Capítulo 16 - Apartando
ALVO PRIMEIRO
Não demorou para que eu fosse convocado pelo rei novamente.
Quando retornei à sala do trono, a expressão de Grenford estava mais suave. Em sua presença se encontravam Rufo e Henco, ambos com as mãos às costas, aguardando minha chegada.
— Já que todos estão aqui, podemos continuar — falou o rei assim que entrei.
— Dormiu bem, general? — Perguntou Henco, com um tom que dizia “Você bebeu demais ontem, passou vergonha na frente de todos!”. Resolvi ignorar a afronta.
— Estou ótimo, obrigado por perguntar! Já explicaram a situação a vocês?
— Sim, Alvo. Acredito que não tenha muito a se comentar, visto que não podemos simplesmente libertar um assassino! — Rufo deu início às discussões. Seu ponto de vista concordava com o meu.
— Rufo, seja racional! É melhor libertá-lo e evitar baixas de soldados ou inocentes… Ainda conseguiremos mil escravos de volta ao seu lar. Como pode ser tão cego? — Henco parecia indignada com Rufo.
— Concordo com o ex-prefeito. Não podemos simplesmente deixar que nos humilhem e oferecer o traseiro a tapas! Não podemos aceitar a proposta desses mensageiros desrespeitosos! Eles trouxeram um escravo na presença do rei, apenas para mostrarem que não se importam com o que pensamos deles — dei mais essa informação que talvez Henco e Rufo não tivessem recebido.
— Senhor Grenford, é de uma guerra que estamos falando, não podemo-
— Com todo o respeito que ainda tenho por você, Henco Pleno, estamos falando de uma afronta, não de uma guerra! Acredita, piamente, que os Lizards nos atacariam sabendo que estou aqui?
— Não é só nossa raça que tem um escolhido, ge-ne-ral! — Henco falou “general” como quem fala “barata-fedida”. — Não pretendo concordar em enviar nenhuma tropa para a morte, além das que já perdemos… Se esqueceu? Seu batalhão foi reduzido a cinzas por alguém que nem é um escolhido! Imagine centenas deles atacando… Conseguiria lidar com todos?
— Obviamente eu não estaria sozinho… Não seja tão precipitada, isso é um jogo! Não nos atacariam apenas pela vida de um príncipe mercenário… O equilíbrio entre a paz e o terror não pode ser assim tão frágil.
— Prefiro não arriscar a vida de milhares num palpite como este, Alvo — Dessa vez foi Grenford quem falou. — Henco apresentou argumentos válidos, acatarei o pedido dos Lizards e libertaremos o prisioneiro!
Eu entendia.
Pelos deuses, como eu entendia… Mas não quer dizer que aceitava. Pírio morreu por isso? Para que o assassino dele fosse solto, como se nada tivesse acontecido? Estou feliz em saber da libertação dos escravos, não me entenda errado, mas nada é tão simples assim. Algo parecia fora do lugar.
— Senhor, peço que reconsidere! Não parece estranho que mensageiros apareçam, mesmo que não tenhamos liberado a informação da prisão de Faísca para o resto da população? Talvez os Lizards estejam em conluio com os Elfos… Como saberiam que o prisioneiro está aqui?
— Chega, Alvo! Já está decidido! Está dispensado por enquanto! Henco, minha querida, precisamos cuidar de sua nomeação. Faremos uma festa para que todos possam saber da minha decisão! — Grenford ignorou minha presença completamente. — Rufo, pode cuidar dos assuntos da troca de prisioneiros? Precisamos de garantias dos Lizards mensageiros, antes de libertarmos o príncipe deles.
E dessa maneira fui posto de lado.
Ontem estavam cantando canções com o meu nome. Hoje sou dispensado como um simples peão?
Sempre soube que eu era apenas um subordinado, mas ser ignorado com tanta facilidade… Lembrei das estúpidas ações do falecido rei élfico, que levaram à morte de milhares. Se não me engano, Altimanus falou algo parecido para Thermon, enquanto eu lutava contra o mímico.
As semelhanças me davam nojo!
Lembrei também que eu tinha força como um escolhido, mas nenhum poder político.
Eu queria ser reconhecido por feitos além da minha força.
Uma frase, dita por Pírio me deixou inquieto “… nossa raça nunca se sentiu tão protegida como atualmente!”. Se essa paz, sentida pelos humanos, fosse devida a mim, eu não merecia mais? O ouro não me interessa, mas sim o respeito!
Sem fazer a reverência padrão ao rei, me virei e fui em direção a saída. Parei cerca de cinco passos da porta e me decidi.
Me virei novamente em direção ao trono. O rei ainda falava sobre preparativos e lugares para alocar os escravos resgatados, quando eu disse, quase gritando, para ser ouvido:
— Rei, não, Grenford! Lide com os problemas militares futuros sem seu escolhido! Estou abdicando de minha posição como oficial das forças de proteção!
O silêncio tomou conta do recinto.
Henco fez uma expressão que beirava ao terror absoluto.
Rufo estava confuso, como quem leva uma paulada na cabeça.
Grenford estava de boca aberta, quase babando.
— Alvo, o que significa isso? Essa ação rebelde é por que você não aceitou minha decisão, de libertar o lizard assassino? Entenda, precisamos pensar na popula-
— Não precisa perder seu tempo, Grenford, já está decidido! Talvez um dia eu volte, não tenho certeza… Preciso de um tempo para mim mesmo.
— Ah, se-se é apenas isso, po-podemos conceder férias re-remuneradas para você em alguma estalagem luxuosa de Laguna-Oeste! Sim, é uma boa ideia! Lá tem as melhores termas do nosso reino! — Grenford se esforçava para não gaguejar.
— Henco, fiz um juramento com você, e pelo meu próprio bem não o quebrarei. Assim que se tornar rei voltarei, com certeza.
Então saí, deixando os presentes com muito o que conversar.
Embrulhei tudo o que seria útil na minha viagem. Mudas extras de roupas, um pequeno saco com moedas de ouro e uma espada, que eu usaria de enfeite, pois minhas habilidades tornavam esse tipo de arma quase inútil.
Deixei minha armadura na cama do meu quarto, e me vesti com roupas mais “civis”, se é que posso chamar assim.
Decidi não ficar tão perto dos humanos, então teria que escolher onde ir.
Em direção aos elfos não era uma opção, devido ao acontecido anteriormente.
Se eu atravessasse do mar encontraria lizards, o que poderia acender meu ódio e causar um genocídio, então o que me restava era seguir para o norte, em direção às montanhas dos anões.
Percebi que sempre quis conhecê-los. Toda vez que via um artefato criado por eles ficava maravilhado.
Lembrei das adagas que a Humana da Rosa-dos-ventos usava, apenas um artífice anão poderia trazer a realidade aquele tipo de item. As correntes de supressão de mana também eram invenção deles.
“Ok, está decidido, vou até os anões nesse meu início de peregrinação.”, pensei.
Na frente de meu novo batalhão, estava minha égua, pastando solta ao lado de seus irmãos.
— Se despeça deles, minha amiga, temos uma longa viagem pela frente!
Após selar minha montaria e subir nela, Listro veio à minha mente. Eu não podia sair sem me despedir.
Galopei por entre as ruas de pedra da cidade em direção a casa da minha amiga.
Algumas pessoas me reconheciam, mesmo sem a armadura. Queriam chamar minha atenção com gritos e aplausos, apenas ignorei todos.
Antes de chegar na casa de Listro, a vi sentada em um balanço feito de cordas e uma tábua, instalado em um galho horizontal de uma árvore. Brinquei ali em minha infância.
Desci da minha égua a menos de dez metros de distância de Listro.
— Olá Li, como está Rubía?
— Ah, Alvo, que susto! Minha mãe está ótima. Foi ao mercado antes de escurecer.
— É uma pena, queria me despedir dela.
— Se despedir? Para onde está indo dessa vez? Não me diga que vai lutar de novo contra os elfos…
— Estou partindo daqui, só isso… Larguei meu cargo de general enquanto o reinado de Grenford durar. Eu quero conhecer um pouco do mundo. Percebi que sou muito ingênuo quando o assunto são as outras raças, sinto que preciso disso…
— Calma, é muita coisa para processar… Você está partindo? Para onde?
— Para o norte! Quero conhecer os anões. Sei que eles não odeiam completamente os humanos. Talvez eu até consiga um artefato deles de presente — brinquei, mas Listro não estava no clima para isso.
— Por que isso, do nada?
— Tenho meus motivos, Li. Vim apenas me despedir de vocês. Diga à sua mãe que voltarei para tomar um chá com ela algum dia.
— E quanto a mim?
— Quanto a você..? Bem, sentirei saudades, com certeza.
— Não é o suficiente. Eu vou com você! — Listro se levantou do balanço.
— Está louca? Isso não vai ser uma viagem de férias. Preciso desse tempo para mim, Li, por favor, entenda!
Ela não parecia querer entender.
— Então vá, seu ingrato! VÁ, MAS NÃO VOLTE! DEIXE SUA RAÇA PARA EXPLORAR O MUNDO, OU QUALQUER QUE SEJA A DESCULPA QUE TENHA USADO PARA SI MESMO PARA FUGIR! — Listro gritava enquanto as lágrimas mancharam seu belo rosto.
— Li, me desculpe. Isso é algo que realmente preciso fazer.
— VÁ LOGO! Você não precisa da minha aprovação, como já deixou claro, apenas fugindo de tudo!
Tentei me aproximar dela, com os braços abertos, para me despedir com um abraço, mas ela correu, sumindo por entre as casas simples daquela região.
Não a segui. Cada um lida com as despedidas da sua maneira.
Na saída norte da cidade, enquanto escurecia, passei pelo gigantesco portão montado em minha égua.
Usava capuz marrom, tentando me mesclar com o restante dos transeuntes.
Antes de atravessar a ponte, que separava Porto-Norte da planície infindável ao redor da cidade, era possível ver um grupo enorme de soldados montando guarda.
Quando me aproximei, uma voz feminina chamou meu nome:
— Onde pensa que vai, Alvo! Você fez um juramento, não pode deixar seu povo de lado!
— Como sabia que eu estaria aqui, Henco? — Tirei o capuz que não cumpriu seu papel.
— Você é mais fácil de ler que um livro infantil, cabeça-oca! Dê meia volta, o senhor Grenford prometeu perdoar essa sua atitude desrespeitosa, caso retorne.
— Do mesmo jeito que ele perdoou o desrespeito dos mensageiros Lizards, trazendo um escravo em sua presença?
Henco ficou muda por um momento.
— É de se indignar, eu sei. Você perdeu entes queridos por causa do prisioneiro, mas precisamos fazer o que é necessário!
— Sim, vocês têm razão… Meus motivos de partida são outros! Por favor, ajude seu rei a cuidar da nação. Retorno assim que você for devidamente coroada.
Sua expressão, sempre séria, ficou ainda mais feroz.
— Você não me deixa outra opção. Guardas, prendam-no!
Dez guardas saíram de trás de Henco, vindo em minha direção, todos com espadas em punho.
Apenas acendi minha aura, para gerar luz, evitando machucar minha montaria. Ela assustou com a iluminação repentina, mas logo ficou mais calma.
Os guardas recuaram imediatamente, e bati os calcanhares nas nas laterais do corpo da minha égua, ordenando que ela continuasse a galopar.
Henco e seus capangas não sabiam o que fazer. Nem olhar em minha direção conseguiam, quem dirá me prender.
Antes que eu pudesse continuar seguindo, Zonte, meu velho ídolo “Cavaleiro de couro”, apareceu perto de Henco.
— Só preciso prendê-lo, Senhora Henco? Acho que consigo lidar com você sozinho se for apenas isso, Alvo!
— Não seja idiota, Zonte. Sua armadura de couro desintegraria antes que chegasse perto de mim.
Ele puxou uma longa espada de sua cintura. Tinha uma gema dourada ao lado da empunhadura. Acredito que seja outro artefato dos anões.
Desci da minha montaria sem apagar minha aura cegante. Fui em direção a Zonte, que me interceptou com o lado da espada. Uma mão na empunhadura, outra mão na lateral da lâmina, contendo meu avanço.
— Vejo que o grande Zonte ainda tem truques na manga… Não se anime muito, você está velho demais para isso!
Girei nos calcanhares, engatei meu braço esquerdo na empunhadura de sua espada e continuei girando.
Zonte foi arremessado junto com sua arma em direção ao fosso de água, que circundava a cidade. Um breve instante depois de ser arremessado, todos conseguiram ouvir o som dele batendo na água. Já que era um usuário da magia do tipo força, uma queda dessas não o machucaria.
Subi novamente na minha égua, passei por Henco sem olhar em sua direção, e disse:
— Isso não é um adeus, mas sim um até logo. Mantenha as coisas no lugar até eu voltar.
— Espera que aceitemos isso assim, de bom grado? — Ela tentava colocar as mãos na frente da luz, mas como o ponto que brilhava era meu corpo inteiro, ela não conseguir tapar o brilho por completo.
— Não é como se tivessem escolha!
E parti sem o consentimento do atual e do próximo rei.
Os dias que se seguiram foram parecidos. A maior parte do tempo eu estava galopando. Parava de tempos em tempos para que minha montaria descansasse, comesse ou bebesse água no rio que eu ladeava.
Quando sentia fome apenas caçava algum animal silvestre que eu encontrasse. Era bem fácil capturá-los usando minha velocidade sobre-humana.
Percebi que foi a primeira vez na vida que eu estava completamente sozinho. Desde pequeno eu sempre estive cercado de todo o tipo de atenção, já que era o escolhido dessa geração. Era sufocante ter tanta gente te bajulando ou me obedecendo.
“Fiz a coisa certa!”, eu repetia para mim mesmo, como um mantra, espantando a sensação de incerteza que pesava em meus ombros.
Como eu seguia pelo rio, em poucos dias chegaria na província de Ferti-Pastos. Alguns quilômetros acima já não seriam mais territórios humanos.
Quando eu estava a poucas horas de Ferti-Pastos, encontrei um pequeno grupo de pessoas. Eles andam a pé, enquanto seguiam ao lado de uma carroça cheia de algum tipo de alimento ensacado. Ao me aproximar percebi que todos tinham espadas ou arcos. Eram seis ao todo.
Como eu estava sozinho em minha montaria, os alcancei rapidamente.
Todos se assustaram quando ouviram os galopes de minha chegada.
— Boa tarde, senhores. Estou apenas de passagem, não precisam se preocupar!
Antes que eu terminasse a frase todos puxaram suas armas e vieram em minha direção. Estávamos a cerca de dez metros de distância, então deu tempo de desmontar, dar um tapa no traseiro da minha égua para ela se afastar, puxar minha própria espada e me defender, enquanto eu dizia:
— Senhores, não quero confusão! — Defendi uma flechada com o lado da espada — Por que esse tipo de boas vindas? — Esquivei de um golpe de espada, defendi outro e abaixei para não ser acertado por mais uma flecha. — Não podemos ser amigos?
— Nos dê tudo o que tem! — Falou o maior deles, enquanto desferia uma série de golpes de espada em minha direção.
— Ah, então vocês são ladrões? Isso explica estarem tão bem armados… — Mais uma flecha desviada. — Olha, não quero ser exposto por aqui, e acredito que vocês também não… Que tal cada um ir para o seu lado e ficamos por isso mesmo?
Não fizeram menção de querer ouvir.
— Eu avisei!
Avancei por entre o grupo desferindo golpes diretos em seus pescoços, não dando tempo para eles reagirem. O último que faltava era um arqueiro, em cima da carroça.
— O-o-o quê você fez? Como matou eles tão rápido? Espera, esse estilo de luta… Você é um mago do tipo-
Arremessei minha espada no meio de seu peito, não o deixando finalizar o que quer que estivesse prestes a dizer.
Fui até o arqueiro, retirei a espada de seu peito, a limpei usando os panos das roupas de meus adversários e investiguei a carroça.
— Po-po-po… Por favor, não me mate!
— Oras, que temos aqui? Sobrou um de vocês escondido na carroça?
O jovem acanhado, que estava embrulhado debaixo de panos cinzas, não parava de tremer. Pelo cheiro tinha se mijado.
— O que esse grupinho fazia por essas bandas? Onde eles roubaram essa carroça?
— Eu não sei! Não me mate, por favor!
— Você não está facilitando as coisas para mim, garoto! Qual o seu nome?
— Tobi-Tobin, senhor! Não sou do bando deles, eu fui sequestrado!
— Olha, se não é seu dia de sorte! Está livre agora, se é que não está mentindo para mim…
— Aqui, olhe!
Ele levantou o calcanhar esquerdo e mostrou grilhões com correntes presas as ferragens da carroça.
— Oh, agora tudo faz sentido… Tobin, certo? Pode ir. Se quiser pode ficar com a carroça, preciso continuar minha viagem! — Com um golpe de espada, quebrei os grilhões que o prendiam.
— E-espere! Não posso ficar aqui!
— E por que não?
— Não sou humano…
— Parece bem humano para mim.
— Olhe minhas orelhas de perto.
Me aproximei do garoto fedorento.
Por debaixo dos cabelos quase loiros do menino se escondiam suas orelhas, mas não eram pontudas como as de elfos, na verdade estavam com cicatrizes onde deveriam estar as pontas.
— Cortaram suas orelhas para parecer um humano? Quem fez isso?
— Minha mãe… Estávamos sendo atacados enquanto tentavamos fugir da floresta. Para nos passarmos como humanos cortamos nossas orelhas. Minha mãe era boa com magia de vida e nos curou logo em seguida, mas as cicatrizes ficaram…
— “Era boa”? Ela morreu?
— Sim, senhor… Fomos encurralados há algumas semanas. Meus pais morreram de alguma doença ou por falta de comida, não sei dizer. Só eu sobrevivi. Acredito que estavam tentando me vender em algum lugar perto daqui…
— Que história horrível, garoto. Infelizmente não posso te ajudar. Tente vender esses alimentos naquela província ao longe, e, talvez, você consiga se passar por um humano e ter uma vida digna.
— Mas senhor, eu não sei nada sobre os humanos, me descobririam rapidamente… Já sei, posso seguir com você? Assim aprendo sobre os humanos enquanto ajudo o senhor! O que acha? Sou muito bom com pescaria. Também sei um pouco de magia de cura, minha mãe era boa nisso.
— Desculpe rapaz, não estou aceitando aprendizes… Fale pouco e não te descobrirão.
Me virei para sair.
— Senhor, qual o seu nome?
— Meu nome? — Eu não queria criar um alvoroço todas as vezes que ouvissem quem sou, então era melhor usar um outro nome. — Humm, deixe-me ver… Meu nome… — Coloquei a mão no queixo enquanto olhava para cima, pensando num novo nome. — Tenho cara de quê, garoto?
— “Cara de quê”? O senhor não sabe seu nome?
— É uma longa história… Só preciso de um novo nome.
— Não sei se entendi muito bem, mas posso tentar ajudar.. Na minha extinta pequena tribo tínhamos um título para o guerreiro mais forte: Valen. Tem algo a ver com força e coragem. Acho que cai bem no senhor.
— Valen? Gostei! Obrigado garoto, agora partirei.
— Espere, senhor Valen! Pelo menos me leve até a cidade mais próxima. Como pagamento pelo nome que dei ao senhor!
Ponderei por um instante… Seria estranho chegar numa cidade sozinho sem ser alguém conhecido. Como esse grupo que acabei de liquidar mostrou, aqui não é uma região muito segura para uma pessoa viajar desacompanhada. Ter Tobin ao meu lado, pelo menos até essa última parada, seria útil.
— Ok, garoto. Vou buscar minha montaria, sabe conduzir essa carroça?
— Claro, senhor. Nós, elfos, temos uma ligação muito forte com os animais, nem precisamos usar chicotes, ou coisas do tipo, para que eles nos ajudem. Na verdade não tratamos os animais tão friamente assim. Machucá-los apenas por nossa comodidade é um desrespeito com a natureza.
— Ah, que bom para vocês… — Eu não estava interessado.
Encontrei minha montaria a uns cinquenta metros depois da colina onde os bandidos me atacaram.
— Então me siga, Tobin. Não temos tempo a perder.
— Estarei sob seus cuidados, senhor Valen!
Então seguimos em direção a última cidade humana antes da terra dos anões.
“Ninguém deve sentar em meu trono após minha partida! Mantenham-no vazio!”
Deus Vazio
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