Capítulo 37 - O resgate. Parte 1
JOUCI “NÃO-NOMEADA”
A boa notícia é que sabíamos onde Thermon estava. A péssima notícia era onde ele estava. Maso explicou:
— Um dos soldados com quem conversei viu algo estranho a cerca de um mês atrás. Trouxeram um elfo-de-gelo todo acorrentado e desmaiado. Esse soldado estava fazendo guarda justamente na frente do salão principal, onde ninguém além de Vanir e Primeiro entram — o elfo olhou para a porta do recinto, com medo de alguém entrar durante sua explicação. — O rapaz com quem falei disse que nesta sala existe um túnel que ninguém é autorizado a acessar. Ao que tudo indica, Thermon está lá.
— Nossa missão acaba de ficar duas vezes mais difícil… Escutei de outros soldados que Vanir não sai desta sala, nem mesmo para dormir — An’u completou.
— Precisamos derrotar o “chefão” antes de continuarmos, então? — Talamaris perguntou.
— Não temos muito tempo. Conhecendo Primeiro, como conheço, ele está desconfiado de minhas atitudes. Como informei a Vanir que eu retornaria a minha base de operações, não posso ficar muito tempo aqui, “zanzando”. Se formos agir, que seja logo — Geir comentou sobre a urgência.
Pensei um pouco antes de falar:
— E se passarmos pelo salão onde Vanir fica enquanto ele dorme? Precisaríamos saber quando ele descansa para agirmos.
— Pode funcionar… Podemos conseguir mais informações com o pessoal da cozinha. Eles devem preparar o jantar do Senhor Vanir, certo? Poderíamos supor o horário que ele pararia para descansar com esta informação.
— Elear… De novo isso? — An’u “puxou a orelha” de seu companheiro.
— Oh… Desculpem-me.
— E se colocarmos veneno na comida dele? — Sugeri.
Um silêncio estranho pairou por nosso grupo. Estávamos agrupados, sentados na parte de baixo de beliches vagos.
— Nossa, que ideia macabra — An’u comentou.
— Eu gostei — Tala aprovou.
— Tenho um mal pressentimento quanto a isso… Algo me diz que um “ataque” direto neste momento poderia pôr tudo a perder — Geir, que havia retirado o pano que cobria seu rosto, parecia consternado com a ideia.
— Tem certeza que é só esse o motivo de não gostar desse plano, Senhor Geir? — Elear perguntou.
— O que quer dizer com isso? — Maso, assim como nós, queria entender a fala de Elear.
— Olha, eu sei das merdas que o Senhor Van- Digo, sei as merdas que Vanir fez para nós. Sei muito bem… Mas matá-lo não é algo que passa pela minha cabeça. Eu não sei explicar… Parece que um anzol fisga meu estômago só de pensar em fazer algum mal diretamente a ele…
O grupo o olhava com expressões diversas. Eu e Tala não conseguimos processar esse pensamento, e mantivemos uma expressão neutra. Os rapazes pareciam consternados, como se Elear tivesse aberto suas mentes e as lido. Percebendo isso, perguntei e eles:
— Esperem, isso é mais doentio que imaginei… Não cogitam machucá-lo? Fizeram lavagem cerebral em vocês também?
— Não, não fizeram… Eu sei o que eles estão pensando. Mesmo Vanir sendo menos ativo em relação às operações da Rosa hoje, no passado ele inspecionava cada novo integrante, e os fazia se sentirem acolhidos. Como se fossemos uma grande família, lutando contra a tirania dos reis espalhados por este planeta — Geir levantou o rosto e nos encarou. — Para a maioria deles, Vanir é como um pai adotivo. Não precisam de lavagem cerebral para terem aversão à ideia de matar Vanir.
— Olha, já estou ao lado de Geir há dois anos. Mesmo depois de todo esse tempo eu ainda sinto um pouco de afeição por Vanir… Brigamos com Elear toda vez que ele chama ele de “Senhor”, mas nós mesmos demoramos vários meses para perder esse costume… Por favor, nos desculpem por isso, Jouci — An’u pareceu extremamente arrependido por sentir empatia pelo seu antigo comandante.
Comecei a me irritar com isso. “Como podem falar bem de um monstro como Vanir? Eles se esqueceram quem acabou com a vida de seus familiares?”, pensei, conforme minha raiva crescia.
Quando me preparei para repreendê-los por ainda terem algum tipo de sentimento bom por Vanir, lembrei do rapaz que matei na base da rosa-dos-ventos na floresta. Como eu poderia estar brava com eles por não quererem matar?
Eu mesma senti nojo de mim por matar um desconhecido, estou aqui querendo envenenar outra pessoa… Meus ancestrais ficariam com vergonha de mim. Meu pai estaria enojado.
Sacudi a cabeça, fechei os olhos e respirei fundo. Reuni o máximo de razão que pude antes de falar:
— Quais as chances de sucesso teríamos ao tentar passarmos despercebidos por Vanir?
Faltava pouco para colocarmos o plano em prática.
Descobrimos, com uma garota que trabalhava na guarda do salão principal, que Vanir recebia seu jantar por volta do segundo ciclo após anoitecer. Imaginamos que três ciclos depois já ele estaria dormindo.
Neste momento iniciaríamos nosso plano.
O problema seria Primeiro. O que faríamos para tirar o arauto predileto de Vanir do salão principal? Discutimos sobre este tópico em outro depósito de alimentos. Elear lembrou de uma informação interessante:
— Senhor Geir, o senhor já viajou até esta base com a ajuda de Primeiro. Acredito que sabe da importância dele para este lugar, correto?
Como se um estalo tivesse acontecido dentro da cabeça dele, Geir falou:
— Como eu poderia ter esquecido? Claro. Na maior parte do tempo ele precisa ficar nesta base para evitar que caravanas com suprimentos sejam atacadas pela calamidade, enquanto atravessam as areias do deserto — ele se iluminou, como se tivesse ganhado um caldeirão de ensopado de peixe de presente.
— O que isso quer dizer? — Perguntei, na esperança deles explicarem para mim e para Tala a importância desta informação.
— Devem ter percebido que todas as paredes, chão e teto desta base são de pedra rígida, correto? Vanir chama este lugar de “Jóia do deserto”. Fica longe dos olhos de toda a civilização por estar em um lugar inóspito, além de ser onde uma das calamidades vive. É um lugar perfeito para se esconder — Maso começou a explicar. — O problema é trazer mantimentos. A calamidade sente todo tipo de ser vivo com mana no corpo. Mas isso não significa que é impossível passar pela calamidade…
— Ela tem um ponto fraco? — Tala perguntou.
— Sim. Primeiro — An’u falou.
— Ah, é por quê ele consegue voar? — Tentei adivinhar.
— Não. Além de controlar o vento, Primeiro tem uma habilidade ramificada em controle de água. Consequentemente, ele também consegue controlar gelo. A calamidade odeia o frio. Temperaturas negativas a afastam. Basicamente Primeiro cria um caminho de gelo para as caravanas, e a calamidade não se aproxima.
— Entendo… Mas o mesmo resultado não seria alcançado com outros magos que controlem gelo? — Perguntei.
— Em teoria sim. Mas ele torna tudo muito mais fácil. E a quantidade de magos necessária para fazer o mesmo que ele é grande demais. Um erro sequer poderia fazer a caravana inteira ser engolida pelas minhocas gigantes. Vanir já perdeu caravanas demais para deixar este processo, de criar uma passagem de gelo, com soldados inexperientes — Elear complementou.
— Ok, entendi esse ponto. Primeiro é importante. Mas no que isso nos ajuda? — Talamaris cruzou os braços, começando a parecer cada vez mais ansiosa para entender o que estavam falando.
— Se criarmos uma distração, poderíamos manter Primeiro ocupado, longe de Vanir. E a distração seria a própria calamidade — Geir falou.
— Isso é promissor. Mas como faríamos para alguma minhocas trabalhar para nós? — Tala perguntou por nós duas.
— Nesta região a calamidade não gosta de se aventurar. Esta base é uma gigantesca rocha sólida, e atrapalha a minhoca a nadar pelas areias. Precisamos dar a calamidade um motivo muito bom para vir para esta região — An’u falou.
— Mana a atrai, correto? Que tal muita mana? Duvido que esta calamidade recusasse um banquete — dei essa ideia.
Geir pensou um pouco, andando de um lado para o outro. Os rapazes estavam sentados em barris, tentando espremer de suas mentes algum tipo de informação útil para este plano.
Um certo tempo se passou e Elear perguntou:
— A principal fonte de mana que as minhocas usam para se alimentar são de pequenos lagartos do deserto. Tem algum jeito de conseguirmos uma grande quantidade desses animais ainda hoje?
— A não ser que tenham, convenientemente, um ninho de lagartos do deserto nesta base, duvido mui-
An’u falou antes de ser interrompido.
— An’u, você é um gênio! — Geir falou animadamente, como nunca o vi falar antes.
— Disso eu sei. Mas o que isso tem a ver com os lagartos?
Geir sentou em uma caixa ao canto da sala e explicou:
— Não sei onde fica, mas dentro da base eles “cultivam” lagartos do deserto. Ao que parece é bem nutritivo, e eles se proliferam rápido. Podemos usar isso para atrair Primeiro para fora da base.
— Então temos um plano. Vamos fazer o seguinte: três de nós encontram o ninho de lagartos e deve levar o máximo de animais que puder para fora da base. Vai ser extremamente arriscado, já que a calamidade vai acabar aparecendo. Outros três vão até Thermon. Como nos dividimos? — Maso falou.
— Novamente, acho melhor que vocês três fiquem juntos. Já sabem como funciona a organização, e terão mais chances de sucesso. Eu e as garotas vamos até Thermon — assim Geir dividiu os grupos.
Como o horário para o jantar se aproximava, os rapazes não teriam mais do que três ciclos para conseguir os lagartos e levarem para fora da base.
— Não conseguiremos passar por nenhum guarda com lagartos. Mesmo se estiverem em caixas. Então vou criar um túnel para fora da base, a partir do ninho de lagartos. Neste lugar será nosso ponto de encontro e ponto de saída. Me encontrem no alojamento em meio ciclo. Até lá já terei descoberto onde o ninho de lagartos fica e passo essa informação para seu grupo, Senhor Geir — An’u se comprometeu.
— Combinado.
— Podem resumir o plano, por favor? — Maso parecia perdido na conversa.
— Achar ninho dos lagartos. Criar ponto de encontro. Atrair a minhoca. Fugir depois que o grupo do senhor Geir recuperar seu filho. O que mais precisa saber? — Elear zombou.
— Ah… Nada, obrigado! — O elfo enrubesceu por um momento.
— Ótimo. Nos encontramos no alojamento.
Sem mais planejamentos, saímos um de cada vez do pequeno depósito.
Como combinado, meio ciclo depois, An’u voltou sozinho ao alojamento, onde estavam apenas eu, Talamaris e Geir.
— Os outros dois estão descobrindo algum jeito de transportar os lagartos até lá fora. Vim aqui passar a localização. Aqui, está neste pergaminho. Não tem erro. Nos vemos em uns três ciclos, se tudo correr bem.
— Obrigado por tudo, An’u. Vocês estão se arriscando muito desde que chegaram aqui — falei com um sorriso singelo no rosto. Eu devia muito a todos eles.
— Ah… Bem… Não tem por que se preocupar. Acabar com os planos de Vanir é o que nos move. He he he… — O anão parecia envergonhado com o que falei. — Vou indo então. Boa sorte a todos.
Ele saiu do alojamento e Talamaris se aproximou de mim, me de cutucou com seu cotovelo, e falou:
— Cuidado com o modo como você fala com homens, principalmente os mais jovens. Eles facilmente confundem educação com flerte.
— O quê? Como assim? Eu só estava agradecendo!
— Ela tem razão, Jouci. Homens jovens são bem bobos. Falo por experiência própria… Em todo o caso, não se preocupe com ele. An’u sabe bem que você não tem sentimento por eles. Leve a fala de Talamaris como uma dica para a vida.
— Entendi, obrigada…
No pergaminho que An’u me entregou tinham apenas linhas simples e um “X” enorme em um canto. As curvas das linhas eram obviamente onde precisávamos seguir para encontrar o ninho. Ali estaria nosso ponto de saída da base depois que salvássemos Thermon.
— E como fica minha espada? Ela não é algo que podemos deixar em posse de Vanir. Não sei como, mas aquele desgraçado estava com ela na cintura… Não deveria ser possível um humano brandir aquele artefato.
— Sei disso, Talamaris. Tirar a espada das mãos dele é quase tão urgente quanto salvar Thermon. Faremos o seguinte, assim que entrarmos no salão principal, eu vou até os aposentos de Vanir para conseguir a espada e vocês duas vão até Thermon.
— Não será possível. Somente eu consigo segurar a espada… Eu e Vanir, pelo jeito — Tala cruzou os braços, devido a preocupação.
— Então o plano de salvamento terá duas etapas. Primeiro a espada, depois Thermon. Eu queria salvar Thermon antes, mas não temos como ter certeza se ele está em condições de andar sozinho. Resgatá-lo antes poderia dificultar a retomada do artefato — Geir concluiu.
— Comam algo. Sinto que não teremos tempo para nos alimentar depois — orientei o grupo.
A ansiedade me manteve acordada. Já havia passado da metade da noite. Em meio ciclo os rapazes dariam um jeito de atrair a calamidade para perto da base. Geir me balançou, como se tentasse me acordar, já que eu estava deitada. Desci da parte de cima da Beliche assim que ele me tocou.
— An’u passou aqui uns instantes atrás. Ele disse que está tudo pronto. É nossa vez de agir.
— Certo. Tala, vamos lá?
— Droga, agora que eu tinha pego no sono… Vamos acabar logo com isso — Ela levantou e prendeu seu cabelo em um rabo de cavalo. Ela ficava muito bem assim.
Dei uma olhada em volta e mais da metade das camas estavam ocupadas por soldados. Provavelmente os demais estavam em alguma missão ou faziam guarda em algum ponto da base.
Nossa parte do plano exigia que nos aproximassemos do salão principal. Então andamos pelos corredores, todos muito ansiosos.
Paramos uma curva antes de alcançarmos a entrada do salão. Olhei pelo canto da parede e vi que dois guardas faziam a segurança do local, dessa vez eram dois Pealt-Beasts. Um era meio-humano e meio-urso, o outro era meio-puma. O urso bocejou, pelo tédio do ócio.
— Seria estranho eu iniciar o plano. Os guardas devem saber que eu já não deveria estar aqui. Tala, você faz as honras? Te esperaremos naquela sala lateral.
— Ok. Sou uma ótima atriz. Me esperem lá.
Voltamos alguns passos e entramos numa sala que deveria ser um banheiro, pelo cheiro horrível. Colocamos nossos ouvidos contra a porta para ouvir Tala:
— Rapazes, é urgente! Avisem o senhor Primeiro que a calamidade está atacando a todos na entrada sul da base! Cuidado para não acordarem o Senhor Vanir. Sejam rápidos!
— Como assim? — Falou um deles.
— Andem logo. Se demorarem demais o senhor Primeiro vai culpá-los pelo atraso em repassar a informação!
Ouvimos passos apressados vindo em nossa direção e Tala abriu a porta para se esconder conosco.
O plano era bem simples. Faríamos os guardas darem a notícia do ataque da Calamidade a Primeiro. Quando ele passasse por nós, indo averiguar a situação, lidaríamos com os guardas para entrar no salão.
Dito e feito. Ouvimos a porta do salão abrir e instantes depois a voz de Primeiro falou perto de nós:
— Essa criatura desgraçada, nem para me deixar descansar. Vou fazer picadinho dela!
Não demorou muito para os passos dele sumirem pelo túnel.
Abrimos a porta devagar. Corremos em direção a entrada do salão. Geir nem deixou os soldados perceberem algo. Gerou duas esferas de gelo que arremessou ambas nas cabeças deles, os desmaiando imediatamente.
Agora era a parte difícil. Teríamos que evitar todo e qualquer barulho para pegar a espada.
Empurrei o portão do salão e tudo estava silencioso. Tala e Geir trouxeram os guardas para dentro, onde esconderíamos os corpos desmaiados.
A sala, antes bem iluminada, estava escura e sem integrantes.
— À direita está o caminho que leva até Thermon. À esquerda os aposentos de Vanir. Tala, venha comigo. Jouci, nos espere escondida atrás daquela estante de livros, à direita — Geir cochichou.
Assenti e segui com as instruções. Ele e Tala se agacharam para entrar no corredor à esquerda.
A ansiedade tomou conta de mim. Eu suava frio, enquanto esperava o retorno de meus companheiros. Meu coração martelava contra meu peito a cada instante que passava. Cinco espaços de tempo, e nada.
Quando eu estava quase indo até eles, os vi saindo do corredor. Eles vieram com cuidado até mim. Tala falou:
— Nada. Ali é com certeza o quarto do Vanir, mas ele não está lá. Nem sinal da espada.
— Então o que nos resta é ir até Thermon… As chances de Vanir estar nesta mesma direção são muito grandes — Geir, sem as ataduras no rosto, demonstrava uma aflição que nunca vi antes.
— Não temos outra escolha. Vamos! — Falei.
Entramos no corredor escuro, andando a passos longos, mas silenciosos. Andamos, andamos e andamos. O corredor pareceu não ter fim.
Quando eu já estava perdendo as esperanças, vi um brilho no fundo do túnel. Era bem fraco, mas muito perceptível no escuro em que estávamos.
Nos aproximamos mais e vimos uma porta metálica, com dois cristais ao lado, iluminando as redondezas. A porta lembrava o calabouço onde eu e Talamaris ficamos presas no início de nossa jornada.
Só podia ser ali. Ali estava Thermon.
Joguei a razão no lixo. Corri até a porta, como se minha vida dependesse disso.
Geir tentou me segurar, mas fui mais rápida.
Longas passadas depois alcancei a porta. Tinha uma portinhola, mas eu tinha medo de abri-la e Vanir estar ali.
Foi então que congelei. Um medo incontrolável tomou conta de mim. Eu não sabia se era medo de Vanir, medo de ver Thermon machucado ou um choque de adrenalina que me paralisou. Eu só não sabia o que fazer.
Tala e Geir me alcançaram. Eles também não pareciam saber o que fazer.
Geir nos chamou para perto de si e cochichou em nossos ouvidos:
— Se Vanir estiver aí dentro, talvez eu consiga ludibriá-lo. Fiquem quietas e sigam minha deixa. Se preparem para lutar!
Outra onda de adrenalina arrepiou minha espinha. Era agora ou nunca. Geir tomou a frente do grupo e deu três batidas na porta metálica.
— Senhor Vanir. É urgente. Precisamos do senhor na entrada da base!
Um momento depois uma voz falou lá de dentro:
— Quem está aí? Essa voz… Geir?
Passos em uma superfície áspera se aproximaram por detrás da porta. Uma tranca interna fez barulho metálico e a porta foi escancarada.
— Geir? O que faz aqui? Que ultraje é esse? — A expressão de irritação de Vanir era evidente.
— É a calamidade, senhor. Nem mesmo Primeiro está conseguindo lidar com ela. É uma emergência… Nenhum soldado queria atrapalhar o senhor, então vim até aqui avisá-lo.
Vanir franziu o cenho e nos olhou de cima a baixo. Estávamos os três pálidos e ofegantes, o que tornou a mentira de Geir mais crível. Ele fechou a porta atrás de si, trancou com uma chave velha que pendurou no pescoço, em um colar de tira de couro. Em um tom irritado, ele nos perguntou:
— Onde é o problema?
— Entrada sul.
Vanir começou a correr, passando por nós.
Geir não perdeu tempo. Avançou contra o pescoço de Vanir, antes que pudéssemos reagir.
“Não seja como um arco sem fio ou Flechas sem penas… O mínimo que esperam de nós é que sejamos úteis!”
Deus Prateado
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