Índice de Capítulo


     

    Devido aos últimos acontecimentos da guerra, a maioria dos elfos que antes desciam para o vilarejo próximo do rio Nertyrem como forma de auxílio para os aldeões locais, agora não mais se mobilizam em descer até aquela região afastada. Na realidade, com tantas coisas acontecendo, eles não têm tempo o suficiente para isso — a busca por feridos e indivíduos debilitados são as suas maiores prioridades, além da procura por mais alimentos e água para serem colocados em estoque.

    Anos atrás, o rio Nertyrem era uma fonte valiosa de recursos, pela incontável quantidade de ouro e pedras preciosas encontradas em suas águas. Embora esse período tenha sido o de maior prosperidade, isso não durou muito; poucos anos depois os matérias começaram a ficar escassos e consequentemente desapareceram. 

    Devido a esse fator, os aldeões da região apelidaram aquele rio como; Nertyrem, que significa “Da mesma forma que dá, ele tira”.

    Após obter algumas informações essenciais com as patrulhas de elfos na entrada de Svishtar, o garoto decide caminhar por mais tempo com Kazuki ao lado, no intuito de conseguir mais detalhes sobre aquele assunto e uma forma segura de chegar no vilarejo. 

    No entanto, Círdan, que havia terminado de tratar alguns pacientes dentro do refúgio, avista de longe o estudante conversando com os elfos na entrada de Svishtar. Curioso com o que está ocorrendo, no momento em que ele termina de tratar os pacientes, ele corre apressadamente em direção a Rei. 

    — Rei, você tem um minuto? Preciso conversar com você. 

    — Círdan?! Ah, certo… podemos sim. Eu já volto, Kazuki — comenta surpreso o estudante, após caminhar ao lado do elfo e despedir-se brevemente do companheiro. 

    (…) 

    Quando os dois haviam finalmente se afastado daquela região inicial que estava um caos, mais parecido com o centro de uma cidade em movimento, o primeiro a dizer algo é Rei. 

    — Ei, Círdan. O que você tá querendo comigo? Fala logo, cara. A gente não precisava se afastar tanto, agora não tem ninguém por perto. 

    — Ok, vou ser direto com você…  

    — … Eu queria te agradecer por ter salvo o meu amigo e dizer obrigado pelas duras palavras que você me disse no outro dia. — Um sorriso no rosto dele se abre e ele então prossegue, mas o tom de sua voz muda para um timbre sério no momento seguinte. 

    — Antes, você tinha razão. Se eu não fosse tão inseguro e receoso por causa do meu passado, eu teria conseguido seguir em frente e não ficaria estagnado como um idiota. A minha ideologia iria progredir e alcançar diversas outras pessoas… invés do que é hoje, como se ela estivesse presa em um lugar que a usa como uma expiação de pecados.

    A todo momento em que explica, a sinceridade e honestidade do elfo podem ser sentidas pelo estudante — a princípio, Rei foi pego de surpresa com aquele comentário. Ele nunca havia pensado que uma simples opinião pudesse impactar tanto nas ideologias de um indivíduo que viveu tanto tempo, como Círdan. 

    Mesmo que antes Rei tenha comentado de forma intrusiva e bem rude, as suas palavras haviam feito o elfo refletir profundamente. Embora ele tenha ficado com raiva no processo, o ponto de vista de Rei foi essencial para mudar a sua perspectiva e forma como ele enxergava o mundo. 

    — Sabe, eu vou ser sincero com você. Eu estava com raiva do que você disse e fiquei cego pela minha própria arrogância. Não conseguia aceitar que alguém mais novo que eu pudesse ter razão e enxergar coisas que eu sequer conseguia. 

    — Mesmo que outras pessoas tenham me aconselhado coisas parecidas com as quais você disse, só através dos seus comentários eu consegui refletir sobre essas questões e encontrei as respostas em meio as minhas aflições e pensares. Muito obrigado mais uma vez por abrir essa fronteira e iluminar a minha mente e alma. — Quando termina com o relato, Círdan curva levemente a cabeça em sinal de respeito. 

    Para os elfos, curvar a cabeça é considerado um dos maiores gestos de respeito da sua raça — mas era extremamente raro isso acontecer, por causa do orgulho e arrogância que eles têm em relação a outras raças. No entanto, Rei não sabe sobre esse fato e sem saber o que responder em volta, o estudante apenas coloca as mãos no ombro do elfo e pede para ele parar de se curvar.

    “Uau. Não estava esperando toda essa confissão, deve ser muito difícil admitir os próprios erros”

    — Ei, calma aí. Não precisa curvar a sua cabeça. Então, em relação a antes… o que eu disse no outro dia foi apenas a minha visão pessoal sobre o que rolou no seu passado, não pensei que você 

    — … Mas é daora saber que você conseguiu encontrar uma resposta através do que eu disse, isso é realmente legal. Não esperava que você pudesse mudar tanto a sua mentalidade com apenas algumas palavras duras — comenta rapidamente, sem conseguir esconder a felicidade no sorriso após saber que as suas palavras tiveram um impacto na vida de Círdan. 

    — Tanto você quanto os elfos daqui são incríveis! Espero que a resposta que você obteve traga mudanças e prosperidade para você e o pessoal daqui, mano — finaliza a conversa.

    Com a resposta do estudante, um leve sorriso forma-se no rosto do elfo e ele decide por fim apenas agradecer pela incentivação do menor. Depois que a conversa é finalizada, o garoto aproveita para perguntar ao elfo sobre o pequeno vilarejo próximo do rio Nertyrem.

    Círdan então começa a explicar cuidadosamente como chegar até aquela região, sem questionar os motivos pelos quais o estudante queria ir para aquele local afastado e sem sequer algum recurso valioso ou profissional. Tratando-se somente de um vilarejo qualquer, sem grandes diferenças comparado a outros vilarejos.

    Ele entrega um pequeno mapa feito às pressas para o jovem com as coordenadas da região. Com o documento informando que os viajantes deveriam seguir o caminho norte e parar próximos a um pequeno precipício, onde abaixo dele está uma descida íngreme cercada de montanhas.

    Embora os desenhos de Círdan não sejam bonitos e quase se assemelhem ao de uma criança, aquilo ainda foi o suficiente para o estudante entender. 

    — Valeu pelas informações, Círdan. Eu já estava a um tempo procurando saber onde ficava a estrada para aquela área. Eu fico te devendo uma — comenta ao afastar-se do elfo e retornar ao companheiro. 

    Quando o estudante aproxima-se do homem-fera, ele caminha em direção a Kazuki e comenta rapidamente com certa animação: — Eai, Kazuki. Encontrei as informações que a gente estava procurando, bora lá?

    Continua… 


    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota