Capítulo 27 - Surpresa na floresta
JOUCI “NÃO-NOMEADA”
Duas semanas se passaram depois do ocorrido. Evitamos parar, pois precisávamos chegar ao nosso destino antes que Vanir descobrisse algo. O ritmo intenso já havia me esgotado a muito tempo, mas não tínhamos escolha.
Comíamos andando. Dormíamos muito mal. O que evitou minha total desidratação foi um riacho que seguia contra a direção em que íamos. A cada ciclo me ensopava com a água fresca, recriando a camada de gelo que me protegia da insolação. Tala estava bem quieta, evitando gastar energia sem motivos.
O caminho foi quase todo em mata fechada, mas hoje uma área de savana começou a despontar no horizonte. A direção em que iriamos não tinha riachos para nos ajudar.
— Se foi difícil até agora, nem imaginem o que está por vir… Sem montarias, ou muito estoque de alimento e água, não duraremos mais que dois dias no deserto. Sugiro montarmos um acampamento aqui, na beira da floresta, onde ainda temos água por perto. O próximo esconderijo de Vanir, antes de onde mantém Thermon, fica a três dias de distância daqui. Se formos num ritmo constante, devemos chegar em até dois. Acho improvável que os guardas que nos descobriram estejam na nossa frente — falou Geir, com uma voz “semi-rouca”, como se sua garganta estivesse em frangalhos. Era óbvio que a viagem não fez bem a ele.
— Concordo. Com um pouco de descanso consigo andar mais dois dias — Tala não estava tão mal. Ela veio originalmente de uma floresta tropical como esta. Acredito que poderia continuar a viagem por vários dias sem descanso.
Eu ofegava bastante, então demorei um pouco para responder:
— Tudo bem, mas que seja pouco descanso. Não podemos nos dar ao luxo de perder muito tempo aqui. Thermon precisa de nós!
Dormimos em pares, com um de nós sempre ficando acordado, de vigia. Na minha vez fiquei sentada, em cima de uma árvore, contemplando o início do deserto. Era quase noite, e o pôr do sol tornava o céu laranja-escuro.
Pouco menos de um ciclo antes de acordar Tala, para seu turno de vigia, ouvi algo que pareciam gritos desafinados entre as árvores. Devia ser algum tipo de ave grasnando. Minha curiosidade foi maior que a minha necessidade de manter o posto de sentinela. Desci da árvore e me embrenhei pela floresta, tentando encontrar a origem do som.
Barulhos na floresta tem prós e contras. Como as árvores impedem que os sons se propaguem para muito longe, se escutamos algo, é porque está perto. Em contrapartida não podemos dizer com precisão o local de origem do som em questão. Dessa forma precisei avançar com cautela, para não ser pega desprevenida por algo ou alguém.
Mais grasnados por perto. Comecei a andar abaixada, tentando ser o menos perceptível o possível. Andar pela floresta em silêncio é sempre uma tarefa difícil, já que existem muitos galhos e folhas secas. Isso me lembrou dos elfos, que encontrei quando fui para a floresta Galho-Perpétuo, meses atrás. Quando os elfos nos escoltavam pela mata, não ouvíamos som algum de seus passos. Se não estivéssemos vendo eles o tempo todo, não saberia dizer que eles estavam ali. Nós, elfos-de-gelo, perdemos essa “habilidade” furtiva há muitas gerações.
Pensar nos elfos de Galho-Perpétuo fez eu voltar a pensar em meu pai. Alguém que sempre esteve ao meu lado desde o dia que nasci. Meu peito apertou com a lembrança feliz que me veio à mente. Apoiei em uma árvore próxima, e fechei os olhos.
A lembrança que inundou minha mente foi de quando eu era uma pequena pirralha, com menos de cinco primaveras. Naqueles dias meus pais viajavam com pouca frequência, então ficávamos mais tempo em nossa casa, na aldeia central. Minha mãe, Jou, preparava um guisado muito cheiroso em uma panela de barro. Meu pai afiava algum tipo de lança ou ponta de flecha, sentado no chão, perto da lareira. A visão pacífica, com os dois num momento tão corriqueiro, tão sem significado, significava muito para mim. Era minha lembrança mais feliz.
Deixei a alegria e a tristeza do momento me afetarem. Lágrimas escorreram pelas minhas bochechas, mas não as limpei. Precisava delas. O peso em meu peito diminuiu um pouco, então dei um longo e silencioso suspiro. Quando abri os olhos senti uma presença atrás de mim. Mesmo aterrorizada, tentei não entrar em desespero.
Me virei devagar, e demorei entender o que estava na minha frente. Era uma ave com penas acinzentadas. Era pelo menos duas vezes maior do que eu. Como seus olhos ficavam nos lados de sua cabeça, ela me olhava com o longo bico virado para a minha esquerda. A besta parecia muito curiosa comigo. Sua enorme cabeça pendia um pouco, como se esperasse que eu fizesse algo para tomar uma decisão. “Será que como esse animal azulado?”, acredito que era isso que a ave estava pensando.
Como não vi sinal algum de hostilidade vinda do animal, lentamente levantei minhas mãos e tentei me afastar dando pequenos passos para trás. Era inútil. A cada quatro passos que eu dava, a ave se aproximava um passo, e a distância entre nós não diminuía.
Consegui ter uma visão melhor do animal, mas ainda era difícil descrevê-lo. O pouco que lembrei sobre o que aprendi com meu pai, sobre aves, é que as de bico longo geralmente comem insetos. Ao meu ver não tinha esta besta em minha presença sobreviver comendo apenas insetos. Eu faria parte de sua alimentação, não importa o seu tipo de bico. Essa era a única certeza que tinha.
Olhei ao redor, tentando encontrar um caminho para fugir, e a ave reagiu. Ela balançou levemente sua cabeça, e piscou os olhos sem pressa. Se eu não estiver ficando louca, pareceu que ela reprovou minha ideia.
Momentos de desespero, medidas desesperadas. Tentei me comunicar:
— Desculpa se te incomodei. Só estou de passagem… Tudo bem se eu for agora? — É loucura tentar conversar com uma fera da floresta? Com toda certeza.
A ave deu de ombros, ou “de asas”, nesse caso. Parecia mesmo que ela não estava se importando muito comigo, só estava curiosa.
— Espera, você me entende?
O animal deu um breve aceno com a cabeça, demonstrando inteligência.
Eu ainda não podia baixar minha guarda. Mesmo me entendendo, não significa que deixaria de ser a janta da besta. Enquanto eu ainda absorvia a informação, não percebi a ave se aproximar mais de mim. Ela bicou um pano que sempre carrego pendurado na bolsa, que uso para limpar suor. Gentilmente o animal puxou o pano e entregou em minhas mãos. Foi quando percebi que muitas lágrimas ainda escorriam dos meus olhos. O pano era para eu secar meu rosto.
Além de me entender, a ave conhece o conceito de limpar lágrimas… Esta demonstração de inteligência me deixou sem reação.
Como fiquei estupefata com mais esta descoberta, e ainda não tinha limpado meus olhos, a ave tentou empurrar o pano em direção ao meu rosto. Dei gargalhadas com a impaciência do animal.
— Tudo bem, senhor apressadinho. Já vou limpar meu rosto.
A ave protestou. Bateu um pouco as asas em desaprovação com o que falei. Depois levantou o bico, e fechou os olhos.
— Falei algo de errado? Só te chamei de apressado.
Mais bateção de asas. O animal estava ficando irritado.
— Espere. Você não é “apressado”, e sim “apressada”? É uma fêmea?
Confirmando minha outra descoberta, ela grasnou alegremente. Limpei meu rosto segurando risadas de euforia, por ter conhecido um ser tão divertido.
— Prazer em conhecê-la. Sou Jouci!
Estendi minha mão, mas imediatamente lembrei que a ave não tem mãos para apertar a minha. Percebendo o que eu queria fazer, ela colocou a ponta do bico em minha mão e balançou como se soubesse o que aquilo significava.
— Senhora ave, posso perguntar o que quer comigo? Por acaso espera me devorar? — A pergunta era muito séria. Se ela quisesse, não teria muito o que eu pudesse fazer para evitar.
Ela balançou negativamente a cabeça, me dando alívio instantâneo.
— Que tal conhecer meus amigos? Eles vão ficar tão impressionados com você quanto eu!
Ela ficou parada, como se não soubesse a resposta que daria. Depois de um tempo balançou negativamente a cabeça. Ela não queria conhecê-los.
— Ah… Tudo bem então… Preciso voltar agora. Me despeço aqui. Fique bem senhora ave… Espera, você tem um nome?
O animal me olhou com curiosidade. Depois negou.
— Se importaria se eu te desse um nome?
Ela olhou para cima, e então para trás, como se estivesse confirmando se ninguém estava por perto. Depois ela olhou para mim, e acenou positivamente.
— Ótimo! Deixe-me pensar… Qual nome te definiria melhor? Toda vez que faz algum som, parece que você fala algo como um “Ka” ou “Kra”, então poderíamos partir daí — pensei um pouco e falei. — Que tal Krane? Gostaria de ser chamada de Krane?
Krane pareceu muito contente com seu nome. Ela se aproximou, deu bicadinhas suaves na minha cabeça, como quem agradece pelo presente. Logo depois, sem mais avisos, ela alçou voo em direção ao céu escuro da noite.
— Adeus, Krane, espero poder te encontrar de novo no futuro!
Ainda muito desconcertada com a cena, dei meia-volta e fui até nosso acampamento. Talamaris tinha acordado sozinha, e parecia preocupada quando me viu voltando por entre as árvores.
— Que susto, menina. Quase arremessei essa lança em você! Pode dormir agora. Ficarei de vigia.
— Tala, você não vai acreditar no que acabou de acontecer!
— Tucano-Empata ou Empatucano. Você deu sorte de ter encontrado um tão grande — Geir sabia o nome da espécie de ave que encontrei. — Não precisa ficar tão impressionada, na verdade esses animais não são tão inteligentes quanto parecem. Eles sentem o que os outros sentem. A ave que encontrou deve ter reagido às suas emoções. Apenas isso.
— Você não estava lá, Geir. Ela respondia perguntas diretas. Sem contar que ofereceu meu lenço para limpar meu rosto — omiti a parte que eu estava chorando quando contei a Tala e ao Geir sobre meu encontro inusitado. — Ela até gostou do nome que dei. Krane.
— Você tem razão, eu não estava lá. Na verdade, eu nunca ouvi falar de um Tucano-Empata tão grande assim. Talvez você tenha encontrado uma nova espécie… Em todo o caso, vamos seguir viagem logo. Espero não diminuir o ritmo hoje. Tem um pequeno oásis no meio do caminho. Lá será nossa próxima parada.
E foi assim que a notícia sobre meu encontro com Krane foi posta de lado. Agora o foco é a peregrinação à nossa frente.
Mais um dia ininterrupto de viagem depois, chegamos no pequeno oásis que Geir mencionou. Lá existiam quatro pequenas palmeiras, e um espelho d’água bem raso. Nos refrescamos e re-estocamos nosso suprimento de água. Decidimos montar acampamento um pouco longe dali, pois parecida uma área que muitas pessoas frequentavam.
— Acha que consegue continuar, Jouci? Estou vendo como está desgastada — Tala se preocupava cada vez mais comigo.
— Eu consigo! Terei bastante tempo para descansar depois que libertarmos Thermon. Vamos continuar.
— Espere um momento — falou Geir. — Está prestes a amanhecer. Vamos descansar um pouco por aqui. No meio da tarde partimos.
Era nítido o cansaço na voz dele. Mesmo irritada, por querer continuar logo, decidi aceitar o pedido.
O clima já era desértico onde estávamos. Precisamos encontrar algumas pedras para nos abrigar. A tenda fazia mais falta agora.
Minha pele, mais ressecada do que nunca, estava praticamente queimada em vários pontos, apresentando manchas roxas em pontos diversos. Meu corpo não ficava exposto diretamente ao sol, então ainda conseguia continuar sem tantos problemas.
Antes de continuarmos viagem, nos sentamos em uma pequena roda. Geir me deu alguns pedaços de carne seca, e Tala comeu frutas velhas que trazia em sua bagagem.
Geir sempre comia sentado de costas para nós. Não conseguíamos ver nem mesmo seus lábios. No começo isso me incomodava, mas me acostumei com o passar do tempo. Nesse dia em específico eu decidi ser mais invasiva que de costume, e perguntei para o nosso guia:
— Eu estive pensando… Geir, você parece tão afetado com o calor quanto eu. Também está sempre coberto, para o sol não afetá-lo. Além de parecer estar bem familiarizado com a técnica de manter gelo fino protegendo a sua pele… Você é um elfo-de-gelo, como eu?
Tala parou no meio de uma mastigação, olhou para mim meio assustada, e depois para Geir. Pareceu que algo na cabeça dela “estalou”. Ela sacudiu a cabeça, tentando acordar, para garantir que não estava sonhando.
— Isso faz muito sentido. É verdade, Geir? Você é como a Jouci?
Silêncio. Geir continuou comendo de costas para nós.
Não tentei forçá-lo a falar. Não podia me dar ao luxo de perder Geir como guia. Sem sua ajuda não teria possibilidade de encontrar Thermon ou qualquer esconderijo no meio do deserto.
— Deixe isso pra lá. Não faz diferença. Sua ajuda continuará sendo bem-vinda. Obrigado por tudo até agora, Geir — tentei demonstrar que não iria mais chateá-lo com esse assunto.
— Terminem de comer logo. Não vamos parar até chegarmos no próximo esconderijo. E neste teremos mais problemas, pois poderão nos ver quilômetros antes de chegarmos.
Continuamos viajando durante a noite. Era bem fresco e agradável. Tala não gostava tanto, mas para ela era simples se agasalhar e manter o passo.
De dia não paramos de andar. O cansaço acumulado começou a cobrar meu descanso.
Antes do anoitecer Geir parou atrás de uma duna, e nos deus instruções:
— A partir daqui faremos um pequeno teatro. Vou prender as duas com cordas nos pulsos e mordaças, para parecer que são minhas prisioneiras. Tala, vou carregar sua lança. Quando entrarmos, falarei que não são magas, e que eles podem te prender apenas com correntes normais. No meio da noite fujam e me ajudem a tomar o esconderijo. Este é um dos maiores que Vanir tem, então será necessário a cooperação de vocês. Não precisaremos matar todos que estiverem lá dentro, mas sim aqueles que entrarem em nosso caminho. Qualquer um que nos veja, precisa ser silenciado. Entenderam?
Sem muita escolha, aceitamos as condições. Não queria ter que matar mais ninguém, mas se eu precisasse fazer isso para salvar Thermon, que assim seja.
Não esqueci em momento algum da sensação do sangue em minhas mãos, que jorraram do capanga que matei. Seu corpo, morto, era uma visão que vinha em minha mente com frequência. Principalmente quando eu tentava dormir. Quando conseguia fechar os olhos, a silhueta do corpo do rapaz marcava o fundo da minha mente. Não foi diferente neste momento, em que Geir nos informou que teríamos que matar mais pessoas. Tentei espantar a memória ruim balançando a cabeça, esfregando os olhos, mas nada funcionou.
Tentei guardar aquela culpa bem fundo. Esconder de mim mesma, mas eu não sei fazer isso. Minha espécie preza o pacifismo em primeiro lugar. Matar para nós é o maior tabu que existe. Assassinos não são aceitos em nossa comunidade. Que direito temos de ceifar vidas alheias, se foram os próprios deuses que nos concederam tamanha graça?
Eu não podia ficar assim por muito tempo. Poderia me martirizar depois. Thermon era a prioridade no momento.
Geir prendeu meu pulso e o de Tala com duas cordas. Ele apertou o suficiente para que nossos inimigos acreditassem que éramos mesmo futuras escravas. Logo em seguida nos amordaçou. Era um pano fino e escuro, que não impedia nossa respiração. Era muito parecido com o pano que ele usava para cobrir o próprio corpo.
— Quando estivermos do outro lado desta duna seremos visíveis para o pessoal deste esconderijo. Caso consigamos tomar esta base, teremos acesso a outros búfalos, então o restante de nossa viagem poderá ser mais confortável — ele se empertigou e respirou fundo. — Estão prontas? Lembrem de parecer muito irritadas por estarem presas comigo. Se não acreditarem podemos ser mortos antes de entrar neste esconderijo.
Olhei para Talamaris, e ela para mim. Ambas acenamos positivamente com a cabeça. Estávamos prontas para o teatrinho.
Geir fez questão de avançarmos quando fosse o meio da tarde. Assim seríamos vistos com facilidade, evitando sermos pegos de surpresa, e também não demoraria muito para colocar nosso plano em prática, no meio da noite. Ele nos puxou com a corda e marchamos atrás dele.
Depois que contornamos a duna, não vi nada além de areia. O deserto nesta parte do continente era um mar de secura sem fim. O calor estonteante tomava conta de tudo. Não vi esconderijo algum.
— Onde está, Geir? — Falei por debaixo da mordaça frouxa.
— Não seria um esconderijo se fosse fácil encontrar. Este é todo subterrâneo. Quando estivermos bem perto seremos emboscados pelos sentinelas.
Continuamos andando por menos de um ciclo quando senti o chão tremer. Ao nosso redor se abriram quatro buracos no chão, grande o suficiente para passar dois búfalos emparelhados. Logo em seguida, três guardas saíram de cada buracos, com lanças a postos. Entre eles haviam elfos, humanos e anões.
Antes que as sentinelas dissessem algo, Geir levantou a mão direita, com o punho fechado. Os guardas pararam a uma distância segura de nós. Um deles falou:
— Se identifique. De qual região você é? — A voz do rapaz era bem esganiçada. Mal devia ter saído da puberdade.
— Geir, da colméia. Estou de passagem. Preciso encontrar nosso comandante, e entregar essas prisioneiras.
— Geir? Aquele Geir? — Outro dos guardas perguntou, enquanto eles se entreolhavam.
— Até onde sei, só existe um de mim. Podem nos dar abrigo até partirmos novamente? O calor do deserto nunca me fez bem.
— Claro senhor, me siga! — Prontamente o jovem de voz estranha nos conduziu até um dos buracos.
— Essas duas não são magas. Alimentem ambas muito bem. São um presente para Vanir.
— Com toda a certeza, senhor! — Disse o rapaz, enquanto descíamos por um lance de escadas de pedra, que levava muito fundo abaixo da terra.
“Alvo, seu papel é de extrema importância para garantirmos a continuidade da Humanidade. Contamos com sua lealdade a partir de agora. Eu o nomeio General de nosso exército. Espero grandes feitos de você!”
Astol Grenford Oitavo
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