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    Próximos da região, Rei dirige seu olhar para as pessoas que ainda estão sentadas no entorno da fogueira, e os comunica imediatamente ao sentir seus olhares fixos sobre si. 

    — Galera, conseguimos algumas barracas de acampamento para dormir. No total são quatro, vou deixar duas com vocês. 

    — É bem fácil de montar, vocês não terão nenhum problema ou algo do gênero. É só posicionar a barraca para cima e tanã ~ Ela se monta sozinha, até uma criança de cinco anos conseguiria posicioná-la. 

    Ele então caminha até Laili e a entrega as barracas que precisam ser montadas, e complementa em seguida: — Cabe de duas a três pessoas por barraca, isso deve ser o suficiente para vocês.

    Assim que coloca as mãos na barraca, a mulher agradece com alívio.

    Pouco antes do garoto chegar, ela estava aflita em encontrar um lugar que pudesse descansar, sem que o frio ou os insetos da noite a incomodassem. 

    — Obrigada…!

    Com surpresa em seus olhos, o grupo de Laili logo omite comentários com cerca incredulidade sobre o equipamento. 

    — Obrigado por isso, mas… como você conseguiu essas barracas nesta floresta? Temos o direito de saber, não acha?

    Ao ouví-los, o garoto cobre sua boca com a mão, e tenta segurar alguns risos que acabam saindo de forma involuntária.

    “Como? É sério que estão me perguntando isso? Esses caras realmente tem coragem.”

    “Isso chega a ser cômico… Acabamos de nos conhecer e eles já estão assim, exigindo algum tipo de satisfação.” 

    Após escutar a indagação dos homens, Kazuki imediatamente olha para Rei, que parece estar com uma expressão de insatisfação em seu rosto. 

    — O direito de saber? Vocês têm o direito de ficarem quietos e aceitarem as coisas que oferecemos. 

    Rei, que olha vagamente para eles em confusão, logo prossegue com a declaração súbita.

    — Acabamos de nos conhecer e vocês já estão exigindo satisfação? Por acaso somos pessoas intimidas para isso?

    — Percebi que ambos gostam de ser curiosos, então peguem essas barracas e só agradeçam, melhor, calem a boca e vazem. 

    Quando termina de falar, ele se vira de costas e se afasta deles. 

    As palavras do estudante foram claras, mas com seu tom e atitude, foi praticamente um alerta.

    Embora ele fizesse parecer um alerta, seus olhos não podiam esconder seu deleite. 

    Em vários momentos, tanto Rei quanto Kazuki, sentiam olhares fixos de inquietação e desconsideração de Zeryn e dos outros dois homens de seu grupo. 

    Seus olhares pareciam cobrar auxílio a todo instante: “Precisamos de ajuda, por favor”, “Acabamos de perder nossos amigos e familiares… É seu dever nos auxiliar agora”. 

    Era desconcertante sentir aquela obrigação imposta. Todos estavam na mesma situação, não fazia sentido pedir ajuda de desconhecidos, pessoas que mal se conheciam. 

    Os dois homens do grupo de Laili não puderam dizer nada em resposta. Eles estavam envergonhados e surpresos.

    No entanto, o que mais os incomoda agora é o fato de que eles não conseguiam pensar em nenhuma refutação. 


     

    Com as duas barracas posicionadas uma do lado da outra, de forma a ficarem encostadas, Rei se vira para Kazuki. 

    — Acabei de colocar as duas barracas juntas, podemos deixar Mia e Takayo em uma, e na outra, a gente divide, beleza? 

    Ainda que Rei tivesse permanecido em silêncio enquanto montava a barraca, ele usualmente não parecia ligar muito para o que havia dito. 

    — O-ok.

    Ao receber a afirmação hesitante do homem, o garoto solta um pequeno suspiro e volta a sua total atenção para Kazuki, que parece querer dizer algo relacionado à discussão, mas se contém com apenas uma resposta curta. 

    — Qual é, não precisa ficar assim. Consigo saber só de olhar para o seu rosto… Você sabe que tirando a Laili, aquelas pessoas já estavam ultrapassando a linha. 

    — Bom, pra começar — diz o garoto enquanto se levanta do chão, apoiando as costas sobre a barraca. — A atitude deles não era das melhores… Eu não iria ficar de braços cruzados vendo aquilo acontecer.

    Em resposta ao garoto, Kazuki fecha a sua expressão no momento em que olha para o chão. Ele então começa a pensar baixo sobre o ocorrido. 

    Notando o seu semblante ligeiramente fechado, Rei pôs-se em sua frente, e diz algumas coisas de forma confusa. 

    — Foi mal. Quer dizer, hã, Kazuki. Eu… Você parece meio… bravo?

    — N-Não, eu não estou bravo, acabei me perdendo em pensamentos. 

    Quando acaba de responder, ele sorri suavemente para Rei enquanto o olha de forma compreensiva. 

    Essa era a expressão que o garoto mais gostava de Kazuki.

    Entretanto, em contraste com a sua expressão doce, as palavras que saíram de sua boca eram afiadas como uma lâmina.

    — Não acho certo o que fizeram. A todo momento que Laili explicava sobre a magia das trevas, e coisas relativas, os olhares fixos de Zeryn e de seus companheiros eram… estranhos. 

    — O quê, é sério? Você também sentiu isso? Eu pensei que era só eu — responde o garoto.

    Assim que Kazuki assente com a cabeça e concorda com a sua dedução, o estudante abre um pequeno sorriso no rosto e dirige-se para a barraca novamente. 

    — Eu finalmente posso dormir em paz, não consegui dormir direito desde que acordei de madrugada com toda aquela maldita confusão. 

    — Por que não vai até Mia e Takayo e avisa que a barraca está pronta? — aconselha o estudante. 

    — Ok. Vou chamá-los agora mesmo. 

    Após a resposta, Kazuki vira de costas e dá alguns passos até chegar nas crianças, que ainda estão sentadas no entorno da fogueira.

    Antes que pudesse voltar com elas, ele percebe que o grupo da Zeryn também havia começado a montar as barracas.

    Por outro lado, tanto Laili como o comerciante, ainda continuavam em frente à fogueira, esquentando as suas mãos e corpo contra o frio da noite. 


     

    Quando se aproxima das barracas novamente, Kazuki pede a Takayo e Mia para adentrar a que está ao lado. 

    Ele diz que ambos precisam descansar e dormir, mesmo que ainda estivessem aflitos com tudo que ocorrera durante o percurso do dia. 

    Continua… 

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