Capítulo 35 - Despedida? X
O grupo de Rei, momentos após passarem por um terreno montanhoso, com um tipo de vegetação e relevo esverdeado e vivido, finalmente conseguem chegar próximos ao que é chamado de “refúgio”.
Ainda que estivesse no final da tarde, sendo possível observar a escuridão ganhar forma, e as pequenas criaturas e animais da floresta retrocederem para o seu interior, é possível notar que parte do caminho começa a se tornar pavimentado.
Um tipo de piso de tijolos em direção horizontal forma-se, indo de encontro com uma estrada em área aberta.
Assim que Rei, Kazuki, Mia, Takayo e o grupo de Laili passam por esta parte, e avançam pelo trajeto, eles deparam-se com a presença de algumas pessoas que estão no ambiente.
Tais pessoas são auxiliadas por alguns seres humanoides com orelhas pontiagudas, feições angelicais e uma cor de pele extremamente clara, quase ao ponto de ser considerado pálida.
Embora a maioria dos humanos que cercam a região estejam em péssimas condições, ainda assim o ambiente e toda a atmosfera parecem diferentes do caminho de poucos minutos atrás.
É nesse momento em que todo o grupo do estudante parece desnorteado e confuso, que um elfo aproxima-se deles.
— Boas-vindas a Svishtar viajantes, também comumente conhecido como refúgio. A que devo a honra de suas visitas? — ele diz de forma indiferente, mas com um tom de voz polido e simpático.
A sua voz é morna, possivelmente estóica, mas é difícil dizer por sua expressão impassível. Ele parece ligeiramente impaciente, mas acima de tudo, educado.
“Então os elfos são assim. Uma pele tão branca que parece neve, orelhas pontudas e grandes cabelos sedosos.”
“Isso realmente é incrível, olhando-os de perto até me sinto pressionado, como se eu apenas fosse um pedaço de lixo em comparação.”
“Será que é isso que todos os humanos pensam, quando os vêem pela primeira vez? Bom, não importa de qualquer forma.”
Declara em pensamentos Rei, enquanto analisa de perto as feições e características do elfo.
Antes que eles pudessem responder, o elfo começa a questionar algumas coisas, por conta das expressões de confusão e surpresa de Laili, Zeryn e do comerciante.
— Por acaso vocês sofreram algum ataque, ou algo do gênero? Provavelmente sim, visto as suas roupas enegrecidas pelo fogo. Então, o que vocês desejam? — pergunta ainda a manter o seu tom de voz educado.
— Sim, você está certo. Por conta da guerra e da invasão, nossas cidades simplesmente sumiram do mapa. Acredito que não seja uma surpresa para você, visto que várias pessoas passaram por aqui — declara imediatamente Laili, enquanto toma a frente de toda a conversa.
Ela então prossegue, sem perder o ritmo de sua linha de raciocínio: — Por esta razão, gostaria de saber se podemos nos abrigar no refúgio, ao menos até a situação ao todo se apaziguar e o império começar a revidar.
Dito isso, não demora para que o elfo, em resposta, apenas concorde com o pedido de auxílio da jovem.
— Está bem! Vocês podem ficar o tempo que precisarem, afinal estamos auxiliando e abrigando o máximo de indivíduos em situação similares, e até mesmo piores.
Ele deixa escapar um suspiro desanimado, assim que recorda-se do assunto da guerra, e logo complementa.
— Podem me chamar de Hert, estou encarregado de explicar toda a situação para as novas pessoas que estão chegando aqui. Peço desculpas caso eu tenha sido impaciente ou rude em algum momento, porém devido ao presente momento, toda a situação aparenta estar um caos.
— E, por conta justamente da guerra, decidimos ajudar a maioria dos indivíduos que tiveram suas cidades e vilarejos destruídos, assim como vocês. O ponto chegou a ser tão inevitavelmente crítico, que muitos dos nossos irmãos e irmãs saíram daqui para ajudar, compartilhando informações para o lado exterior sobre Svishtar: Como um ponto seguro, um lugar em que possam permanecer momentaneamente.
Ele termina de explicar toda a situação com extrema tranquilidade e cautela, em seguida aponta para toda a região local, como forma de apresentação: Uma área aberta, situada em um relevo montanhoso.
— Por quê? O que vocês têm a ganhar em ajudar pessoas que não são da sua raça? Não conheço muito bem a diplomacia entre as raças, mas vocês não estariam fazendo isso de graça, certo? — indaga sem hesitação Rei, ao se aproximar para perguntar.
Quando escuta a dúvida do estudante, Hert não revela sinais de surpresa com o questionamento, como se esperasse por aquela pergunta.
— Acreditamos na ideologia de unificação e paz universal. Há centenas de anos, em uma época em que vocês ainda não tinham nascido, todas as raças eram unidas e compartilhavam de regras em comum. Se não fosse por alguns desentendimentos que ocorreram, provavelmente toda a calamidade atual não teria acontecido. — Quando termina de responder, ele aperta suas mãos com força, sem transmitir raiva em seu tom de voz.
Em seguida, termina dizendo: — Enfim, estamos seguindo o que acreditamos: nossa fé e ideologia. Eu, particularmente acredito que, a paz da alma, a estabilidade do corpo e o equilíbrio do mundo, tudo isso pode ser mantido contanto que todas as raças estejam unidas… Acredito que com isso, a sua dúvida tenha sido sanada, jovem.
Assim que recebe a reposta, ainda que Rei duvidasse da explicação, ele apenas acena com a cabeça e diz: — Entendo, valeu pela explicação.
— Por que não entramos? Estamos do lado de fora do refúgio, vocês deveriam entrar para se hospedarem — informa Hert, ao caminhar para o lado e inclinar a cabeça em suas direções.
Antes de responderem, Laili e seu grupo olham para Rei e Kazuki.
— Gostaríamos de agradecer a vocês pela ajuda de antes, ainda que tenhamos sido rudes em relação a vocês em alguns momentos — anuncia Laili, ao fazer contato visual com ambos.
Laili já havia tomado uma decisão, e suas palavras de agradecimento apenas soaram como uma despedida.
— Espera, vocês não vão vir com a gente?! Mas não foram vocês que queriam vir tanto para o refúgio? O que aconteceu? — pergunta o estudante, sem entender a lógica de Laili e seus companheiros.
Continua…
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