alvo. Como você lida com isso?
Ela parecia estar perguntando para ajudar a si mesma, já que um peso parecido cairia sobre ela.
— Eu não posso te ajudar com isso, Henco. Fui criado para ser quem sou. Forjado como uma espada para nossa raça. Você não… Henco Pleno, por mais experiência que tenha aqui, em seu Feudo, nada te preparou para o que está por vir. Apenas espero que consiga se sair bem, pois muita gente depende de você!
Henco engoliu em seco, como se estivesse evitando responder algo ríspido e genioso. Acredito que suas respostas odiosas, de quando nos conhecemos, mudaram para um tom mais respeitoso. Ela fechou os olhos, bufou após pensar algo, e disse:
— Está ficando tarde, Alvo. Vou para meus aposentos. Bomas, leve nosso convidado para o quarto de hóspedes… Ah, e que seja o quarto mais longe do meu! Nunca se sabe o que um homem estranho pode fazer durante a madrugada…
Pensei um pouco cedo demais. O tratamento odioso continuava.
— Tenha uma boa noite, Henco! — Falei, enquanto me levantei para seguir Bomas.
Chegando na capital, enquanto eu cavalgava ao lado da carruagem de Henco, vi uma comoção ao longe.
Dezenas de pessoas se aproximavam, aparentemente muito animadas. Elas seguravam flores de todos os tipos e cores.
Henco abriu a janela de sua carruagem, colocou a cabeça para fora para ver.
— Informei ao rei que chegaríamos juntos. Aparentemente ele quer demonstrar o quanto está grato por suas ações, Alvo.
Ser ovacionado pelo povo não é o meu “ideal” para um agradecimento…
Quanto mais nos aproximamos, mais a população se aglutinava, quase impossibilitando que nossas carroças e minha égua passassem.
Acenei para o povo, enquanto mantinha um sorriso forçado.
De tempos em tempos, coroas de flores eram jogadas em minha direção. As dez primeiras eu consegui evitar que me acertassem, mas uma pessoa sortuda atingiu minha cabeça, e a coroa de flores brancas ficou pendurada em meu pescoço.
Não faria bem à minha imagem se eu tirasse meu novo adorno, então o mantive. Henco deu gargalhadas de dentro da sua carroça, que eu podia ouvir, mesmo com a barulheira das pessoas ao nosso redor.
— Obrigado por nos proteger, general! — Gritou um cidadão.
— Eu que lancei a coroa que ele está usando, AHHHHHHH! — Uma voz de garota gritou ao longe.
— Pode comer de graça no meu restaurante!
— Como ele é bonito! Ele tem uma cicatriz embaixo do olho direito!
— Sim, muito sexy!
— Alvo, me dê um filho! — Falou a mesma voz que comentou sobre minha cicatriz.
— Não, ele fará um filho comigo!
As duas mulheres, que estavam brigando para ter a minha prole, começaram a se engalfinhar, gerando uma cena engraçada e muito bagunçada.
Cada grito, cada agradecimento, era único.
Eu não acreditava que tivesse feito o suficiente para tanta adoração. A verdade é que eu não sabia o que nosso rei informou à população sobre a última expedição. Seja o que for, subiu ainda mais o carinho que os humanos tinham por mim.
Nem todo escolhido segue um caminho como o meu. Alguns são egoístas, outros vagabundos, a ponto de serem indiferentes a tudo. A história conta que menos da metade dos escolhidos decidem ajudar suas raças. Talvez fosse um alívio para a população saber que podiam contar comigo.
Passamos pelo portão principal da cidade, que acabara de ser reconstruído após os ataques, e pétalas de rosas brancas foram jogadas de cima dos muros.
Nos mantivemos em um ritmo muito lento, com tantas pessoas nos rodeando. Vi tantos rostos diferentes pelo trajeto que, provavelmente, todo morador de Porto-Norte estava presente.
Um raio do dia depois, chegamos aos portões do palácio.
Deixei minha montaria com um guarda e abri a porta da carruagem para Henco.
— Obrigada, general! E aí, já escolheu qual das milhares de meretrizes você vai engravidar?
— Muito engraçado…
Mesmo na frente do palácio era difícil se locomover. Nem os guardas conseguiam manter tantas pessoas afastadas. Um cordão de proteção foi feito com uma centena de soldados, mas eram constantemente empurrados em nossa direção.
— Vamos subir logo, general! — Henco falou, com urgência na voz.
Subimos a longa escadaria sob uma salva de palmas dos cidadãos.
— Nunca mais entro na cidade em sua companhia — Henco brincou mais uma vez.
Momentos depois, já na presença do rei, na sala do trono, fomos recebidos por mais uma salva de palmas.
— Bem vindo, general Alvo! Bem-vinda, Henco!
O rei nos saudava com um grande sorriso que alcançava seus olhos.
— Senhor, devo agradecer pela recepção, mas creio que seja desnecessário.
— Tolice! Hoje é um dia de festa! Decretei que esta data seja feriado nacional! O dia em que você retornou, triunfante, após sobrepujar os elfos em seu próprio território! Chamaremos de “Dia Alvo”!
Eu não sabia o que dizer. Um feriado em meu nome? Nunca busquei tanto. Saber que eu seria lembrado por gerações me deu mais ânimo que tudo o que havia sentido.
— Estou completamente agradecido, senhor Grenford! — Me ajoelhei.
— Levante-se. Começaremos o banquete em breve! Todos, para o salão de festas!
E festejamos… Como festejamos!
Permiti me embebedar na frente de estranhos, o que gerou cenas divertidas, como quando tropecei e caí no colo de Henco, que ficou extremamente irritada, ou quando derramaram licor em meu colo, e duas serviçais brigaram para decidir quem me limparia. Foi uma noite memorável!
Quando faltava menos de um ciclo para o amanhecer, desmaiei no meio do salão, que ainda estava lotado de convidados.
Bateram em minha porta e acordei assustado. Estava nu, em uma cama que não era a minha. Pela janela dava para ver a cidade debaixo de mim. Conforme a posição das casas no lado de fora, eu sabia que estava em um quarto do palácio.
Mais batidas na porta.
Me cobri com os lençóis e respondi:
— Pode entrar!
— Senhor, o rei o aguarda na sala do trono! — Falou o soldado de armadura completa que abriu minha porta.
Olhei em volta e vi que tinham roupas limpas em uma cadeira, perto da porta.
— Irei assim que me trocar, obrigado!
Coloquei as roupas leves e macias que prepararam para mim.
Minha cabeça girava e doía pela ressaca.
Navegar pelos corredores do castelo foi fácil com as orientações do soldado que me acordou.
As grandes portas da entrada da sala do trono estavam fechadas. O soldado foi na minha frente e abriu para mim.
— Alvo, que bom que acordou. Achei que ficaria dormindo até anoitecer.
— Sou fraco com bebidas, senhor. Solicitou a minha presença? — Perguntei sem fazer rodeios.
— Sim. Preciso de sua ajuda. Acabamos de receber uma comitiva vinda do mar. Mensageiros dos Lizards.
— E o que as lagartixas querem?
— A soltura de nosso prisioneiro — falou o rei, enquanto franzia o cenho.
— Faísca? Aquele que matou centenas de humanos inocentes? Isso é algum tipo de brincadeira dos Lizards?
— Não faço ideia… Eu gostaria de saber se você poderia ficar ao meu lado, enquanto ouço as demandas dos mensageiros. Não só pela minha segurança, já que você teve contato com o prisioneiro, pode me auxiliar nessa conversa.
— Será um prazer, senhor!
— Perfeito! Clen, avise os soldados do porto que devem escoltar os mensageiros até aqui.
— Clen, garanta que as lagartixas saibam que se eles tentarem qualquer tipo de gracinha em solo humano, eles e o prisioneiro serão exterminados por mim!
O serviçal entendeu as nossas demandas e partiu pela entrada sem dizer nada, como sempre. Percebi que Clen tinha uma cicatriz entre o queixo e a garganta, talvez ele tenha perdido a voz por causa deste ferimento.
Fiquei na sala do trono com o rei, comentando detalhes de minha luta contra o soberano Élfico. Em torno de um ciclo depois, enquanto estava no final da história, as portas se abriram.
— Senhor Grenford, Os mensageiros chegaram. Posso pedir que entrem? — Falou o soldado que me escoltou até aqui.
— Sim, que entrem logo!
Três lagartos enormes entraram, quase batendo as cabeças na parte de cima do portal da entrada.
Lizards se locomovem, na maior parte do tempo, como lagartos normais, sob quatro patas. Quando querem demonstrar formalidade com outros seres, ficavam sob as patas traseiras, imitando as outras quatro raças inteligentes.
Sob as patas traseiras eles ficavam com quase três metros de altura, tornando-se ainda mais intimidadores.
Percebi que traziam um humano acorrentado pelo pescoço, usando vestes parecidas com as deles. Eram placas de couro, que cobriam lugares específicos, como as coxas, partes íntimas e o peitoral.
Eles tiveram a ousadia de trazer um escravo humano na presença do rei… Se não fossem mensageiros, esse tipo de afronta seria punida com a morte!
Olhei para Grenford, e sua expressão era irreconhecível. Jamais o vi tão irritado! Ele falou:
— Vocês querem fazer demandas, mas trazem um escravo humano na minha casa? Me dê um motivo para não aprisionarmos vocês, como fizemos com o primeiro Lizard!
O lagarto mais alto e mais escuro começou a fazer barulhos e estalos com a garganta, depois olhou para seu escravo:
— Bom dia, senhores. Sou o tradutor dos mensageiros das “tribos livres do continente Sáfaro”. Este senhor, que segura minhas correntes, se chama Couraça-Negra. Por favor, ouçam o que ele tem a dizer!
Grenford parecia ainda mais irritado.
— Fale, Couraça-Negra!
Alguns grunhidos depois, o escravo traduziu:
— Aquele que os humanos mantêm como prisioneiro é Faísca-Nova, o príncipe dos grandes guerreiros Lizards! Nossos líderes demandam sua soltura ou uma guerra será iniciada entre as duas espécies!
Eu congelei por um momento.
Como isso era possível? Prendemos um mercenário da Rosa-dos-ventos, não um príncipe. Não aguentei ficar em silêncio e intervim:
— Vocês nos desrespeitam trazendo um escravo humano e ainda por cima mentem! Nosso prisioneiro é um mercenário, não sua realeza!
Chiados irregulares e estalos com a língua depois, o escravo continuou a tradução. O lagarto de nome Couraça-Negra estava impassível.
— Nosso irmão, Faísca, tomou um caminho que não nos orgulhamos ao se juntar a uma facção tão desonrada como a Rosa-dos-ventos. Mas não há dúvidas, ele é nosso príncipe!
— Vocês entendem em que circunstâncias ele foi preso, correto? Centenas de humanos mortos. Pelo alto da escadaria, na entrada do palácio, vocês conseguiram ver uma grande cicatriz negra no meio de minha cidade, não? Foi lá que a maior parte das vítimas do ataque de seu “príncipe-mercenário” pereceram… Sua raça se denomina “inteligente”, mas faz pedidos tão idiotas, como soltar um assassino, apenas por ele ser um príncipe?
O lagarto à esquerda do grupo falou dessa vez. As suas escamas eram bem claras, quase albinas:
— Não viemos apenas com demandas. Se libertarem nosso príncipe, podemos oferecer mil escravos humanos de volta a vocês!
O Lizard albino falou sem ajuda de tradução. Ele era mais articulado com suas palavras do que Faísca.
— O que me impede de ir até sua terra e acabar com tudo é a falta de um bom barco! Apenas dê a ordem, senhor Grenford, e lido com os lizards da mesma maneira que fiz com os elfos!
— BASTA! Couraça e seus companheiros, voltem ao seu navio. Pensaremos sobre sua proposta e responderemos em até um dia. Estão dispensados!
— Mas senh-
— Alvo, já disse, Basta!
Me mantive calado.
Eu não podia aceitar que Grenford estava considerando esta proposta. Somos mais poderosos e ricos. Lidar com os lizards não seria um problema para mim.
O grupo, com enormes lagartos e seu escravo, fizeram uma reverência e saíram.
— Chamem Henco e Rufo aqui. Alvo, volte aos seus aposentos. Quando eles chegarem, peço para que você se junte a nós.
Eu queria argumentar, mas o mais inteligente era me manter calado. Grenford estava muito irritado no momento.
Voltei ao quarto em que dormi, onde fiquei até ser convocado.
“O contato com as tribos lizards mais selvagens se provou difícil. A barreira linguística e cultural era muito maior nesta parte do planeta. Fomos expulsos sob flechadas diversas vezes, antes de nos aceitarem por perto… Depois de passar alguns meses aprendendo sobre eles, fiquei maravilhado com tamanha riqueza cultural!”
Passagem do livro ‘Descobertas de Mundo’, por Godur Ametis
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