Capítulo 113 - Sou feliz? X.
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Quando levantou-se do local em que estava e caminhou até a cadeira ao lado, o estudante abriu um pequeno sorriso em seu rosto, — quase como se estivesse aproveitando aquela reação desajeitada do homem-fera.
Kazuki não conseguia esconder a expressão de vergonha. Embora seus olhos azuis permanecessem acessos com luxúria, desejando que o estudante continuasse de onde parou.
Sua expressão movida pelo desejo parecia querer dizer: “Se você começou, por que não… terminamos?”
Enquanto o homem-fera estava paralisado, olhando para o garoto à sua frente fixamente, Rei mudou de assunto de repente. Ele conversou sobre o que estava pensando naquele exato momento.
Mesmo que ainda estivesse um pouco surpreso com o beijo, assim que percebeu a mudança na atmosfera, e o quão sério o garoto aparentava estar naquela hora, ele foi obrigado a mudar de postura.
Endireitou as costas, juntou as duas mãos e colocou na frente da boca enquanto ouvia o desabafo de Rei.
— Olha, para falar a verdade, não sei por onde começar — disse Rei, coçando a parte de trás da cabeça, mas com a expressão habitual no rosto. — É o seguinte, eu pensei em fazer algumas mudanças, como…
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Ainda imersa em pensamentos, quando terimbou com as suas tarefas cotidianas, Tyrant andentrou a casa carregando a enorme cesta de palha que havia levado consigo. A cesta transbordava de inúmeras plantas e ervas, que coletara das plantações e mudas de seu proprio jardim pessoal.
Nessa hora, Tyrant esboçava um sorriso em seu rosto à medida que dava alguns passos pela sala de entrada da casa, enquanto pensava em como deveria usar aqueles matérias preciosos.
Talvez pudesse usá-los em poções e vendê-las no vilarejo próximo, ou até mesmo criar novas receitas a partir de suas novas ideias que tivera em momentos criativos.
Bem, ela não sabia ao certo.
Estava apenas feliz com o fato.
“Criação de poções ou Herborismo? Dá última vez, não deu certo. Perdi mais da metade dos meus ingredientes, mas no final o resultado até que não foi tão ruim, mas não valeu a pena.”
Comentou em pensamentos, enquanto caminha sem se importar com mais nada.
Atropeçou no sofá e bateu o pé na parede, mas continuou.
Quanso chegou próximo da sala, ela olhou de um lado para o outro e deparou-se com a figura de Rei e Kazuki, que estavam sentados e olhando-na fixamente.
— Oh, são vocês. — Ela disse subitamente, quase deixando cair a cesta de ervas de sua mão no chão, por conta do susto repentino que levou.
“Por que estão me encarando assim? Pelos céus, pensei que fosse infartar por um momento. Consigo sentir meu coração acelerado, espero pela deusa que nada aconteça com a minha saúde.”
— Poderia saber o porque de estarem parados ai? Pelos céus, vocês me assustaram. Quase me mataram do coração — disse em seguida.
Kazuki e Rei não responderam, apenas encarara-na com uma expressão seria e fria em seus semblante. O olhar em seus rostos parecia criar uma cratera no rosto da vidente, pela forma como não escondiam as suas emoções.
— Por que estão me olhando dessa forma, jovens? Fiz algo de… errado, por acaso?
Assim que recebeu essa indagação, o estudante que ainda estava no sofá próximo de Kazuki, respondeu a sua pergunta com outra pergunta:
— Tyrant, você é realmente feliz?
— Se sou feia? Não tenho certeza, mas pelo que as outras pessoas dizem, acredito que não. — Ela respondeu com sinceridade, mas não escondeu a surpresa em ouvir aquela pergunta.
“Quanta falta de educação. Posso ser um pouco mais velha que o normal, mas ninguém nunca perguntou-me se eu era feia! Que indelicado.”
Pouco depois de responder, ela lançou um olhar de desaprovação na direção do estudante, como se estivesse em desacordo com aquela intromissão.
— Eu perguntei se você é feliz! Feliz! Não feia! — O estudante corrigiu, levantando as sobrancelhas em espanto. — Fala sério, deve estar surda.
— Oh, então era isso? Eu peço desculpas por confundir. Se sou feliz? Humm…
Assim que pensou em uma resposta para dar, ela estranhou o questionamento, pois nunca tivera tempo em pensar coisas como: “ser feliz”, “ser livre” ou “estou bem?”.
Essas eram coisas tão simples, mas que ninguém nunca se importava em pensar. Todos viviam no automático, e sua vida não fugia dessa regra.
— Eu…
— Eu posso dizer que sigo em frente de acordo com a minha fé, ainda que nem sempre eu possa seguir realmente em frente. Não posso me permitir responder mais do que isso, mas sendo direta… É claro! Claro que sou feliz.
Ela respondeu com um sorriso de leve, levantando os cantos de seus lábios para forçar um sorriso. Ainda que se esforçasse para esconder, ela não conseguia dizer o que pensar daquele questionamento.
A única palavra que pensava era em… viver.
Apenas viver.
Ela abaixou a cabeça para o chão e pegou as ervas que haviam caído sobre o piso de madeira, passando pelo sofá em que os dois estavam e indo para o andar superior.
A vidente deu alguns passos apressados, como se não quisesse ouvir o que o estudante tinha a dizer a mais sobre aquele assunto ambíguo.
Mas antes que pudesse seguir seu próprio caminho, Rei perguntou novamente: — Você é realmente feliz?
A pergunta trouxo um sentimento estranho.
Ela parou de se mover neste instante, ficou olhando para baixo cabisbaixa por alguns segundos, então virou de repente seu corpo e olhou diretamente para o estudante.
Tyrant não entendeu o significado daquela pergunta.
Um sentimento de tristeza, raiva e nostalgia tomou conta de suas memórias nesse momento.
Continua…
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