Índice de Capítulo

    ALVO PRIMEIRO

    Ao nos aproximarmos do fim da viagem, o vento frio causava queimaduras em nossos rostos. A dor lembrava fogo sendo lançado contra nós, repetidamente.

    As extremidades do meu corpo já estavam no limite do que poderia ser considerado suportável diante do frio.

    Ocasionalmente, usava minha aura para aquecer a mim e ao meu grupo, mas, como não conseguia controlar a temperatura — que sempre se mantinha no ápice —, precisava desativar essa habilidade rapidamente.

    Nos momentos finais da jornada, nos aproximamos de uma vila cheia de anões. Eles trabalhavam sem descanso, mesmo sob temperaturas negativas.

    Havia forjas, mercados e tavernas.

    Um ou outro humano podia ser visto por ali. Deviam ser mercenários, trabalhando como seguranças, ou então estavam atrás de algum tipo de artefato que apenas os anões sabiam criar.

    Tudo o que sei sobre artefatos aprendi na academia de recrutas das Forças de Proteção.

    Atualmente, não conseguíamos imbuir efeitos mágicos em itens, além dos efeitos que os próprios materiais usados já apresentavam.

    Isso significa que a armadura de cristal — sempre presente sob minhas roupas — não era mágica. Apenas possuía propriedades excepcionais oriundas de algum material criado pelos anões.

    Os artefatos que realmente contêm algum tipo de magia são os artefatos divinos, concedidos às raças diretamente pelos deuses.

    O único artefato divino que encontrei até hoje foi a Ampulheta, dada pela deusa amarela. Ela é um item do tipo contratual. Apenas o Rei da nossa raça consegue ativá-la.

    Sabendo disso, mesmo sem a habilidade de criar itens realmente mágicos, os anões ainda conseguem imbuir efeitos interessantes em suas criações.

    Outros exemplos de itens criados pelos anões, são: as correntes de contenção de mana, usadas para prender magos, evitando que eles usem mana, as adagas usadas pela “Humana”, durante o ataque da Rosa-dos-ventos a Porto-Norte, e a espada usada pelo meu antigo ídolo “Zonte, o cavaleiro de couro”. 

    A espada de Zonte e as adagas da Humana tinham maior poder de ataque e defesa. Itens como estes são muito raros e valem centenas de moedas de ouro.

    As carroças dos anões foram estacionadas fora da aldeia, perto de estábulos enormes, com dezenas de vagas para carroças. Cocheiros no chão pegavam as rédeas dos antílopes e guiavam os animais para cada vaga disponível.

    — Ei, garoto. Cuide dos cavalos desses humanos. Coloque em minha conta — Van’e deu ordens é um dos cocheiros. Este era especialmente mais baixo. Fazia sentido ter sido chamado de “garoto”.

    — Sim senhor, mestre Ven’e!

    Nossa carroça foi conduzida pelo menino até uma das vagas. 

    No mesmo instante que entramos, o frio ficou lá fora. Não sabia como os anões faziam, mas nada do frio entrava no local.

    Eu e meus amigos descemos da carroça. Cada um levando uma bolsa com seus pertences.

    Estava prestes a pegar os cobertores de lã, para devolvê-los a Ven’e, mas ele se aproximou e logo disse:

    — Podem ficar com os cobertores. Presente para vocês.

    — Quanta hospitalidade. Fez bem fazer amizade com o escolhido dos anões — brinquei.

    — Agradecemos muito por sua ajuda, senhor Ven’e — Listro se aproximou do anões e o agradeceu. Ela colocou o cabelo atrás da orelha direita, enquanto dava um sorrisinho. 

    O escolhido enrubesceu. 

    Antes de ser “enfeitiçado” por minha amiga, ele se virou na direção oposta e falou:

    — Ahem — pigarreou. — Bem, vamos logo. Temos que andar muito até o centro das montanhas. Quero tirar essa armadura de você o quanto antes, Alvo.

    — Ótimo, estamos na mesma página aqui. Só não se esqueça da calamidade…

    — Não tem como esquecer. Também estou metido nessa bagunça de “marcados pelos deuses”, afinal de contas… Preciso de mais informações.

    Ele saiu para o frio da base da montanha e foi seguido por meu grupo. 

    Eu, Mendir, Pírio, Listro e Tobin tentamos nos agasalhar o melhor que podíamos, mas não tínhamos roupas para aguentar aquele frio todo. Felizmente parecia que gelo acabaria assim que entrássemos nas montanhas.

    Seguimos Ven’e e seu pequeno grupo de seis outros anões até onde os três anciãos estavam. Eles haviam chegado alguns ciclos antes de nós, pois não faziam a mesma frequência de pausas que eu e Ven’e fazíamos, por conta de meus cavalos.

    Borgu, Tati’nu e Galagar nos esperavam perto de uma taverna. Ao seu redor um outro pequeno grupo de anões os escoltavam.

    — Porque demoraram tanto? A espera me fez gastar duas moedas de ouro nesta pocilga, que chamam de restaurante. Tive que comprar algo para comer. Quem vai arcar com meus gastos? — O velhote, de nome Tati’nu, parecia ser o mais sovina dos três.

    — Ele espera que a gente pague pelo o que ele consumiu? Isso não faz sentido — cochichei no ouvido de Ven’e. Ele só ignorou.

    — Aqui está, senhor, suas moedas — Ven’e se aproximou e pagou o que ele pediu. — Vamos remover essa armadura, então?

    Todos seguimos pelo vilarejo. Alguns anões paravam o que estavam fazendo para observar o grande grupo que nós formávamos. Meu grupo se destacava ainda mais, devido a nossa altura ser destoante na cena.

    Os prédios daquele lugar eram um pouco mais baixos dos que estava acostumado. Os que tinham mais de um piso eu conseguia alcançar a janela do primeiro andar esticando o braço. 

    Era fofo, de certa forma.


    Meio ciclo andando entre casas, forjas e tavernas, chegamos em uma construção imponente, grudada diretamente na base da montanha. O monumento era tudo, menos pequeno. Tinha dezenas de metros de altura. 

    Parecia com um obelisco de base piramidal, todo cinza claro. Colunas e mais colunas de mármore branco enfeitavam as paredes que mesclavam com as rochas da montanha.

    Ao chegarmos no local, parte do frio havia amenizado, como se a formação rochosa, aliada ao monumento à nossa frente, evitasse que os ventos frios nos alcançassem.

    — Uau! — Exclamou Tobin. 

    Ainda andando, dois dos três anciãos olharam para ele e depois para mim, como se dissessem: “Mantenha esta peste élfica quieta!”

    — Fique perto de mim, Tobin. Evite falar enquanto estivermos aqui.

    — Tudo bem… — Ele ficou cabisbaixo, mas aceitou o pedido. Listro abraçou seus ombros, e afagou sua cabeça.

    — Não ligue para eles, Tobin. Essa história entre anões e elfos se odiarem é coisa de gente menos evoluída. Apenas ignore — Listro comentou. Ela fez questão de falar alto o suficiente para os dois anciãos ouvissem.

    Eles resmungaram, mas não disseram nada.

    Nos aproximamos da entrada da estrutura/obelisco. Haviam alguns guardas protegendo um portão de metal, escuro como obsidiana. Era pelo menos duas vezes mais alto que eu.

    — Mestre Ven’e. Como é bom vê-lo novamente. Ah, vejo que os anciãos estão com o senhor — o mais velho dos guardas veio em nossa direção, cumprimentando o escolhido. Ele tinha longas barbas brancas e uma barriga bem maior que a de Ven’e. — E trouxe também humanos? — O guarda parecia confuso.

    — Longa história, Dotian. Esse grupo de pernudos inclui o escolhido dos humanos, Alvo. Temos assuntos a tratar nas profundezas da montanha. Pode liberar o elevador dois, por favor?

    — Oh, o escolhido dos humanos? — Dotian me olhou de cima a baixo. — Não cause nenhum problema enquanto estiver em nosso reino, pernudo. Não vai querer enfrentar nosso exército. Nem mesmo você aguentaria um esquadrão equipado com nossos melhores artefatos.

    Ele tentou se gabar da força dos anões, mas rebati:

    — Nem se eu estiver usando uma armadura de cristal? — Levantei o casaco e a camiseta que estava usando, revelando as escamas da armadura ao guarda.

    Ele ficou estático por uns instantes. Um pouco depois se aproximou de Ven’e e cochichou em seu ouvido. Todos conseguiram ouvi-lo.

    — Chefe, tem certeza que é uma boa ideia deixar alguém tão forte entrar?

    — Não se preocupe com isso, Dotian. Chame logo nosso elevador! — O ancião Borgu avançou à frente do grupo, dando ordens ao guarda.

    — Certamente, ancião Borgu.

    Ele virou para trás e deu um assobio longo. Instantes depois o portão escuro abriu em dois, revelando ser um portão-duplo. Todos os anões de nossa comitiva se apressaram para entrar.

    Lá dentro era pouco iluminado. Tinham cristais brilhantes nas paredes acinzentadas. O chão era lustrado e brilhante, devido ao mármore polido de sua superfície.

    No recinto havia quatro gaiolas de metal. Duas em cada lado. Cada gaiola tinha os lados da largura de uma casa pequena.

    Nossa comitiva de anões seguiu até a segunda gaiola. Couberam todos e ainda sobrou muito espaço.

    — O que estão esperando? Entrem logo! — Ven ‘e nos apressou.

    Eu e meu grupo entramos na gaiola metálica e um dos subordinados de Ven’e moveu uma alavanca que tinha lá dentro. A parte antes aberta se fechou em nossas costas. Toda a estrutura metálica começou a se mexer, descendo em direção ao subsolo.

    Meu grupo levou um susto. Nos apoiamos nas grades ou em nós mesmos, devido ao desequilíbrio momentâneo.

    Todos os anões seguraram o riso, até mesmo os anciãos.

    De tempos em tempos víamos um túnel iluminado a nossa frente, que logo ficava acima de nós. Ao que parece esta gaiola nos levaria muito profundamente no subsolo da montanha.

    Após mais uma dezena de andares abaixo da terra, chegamos ao que parecia ser a base do fosso do elevador.

    Aqui embaixo a temperatura era morna, quase abafada. Eu e meu grupo começamos a tirar nossos casacos.

    Um anão abriu a grade que liberava a saída da gaiola, e novamente os anões seguiram a frente de meu grupo.

    Assim que todos saíram da estrutura, um dos anões puxou uma alavanca fora do elevador, e este subiu de volta à superfície.

    — Um elevador mecânico… Engenhoca interessante. Vocês são espertos mesmo.

    Tentei elogiar os anões, mas saiu pela culatra. Um deles disse:

    — Acha “isso” impressionante, humano? — Ele deu ênfase na palavra “isso” como se os elevadores fossem lavagem de porco.

    Alguns anões deram risadinhas contidas.

    — Já chega, todos vocês. Aqueles que terminaram sua missão de escolta, podem voltar aos seus aposentos — Ven’e interviu, liberando os anões de suas responsabilidades.

    Mais da metade deles falaram em uníssono: 

    — Entendido, mestre Ven’e! 

    Sem demora se dispersaram em direção a vários túneis de teto baixo. As paredes aqui eram de rocha pura. Pedras muito escuras, quase como grafite. O lugar todo era iluminado por mais cristais brilhantes, bastante espaçados entre si.

    Agora restavam apenas meu grupo, o grupo de Ven’e, os três anciãos e três outros anões, que deviam ser os guarda-costas dos anciãos.

    — Vamos direto para a oficina principal. Não precisam estar conosco. Juro pela montanha que vamos remover a armadura dele — o escolhido dos anões fez esta jura, provavelmente para se livrar logo dos velhotes.

    — Acreditamos em você, Ven’e. Mas, pelo menos um de nós precisa estar junto. Vão até a calamidade depois, certo? — Tati’nu falou.

    — Sim… — Ele respondeu sem muito animação na voz.

    — Pois bem, eu vou com vocês, Ven’e. Irmãos, podem deixar comigo. Manterei eles na linha! — Tati’nu proclamou aos outros anciões. 

    — Certo. Nada de gracinhas! Digo isso a todos vocês… Dependendo do que fizeram, podem acabar começando uma guerra entre raças. Estejam cientes disso! — Borgu falou algo sábio ao invés de algo rabugento.

    — Faço dele as minhas palavras. Se algo acontecer, vamos caçar cada um de vocês, onde quer que forem, entenderam? — Galagar ameaçou.

    Meu grupo apenas manteve o silêncio. Eu respondi por todos:

    — Tem nossa palavra. Mantenham a hospitalidade e seremos os melhores convidados.

    Borgu e Galagar bufaram, mas não disseram mais nada. Cada um seguiu por um túnel diferente e sumiram de vista.

    Ven’e virou para seu grupo e falou:

    — Tirando Tou, os demais podem ir para casa. Tou, vou precisar da sua ajuda para tirarmos a armadura desse brutamontes.

    — Entendido, Mestre. Vamos para as oficinas então?

    — Isso. Vá na frente e prepare o lapidador de diamante. Algo me diz que não será nada fácil tirar a armadura dele.

    — Claro, mestre. Vou ajustando as ferramentas enquanto não chegarem.

    O jovem anão partiu na frente, quase correndo.

    Ficamos eu, meu grupo, Ven’e, Tati’nu e seu guarda-costas.

    — Me sigam. As oficinas da montanha vermelha estão um pouco longe daqui. Não se atrevam a se perder nos túneis. Poderiam ficar presos aqui por dias até serem encontrados.

    Ven’e falou isso para o meu grupo, quando começamos nossa longa caminhada.


    Após o que pareceu um ciclo inteiro andando, sem ver nada além de cristais brilhantes, entradas de outros tuneis e pedra escura, chegamos em uma câmara enorme. O teto com dezenas de metros de altura. 

    Onde minha vista alcançada haviam ferramentas, armaduras espadas e ornamentos, como anéis e colares, dispostos em bancada metálicas

    Ali havia dezenas de anões, espalhados entre bancadas, trabalhando em artefatos. Alguns usavam lentes nos olhos, para aumentar a precisão de seus trabalhos como artífice. 

    Em uma parte mais afastada, perto da extremidade oeste da câmara, Tou, o jovem anão, subordinado de Ven’e, nos aguardava.

    Avançamos em sua direção.

    — Não toquem em nada, ouviram? Se eles estragarem algo, vou descontar do seu pagamento, Alvo!

    — Pelo amor do deus azul, não toquem em nada — supliquei aos meus amigos.

    Quando mencionei o deus azul, todos os anões próximos, que estavam ocupados demais para nos dar atenção até agora, me olharam, com irritação.

    No fundo da minha mente me recordei sobre algum tipo de “rixa” entre os fiéis do deus azul e do deus vermelho. Não sabia dizer se tinha a ver com a cor, ou se tinha a ver com diferença entre raças desses deuses quando eram vivos. 

    O deus azul era um Rei humano. O deus vermelho era um escolhido anão.

    Olhei em volta e falei, um pouco mais alto do que precisava:

     — Desculpem, erro meu. 

    Então, ainda irritados, eles voltaram suas atenções às suas bancadas.

    Tati’nu e seu guarda apenas nos observavam. Eles estavam sempre dois passos atrás do meu grupo.

    Ao chegarmos perto de Tou, ele apontou a bancada para mim e disse:

    — Sente-se aqui. Tire sua camiseta e deixe a armadura à mostra.

    Obedeci.

    A bancada metálica era gelada, mas tinha a altura perfeita para os anões  trabalharem na armadura de cristal.

    Sem minha camiseta o artefato ficou exposto. As escamas da armadura a tornavam uma peça intrincada e bela. Seus tons em furta cor eram hipnotizantes.

    — Vamos começar então. Tou, você fica responsável pela ferramenta. Vocês dois, o magrelo e o exibido, me ajudem a puxar — ele apontou para Mendir e Pírio. — A mulher e o garoto podem ajudar a segurar os braços de Alvo para deixá-lo mais estável. Vamos ter que fazer um esforço extra aqui.

    Ven’e orientou onde cada um deveria ficar. Ancião Tati’nu continuava quieto, um pouco afastado de nós.

    Continuei sentado. Listro e Tobin seguravam meus braços. Ven’e, Medir e Pírio cada um segurava uma parte de baixo da armadura. 

    Tou segurava algum tipo de ponteira de metal com a mão esquerda e com a direita ele segurava um martelo pequeno, como se fosse lapidar mármore.

    — Quando eu contar até três, vocês puxam a armadura! — Ele não esperou antes de contar. — Três!

    Os responsáveis por puxar a armadura pela base começaram a fazer força, no mesmo instante Tou martelou o metal contra a lateral metálica.

    Após três marteladas, percebi as escamas da armadura mais frouxas, como se um zíper estivesse abrindo na lateral. 

    A mão de pírio escorregou no meu lado esquerdo, e a armadura apertou novamente.

    — Mais foco, rapaz! — Ven’e brigou com Pírio.

    — Foi mal! Esse metal é muito liso.

    — De novo. Puxem!

    Lisro e Tobin tentavam me manter na bancada, enquanto os outros puxaram. 

    Vi mais progresso nessa segunda tentativa. 

    Na quarta martelada, as escamas do meu lado direito já estavam desencaixadas de si mesmas, como se uma tesoura tivesse cortado a armadura de baixo para cima.

    — Está quase saindo. Deem um último puxão, agora! — Dessa vez Tou quem orientou.

    Na hora que o último elo de escamas foi desfeito na lateral, a armadura toda se desfez, como se um quebra cabeças muito complexo tivesse se esparramado no chão.

    Nem parecia que aqueles pedacinhos de metal formavam algo como uma armadura.

    Ainda sentado, e sem camisa, repirei fundo e me alonguei.

    — Enfim, liberdade!

    Olhei para Ven’e, e ele não parecia feliz.

    — Merda…

    — O que foi? Conseguimos tirar a armadura. Por que está assim, Ven’e?

    Tou se abaixou, pegou um dos pedacinhos de metal e olhou contra uma lente de aumento, ao lado da bancada.

    — Sim, mestre. Perdemos a armadura.

    — Como assim? — Listro falou antes de mim.

    — Por mais que a armadura de cristal seja montada, peça a peça, quando finalizada ela é considerada um único artefato — Ven’e empurrou alguns pedaços de metal espalhados pelo chão com os pés. — Quando se abre a lateral, o restante da trama intrincada deveria se manter unida… Mas, obviamente não deu certo.

    — Vocês não sabem fazer nada direito, não é mesmo? — Tati’nu se aproximou.

    — Senhor, com todo o respeito, que ainda tenho pelo senhor, agora não é hora para sermão. Perder a armadura não me deixou de bom humor…

    — Quem disse que perdeu a armadura? Só vão precisar remontá-la — o velhote arregaçou as mangas e pegou um dos pedaços de metal do chão.

    — Mas o ferridium está enegrecido. Perdeu a polaridade. Não vai funcionar…

    Agora que Ven’e comentou, percebi que o metal da armadura, agora espalhado, havia perdido seu brilho, indo para um tom cinza escuro.

    — Como acha que consegui meu cargo como conselheiro ancião dos anões? Eu liderava os artífices, muitos anos atrás. Recuperar esta armadura é fácil para mim.

    Pela expressão de Tou e Ven’e, aquilo devia ser incrível. Eu não entendia muito bem, mas fiquei aliviado de terem um jeito de consertar o artefato.

    — Menino Tou, me ajude a coletar os pedaços da armadura, coloque na bancada. Começarei a consertar ela de imediato.

    — Agradeço imensamente, senhor Tati’nu! — Nunca vi Ven’e tão contente.

    — Não ache que isso vai sair barato, moleque. Cinco mil moedas de ouro é o meu preço.

    Para quem estava disposto a me dar cem mil moedas pela armadura, pagar apenas cinco mil era simples.

    — Temos um trato!

    — Ótimo. Menino Tou, fique aqui e me dê apoio. Ven’e, leve logo estes pernudos para conhecer a calamidade. Chame Borgu ou Galagar para te acompanhar

    — Tati’nu olhou nos olhos do escolhido, com certa irritação. — Se eu sonhar que encontraram a calamidade sem um ancião presente, juro que banimos você das montanhas!

    Ven’e engoliu em seco antes de responder:

    — Sim, senhor. Chamarei um deles para nos acompanhar — ele fez uma reverência. — Alvo e sua trupe, me sigam. Vamos conhecer a calamidade da montanha!


    “Ervas são o modo que a natureza mostra sua compaixão. O número de doenças que podem ser curadas com as plantas é igual a quantidade de estrelas no céu.”

    Deusa Prateada

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