Índice de Capítulo

    VALEN

    — Você está maluca, mulher? O que faz nesse fim de mundo? Deixou sua mãe na capital sozinha de novo! Como pode ser tão… Tão…

    — Tão idiota? É, concordo que não foi meu movimento mais inteligente, mas foi necessário. Se eu não viesse não teria quem cuidasse da sua retaguarda.

    O sol estava prestes a nascer. Tobin roncava enquanto ainda estávamos amarrados. Percebi de canto de olho, alguns metros as minhas costas, que um dos capangas que nos prenderam estava acordado, provavelmente fazendo o papel de vigia.

    — Escute, Listro, preciso lidar com esses capangas, mas só depois que o Líder deles chegar. Você pode ficar longe por enquanto?

    — E perder toda a diversão? Claro que não. Mas não vou intervir até achar uma brecha. Vou deixar você brincar um pouco com eles.

    Ambos sussurramos, evitando que o capanga acordado nos percebesse.

    — Tudo bem… Depois conversamos mais.

    Mesmo com a escuridão do fim da madrugada, dava pra ver os olhos dela por baixo do seu capuz. Listro deu uma piscadela com o olho esquerdo e desapareceu por entre arbustos.

    Quando amanheceu todos os capangas se levantaram. Com certa frequência um ou dois vinham checar se ainda estávamos ali. Um deles cuspiu no chão ao me ver, como se tivesse nojo do escravo que eu me tornaria.

    A gaiola, em que eu e Tobin estávamos, era pequena e ficava em cima de uma carroça. Provavelmente era a nossa carroça. Não importava no momento.

    Quando o sol já estava claro a ponto de machucar a pele, Tobin despertou.

    — Ah… Valen?

    — O que foi, garoto?

    — Preciso ir ao banheiro!

    — Você tem duas opções: mijar depois, assim que eu liquidar o tal “líder” ou fazer agora, nas calças. Vai do seu controle.

    — Eu vou esperar… — Tinha vergonha em sua voz.

    Ri baixo com a fala de Tobin. Percebendo minha risada, um dos capangas se aproximou, irritado:

    — O que conversam aí? Deviam estar chorando de desespero, não dando risadas! — O capanga que falou não era nem Ragus “voz esganiçada” e nem Bumbi “O bobalhão”.

    — Desculpe, meu senhor. Só estava aproveitando meus últimos momentos sem ser açoitado. Depois que virar escravo não terei oportunidade para rir, não é mesmo?

    O capanga se aproximou da carroça e bateu nela com força, usando a sola de seu pé direito. O barulho teria me assustado se eu não estivesse prestando atenção.

    — Escuta aqui, seu engraçadinho, Vanir vai fazer picadinho de você. É o garoto que ele quer! Ria o máximo que puder, hahahahahahahaha.

    O capanga continuou a gargalhar enquanto saia de cena, voltando para perto da fogueira de seu bando.

    — Va-Vanir? — Não conseguia ver Tobin, mas era perceptível como ele estava apavorado.

    — Quem é Vanir, Tobin?

    — Um mal presságio! O pior deles…

    — Não entendi.

    — O grupo de sequestradores, do qual você me salvou, foi o terceiro pelo que passei. O primeiro me capturou logo após eu sair da floresta, e o líder deles era Vanir. Não cheguei a conhecê-lo, mas os capangas não paravam de se gabar que trabalhavam para ele — Tobin parou um pouco, para se lembrar dos fatos. — Houve uma briga entre outro grupo de sequestradores, e o grupo em que eu estava foi todo assassinado, então passei para outro grupo. Não demorou muito para outros sequestradores de Vanir me encontrarem… Mataram o segundo grupo de sequestradores. Menos de um mês depois o senhor- digo, você, me salvou.

    — Parabéns, você é um perito em ser sequestrado, Tobin.

    — O que eu posso fazer? Sou fraco. Qualquer um conseguiria me prender…

    — Não… Tem mais nesta história que você não me contou. Por que esse Vanir quer tanto você? Está até parecendo que a primeira vez que foi sequestrado aconteceu de maneira premeditada.

    Depois de uma longa pausa, o garoto falou:

    — Não sei o que dizer.

    Eu não acreditei. Decidi dar tempo a ele. Depois que eu lidar com esse tal Vanir, poderia interrogá-lo com mais calma.


    Perto do meio dia, ouvimos uma comoção no acampamento dos sequestradores. Eu apenas conseguia ouvir, por estar de costas, ainda amarrado:

    — O chefe está chegando, se arrumem!

    — Não esqueçam de limpar as botas. As botas! — Essa era a voz de Ragus, inconfundível.

    — Já ouvi! — Bumbi protestou, bobamente.

    Falei baixinho para Tobin:

    — Pode descrever o que você vê?

    — Tá Bom. Cinco capangas, todos alinhados à frente da fogueira. Tem cinco cavalos soltos no pasto ao redor, devem ser deles. Os capangas parecem estar esperando um general, já que parecem soldados enfileirados…

    — Consegue ver quem se aproxima? — Perguntei com real curiosidade.

    — Ainda não. Parece que está vindo por detrás do morro. Não estou com ângulo de visão.

    Mais alguns instantes se seguiram, até que a voz alta de Ragus bradou:

    — Atenção, companhia! O senhor Vanir se aproxima!

    — Salve, grande Vanir, protetor de Aurora! — Todos falaram tão coordenados quanto um batalhão treinado por mim. Quase senti orgulho.

    — Espero que tenham me chamado aqui com um bom motivo… — A nova voz era altiva e orgulhosa, como um nobre engomado.

    — Conseguimos o garoto de volta, senhor! Ele estava sendo ajudado por um humano intrometido. Os dois estão naquela jaula.

    — Ótimo, tragam o garoto aqui! O humano você pode descartar. Não serve para ser escravo. Ele viu e ouviu demais.

    Ok, Tobin não era um zé ninguém, isso ficou óbvio.

    — Certamente, meu senhor.

    Passos se aproximavam da onde eu estava. Provavelmente era um dos capangas que ficou incumbido de me liquidar.

    Tobin apenas tremia de desespero.

    — Fique calmo, garoto! Já disse que posso tirar a gente dessa quando quiser!

    — E-e-então faça algo logo, um deles está se aproximando com uma lança.

    — Não se mexa! Deixa que eu cuido disso.

    O capanga parou ao lado da minha jaula e preparou a lança, apontando em direção ao meu pescoço.

    — Não é nada pessoal. São apenas ordens!

    Sem dar qualquer outro aviso o capanga estocou com sua arma. Usei um grande pulso de mana para destruir qualquer artefato que estivesse tentando restringir minha magia. No mesmo instante, movi eu e Tobin para que a lâmina da lança cortasse a corda que nos prendia, no espaço entre nossas costas. Nos ajudou ele ter atacado pelo lado da carroça.

    Com a corda cortada foi fácil terminar de soltar Tobin e eu. O lanceiro não entendia bem o que aconteceu. Deu três piscadas fortes e esfregou os olhos.

    Quando o lanceiro terminou de clarear as vistas eu e o garoto estávamos de pé, ao seu lado. Arrebentar a frágil porta metálica da cela foi a parte mais fácil. Com o susto ele largou a arma e caiu de bunda no chão.

    — Eu tenho que fazer tudo aqui? — Ragus veio em nossa direção, empunhando uma espada curva, porém muito larga.

    Não dei tempo do capanga caído se recuperar. Chutei sua têmpora esquerda, o nocauteando no ato.

    Ragus estava a menos de cinco passos de distância.

    — Fique atrás da carroça, Tobin!

    Ele obedeceu sem pestanejar.

    A espada de Ragus estava a menos de um palmo do meu pescoço quando a aparei usando apenas os dedos indicador e polegar. Meu novo oponente ficou espantado. Sua arma não se movia, mesmo quando ele puxava usando ambas as mãos. Como o seu subordinado, ele protagonizou uma cena cômica, tanto que Tobin dava alguns risos que apenas eu conseguia ouvir.

    — CHEGA! Quem é você, humano?

    Me espantei com o berro que Vanir deu. Estava sentado em seu cavalo, muito bem cuidado. O homem humano se dirigia a mim como se eu fosse de uma raça inferior. Isso não fazia sentido, vindo de outro humano.

    De sua aparência não consegui extrair muito além de sua clara nobreza, provavelmente de berço. Seu cabelo, preso num rabo de cavalo, tinha poucas mechas brancas. Pelas poucas rugas de sua face eu apostaria que ele tem menos de quarenta verões de idade.

    Quando tirei os olhos de Vanir percebi que ele estava sendo escoltado por dois guardas, muito parecidos com os capangas que me capturaram.

    Soltei a espada de Ragus, que logo se afastou de mim. Suor frio descia por suas bochechas.

    Agora que estava claro, eu podia ver bem quem eram meus inimigos. Todos trajavam roupas idênticas, com tons cinza e marrom. Provavelmente apenas couro protegia os órgãos mais importantes. A vestimenta cobria cada centímetro do corpo até a base do pescoço e também usavam bandanas pretas, presas na parte de trás da cabeça.

    Ragus era bem magro, alguns centímetros mais alto que eu. Seu rosto fazia com que sua voz parecesse bonita.

    Após olharem volta com calma, respondi Vanir:

    — Eu? Sou apenas um andarilho errante. E você, é algum tipo de Nobre escravagista? Achei que esse tipo de prática havia sido abolida entre os humanos civilizados…

    — Que perda de tempo… Entregue logo o garoto e ninguém mais precisa se machucar!

    — Nenhum “de vocês” precisa se machucar, quer dizer…

    Uma veia pulsou em sua testa, enquanto sua mandíbula se apertou. Foi a primeira reação que percebi no rosto do homem. A pressão do ar ficou um pouco mais densa. Mana fétida me rodeava.

    — Último aviso, “andarilho”. Só quero o garoto!

    Um espasmo de vontade passou pela minha mente. Quase obedeci a sua ordem, como se estivesse com medo dele. Pela primeira vez senti medo de alguém. Não sentia nada vindo dele, nem mana, nem intenção assassina. Não fazia sentido!

    — Truque interessante este que está usando. Não sei como está fazendo para suprimir sua mana em seu corpo e ainda assim influenciar os arredores. Provavelmente algum artefato feito por anões?

    — O andarilho não é um idiota, ao que parece. Me diga, o que acha de se juntar a mim? Pago muito bem por alguém tão forte lutando por minha causa.

    — Que seria?

    — Quero tornar o mundo um lugar melhor para todos. Quando digo “todos” incluo “Os Cinco”. Até mesmo os odiosos elfos fazem parte disso!

    — É um objetivo muito nobre, realmente. E o que o garoto tem a ver com isso?

    — Lacaios não precisam saber de detalhes. Se junte a mim de boca fechada e fará parte de algo maior que você!

    Óbvio que um discurso raso e vazio não seria o suficiente para eu dar Tobin a Vanir.

    Parte de mim queria continuar o teatrinho, para extrair o máximo de informações dele, mas não consegui nada concreto até agora, do que adiantaria continuar? Talvez eu devesse tentar as práticas de meu amigo, torturador, Guito..? Não, mesmo com ódio pelo o que os malditos mercenários da rosa-dos-ventos tinham feito em Porto-Norte, me senti enojado de ter torturado a humana, quase dois meses atrás. Queria evitar esse tipo de ação a todo custo.

    — Cansei dessa conversa. Seja claro em suas intenções, Vanir, ou terei que liquidar todos vocês aqui!

    Deixei muita mana transbordar de meu corpo. Mesmo quem não consegue sentir a mana ambiente é afetado se uma enxurrada dessa energia o acerta. É um bom método de intimidação.

    Os cinco capangas que ainda estavam com vanir deram vários passos para trás, como se lava estivesse se aproximando de seus pés. Tudo instintivamente.

    Decidi usar o mínimo da magia do tipo energia durante minha viagem. Queria me manter anônimo o máximo possível. Tudo o que eu estava usando no momento era mana pura e magia do tipo força.

    — Truque interessante este que está usando, andarilho. É algum tipo de artefato feito pelos anões? — Vanir falou em zombaria.

    Intimidação por mana é sempre um blefe. Ninguém se machuca com isso. Estava claro que Vanir sabia. Ele desceu de seu cavalo e deu um tapa no traseiro do animal, que se afastou de nós.

    — Já que decidiu selar o seu destino, pelo menos diga o seu nome antes de morrer, humano!

    — É Valen. Não me culpe pelo o que vai acontecer daqui para frente!

    — Valen? Não ouço essa palavra a tanto tempo… Tem certeza que é humano?

    O ignorei.

    Abaixei tão rápido quanto consegui, segurei um punhado de terra em cada uma das mãos e corri em direção a Vanir. Pretendia cegá-lo com a sujeira quando me aproximasse, assim seria simples incapacitá-lo.

    No instante em que comecei a correr, uma parede intransponível de galhos, raízes e folhas apareceu diante de mim, e depois ao meu redor. Eu já estava cercado. A única escapatória era por cima. Não tive tempo de pensar em outra alternativa, pulei para cima e para trás, para escapar da armadilha viva.

    Quando a ponta dos meus pés saia do casulo recém criado, o interior foi tomado por raízes afiadas, e espinhos pontudos.

    Aterrizei cerca de dez metros de distância de Tobin, que cobria a boca para não fazer qualquer barulho. Ele parecia espantado com o que via.

    “Como vou lidar com isso sem magia do tipo energia?”, pensei.

    Em parte isso estava sendo de grande aprendizado, já que estava me limitando a um tipo de mana. Sempre dependi muito do meu atributo mais poderoso, que é justamente o que pretendia não usar no momento.

    Eu sei, não preciso esconder minha força num momento como esse. Desaparecer daqui, depois de lidar com Vanir, seria fácil. Mas qual a graça se tudo fosse fácil?

    Desisti da estratégia da terra nas mãos. Abaixei e peguei dois pedregulhos do tamanho do meu punho. Corri novamente, dando a volta pela flora recém criada por meu inimigo.

    Quando ele me viu novamente percebeu que seu casulo não havia me prendido, então optou por uma postura mais defensiva. Tentei ser mais rápido. Arremessei um dos pedregulhos em direção ao seu plexo solar, com a força de uma catapulta. Vinhas cresceram tão rápido do chão, que foi fácil aparar meu projétil antes do impacto. Atirei a segunda pedra, apenas para mantê-lo distraído.

    Aproveitei a brecha criada no campo de visão de Vanir ao se proteger, e fui em direção aos seus subalternos. Dei um golpe em cada, nada puderam fazer contra minha velocidade. Não os matei, pois, caso eu vencesse, queria tentar interrogá-los. Sem tortura, se possível.

    Percebendo meu movimento, foi a vez de Vanir atacar. Espinhos marrom escuro saíram do chão, perto dos meus pés. Esquivei com o que aprendi contra Thermon, na batalha da Floresta.

    Esquivar não era o problema, e sim a consistência dos ataques. Eu não sentia a mana do humano que me atacava, mas, mesmo assim, galhos, raízes e espinhos não paravam de me atacar de todas as direções. Eu ficava com menos opções a cada instante. Não conseguia me mover com liberdade no campo espinhoso criado por Vanir.

    Gelo eu quebrava com facilidade contra Thermon, já estas plantas eram resistentes demais para lidar com as mãos nuas.

    “Mãos nuas? Por que estou perdendo meu tempo com isso?”, pensei. Dei a volta nos galhos que acabei de esquivar e voltei na área em que os capangas estavam caídos. A espada de Ragus estava jogada ao lado de seu corpo, quase coberta por mais raízes. Torci para ser uma espada de boa qualidade.

    Executei algumas cambalhotas, tive parte da minha camisa rasgada pelos espinhos afiados, mas consegui pegar a espada com formato peculiar. A empunhadura era firme e a lâmina muito afiada, só faltava confirmar se um metal que a formava era sensível a mana.

    Existem todos os tipos de armas, mas apenas duas classificações: arma comum, aquelas forjadas apenas com metais comuns, ou arma de mana. Armas de mana são feitas com um metal chamado ferridium, muito maleável e que conduz mana com facilidade. Infelizmente a arma fortificada com mana não fica poderosa a ponto de ser mais forte que a minha aura, por isso nunca usei armas de mana.

    Dei sorte. A espada curva de Ragus era feita de ferridium. Me animei ao perceber que minha mana fluiu pela lâmina clara. A lateral metálica parecia um espelho, mostrando que Ragus tinha um apreço muito grande pelo objeto.

    Uma nova onda de raízes saiu do chão em minha direção. Pulei e girei no ar, cortando com facilidade as raízes recém-criadas.

    — Minha vez de revidar!

    Parti para cima de Vanir, que se encapsulou em suas próprias raízes. Cortar suas defesas seria fácil com minha nova arma.

    Como faca quente passando pela manteiga, o casulo se desfez. Um casulo oco e sem ocupante.

    — Onde se meteu, Vanir?

    Usei toda a minha atenção para tentar sentir flutuações de mana, mas não sentia nada. Então percebi que Tobin não estava exatamente seguro. Gritei:

    — TOBIN? ONDE VOCÊ ESTÁ?

    Sem resposta.

    — TOBIIIIIN!

    Um desespero crescente tomou conta do meu peito, me fazendo arfar continuamente. Fui enganado, e Vanir escapou com Tobin? Como isso era possível?

    Procurei por qualquer ondulação, por menor que fosse, de mana ambiente, e não senti nada fora do normal.

    Um instante depois senti a base dos meus pés tremendo e, por reflexo, me atirei para o lado. Se eu tivesse demorado um segundo a mais teria sido engolido por um vórtex de espinhos venenosos que acabara de emergir.

    “Então Vanir não fugiu, só estava se escondendo. Mas onde está Tobin?”, me perguntei, no mesmo instante senti uma brisa de mana ao sul de onde lutava contra Vanir. Era a mana de Listro. Estava se afastando, muito rápido.

    “Ela pegou Tobin e se distanciou. Boa garota!”, conclui.

    — Vamos parar de brincadeira, Vanir? Apareça para eu acabar com isso de uma vez!

    Novamente, sem resposta.

    Não demorou muito e mais uma onda de espinhos venenosos emergiu do solo. Estava ficando cada vez mais difícil esquivar, visto que toda a área estava coberta por essas plantas. Eu precisava resolver essa luta o quanto antes.

    Um instante de calmaria depois e outra onda de espinhos saiu do chão, mas a alguns metros de distância de mim. Como um casulo abrindo para uma borboleta nascer, os espinhos se abriram e de lá saiu Vanir, intrigado.

    — Como é possível que você tenha durado tanto tempo lutando contra mim? — Ele deu uma risada de escárnio. — Não que esta luta vá demorar muito. Olhe seu braço esquerdo…

    Sem olhar diretamente percebi que algo ardia no meu antebraço esquerdo. Olhei de esguelha e percebi um pequeno corte. Em qualquer outra situação um corte como aquele não seria nada, mas era perceptível que os espinhos secretavam algum tipo de toxina. Se Vanir estava tão confiante em minha derrota, apenas por este pequeno corte, eu precisava me importar.

    “Vou me preocupar com isso depois que esfolar esse bastado!”, decidi parar de pegar leve com meu oponente, ou acabaria perdendo.

    — Qual braço você mais gosta, Vanir?

    A pergunta pegou meu oponente de surpresa. Ele vacilou por um segundo, desconsertado por minha pergunta. Foi o suficiente para mim.

    No instante que avancei contra ele, ativei minha aura, queimando qualquer galho ou espinho no caminho. Com um corte limpo, o braço esquerdo de Vanir foi decepado.

    Pronto para me gabar, por ter derrotado meu oponente com apenas um golpe, me virei para vê-lo. Duas pernas, uma cabeça e dois braços. Tudo no lugar.

    A manga esquerda da camisa de Vanir agora estava curta, mas com um braço inteiro dentro. Percebi que o membro que arranquei estava no chão, ao lado dele

    — E-espere… O-o que aconteceu? Eu arranquei…

    — Sim, arrancou… Então estou lutando contra Alvo, o Brilhante? Por isso é tão difícil te derrotar! Bem, o azar acabou se tornando uma benção.

    Minha visão começou a ficar turva e minhas pernas tremiam. O veneno começou a me afetar.


    “Durante a batalha das ‘minas-fundas’ estive aqui. Não participei de tamanha baixaria… Desculpem-me por usar a palavra ‘baixaria’, sei que somos anões!”

    Deus Cinza

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