Capítulo 45 - Estou no cio, X
O ponto de vista do garoto, por um breve momento, apenas deixa Círdan ciente que aqueles eventos passados: As decisões precipitadas dos elfos, sendo de fato, realmente infantis e irracionais ao exilar os da mesma raça por motivos tão superficiais.
Em resposta, o elfo apenas assente com a cabeça e comenta logo em seguida, ainda mantendo o tom da voz habitual.
— No momento em que ficamos sabendo sobre as vítimas da guerra, tentamos mobilizar o máximo que conseguimos da nossa própria raça para ajudar as vítimas. Mesmo que isso significasse ficar em desacordo com outras raças.
— Compreendo que são muitas informações, mas espero que consiga entender o sentido e lógica em nossa ideologia. E o porquê de ajudarmos todos vocês, mesmo que isso acabe nos pressionando de certa forma…
Dito isso, o elfo termina com o pronunciamento. Ele então levanta de onde está sentado e dá alguns passos para frente, para observar a distância a atividade de seus companheiros: Auxiliando e socorrendo o máximo de vítimas possíveis, enquanto aplicam ervas e usam magias de suporte.
Nesse momento, o estudante declara a sua opinião acerca do passado de Círdan.
— Bem, meio que consegui entender a atitude de vocês. Porém, isso não explica o porquê de você estar se torturando, ajudando outras pessoas até chegar ao seu limite.
— Cara, você está fazendo isso como um tipo de penitência? Tipo, caso seja realmente isso, tenta se libertar desse pensamento… Você não deveria viver no passado — declara impacientemente, com a voz carregada de irritação e um olhar de dúvida.
— Quem se importa se o que aconteceu a 500 atrás foi culpa sua? Você deveria parar com isso. Redenção de pecados? Isso é sério?
— Eu agradeço o que fizeram por nós, eu realmente sou grato também por todas as pessoas que foram ajudadas. Mas vocês estão realmente fazendo isso com o objetivo de ajudar, ou meramente para aliviar as suas próprias “sentenças”?
— “Vou ajudar as pessoas para que isso diminua a minha culpa” ou “faço isso para que assim eu me sinta menos mal pelo que aconteceu”. Esses são seus pensamentos? Eu não entendo…
— Você realmente segue a ideologia de unificação e pacifismo, ou só estão isolados do mundo como forma de se redimir pelos erros do passado?
— O que eu vejo na minha frente é alguém vestindo uma máscara, mas que na realidade é a pessoa mais doente e debilitada mentalmente deste lugar.
Nesse momento, o estudante levanta do banco e caminha para o lado. E, antes de sair, ele acaba dizendo as últimas coisas que pensa.
— Eu me sinto assim depois de ouvir toda essa merda… Enfim, estou indo para o meu quarto agora. O que está no passado fica no passado, não deixe o passado interferir no presente.
— Não precisa me responder agora, você está em um péssimo estado. Precisa descansar antes que colapse — comenta por fim.
Ele então vira de costas e caminha em direção ao quarto em que está hospedado, sem olhar para trás ou saber a reação de Círdan depois de proferir tais comentários.
Enquanto anda, a atenção do garoto é voltada para os seus pensamentos.
“Como alguém consegue ficar isolado por 500 anos e dizer que está seguindo as suas verdadeiras crenças… Se martirizar por tanto tempo por algo que nem foi sua culpa direito…”
“A forma que ele estava falando, era como se tivesse cometido o pior crime do mundo…”
“Não me importo se ele me odiar pelas coisas que eu disse, alguém precisava dizer aquilo, mesmo que tenha sido de forma rude ou dura.”
『…』
Assim que o estudante adentra o cômodo, nota que Kazuki ainda está acordado: Sentado no tapete da sala, coberto por um cobertor vermelho enquanto aquece as mãos em frente a lareira.
Logo após ouvir o barulho da porta se abrindo, o homem-fera vira-se para trás e avista o estudante.
— Rei, por onde você esteve durante todo esse tempo? Quando coloquei as crianças para dormir, saí para te procurar mas não conseguia te encontrar em lugar algum… — comenta ele, após levantar-se e caminhar até o garoto.
— Bem, foi mal por isso. Eu estava ajudando algumas pessoas pelos corredores, depois acabei saindo do refúgio para tomar um ar fresco. Talvez tenha sido por isso que você não me encontrou — responde enquanto caminha até a cama, até pegar o seu kimono de pijama nela.
— O quê? Você saiu?
— Sim. Sei que está preocupado comigo, mas eu sei me defender, não precisa se preocupar.
— Falando nisso, um minutinho. Eu preciso me trocar, pode virar de costas? — comenta, já tirando a camisa.
— Ah, ergh… claro. — O homem-fera concorda, de modo a virar de costas e olhar envergonhado para o lado da lareira, sem conseguir disfarçar o vermelho no rosto.
— D-Da próxima vez, avisa se v-você for voltar tão tarde…
— Está bem, dá próxima vez eu vou avisar, relaxa. Pode se virar agora.
Nesse momento, o corpo do estudante começa a aquecer, ele sente algo estranho correndo dentro do seu corpo. A sua temperatura aumenta e uma sensação indefinida de calor intensifica-se, enquanto o coração pulsando torna-se evidente.
“O… o que está acontecendo?”
“Calma, eu… Isso é uma febre? Por que meu corpo está assim? Droga… Eu realmente não deveria ter ficado naquele precipício por tanto tempo. Mas isso é estranho…”
O garoto então perde o equilíbrio do corpo, começa a cambaleando e a sua mente ligeiramente afetada: Similar ao efeito do álcool.
— Ei, eu… u-uhh… sabe, eu não estou muito bem. Tem como você me ajudar aqui?
Assim que percebe que o garoto está quase caindo, Kazuki o pega e o leva apressadamente em direção a cama.
— Rei, você está bem? O que houve? — comenta com certa preocupação, sem conseguir deixar de se preocupar.
— Eu acho que talvez eu tenha pegado um resfriado ou esteja com febre… não estou conseguindo pensar direito, meu corpo ficou muito quente de repente.
— Você está liberando seus feromônios, eles são muito fortes… — diz tampando o nariz e corando mais ainda.
— Rei… acho você está no cio.
— Cio?
Continua…
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