Capítulo 118 - Quero ser criança também, pufavor! X
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Rina inclinou-se para frente apenas para fazer uma pergunta inusitada, seus olhos não conseguiram esconder a animação e dúvida que estava sentindo desde o momento em que chegou naquele local.
— Então, já faz um tempo que quero perguntar isso: Quem é essa garota? Ela é estranhamente familiar.
Naquele momento, Tyrant estava catando os cacos de vidro sobre a superfície do chão, juntamente com Kazuki, que a auxiliava enquanto aproveitava da ocasião para conversar.
Após ouvir essa dúvida, até mesmo os dois pararam de se mover.
— Tyrant.
Rei respondeu de maneira automática, olhando para os dois agachados no chão.
Ao escutar a declaração de Rei, a mulher o olhou com uma expressão em branco. Virou a sua cabeça lentamente para o lado, em sinal de dúvida e abriu a boca.
— Como?
— Essa é a Tyrant.
A mulher após escutá-lo novamente, abaixou as suas sobrancelhas, e, com um sorriso irônico em seu rosto, o respondeu com uma expressão atônita.
— Você está brincando, certo?
— Não, aquela é realmente a Tyrant, apesar de estar um pouco ‘diferente’ do que você está acostumada a ver— confirmou ele, dando um ênfase na palavra “diferente”.
— Um pouco diferente?! — perguntou ela, surpresa e em choque com aquela sequência de respostas.
Virou-se de lado, de maneira a observar fixamente para aquela menina desajeitada agachada no chão.
Para Rina, era improvável que aquela garota fosse realmente aquela anciã que considerava de Tyrant.
“Impossível…”
“Isso é impossível.”
Nunca que aquela linda e adorável criança seria a vidente.
Entretanto, apesar de toda a diferença física, a mulher notou em seguida que todos os aspectos, falas e trejeitos da menina eram iguais a de Tyrant.
Até mesmo a forma como colocava a mão atrás das costas quando estava nervosa, era extremamente similar ao comportamento da vidente.
Assim que sua ficha caiu por terra, Rina, com uma reação imediata, colocou as suas mãos sobre a boca, tampando-as rapidamente.
A mulher tentava deliberadamente segurar as pequenas risadas que soltava, mas acabou por não aguentar e logo em seguida cedeu ao impulso e começou a rir freneticamente.
Era como se estivesse vendo um animal de circo, então as risadas vieram involuntariamente, mesmo que tentasse impedi-las.
— Pfhahahaha!
— Hahahahahaha!
Ela não sabia como Tyrant havia se tornado aquilo, e nem o motivo por trás de seu corpo de criança. Mas para ela, isso não não importava, apenas ver como a vidente estava era hilário.
Nunca, nem mesmo em um milhão de anos, ela imaginou que aquilo aconteceria com a sua colega que antes era a personificação de ascética.
Todos na sala olharam-na em surpresa.
— Tyrant… Olha o que você virou! Uma pirralha. Pfhahahahahahaha.
A menina assim que percebeu as risadas da mulher, encheu as duas bochechas de ar; seus olhos se nublaram de irritação, e ela então começou a desabafar.
— Rina, pare agora mesmo. O que pensa que está fazendo!?
Após notar que era encarada e motivo de risadas, Tyrant, descrente da situação, jogou fora uma ameaça fora nesse momento.
— Eu posso até ter virado isso, mas… mas ainda sou mais velha do que você, então mereço respeito!
Embora a intenção de suas palavras fosse transparecer advertência e seriedade, pela maneira que o seu tom de voz saiu, aquilo mais parecia uma birra de criança.
Segundos depois de ouvir a vidente, a mulher diminuiu consideravelmente as suas risadas e olhou para a mesma com uma expressão relaxada.
Assim que seu olhar alcançou o rosto de Tyrant, Rina não aguentou manter a seriedade e comentou de volta: — Como isso é possível? Olha para o que você se tornou, Tyrant! Acho que até combina— prosseguiu rindo. — Ai meu rim! Não estou aguentando.
As gargalhadas e risos da mulher influenciaram até mesmo Rei e Kazuki, que por sua vez, também começaram a rir levemente da ocasião.
Tyrant ainda estava coberta com suas roupas antigas, que sobrepunham quase toda a sua pele, de modo a deixar a parte do tecido arrastar-se pela superfície de madeira do local.
— Vo… Vocês! Pela deusa Vênus! Parem agora com isso — declarou furiosa a vidente, mas com o rosto corado. Envergonhada com toda aquela chacota que estava sofrendo.
Após todos na sala pararem de caçoar da menina, Rei explicou o que tinha ocorrido com Tyrant para Rina. Relatou desde o princípio como tinha conseguido rejuvenescer Tyrant através de uma habilidade que obteve anteriormente.
Em reação, a mulher ficou um pouco assustada e incrédula com o fato, mas assim que ouviu todos os acontecimentos e o motivo por trás daquela ação, o seu crescente sentimento de ansiedade diminuiu exponencialmente.
Ela soltou um suspiro de inquietação, e por meio do que ouviu, ponderou sobre o que fazer diante daquilo, quando de repente surgiu-lhe uma ideia imediata.
Seu mundo foi iluminado e seus olhos brilharam com uma intensidade que nunca pensou que teria novamente em sua vida, seu sorriso ficou evidente enquanto olhava para Rei e Tyrant.
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[15 minutos depois]
— Então… você tem certeza que quer fazer isso? — advertiu Rei.
— Sim, por favor — Rina respondeu, sem hesitação no tom.
A mulher estava sentada no sofá, e atrás dela estava Rei, com as suas duas mãos posicionadas sobre os ombros daquela mulher.
Tyrant e Kazuki observavam de longe os dois, com expressões de preocupação no rosto enquanto olhavam atentamente.
A atmosfera estava bem densa, comparado com antes.
Por fim, Rina encolheu os seus ombros e fechou os seus olhos. E esperou o prosseguir do pedido inusitado que havia solicitado ao estudante.
— Bem… Parece que não tem jeito mesmo. Vamos lá então — declarou o garoto, concentrando-se no que estava à sua frente.
Ele fechou os olhos e seguiu concentrando-se, até que uma sensação foi sentida no coração e revestiu por completo o seu corpo.
Nesse momento, com o tom de voz baixa e calma, pronúncia cuidadosamente:
—Tato divino.
Assim que a habilidade foi pronunciada, um clarão de luz percorreu todo o cômodo. Fazendo com que todos os presentes na sala fechassem os olhos rapidamente.
Quando Rei abriu os olhos novamente, direcionou sua visão para baixo, percebendo então que Rina estava diferente de antes, asim como havia pedido.
Ela estava com a mesma aparência de Tyrant. Suas roupas estavam sob medida, arrastando-se pelo chão de madeira da região.
A menina então se levantou, sua altura havia diminuído, seu cabelo loiro claro estava mais vivo e sedoso que antes, e seu rosto agora era harmonioso. Seus olhos azuis claros brilhavam intensamente, como se a luz do sol estivesse sendo refletida em seus globos oculares.
— E então… Como estou? Estou linda, não? — Rina proferiu essas palavras enquanto fazia um gesto teatral com as mãos, como se estivesse enfatizando o seu argumento.
— Pelos céus, você está linda Rina — respondeu Tyrant, com a mão na boca.
— Sim, você realmente mudou— disse Kazuki.
Rina abriu um enorme sorriso no rosto e começou a desfilar pela sala, embora suas roupas grandes impedissem que pudesse andar mais rápido.
— Mas, sabe… ainda não entendi por que você quis ficar assim? — indagou Rei, voltando sua atenção para ela.
Sabendo que iria ser questionada futuramente sobre isso, a garota o respondeu de uma forma calma e apologética.
— A princípio, eu pensei bastante. Será que é realmente possível voltar a ter uma aparência de criança? Isso deve ser uma piada, não é possível…
— Foi então que percebi que a Tyrant, que era uma velha de cento e lá quantos anos, conseguiu se tornar aquilo — apontou para a menina. — Então… por que eu não? Não sou idiota, eu queria ser criança de novo, precisava aproveitar dessa chance de ouro.
— Ter que crescer e virar adulto é um saco! Você não faz ideia de como é ter responsabilidades. Acordar cedo para trabalhar, não saber se irá voltar viva após procurar ervas na floresta ou aceitar empregos precários, que particularmente me desgastam psicologicamente.
— Não que uma criança não tenha que passar por isso, mas eu queria mudar a minha vida. Sinto que perdi anos da minha juventude apenas para sobreviver. E através do seu relato, eu quis tentar me moldar. E essa foi a forma que tive de fugir da minha realidade.
Ela terminou o relato agradecendo com um sorriso no rosto, olhando aliviada e feliz em direção ao estudante que apenas abriu um pequeno sorriso em resposta.
A conversa então foi encerrada com todos um emocionados com a declaração de Rina, colocando um ponto de reflexão na atmosfera.
Tyrant encarou Rina com uma expressão de contentamento.
Enquanto Rei olhou para a direção de Kazuki, que parecia distraído com as duas meninas pequenas à sua frente.
E Rina, com uma expressão de satisfação, arrumou os seus cabelos sedosos de uma maneira bem relaxada.
Continua…
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