Capítulo 115 - Isso não fazia parte do plano, certo? X.
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Com base nas suas próprias experiências passadas, Kazuki decidiu apoiar a escolha do estudante em mudar a vida de Tyrant. Ele imaginou que esta seria a melhor escolha possível, visto que a vida daquela mulher era tão dolorosa.
Desespero e esperança.
Receio e culpa.
Desapego e infelicidade.
Até certo ponto, era difícil definir ou explicar a vida da vidente nessas poucas palavras que o estudante pôde descrever. Ainda que Rei tentasse se colocar em seu lugar, nunca conseguiria, apenas ela sabia toda a dor que tivera que aguentar todos esses anos.
Nesse momento, Tyrant estava com o olhar fixado sobre a figura de Rei, que permanecia em sua frente com um semblante sério no rosto.
Ele estendeu uma de suas mãos e pegou as suas. Tyrant Lewis estava completamente imóvel.
— Tato Divino.
Quando a habilidade foi conjurada após o encanto inicial, uma centelha de luz percorreu todo o cômodo. Por conta do excesso de luz que revestiu todos os lugares como uma bomba, todos tiveram que fechar os olhos rapidamente.
A sensação que tiveram era de como se olhassem diretamente para o sol por apenas alguns segundos, machucando as retinas de seus globos oculares.
Assim que o estudante abriu lentamente os olhos, ainda sentindo levemente aquela irritação na visão se dissipando lentamente, ele não conseguiu enxergar nada adiante.
Não encontrou Tyrant, mesmo dirigindo o olhar para todos arredores.
Por um momento, ele sentiu o sangue ferver, temendo que a pior hipótese que poderia imaginar tivesse se realizado.
“Tyrant? Onde ela está?”
“Talvez a habilidade tenha falhado… mas este não é o ponto aqui. Preciso me preocupar mesmo com a sua condição, onde diabos ela foi parar.”
Antes de tomar qualquer decisão, o estudante de repente sentiu um toque estranho em sua perna direita, quase como se aquele pequeno toque estivesse-o agarrando com força.
Inclinou-se para baixo apenas para ver as roupas grandes jogadas no chão e uma menina que nunca havia visto antes, imóvel em sua frente.
Era Tyrant Lewis.
A presilha de seu cabelo se espalhou ao redor dela, suavizado aqui e ali por seus cachos que haviam sido soltados pelo vento das brisas. A sua pele estava pálida e perfeita. O seu rosto estava em paz. Os seus olhos estavam fechados e as mãos cruzadas sobre o estômago enquanto respirava profundamente.
O estudante não pode esconder a surpresa em seu olhar, a menina usava as mesmas roupas da Tyrant, mas no lugar da vidente, lá estava ela.
— Tyrant? — Em primeiro lugar ele perguntou, com um olhar especialmente cético.
Quando notou que alguém a estava chamando, a menina abriu os olhos lentamente e virou seu rosto para o lado. Ela sentiu que sua altura tinha diminuído juntamente com uma sensação de confusão.
— O que foi, jovem? — Ela respondeu com a visão na altura da proporção do peito de Rei.
Todas as vestimentas que antes cabiam em seu corpo sob medida, agora cobriam seus pés e mãos, arrastando-se pelo chão.
No momento em que ela disse isso, ela percebeu de imediato que sua voz havia de alguma forma mudado. No entanto, ela não conseguiu entender.
A sua voz interior parecia ter mudado também.
A vidente colocou as mãos na garganta, mas sentiu que seu corpo estava estranho.
— Eu…
— Eu… O quê…
— O que é isso?
A sua voz era suave e jovem, muito diferente de como costumava ser antes. Ela ficou em choque com aquela sentença de palavras que saiu de sua boca.
Assim que perguntou, a menina correu até um armário próximo e olhou no espelho redondo que havia sobre ele. No momento seguinte em que fez isso, ela não pôde acreditar nos próprios olhos.
A imagem que foi refletida era de uma menina pequena, com uma idade em torno de 11 a 12 anos de idade, com um rosto perfeito e sem espinhas ou marcas causadas pelo excesso que o tempo causava.
Era uma linda e adorável garota, com cabelos loiros cacheados e soltos, com olhos verde-claros que lembravam a folhagem do início da primavera.
— Poha! O que está acontecendo, céus??!
Era a primeira vez que Rei ouviu Tyrant xingando, — era como se fosse outra pessoa, até mesmo a expressão calma de seu rosto se transformou em outra.
Chegava a ser inacreditável para ele que aquela mulher que sempre permaneceu íntegra e nobre, estava bem à sua frente xingando e com uma expressão nervosa em seu semblante.
Mesmo quando estava acorrentada e sendo levada para a fogueira para ser morta, ela não se alterou da mesma forma como estava agindo por agora.
Rei ficou perplexo e, sem saber o que tinha dado errado na habilidade, ele caminhou até onde Kazuki estava parado. o homem-fera também estava com a mesma expressão de Tyrant.
“Uau, eu acho que… exagerei.”
Veio o som dos pensamentos de Rei, olhando para Kazuki com um semblante que afirmava com convicção: “Acho que fiz merda, não é?”
— Como isso foi acontecer?
Ele murmurou baixinho no ouvido de Kazuki.
Naquele mesmo momento, Tyrant não conseguiu assimilar a imagem que via no reflexo do espelho.
“Isso… Isso sou eu?”
Exclamou ela assustada, colocando a mão em seu cabelo rebelde para arrumá-lo.
A intenção inicial de Rei era deixar Tyrant com uma idade mais nova — por volta de 22 a 24 anos de idade — mas no momento em que lançou a habilidade, ele não pensou em mais nada do que apenas realizá-la.
Sequer especificou.
“Bem, o desastre já foi feito… agora não tem mais como voltar atrás.”
Ele colocou a mão no rosto, então disse mentalmente novamente, pensando em uma alternativa:
“Sistema”
“Tato divino”
[Sinopse]
Pode rejuvenescer qualquer indivíduo, ser ou objeto para a sua forma anterior.
[Aviso]
É necessário especificar a idade ao qual deseja atribuir para o ser ou o objeto em questão. Caso não cumpra os fatores iniciais, o sistema irá aplicar uma idade aleatória.
Assim que percebeu que havia um aviso que antes não apareceu, o estudante franziu as sobrancelhas e foi possível ouvir um click de sua língua.
“Por que não apareceu isso antes…? Mas que lixo de sistema, ocultando informações importantes.”
Ele pensou indignado, sem esconder o olhar enfurecido da tela azul à frente.
Dito isso, uma forte voz começou a ressoar em sua cabeça como reação.
[Sistema]
[Caro portador, você não perguntou, logo, não foi revelado a informação]
[Solenemente me despeço]
— …
Ele ficou envergonhado após ouvir aquelas palavras robóticas que vieram diretamente para a sua mente.
Ele não fazia ideia que o sistema podia ouvir seus pensamentos.
“Quer dizer que ele sabe o que penso sobre o Kazuki?”
“Malditinho…”
Continua…
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